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quinta-feira, outubro 09, 2008

crise, ou crises?

E de um momento para o outro somos invadidos pela crise. É um autêntico cataclismo nacional (e internacional). Um tumulto. Ondas gigantes, ventos ciclónicos e desmoronamentos. Por mar, pelo ar e por terra somos destruídos pela crise na nossa vontade de seres amantes da Liberdade.

É a força da comunicação social em toda a sua pujança ao serviço de uma “propaganda” que vem de longe, que chega de forma difusa e ganha corpo e poder.

Que crise é esta, que força é a sua, que tem honras de primeira página nos jornais escritos e da abertura dos serviços noticiosos dos telejornais? Que crise é esta que leva para segundo plano a pedofilia e o caso Casa Pia, o crime violente e os assaltos a multibancos, a corrupção de colarinho branco e, muito em especial, a verdadeira crise, a da fome em que vivem cerca de dois milhões de portugueses, no desemprego ou com reformas de miséria?

A crise, esta crise do sistema financeiro internacional, além de absorver a comunicação social está na boca do povo, ao ponto de um comentarista televisivo ter afirmado que o povo português está a utilizar termos que nunca antes tinha usado.

Os próprios politólogos que tudo sabem e tudo comentam terão ido tirar cursos de formação acelerados sobre a temática crise e agora é vê-los a debitar opiniões de acordo com o “his master voice”.

Mas que crise é esta? É a crise real com que se debatem milhões de seres humanos em todo o Planeta? NÃO!! É a falência de bancos. É a queda a pique do valor das acções em bolsa. É a queda do preço do petróleo bruto.

Mas que bancos são estes que abrem falência? E a que negócios se dedicam? Acrescentam algo ao Produto Interno Bruto (P.I.B.) dos respectivos países ou são entidades puramente especuladoras?

As bolsas de valores estão em queda? Em queda em relação a quê? Quando poucos detinham riquezas fabulosas (e ainda as detêm) à custa da especulação, muitos, na ilusão de um dia terem um pouco mais de seu perdiam as suas parcas poupanças para esses especuladores.

Numa actividade que não é produtiva que viva da especulação pura, para uns ganharem (os espertos!) muitos perdem as seus pequenos aforros. Lembram-se da Dona Branca? E das “correntes ganhadoras” que ainda por aí andam? História mais antiga e não menos exemplar é a da “Galinha dos Ovos de Oiro”.

Cilindrar um Povo com preocupações sobre a falência de bancos e a queda das bolsas de valores (para os quais nada contribuíram) e que na larga maioria não consegue viver com os magros rendimentos do trabalho ou com a seca reforma é, no mínimo, pornográfico.

Estamos num mundo onde impera a falta de pudor... e Portugal, o governo da Nação portuguesa e a comunicação social a seu soldo estão no mesmo barco.

A crise está aí. Mas é a crise do sistema capitalista que no equilíbrio mundial está a ver fugir-lhe a sua única razão de existir: a acumulação de capital. Mas no seu estertor quer arrasta as gentes inocentes que sempre lhes serviram como meio de produção mais importante e pior remunerado: o trabalho.

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