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terça-feira, agosto 08, 2006

vida boémia em lisboa

A rota das beberagens da Lisboa boémia situa-se desde há muito no eixo Praça dos Restauradores, Portas de Santo Antão, Rossio e Cais do Sodré, pese as tentativas de desenvolver as ofertas lúdicas nas chamadas “zonas das docas”, quer a Oriente quer na zona ocidental da cidade.

A boémia lisboeta é pacífica e agarrada à tradição, não se envolve nas confusões da vida nocturna da 24 de Julho ou das docas. Desenvolve-se à volta de uma beberagem tradicional, dois dedos de conversa, uma estória que se conta e que se ouve, uma cumplicidade que se aprofunda.

Quem não se recorda e, hoje em dia pode reviver, a passagem ao fim da tarde, de regresso do emprego, pelo Bar Pirata, na Praça dos Restauradores, à beirinha do saudoso Cinema Eden. O refresco, servido em copo cónico, tem a designação do nome do próprio bar “Pirata”, mas para os mais exigentes, em tamanho duplo servem o “Perna de Pau”.

Numa “velha tendinha”, na Rua das portas de Santo Antão, nas imediações do Coliseu dos Recreios e dos cinemas Politeama, Condes e Odeon, serve-se uma excelente ginjinha, mas igualmente, para os abstémios, um “mazagran”, café, água, umas gotas de limão e açúcar, servido em copo alto, refresco de café como muitos lhe chamam.

A dar para o Rossio, no prédio de canto com o Largo de São Domingos e no Arco de Bandeira, impera a ginjinha, com elas ou sem elas ao gosto do freguês, na certeza de que o maior grau alcoólico se encontra “nelas”. Rossio atravessado, duas ou mais ginj1nhas bebidas e pela Rua do Ouro e do Crucifixo vamos até ao Tribunal da Boa Hora.

Nada de tribunais, de julgamentos, de advogados e de juizes. Antes no bar inclinado que muito inclinada é a Rua Nova do Almada, onde nos encontramos, há que refrescar a garganta com o melhor refresco de limão da cidade de Lisboa.

Junto ao Rio Tejo, na Praça Duque de Terceira, que toda a gente conhece como Cais do Sodré, situa-se o final desta digressão de boémia, que é igualmente poesia e afectos, no British Bar, onde entramos “um somente com gelo”, também conhecido por “digestivo”, bebida segredo guardado a “sete chaves” que abre o espírito para voos inesperados.

No British Bar, resistente ao tempo que passa é o “ginger beer”, cerveja de uma infusão fermentada de gengibre, de muito baixo teor alcoólico e que faz parte do património imaterial do botequim e da cidade de Lisboa.

Comments:
Ah,quem me dera fazer esses percursos!
A boemia,no lado poético,cumplice.
isto tudo é para conservar
Ligia
 
Querida Lígia. Percurso muitos anos percorrido, por aqui iniciei a minha vida profissional e por cá a terminei, igualmente. Beijinho.
 
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