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domingo, maio 02, 2010

tempos de inspiração

Existem tempos assim... a inspiração para escrever, como para qualquer outra actividade que envolva um acto criativo, anda por vezes arredia. Como afirmou uma querida amiga “falta a luz, a luminosidade...”. Então parece que tudo se torna mais difícil, o esforço é maior, os textos nascem baços e sem vivacidade.

O acto de escrever envolve um conjunto de sentires cuja forma de expressão nem sempre é linear. Aliás, a maioria das vezes não o é. Umas vezes resulta dos saberes acumulados durante uma vida, outras, tão somente o resultado de uma chispa captada em circunstâncias inexplicáveis. Quantas vezes tem origem numa palavra se dita pela “musa” inspiradora.

Admiro, pois, o que acontece com alguns criadores a quem, segundo as suas próprias palavras, o acto criativo acontece muitas vezes à revelia da sua própria vontade. Vou citar as palavras de três autores que me são queridos, ainda que, sem muita precisão nessas citações que faço de memória.

José Saramago, Prémio Nobel da Literatura, refere em diversas ocasiões que a inspiração lhe surge nas mais díspares situações: quando se barbeia defronte de um espelho, quando se desloca de automóvel e é confrontado com a construção de um imenso imóvel, e em tantas outras situações comuns.

Jorge Palma, cantor de culto, afirmou numa entrevista que se inspira ao estilo de uma esponja, está tão ávido que qualquer coisa lhe serve de inspiração: uma frase, um livro, uma expressão, uma discussão, qualquer coisa. Depois deixa essa ideia trabalhar dentro da sua cabeça e é criado o poema, a música.

António Lobo Antunes vai mais longe. A inspiração surge-lhe num estado de dormência, em que está entre o dormir e o acordar e flutua. Como sempre escreve à mão, é mais produtivo no momento em que com o cansaço a mão se torna autónoma.

E por aqui, este escriba da Oficina das Ideias que para juntar letras, formar palavras e integrá-las no contexto tem que transpirar a bom transpirar. A inspiração é assim como que construída pedra a pedra, qual tarefa de pedreiro já para não dizer de trolha.

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Comments:
Se estiveres menos preocupado e enfretares a escrita como uma não obrigatoriedade verás que ela surgirá do nada. Todos os que apontas como referência escrevem quando lhes apetece e tu achas que tens menos bagagem do que eles ou que eles suam menos do que tu?

Por vezes dão grandes paradas, travagens até e não é por acaso que todos eles não editam livros ou discos todos os dias:)

Estarei certa ou errada?
 
Querida Fatyly

Estás certissima!!!!

Um beijinho.
 
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