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quinta-feira, abril 30, 2009

perfeita harmonia


em perfeita harmonia
erva verde dentro da água se eleva
ajuda mútua, melancolia
com a luz vencer a treva




Margens da albufeira de Vale Gaio, Torrão, Alcácer do Sal - Portugal

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as maias pagãs e a beltane druida

No “último de Abril” o Povo prepara bonitos ramalhetes de giestas, conhecidas no Douro, Minho, Beira Alta e outras regiões por Maias, essas flores amarelas (quase doiradas) que bordejam os caminhos anunciando a Primavera, para colocarem nas portas e janelas como manda a tradição. Ao “virar do dia” logo nos primeiros segundos do dia 1º de Maio já as casas se encontram engalanadas de flores amarelas.

Leite de Vasconcelos chama a este acontecimento o “enramalhamento” das portas.

Com isso, assim diz a tradição, se pede que “haja fartura na casa e na família”, “o mau olhado seja afastado”, “as bruxas não incomodem”...

Na tradição, vinda das brumas dos tempos, muitas são as lendas ligadas a este acontecimento, algumas ligadas a rituais da fertilidade de tempos remotos e que, como em tantas outras situações o Cristianismo adoptou.

“Não consegues lutar contra tradições pagãs, adopta-as como tradições religiosas”

Muito ligado a esta tradição das “Maias” está o designado Maio-Moço, também ele ligado à força renovadora da juventude, a fertilidade e às coisas novas: grupos de jovens acompanham em grande correria um moço coberto de giestas floridas (o Maio-Moço) e enquanto canta a “Canção de Maio” o moço grita “Viva! Viva! Viva!”, conforme nos descreve o P. Rebelo Bonito.





Esta festa tem origem no antigo Festival Druida do Fogo, onde se celebra o retorno do sol (do Deus Sol) e baseado na Floralia dos romanos, dedicada às flores. O 1º de Maio era o dia em que os antigos romanos penduravam grinaldas de flores (seriam maias?) diante dos seus altares em honra dos espíritos que protegiam as famílias e as casas.

No dia de Beltane o sol está, astrologicamente, no signo de Touro e marca a “morte” do Inverno, o “nascimento” da Primavera e o Verão já aqui tão perto. Depois do pousio, vem o plantio... o Verão amadurece as sementeiras e as pessoas.

Dança-se de maneira alegre, usam-se vestimentas brilhantes como a Primavera. Há mesmo quem prefira não usar roupa. Os corpos ficam cada vez mais juntos, entrelaçam-se fitas coloridas simbolizando a união do feminino e do masculino. A sensualidade emerge e o poder fertilizador da Primavera atinge o seu auge e objectivo.

Os alimentos pagãos tradicionais desta época são os frutos vermelhos (cerejas, morangos, amoras), saladas de ervas, ponche de vinho rosado ou tinto, e bolos redondos de cevada.

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quarta-feira, abril 29, 2009

pirilampos de paixão


salpicam de vermelho os verdes campos
em forma de flores são a paixão
com luz seriam pirilampos
assim são do amor recordação




Papoilas nos campos de Vale Gaio, Torrão, Alcácer do Sal - Portugal

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cravos de abril da oficina

Desde o ano de 2005 que o nosso amigo/irmão/gémeo “Olho de Lince” tem vindo a produzir uma fotografia alusiva ao glorioso dia de 25 de Abril de 1974 com a qual temos ilustrado as postagens alusivas ao acontecimento histórico que nos trouxe a Liberdade, liberdade que nos permite, entre outras coisas partilhar este espaço blogoesférico sem condicionamentos nem medos.


2005


2006


2007


2008


2009



Numa recente pesquisa que efectuámos com alguma sistematização verificámos a utilização profusa destas imagens noutros blogues e espaços na internet, donde a “recordista dos recordes” é, sem qualquer dúvida, a fotografia do ano de 2005, com mais de 300 (trezentas) reproduções em espaços de terceiros.

Salientamos a sua utilização por Câmaras Municipais (Arouca, Almada, Trancoso e tantas outras) e por agrupamentos escolares em trabalhos alusivos ao 25 de Abril. Foi com muita surpresa que viemos, igualmente, a encontrar esta imagem reproduzida como introdução ao tema Revolução dos Cravos, apresentado pelo brasileiro Luciano Pires num “podcast” do seu Programa Café Brasil.

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terça-feira, abril 28, 2009

sopra o vento de feição


indica como sopra o vento
ora suão, logo nortada
tal como o meu pensamento
na viagem desejada




Cata-vento, Torrão - Portugal

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a força do querer

Há momentos na vida em que a força dos amigos ajudam-nos a vencer escolhos e tormentos. Já senti essa forte ajuda que hoje transmito a uma muito querida Amiga. Que esta "corrente de energia" faça voltar o sorriso ao teu rosto. Beijinho!



Virgen de la Paz (Venezuela) e Virgen de Montserrat (Catalunya)

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segunda-feira, abril 27, 2009

olhar felino


olhar atento, felino
vê o que ninguem alcança
seu antepassado tigrino
deixou-lhe esta herança




"Gatos" à janela, Torrão - Portugal

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amizade e informação

A minha querida amiga Mariazita, do blogue A Casa da Mariquinhas, teve a gentileza e o afecto de oferecer à Oficina das Ideias o selo de reconhecimento da “Amizade e Informação” o que penhoradamente agradecemos.



Regras muito simples para dar seguimento e divulgação deste “méme” que muito nos apraz cumprir:
1 - Exibir a imagem
2 - Postar a hiperligação do blogue que o premiou
3 - Publicar regras
4 - Indicar 10 blogues para receber o selo
5 - Avisar os blogues nomeados.

Aqui ficam as escolhas da Oficina, sem desprimor para os que contemplados não foram:

Lualil, do Traduzir-se… (Brasil)
Eduardo, do Varal das Ideias (Brasil)
Menina do Rio, do Momentos de Vida (Brasil)
Cathy, do Bailar das Letras (Brasil)
Denise, do Síndrome de Estocolmo (Brasil/Coreia do Sul)
Lilás, do Perfume de Jacarandá (Portugal)
Isamar, do Cata-Vento (Portugal)
MagyMay, do Trivialidades e Croquetes (Portugal)
Alves Fernandes, de O PreDatado (Portugal)
Gasolina, do Árvore das Palavras (Portugal)

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domingo, abril 26, 2009

vivaz beleza


flor silvestre de beleza vivaz
dá cor e magia ao alentejo
em suas tonalidades de lilás
deposito uma carícia, um beijo




Flor silvestre dos campos do Alentejo, Barragem de Vale Gaio, Torrão - Portugal

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os relógios do british bar

No British Bar os ponteiros dos relógios giram ao contrário
e Lisboa inteira se submerge como um nadador
que se aventurara de noite contra a corrente.
No British Bar um excesso de álcool e de tristeza
(esse clima triste que todos absorvem ou amortalham)
rebobina o sangue nas veias e no final, algo bêbado,
pedes a conta como quem coloca grades à sede.
E vês o empregado acudir e encalhar em suas saudades
porque não se enquadram os números da fatalidade:
o tempo se lhe enreda sem remédio entre os dedos.

E sais, saio do British Bar e como por magia
me encontro de repente numa rua desconhecida
com cinquenta, cem anos menos e o mundo mudou
o mesmo acontece com os olhos que vêem passar o rio.
Os eléctricos retrocedem a um passado lento de carroças,
os plátanos minguam até serem semente ou sílabas de luz,
a chuva se levanta das poças para cair até acima
e os beijos voltam às suas bocas, e os poemas ao silêncio,
como no princípio do mundo antes de ser mundo.

E volto sobre os meus passos até ao bairro de Alfama
com as roupas folgadas como os adjectivos excessivos.
Pelo caminho corro e perco os sapatos, tropeço.
Entro na casa recôndita e ao fundo do tempo,
sobre os azulejos degradados de outra época
estão os relógios a arder, o fumo voltando para a chama
e minha mãe recordando as passagens das nossas vidas
para me dizer num português desdentado de 1755:
“Agarra-te, meu filho, às asas da manhã:
Agora vamos entrar no terramoto”.





[do livro “Fundido em negro”, de Jesús Jiménez Domínguez – Prémio Poesia Hermanos Argensola 2007, tradução livre da “Oficina das Ideias”]

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sábado, abril 25, 2009

25 de abril, sempre


ergamos os cravos como braços, punhos
na força e querer que o povo tem
na defesa da paz, da liberdade, pela solidariedade e progresso




Cravo de Abril e desenho de criança, JF Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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na senda do “tempo de pedra” 24

na senda do “Tempo de Pedra”
O adro da igreja é o centro do universo nas pequenas aldeias. Lugar de conversa, de passar notícias e de aumentar um ponto a um conto, é sítio de mercar a jorna e de adquirir alguns pertences. É no adro da igreja que o tempo passa. Para contar o tempo que passa e para marcar o ritmo da vida existe o relógio de sol à vista de todo o Povo.



na Igreja de Nª Sª da Consolação, Arrentela - Seixal


A igreja remonta aos finais do século XVI ou princípios do século XVII, sabendo-se ao certo que já existia em 1522, contudo o estilo predominante é o barroco fruto da reconstrução que foi realizada após o terramoto de 1755. Aliás, existe uma inscrição sobre a porta principal da igreja onde se pode ler “EM O PRº DE NOVEMBRO DE 1755 CAHIO ESTA IGREJA DE HUM TEREMTº E SE LEVANTOU NO ANNO DE 1757”. Exteriormente a igreja é de arquitectura austera com alçado principal rematado por frontão triangular. Tem duas torres de configuração diferente.




Tem um relógio de sol implantado na zona frontal da igreja, junto ao cunhal esquerdo, ligeiramente afastado de uma das janelas gradeadas de frontão triangular tal como o remate da fachada principal. Está assente numa base de calcário incrustada na alvenaria e ligeiramente obliquada para garantir a perfeita orientação do mostrador a sul.




É um relógio de sol vertical meridional (mostrador orientado a sul) com mostrador construído em quartzito, já não possuindo o gnómon que pelos vestígios existentes seria de ferro. As marcações horárias são em numeração árabe.



Para saber mais:
As Sombras do Tempo
Wikipédia
Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa
Relógios de Sol, de Nuno Crato, Suzana Metello de Nápoles e Fernando Correia de Oliveira – edição CTTCorreios


“Tempo de Pedra” anteriores:
na Igreja de S. João Degolado, Terrugem, Sintra
na Igreja de S. João Baptista, S. João das Lampas, Sintra
na Capela de Santo António, Carvoeira, Mafra
na Ermida de Nª Sª do Ó, Carvoeira, Mafra
na Igreja de Santo Isidoro, Santo Isidoro, Mafra
na Casa de Sanzim, Sto. Amaro, Guimarães
no Posto de Turismo, Tomar
na Igreja de S. João Baptista, Tomar
na Igreja de Nª Sª do Bom Sucesso, Cacilhas, Almada
na antiga Casa de José Dias, Olho Marinho, Óbidos
na Quinta das Torres, Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal
na Igreja de Nª Sª da Conceição (antiga Ermida de S. Sebastião das Areias), Conceição, Peniche
na Igreja Paroquial de São Sebastião, Serra d'El Rei, Óbidos
no Jardim Doutor Santiago, Moura
na Igreja de Nossa Senhora da Purificação, Montelavar, Sintra
na Igreja de Nossa Senhora de Rocamador, Cheleiros, Mafra
na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Igreja Nova, Mafra
na Capela de São Julião, São Julião, Carvoeira, Mafra
na Praça D. Lourenço Vicente, Lourinhã
na Casa Senhorial da família Catanho Menezes, Toxofal de Baixo, Lourinhã
na Quinta da Moita Longa, Toxofal de Cima, Lourinhã
na Igreja de S. Domingos, Reguengo Grande, Lourinhã
em Casa Particular, Reguengo Grande, Lourinhã

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sexta-feira, abril 24, 2009

a força que os braços têm


força de braços para vencer a quebra da onda
da faina depende a sobrevivência da companha
o mar nem sempre é "mar de damas"




Artes do Grande Areal, Praia do Sol, Costa de Caparica, Almada - Portugal

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há trinta e cinco anos

Ficou célebre a questão um dia posta pelo jornalista e escritor Baptista Bastos – “onde estavas no 25 de Abri?” – fez muita gente pensar como via o mundo aquando dessa gloriosa data da vida de Portugal. Questão que também na Oficina das Ideias já anteriormente apresentamos e que hoje trazemos à nossa memória colectiva.


Onde estávamos na noite de 24 para 25 de Abril de 1974?

Tínhamos nessa noite decidido ir ao teatro. A escolha recaiu na revista “Ver, ouvir e calar” em cena num dos teatros do Parque Mayer. Como habitualmente comprámos bilhetes para a segunda sessão que teria lugar lá pelas 23:30. Fomos jantar antes de nos dirigirmos para o teatro, mesmo assim, pouco passava das 22 horas quando chegámos às imediações do Parque Mayer.

Os lugares de estacionamento estavam completamente ocupados, pois as primeiras sessões dos teatros ainda não haviam terminado. Assim, decidimos parquear o carro em cima do passeio separador entre a faixa central e a lateral descendente da Avenida da Liberdade. Para “fazer horas” fomos caminhar Avenida abaixo, Avenida acima.

Nas semanas anteriores, muitos rumores circulavam em determinados meios acerca do facto de que algo se estaria a preparar em termos político/militar no sentido de se modificar a situação política vigente. Sempre que ao fim da tarde passava pela Livraria Opinião, para dois dedos de cavaqueira, esse tema era recorrente.

Nada fazia supor, contudo, que algo estivesse eminente. A noite mostrava-se calma, até em termos climatéricos, pelo que fomos tranquilamente assistir ao espectáculo que muito nos divertiu. O divertimento não foi o mesmo à saída, pois no vidro do carro encontrava-se um papelinho, multa por estacionamento proibido. Fora colocado já depois da meia-noite pelo que estava datado de 25 de Abril de 1974.

Depois da saída do teatro cerca das 2 horas da madrugada ainda fomos “beber um copo” ao Convés, hoje substituído por um restaurante brasileiro e onde após os espectáculos os artistas e alguns espectadores mais noctívagos conviviam um pouco. Depois, o regresso a “penates”.

No regresso, porque calhava em caminho, passámos à porta do antigo Rádio Clube Português.

Poucas horas depois sou despertado pelo tocar do telefone. Em marcha estava o que viria a ser o glorioso 25 de Abril. A revista que fôramos ver mudou de nome. Passou, a partir desse dia a chamar-se “Ver, ouvir e falar”. Da multa por estacionamento proibido não mais ouvi falar.




Onde estávamos no dia 1º de Maio de 1974?



fotografia de Alfredo Cunha (?) ou de Fernando Baião (?)

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quinta-feira, abril 23, 2009

uma rosa para teu seio


rosa vermelha paixão, coloca-a junto a teu seio
pousa-a sobre o coração, corresponde ao meu anseio
de sentir tua emoção, em dia de doce enleio




Rosa "Príncipe Negro" dos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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sant jordi dos namorados

Desço as Ramblas de Barcelona perdido no sonho imaginado de que poderei cruzar-me com a Faíza, a menina dos escritos do meu encantamento, com a Montse, corpo belo e cara angelical ou com a Marisa, uma mulher que me fez adorar as barcelonesas. Caminho sem pressas, a Diagonal que sempre cruzou a minha vida já ficou para trás e a estátua de Colón já ali de seguida com o Mediterrâneo à vista. Inalo o perfume único das buganvílias e das lindas mulheres com que me cruzo.

Imagino que me encontrarei com Gaudí tantas são as marcas que deixou na capital da Catalunya. Na verdade, cada marca é um sinal, um signo que ajudará a desvendar o mistério que envolve toda a sua obra. Sinto no meu corpo a marca de um dos seus “sete sóis” perpetuada numa tatuagem em lugar recôndito.

Hoje é um dia muito especial. Celebra-se Sant Jordi, o nosso São Jorge do castelo e dos dragões, que da Catalunha é o patrono e dos enamorados o protector. O dia em que os homens oferecem à sua mulher amada uma rosa. Tradição entre os namorados, o tempo tornou-a extensiva às filhas, às avós e às colegas. E, muito em especial, às amigas de verdade.

As mulheres, contempladas com tão bela e ternurenta oferta, elas próprias maravilhosas rosas de um jardim imaginário, retribuem a flor recebida com a oferta de um livro. Sensibilidade e cultura de mãos dadas.

Hoje é o verdadeiro Dia dos Namorados, no seu mais sentido significado de “todos que se querem bem”, que se gostam, que se respeitam e que juntos caminham a cumplicidade vida, muitas vezes a milhares de quilómetros de distância.

Aqui deixo uma rosa para a Teresa - minha mulher, para a Lila – amiga do coração que adora a cor lilás, para a Mikah - minha comadre especial, para as queridas Montse, Marisa e Faíza , meus sentires na Catalunha, para o outro lado do mar, a Lualil, a Claudia, a Cathy, a Lígia, a Gwen e a Yonara, para a Alfonsina e a Lile, lá para os lados do Caribe, e para TODAS as minhas amigas, para TODAS as mulheres do Mundo, especialmente para as que sofrem as agruras das “civilizações”.




Em 1995 a UNESCO por proposta da Generalitat de Catalunya instituiu o dia 23 de Abril como Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.

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quarta-feira, abril 22, 2009

uma flor para... o ricardo


és a luz do meu viver
acalmia quando surge a tempestade
a temperança, o aconchego




Ricardo é uma das duas fortes colunas que suportam o meu querer viver

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dia do achamento do brasil

Os portugueses descobriram o Brasil faz hoje 509 anos. Melhor, deixando para trás a visão euro centrista que durante séculos nos acompanhou, os portugueses acharam o Brasil há 509 anos. Pedro Álvares Cabral foi o nome que os cronistas registaram, é esse que faz a fé histórica que nos foi ensinada.

Conheci o Brasil há cerca de meia centúria, ainda não o achei mas um dia acontecerá, pela pena de Jorge Amado, proscrita das livrarias portuguesas por acção da censura salazarenta. Ahhh!!! “Os Subterrâneos da Liberdade”. Mas também nos romances de Graciliano Ramos e nos escritos de Josué de Castro e nos estudos do antropólogo Egon Schade.

E desde então fiquei a amá-lo. Aliás, sentimento recíproco expressado objectivamente pela liderança que os blogueiros brasileiros têm entre os visitantes desta modesta Oficina das Ideias.

Por muitos considerada a primeira peça literária da Literatura Brasileira, a “Carta de Pêro Vaz de Caminha”, dirigida ao rei D. Manuel I, começa assim:

Senhor:
Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer.
Tome Vossa Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por certo que, para aformosear nem afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu.
Da marinhagem e singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza, porque o não saberei fazer, e os pilotos devem ter esse cuidado. Portanto, Senhor, do que hei-de falar começo e digo:
A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de Março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e nove horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grã-Canária, e ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S. Nicolau, segundo o dito de Pêro Escolar, piloto.
Na noite seguinte, segunda-feira, ao amanhecer, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com sua nau, sem haver tempo forte nem contrário para que tal acontecesse. Fez o capitão suas diligências para o achar, a uma e outra parte, mas não apareceu mais!
E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de Abril, estando da dita Ilha obra de 660 ou 670 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.
Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome - o Monte Pascoal e à terra - a Terra da Vera Cruz.
… …. …
Pêro Vaz de Caminha

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terça-feira, abril 21, 2009

texturas dos sentidos


por vezes olhamos o mundo
sem transparência nem brilho
afastada a "cortina" surge esplendorosa beleza



Texturas, Barragem do Vale Gaio, Torrão, Alcácer do Sal - Portugal

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memórias

Saudade é uma palavra, e um sentir, bem próprio dos portugueses pela quantidade de sentimentos, tantas vezes controversos, que envolve, e que estes levam consigo até aos confins do mundo na diáspora, em tempos cíclicos, consoante os condicionamentos sociais e financeiros que a cada momento se verificam n nosso País. Podemos, então, afirmar que mais que um sentir português é um sentir da lusofonia, em toda a sua amplitude não só linguística, como igualmente, social e cultural.

A palavra saudade vem do latim solitate, que na tradução literal quer dizer solidão. Mas na nossa língua adquiriu um significado mais romântico, por vezes eivada de dramatismo, do “amor ausente” mas, igualmente, de todas as ausências que nos levam à nostalgia.

Despejada desses sentires nostálgicos, como mais gosto de fazer, sem as “coisas distantes ou extintas” que não é possível trazer até nós, fica a suavidade das memórias, de tudo o que nos deu prazer, mas também das situações mais dramáticas que nos ajudaram a crescer, enriquecendo o nosso pulsar social e solidário.

Este sentimento sempre foi tema de músicas, poemas, filmes. O fado de determinada época encontrou nos aspectos mais dramáticos sua fonte de inspiração. Mas verdadeiramente o que nos faz avançar são as memórias e a força que encontramos para as recuperarmos e criarmos novas situações que virão a ser memórias para os tempos e gerações vindouros.

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segunda-feira, abril 20, 2009

rosinhas do meu encantamento

erguem-se na direcção do azul
do esplendoroso firmamento
desejam ser colhidas por doce olhar de mulher



Rosinhas de Toucar, jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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navego no teu sorriso

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião




Navego no teu sorriso
Casca de noz, maresia.
Em palavras de improviso,
São pérolas do paraíso
São lágrimas de alegria.

No meu sonho te levei
Por marés da fantasia.
No areal desenhei
A imagem que sonhei
Para cúmplice companhia.

Uma onda veio beijar
O areal tão amado.
A imagem veio buscar
Para longe para lá do mar
Para terra do meu cuidado.

Ficou sempre na memória
De quem arco-íris sonhou.
Que o final da estória
É simples convocatória
Da alma que se ausentou.

Fica aqui escrito, lavrado
A memória de um sorriso.
Ele vive aqui a meu lado
No esquerdo acarinhado
Melodia que harmonizo.

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domingo, abril 19, 2009

viva da costa

“Sardinha fresca!... da Costa
Viva da Costa!... Frês-quiá”
[Bulhão Pato]



Fruto da Faina, Grande Areal, Praia do Sol, Almada - Portugal

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em tons de lilás

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião




Esvoaçam estorninhos nas amplas planícies
Mensageiros da mudança, do eterno renovar.

Tonalidades de Primavera que para trás deixa
O
utonais castanhos e os verdes das invernias
No avanço constante do contador do tempo
Somatório das tristezas e das muitas alegrias.

Deixa que os estorninhos desenhem belas espirais
E em seus voos tracem no azul de paz, os sinais.

L
onge vão os dias das lágrimas que o céu chora
Iluminado agora pela luz da tua cor primaveril
Logo mais a cobrir os campos e as matas reais
Á vinda desse vento que sopra do sul e aquece
Sinal que são tempos de amadurecimento, de vida.

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sábado, abril 18, 2009

uma flor para... a montse

misto da delicadeza da senhora de montserrat
com a ousadia do imortal gaudi
festejamos com alegria teu aniversário



Montse é uma querida amiga catalã de rosto angelical e sentir ousado

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na senda do “tempo de pedra” 23

na senda do “Tempo de Pedra”
O adro da igreja é o centro do universo nas pequenas aldeias. Lugar de conversa, de passar notícias e de aumentar um ponto a um conto, é sítio de mercar a jorna e de adquirir alguns pertences. É no adro da igreja que o tempo passa. Para contar o tempo que passa e para marcar o ritmo da vida existe o relógio de sol à vista de todo o Povo.




em casa particular, Reguengo Grande - Lourinhã

É um edifício de dois andares de construção recente, pertencente a um emigrante no Canadá, situado na esquina da rua Jogo das Cheias com a rua Luís C. Santos, tendo porta de entrada com o número 25 na primeira das ruas citadas.



Tem um relógio de sol implantado junto ao cunhal do lado esquerdo da empena principal da casa, onde foi criada uma reentrância para correcta orientação do relógio a Sul.



É um relógio de sol vertical meridional (mostrador orientado a sul) com mostrador construído em calcário, sendo o gnómon metálico apoiado numa pequena estaca do mesmo material. As marcações horárias são em numeração árabe.





Para saber mais:
As Sombras do Tempo
Wikipédia
Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa
Relógios de Sol, de Nuno Crato, Suzana Metello de Nápoles e Fernando Correia de Oliveira – edição CTTCorreios


Tempo de Pedra” anteriores:
na Igreja de S. João Degolado, Terrugem, Sintra
na Igreja de S. João Baptista, S. João das Lampas, Sintra
na Capela de Santo António, Carvoeira, Mafra
na Ermida de Nª Sª do Ó, Carvoeira, Mafra
na Igreja de Santo Isidoro, Santo Isidoro, Mafra
na Casa de Sanzim, Sto. Amaro, Guimarães
no Posto de Turismo, Tomar
na Igreja de S. João Baptista, Tomar
na Igreja de Nª Sª do Bom Sucesso, Cacilhas, Almada
na antiga Casa de José Dias, Olho Marinho, Óbidos
na Quinta das Torres, Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal
na Igreja de Nª Sª da Conceição (antiga Ermida de S. Sebastião das Areias), Conceição, Peniche
na Igreja Paroquial de São Sebastião, Serra d'El Rei, Óbidos
no Jardim Doutor Santiago, Moura
na Igreja de Nossa Senhora da Purificação, Montelavar, Sintra
na Igreja de Nossa Senhora de Rocamador, Cheleiros, Mafra
na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Igreja Nova, Mafra
na Capela de São Julião, São Julião, Carvoeira, Mafra
na Praça D. Lourenço Vicente, Lourinhã
na Casa Senhorial da família Catanho Menezes, Toxofal de Baixo, Lourinhã
na Quinta da Moita Longa, Toxofal de Cima, Lourinhã
na Igreja de S. Domingos, Reguengo Grande, Lourinhã

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sexta-feira, abril 17, 2009

belas estevas

na sua simplicidade alegram os campos
mais parecem flocos de neve
que resistem aos primeiros sóis de primavera



Estevas, nos campos de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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lágrimas de sal

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião





Duas lágrimas deslizam

Docemente

Pelo teu rosto

De linhas suaves e belas

Traçam sulcos de prata

Na pele cor de âmbar

Translúcida

Etérea.



Marcas de amor

Profundo

Somente a eternidade

Concede

Plena vivência

Beijo de séculos

Os amantes sentem

Seu.



A cada momento que passa

Duas lágrimas

De sal

Uma pitada

De ser.


São duas lágrimas de sal
As marcas do muito amar

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quinta-feira, abril 16, 2009

duplo esplendor

irradiam luz e alegria
num cantinho do jardim
são a unida força de um signo



Flor de jardim, jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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simplesmente luísa

Um dia, caminhava eu ali para os lados do Pragal, metido com os meus próprios pensamentos, quando fui desperto por um ternurento quadro familiar. Com o tempo agreste, uma jovem mulher, modestamente vestida, puxava, literalmente puxava, pelos seus rebentos que ia levar à escola.

Cena bonita de ver. Prestei um pouco mais de atenção. A jovem mulher, já não tão jovem assim, não muito alta, desembaraçada, deixou-me pasmado de surpresa. Era a Luísa Basto!

A mais bela voz portuguesa da actualidade, na minha modesta opinião, ali estava num ternurento quadro familiar quando eu sempre esperava vê-la actuar nos melhores palcos nacionais e internacionais.

Com uma formação de canto ímpar, obtida em Moscovo, foi voz e imagem da Revolução dos Cravos. Actuou com os melhores artistas dos anos setenta do século passado nos muitos espectáculos de “canto livre” que levaram música onde até então nunca tinha chegado neste nosso país tão pequenino.

Depois foi silenciada. Ignorada pelos órgãos de comunicação social. Lançada ao ostracismo pelas editoras discográficas, cantava para os amigos no restaurante que tem no Pragal e onde se mantém uma homenagem permanente a um grande homem das letras: Manuel da Fonseca.

A Luísa continuou a lutar, a lutar com a sua maravilhosa voz, temperada como o aço, fruto da luta diária dos operários e das famílias que vão caminhando para a penúria de uma sociedade em decadência. Mas a Luísa continuou a lutar.

Conseguiu gravar um disco de fados, cantados com alma e sentir, que rapidamente se esgotou e que a editora não voltou a reeditar. Luísa não poderia nunca ser disco de ouro, sequer de um metal menos nobre como a prata. Mas Luísa continuou a lutar.

Dois mil e três vai foi o seu ano de glória. Vinte e nove anos depois de ter regressado a Portugal. Felipe La Féria escolheu LUISA BASTO para encarnar a figura de Amália Rodrigues no seu espectáculo Amália, para a apresentação no Casino Estoril.

Bravo Luísa Basto!



Comemora-se hoje o Dia Mundial da Voz

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quarta-feira, abril 15, 2009

pentagrama floral

tão pequenina, tão bela
nascida na primavera encantada
no simbolismo duma fada



Flor de cacto, jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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vinte e sete versos... vezes três

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião





vinte e sete versos

Alvorecer
Melancólico alvorecer
De outonal sentir
Dos doirados e castanhos
Das azeitonas negras
Das vinhas vindimadas
Parras encarquilhadas
Veredas
Da vida percorrida
Passado o tempo
Que não perdido
Na vida com sentido
Ontem
Sol poente tingido
De vermelho
Hoje é a romã que pinta
Dependurada
Na árvore do sonho
Sonho alado
Por montes e vales
E pelo oceano
Percurso repetido
Na lareira perdido
No aroma da erva-doce
Na saborosa jeropiga
Que amacia a voz
Para mais uma canção... de AMOR



E mais vinte e sete...

de Amor?
De amor se tinge o coração
De vermelho
De paixão
Que é renascer
Ao som metálico do banjo
Tocado em contraponto
Porque a guitarra maviosa
Ecoa nos campos
Nos olivais
Nos vinhedos
Mais além os castanheiros
Verde feito castanho
Desejo tamanho
Caminho sentido
No sonho ganho
Logo perdido
Escolho vencido
Raio de sol
Coado pela amarelada folhagem
Na curva da vereda
Sentido do poente
Hoje diferente
Depois renovado
Como é dos tempos
Passados vividos
De boa memória.



E outros vinte e sete...

De invernia tempo
Foi de viagem
Para as terras do sul
Tempo de esperança
Chegou
Para viver o momento
De coragem sentimento
Abóbada de azul
Sinal de temperança
Como muito nos apraz
No sentir no renovar
Em permanente mudança
No arco-íris furtado
Daquela gota tão límpida
Uma flor de lilás
Que ilumina veredas
Do pensamento
Da vida
Que desta forma sentida
Qual estrela fulgente
Nos encaminha no sonho
Das montanhas
Dos mares
Para lá do horizonte
No brilho de um tesouro
Teu coração de ouro
De afectos é a fonte.

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terça-feira, abril 14, 2009

iluminar a vida

anos e anos passados
a iluminar o caminho
aos amantes e namorados



Candeeiro com barco "Moleta", Arrentela, Seixal - Portugal

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josé franco, o barrista

Já passaram quase quatro dezenas de anos desde que eu, timidamente, entrei pela primeira vez na oficina de oleiro de José Franco a convite de um amigo, seu vizinho na então aldeia do Sobreiro, ali para as bandas da Ericeira. A minha timidez era devida ao respeito que a obra de José Franco já me merecia do conhecimento que dela ia tendo.

Um sorriso aberto foi a resposta à apresentação, parando momentaneamente a tarefa de acariciar o barro que lhe tomava mais de doze horas por dia, para logo continuar. Lá me foi dizendo: “_Vai tomar aqui uma ginjinha que é de estalo... foi feita por mim”. Esse dia foi totalmente passado no que era então o embrião da hoje muito turística “Aldeia Saloia” de José Franco. Ainda recordo no palato o sabor de umas divinais iscas de porco frigidas em banha, manteiga de porco rosada como então se dizia, preparadas com arte pela irmã do oleiro para o nosso almoço.

Conversamos primaveras a fio naquele passar de tempo despreocupado onde amizades se sedimentam para a vida. Um dia fui surpreendido com uma pergunta do oleiro José Franco: “_... e o amigo qual é o seu trabalho?”. Não foi fácil a resposta sobre uma actividade que era emergente em Portugal, a informática que sucedia à mecanografia.

Deu-se por satisfeito o artista quando me disse: “_Quero fazer uma peça que signifique o seu trabalho para lhe oferecer em Abril”. Nesse glorioso mês, decorria o ano de 1977, aquando da realização do Mercado de Abril, mostra de artesanato durante anos vivida à beira do rio Tejo, lá esperava por mim, o Alfarrabista.


o Alfarrabista, de José Franco, anos de 1976-77


Milhares de peças de olaria saíram da magia das mãos de José Franco. Com grande pendor religioso era esta a temática preferida do artista que nunca perdeu, contudo, a sua simplicidade e o sentir da sua origem no Povo. Foi idolatrado por figuras de vulto, uma forte amizade ligava-o ao escritor Jorge Amado que sempre que vinha a Portugal o visitava e com ele tomava uma ginjinha.

Ano após ano fazia crescer a sua “Aldeia Saloia”, miniaturas com movimento produzido pela água corrente, imagens da vida rural da região saloia. A religiosidade sempre presente não impedia alguns devaneios artísticos de cariz pagão, como este “burro a partir a loiça toda” que não tendo passado de um “ensaio” é uma peça única que um dia o mestre oleiro me ofereceu.


“burro a partir a loiça na própria olaria”, de José Franco, anos 80 do século XX

A última vez que me encontrei com José Franco decorria o ano de 2002, no mês de Setembro, e lá o fui encontrar nos seus 80 anos de idade a dar vida a mais uma das suas incomparáveis figuras. Pouco tempo depois, nas voltas que a vida dá, foi obrigado (só o poderia ter sido) a afastar-se do seu mundo, da sua oficina de oleiro, sendo “internado” num lar para idosos em Mafra.

José Franco na sua oficina de oleiro, Setembro de 2002


Muito recentemente escrevi sobre José Franco lavrando o meu desagrado por uma inconcebível troca de autoria de peças religiosas criadas pelo artista e expostas no museu da Igreja de S. Vicente de Fora: “Já na parte final do século XX encontrámos uma vitrina onde estão expostas duas peças atribuídas a Francisco Franco, quando na verdade são obras incomparáveis do barrista de excepção que é José Franco. Tivemos oportunidade de alertar para o facto quem de direito, esperando que muito em breve seja reposta a verdade da autoria dessas duas excelentes peças de olaria de cariz religioso. É incomparável a marca do barrista José Franco, a minúscula florinha branca.”





José Franco, oleiro e barrista de excepção faleceu hoje no Hospital de Santa Maria
JOSÉ FRANCO continua vivo na Oficina das Ideias

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segunda-feira, abril 13, 2009

lilás uma cor divina

a cada passo um jardim, um canteiro
com belas flores em lilás
a luz que acompanha a minha caminhada



Flores em lilás, jardim público, Arrentela, Seixal - Portugal

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o arco-íris numa lágrima

Esta chuva miudinha
Que torna os dias cinzentos
É sinal que encaminha
Os nossos pensamentos
Para as veredas do querer
Que em determinados momentos
São ousados atrevidos
Dão a cor desejada
Neste tempo de tormentos
Que não de passos perdidos
Pois tão bela caminhada
Para lá da bruma dos tempos
Está a luz que determina
Cores que são sentimentos
Lágrimas de alegria
Esta chuva miudinha
Que torna os dias cinzentos.

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domingo, abril 12, 2009

páscoa feliz

em tempos de páscoa, de mudança, de esperança
desejamos a todos os que connosco partilham
afectos e sentires, uma Páscoa Feliz



Produção dos "estúdios" Olho de Lince para a Oficina das Ideias, 2009

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páscoa, tempo de mudança e de esperança

Diariamente, muitos acontecimentos seriam dignos de figurar na Oficina das Ideias, o que nem sempre acontece atendendo aos conteúdos que nos comprometemos a apresentar desde a primeira hora de publicação, alías, por demais reafirmado com a divulgação do nosso “estatuto editorial”.

Em tempos de Páscoa, em espaço de mudança e de esperança, como aliás o é desde épocas imemoriais na passagem do Equinócio da Primavera e até tempos de searas maduras, não queremos deixar de partilhar duas referências que muito nos sensibilizaram.

A nossa querida amiga Mariazita, do A Casa da Mariquinhas, deixou-nos esta bela mensagem:
Que o domingo de Páscoa seja muito bom, e, se possível, ao lado das pessoas a quem você quer bem.
A Páscoa comemora a ressurreição de Cristo, o seu renascimento.
Por isso nada melhor do que aproveitar este domingo para reflectir, fazer o levantamento da vida para saber se é necessário recomeçar.
Porque, Páscoa é isso, é o momento de renascer - seja para o novo modo de vida, para o amor, para amizade…
Que para nós seja o renovar de amizade, são os meus votos



A equipa do WebMundi, sítio da blogoesfera, guia de blogues e sítios, enviou-nos a seguinte declaração:
Parabéns, Oficina das Ideias!
Foi indicado para fazer parte do Guia da Web de WebMundi.com, pela qualidade e utilidade das informações apresentadas no site.
O Guia da Web é uma iniciativa que se propõe à divulgação gratuita de bons conteúdos na Internet.




Sentimo-nos felizes na Oficina das Ideias.
A todos que têm feito desta modesta “oficina” um espaço de partilha desejamos PÁSCOA FELIZ.

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sábado, abril 11, 2009

partida para a faina

o mar é promessa de fartura
sustento para a companha e para a família
é hora de partir para fazer o "cerco"



Faina das artes, Mar do Grande Areal, Praia do Sol, Costa de Caparica, Almada - Portugal

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na senda do “tempo de pedra” 22

na senda do “Tempo de Pedra”
O adro da igreja é o centro do universo nas pequenas aldeias. Lugar de conversa, de passar notícias e de aumentar um ponto a um conto, é sítio de mercar a jorna e de adquirir alguns pertences. É no adro da igreja que o tempo passa. Para contar o tempo que passa e para marcar o ritmo da vida existe o relógio de sol à vista de todo o Povo.



na Igreja de S. Domingos, Reguengo Grande - Lourinhã

A igreja matriz vocativa de S. Domingos foi construída no século XVII ao estilo Renascentista de uma só nave. A fachada principal tem frontão circular rematado por uma cruz e é ladeado por cunhais em canteria. Tem torre sineira única erigida do lado esquerdo da fachada.



Tem um relógio de sol implantado no cunhal direito da fachada principal que no século XVIII foi alterado por forma a posibilitar a referida implantação. Tem, igualmente, um relógio mecânico na torre sineira, obra do século XIX.



É um relógio de sol vertical meridional (mostrador orientado a sul) com mostrador construído em quartzito, sendo o gnómon triangular em cobre. As marcações horárias são em numeração romana e o mostrador mostra, ainda, na parte sobrejacente ao gnómon a gravação “M ● A ● // FP●1781●A”.




Para saber mais:
As Sombras do Tempo
Wikipédia
Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa
Relógios de Sol, de Nuno Crato, Suzana Metello de Nápoles e Fernando Correia de Oliveira – edição CTTCorreios



“Tempo de Pedra” anteriores:
na Igreja de S. João Degolado, Terrugem, Sintra
na Igreja de S. João Baptista, S. João das Lampas, Sintra
na Capela de Santo António, Carvoeira, Mafra
na Ermida de Nª Sª do Ó, Carvoeira, Mafra
na Igreja de Santo Isidoro, Santo Isidoro, Mafra
na Casa de Sanzim, Sto. Amaro, Guimarães
no Posto de Turismo, Tomar
na Igreja de S. João Baptista, Tomar
na Igreja de Nª Sª do Bom Sucesso, Cacilhas, Almada
na antiga Casa de José Dias, Olho Marinho, Óbidos
na Quinta das Torres, Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal
na Igreja de Nª Sª da Conceição (antiga Ermida de S. Sebastião das Areias), Conceição, Peniche
na Igreja Paroquial de São Sebastião, Serra d'El Rei, Óbidos
no Jardim Doutor Santiago, Moura
na Igreja de Nossa Senhora da Purificação, Montelavar, Sintra
na Igreja de Nossa Senhora de Rocamador, Cheleiros, Mafra
na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Igreja Nova, Mafra
na Capela de São Julião, São Julião, Carvoeira, Mafra
na Praça D. Lourenço Vicente, Lourinhã
na Casa Senhorial da família Catanho Menezes, Toxofal de Baixo, Lourinhã
na Quinta da Moita Longa, Toxofal de Cima, Lourinhã

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sexta-feira, abril 10, 2009

e logo a seguir... o mar

há que percorrer algum caminho
para chegar até ao lugar de sonho
o mar



Mar do Grande Areal, Praia do Sol, Costa de Caparica, Almada - Portugal

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pelos caminhos de cayo carpo

Para quem há quase seis anos utiliza a blogoesfera com o espírito com que o procuramos fazer aqui na Oficina das Ideias, este maravilhoso espaço que as tecnologias emergentes nos disponibilizam traduz-se sempre num ponto de encontro e no início e sedimentação de amizades que sempre podem surgir da forma mais inesperada.

Vem esta conversa a propósito de um contacto recebido já lá vão alguns meses de um artista nortenho que arribou à Oficina na sequência de pesquisas que realizava ácerca das “vieiras” e das “lendas das vieiras”, pesquisa em que iria fundamentar um conjunto de óleos cuja temática lhe pairava no espírito, na imaginação e na inspiração.

Correio electrónico para lá, outro para cá, mais um comentário e algumas palavras e ideias e o nosso pedido: “Um dia que a exposição desses quadros seja aberta ao público muito gostaríamos de estar presentes!”. E assim foi... Um correio electrónico recentemente recebido dava-nos conta da inauguração da exposição subordinada à temática “Pelos Caminhos de Cayo Carpo”. Autor: o artista plástico Paulo Renato Vieira. Galeria: Matos Ferreira (Bairro Alto, Lisboa).



Prazer grande em conhecer pessoalmente o artista. Prazer enorme em nos deliciarmos com a magnífica obra exposta. Uma galeria acolhedora, magnífica onde se respira cultura e saber. Uma longa conversa com o autor e com o galerista levou-nos pelos caminhos das origens do significado da “vieira” como símbolo do irradiar de luz e de energia e, no sentido oposto, de convergir na Paz e na Felicidade. Sempre um caminho de dois sentidos.

Escreve Paulo Renato no magnífico desdobrável de apresentação da exposição: “Em todos vós há um nobre cavaleiro! Junto com esse nobre cavaleiro, caminha convosco também um escudeiro encarregue da manutenção desta dualidade. O escudeiro monta um burro. O escudeiro clama pelos valores deste mundo, pela terra que gera alimento para a sua prole......”.



Exposição de pintura “Pelos Caminhos de Cayo Carpo”, de Paulo Renato Vieira
Galeria MF (Matos Ferreira) Rua Luz Soriano, 14 e 18 (Bairro Alto) – Lisboa
Patente até 3 de Maio de 2009

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quinta-feira, abril 09, 2009

lua de primavera

por entre as núvens surgiu esplendorosa
despiu-se de pudores, ficou nua
na primavera tem mais cor e encanto



Lua Cheia às 14.58 horas

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quem eu sou...

Não sei mesmo se com o que descreverei adiante me ficarão a conhecer melhor, mas vou, mesmo assim, tentar que quando comigo cruzarem nas veredas da vida possam melhor entender os meus pensares e sentires.


Eu sou saloio do lado materno
Esta designação que muito me honra pois está relacionada com a minha própria origem e com a dos meus antepassados, nem sempre trás consigo uma imagem muito positiva, sendo até muitas vezes usada com intenção depreciativa.
“_És um saloio!” – és um palerma, que te deixas enganar facilmente, pacóvio....
O Saloio tem origem numa etnia arábica vinda de Saleh, na fronteira do Egipto, nos finais do século VIII, para o ocidente da Europa, com muita incidência para um território que faz hoje parte de Portugal.
Estes povos imigrantes miscigenaram-se aos cristãos, à época submetidos ao jugo dos árabes ocupantes, pelo que em breve eles próprios se tornaram moçárabes. Por serem considerados inferiores pelos árabes foram remetidos ao desprezo e relegados para as faixas mais humildes que se dedicavam ao cultivo dos campos dos arredores das grandes urbes estremenhas, particularmente de Lisboa.
É assim que ao natural de Saleh, imigrado nos arredores de Lisboa, chamam “homem do campo”, o Saloio.
A cultura saloia expande-se por toda a Estremadura Portuguesa, mormente, nas regiões de Sintra, Mafra e Cascais, indo até Torres Vedras e mesmo até Óbidos. Para sul abrange a zona sadina de Setúbal, Arrábida, Sesimbra e Cabo Espichel.

Eu sou nómada do lado paterno
Meu avô paterno, mestre sapateiro com oficina posta e aberta ao público, mestre Humberto, oriundo de Campolide, penso que com antepassados da etnia cigana, ainda com alguns vestígios de nomadismo vivido no passado. Era austero, com pendor republicano, patriarca e amigo do seu amigo.
Minha avó paterna, a Ti Joana, peixeira de profissão, a viver nas terras da Venteira vinda da zona de Viana do Castelo, perdera-se de amores pelo mestre sapateiro já em terras da Porcalhota. Ágil no caminhar com a canastra de peixe à cabeça, acabou por se estabelecer com banca no mercado junto à linha férrea.
Em casa o menu principal era sempre baseado no peixe fresco que ficava por vender no mercado da Amadora. Os meus avós sentavam à mesa na refeição do almoço, nesses tempos de dificuldades e penúria, mais de trinta pessoas, entre a prol familiar e os artesãos e aprendizes da oficina.

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quarta-feira, abril 08, 2009

viva da costa

das redes das artes ainda viva
salta a sardinha de prata "pintada"
é "viva da costa, vivinhaaaaaaaaa"



Artes do Grande Areal, Praia do Sol, Costa de Caparica, Almada - Portugal

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novos indicadores de leitura

De acordo com os critérios editoriais da Oficina das Ideias criamos, frequentemente, novos apontadores de leitura. Três razões fundamentais nos levam a essa decisão:

1 – Pela qualidade extraordinária que encontramos em determinado blogue, de acordo com a nossa avaliação pessoal;
2 – Como reconhecimento aos comentários que são deixados nos posts da Oficina das Ideias;
3 – Em resultado da permuta de indicadores de leitura.

Esta permuta desinteressada de indicadores de leitura é uma das características mais positivas da blogoesfera e de quem a utiliza com espírito construtivo e solidário que coloca acima dos seus pessoais interesses a satisfação dos leitores.

Damos conta, de seguida, de alguns dos mais recentes, solicitando a todos os companheiros da blogoesfera que estando abrangidos pelos critérios referidos não tenham o respectivo indicador de leitura na Oficina das Ideias que nos façam chegar essa informação.


Novos indicadores:

My Travel Secrets, de Maria João (Portugal) – “Antes de escrever e fotografar, a minha alma nómada já me fazia andar de um lado para outro. Fui cigana, por eles “adoptada”, e com eles andei entre 1982 e 86...

Alcova dos Pesadelos, de Triliti-Star (Portugal) –

Pensamentos, de Moisés (Portugal) – “Apenas sou.../ Um simples caminhante/ Cavaleiro confiante/ Ou um mero pescador/ Das noites trovadoras…/ Mendigo, senhor e amante/ Filho de um universo errante/ Mensageiro do amor/ De anjos sem asas voadoras.

Casa de Maio, de Maria P. (Portugal) – “Um homem percorre o mundo inteiro em busca daquilo que precisa e volta a casa para encontrá-lo – George Moore

A Escriba, de Sara Lima (Portugal) – “O Conhecimento é a luz que afasta a escuridão

Trivialidades e Croquetes, de MagyMay (Portugal) – “Desabafos de quem descobriu que não era perfeita

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terça-feira, abril 07, 2009

magnífico floral

magníficas em todo o seu colorido
erguem-se altaneiras e belas
tendo como fundo o aromático jasmineiro



Magnólia dos jardins de Valle de Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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na noite saber ouvir

E se um dia os melhores se juntassem num ambiente informal e familiar para falarem “sobre a vida”? A vida como desígnio de pòr à prova a capacidade do ser humano de traçar o seu caminho numa vivência de solidariedade e com o livre arbitrio de definir o seu destino.

Destino que também poderá ser fado, pois primeiro que o fado nasceu o fadista, como muito bem referiu um sábio destas coisas. Fadista que foi esculpido na luta, luta dura verdadeira entre homens, por um penetrante e belo olhar de mulher.

Homens e mulheres, os melhores, sábios e sabedores... juntaram-se na amizade duma partilha.




Arlindo de Carvalho, o melhor autor e compositor das música portuguesa da última centúria, com mais de mil canções e fados cantados pelos maiores representantes desta musicalidade. Exilado por motivos políticos nos tempos da ditadura nunca foi um exilado social, vivenciando sempre o sentir da portugalidade.


José Lúcio, quem não se recorda do seu sótão de instrumentos musicais partilhados em tempos que a televisão valorizava a cultura. Estudioso do fado e da música portuguesa em geral possui importante espólio musical e a melhor colecção de instrumentos musicais, donde sobressaiem as quarenta e oito guitarras portuguesas.

António Bizarro, o melhor produtor e gravador de fado, internacionalmente conceituado e visitado amiúde por cantadores, do Japão à Holanda, que pretendem com ele gravar fado. Dinamizador da música regional tem projectos muito sérios para o ensino das “coisas” que a música contém.




Luisa Bastos, na nossa modesta opinião, mas também na de muitos mais sabedores destas coisas, a melhor voz da música portuguesa, uma verdadeira voz do mundo, cultivada em terras de saberes, caldeada na luta pela democracia, pela alvorada de Abril, que na sua simplicidade nos conduz pelos caminhos das belas sonoridades.


E finalmente... o melhor dos melhores...


O público atento. As pessoas do povo que à roda dos saberes se deliciam a aprender as estórias que a história do fado contém e ouvem em silêncio vozes ora magoadas, logo brejeiras e irónicas, que cantam a vida, a vida de todos nós. O povo que sabe ouvir.

E tantos nomes bonitos que nos encantaram com as vozes e outras sonoridades, entre os quais, João Fernando, Edmundo Silva, Manuel e Fernando Gomes, Maria Amália, Ema, Toia...







O C.R.A.Q.S. (Clube Recrativo Amigos da Quinta da Saudade) realiza todas as segundas-feiras, entre as 21.30 e as 23.30 horas, o Fórum do Fado.

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