segunda-feira, julho 14, 2003
henrique barrilaro ruas emergiu do meu subconsciente
No decorrer da nossa vida cruzamo-nos com pessoas nas mais diversas circunstância, algumas das quais marcam de forma indelével o nosso pensamento, a nossa forma de ser e de estar, ao fim e ao cabo, a nossa personalidade. São pessoas que entre os milhões que connosco se cruzam nunca mais esquecemos. Nem o nome, nem a figura, nem o seu saber. São pessoas cuja imagem se mantém no nosso subconsciente e que os factos e os acontecimentos tratam de trazer ao de cima ciclicamente. Acompanhamos sempre a sua vida, as suas realizações. E sentimo-las como nossas.
Nos meus quinze anos tive a felicidade de ter uma panóplia de professores, cursava então o Instituto Comercial, de uma qualidade intelectual e humana ímpares. Numa idade em que tão importante é para os jovens encontrarem referências, elas ali estavam disponíveis para a partilha de conhecimentos, para a formação humana, para ajudar ao desenho integral duma personalidade.
Ao entrarmos pela primeira vez para a aula de Filosofia fomos surpreendidos pela figura do professor, esguia, hirta, duma magreza esquelética. A irreverência da juventude logo encontrou ali uma fonte de escárnio que, por vezes, toma formas de atrocidade e violência desmedidas.
Os dias foram passando e a vontade de partilhar conhecimentos era tão forte, a compreensão para os diatribes da juventude tão profunda que naturalmente os alunos foram aquietando e bebendo até à exaustão tanto e tanto saber. Haviam encontrado, mais do que um mestre, um amigo.
Um mestre que, em tempos de ditadura tão difíceis como os de então, nunca vendeu a sua profunda formação democrática, nunca hesitou em apontar com seriedade intelectual o que a nossa sociedade levava de mal. Somente muito tarde vim a saber que suas convicções políticas eram monárquicas. Muito cedo todos soubemos que ele era um verdadeiro democrata.
Um amigo que partilhou connosco o profundo sofrer da perca de um irmão na guerra injusta que nas Colónias tinha o seu cenário. E que nos dava a mão nas nossa incertezas próprias de uma idade em que as mentes e os corpos se desenvolvem abruptamente.
Este mestre, este amigo deixou-nos. E de novo do meu subconsciente emergiu a figura ímpar de Henrique Barrilaro Ruas.
Nos meus quinze anos tive a felicidade de ter uma panóplia de professores, cursava então o Instituto Comercial, de uma qualidade intelectual e humana ímpares. Numa idade em que tão importante é para os jovens encontrarem referências, elas ali estavam disponíveis para a partilha de conhecimentos, para a formação humana, para ajudar ao desenho integral duma personalidade.
Ao entrarmos pela primeira vez para a aula de Filosofia fomos surpreendidos pela figura do professor, esguia, hirta, duma magreza esquelética. A irreverência da juventude logo encontrou ali uma fonte de escárnio que, por vezes, toma formas de atrocidade e violência desmedidas.
Os dias foram passando e a vontade de partilhar conhecimentos era tão forte, a compreensão para os diatribes da juventude tão profunda que naturalmente os alunos foram aquietando e bebendo até à exaustão tanto e tanto saber. Haviam encontrado, mais do que um mestre, um amigo.
Um mestre que, em tempos de ditadura tão difíceis como os de então, nunca vendeu a sua profunda formação democrática, nunca hesitou em apontar com seriedade intelectual o que a nossa sociedade levava de mal. Somente muito tarde vim a saber que suas convicções políticas eram monárquicas. Muito cedo todos soubemos que ele era um verdadeiro democrata.
Um amigo que partilhou connosco o profundo sofrer da perca de um irmão na guerra injusta que nas Colónias tinha o seu cenário. E que nos dava a mão nas nossa incertezas próprias de uma idade em que as mentes e os corpos se desenvolvem abruptamente.
Este mestre, este amigo deixou-nos. E de novo do meu subconsciente emergiu a figura ímpar de Henrique Barrilaro Ruas.