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segunda-feira, junho 30, 2008

moinho de poço


dia e noite ao sabor do vento
eleva no ar uma coluna de água
água fresca do poço da quinta


Moinho de Poço, Quinta do Solar dos Zagallos, Sobreda, Almada - Portugal

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a invisibilidade dos fogos

A área ardida duplicou em relação a igual período do ano passado”, assim referem hoje alguns órgãos de informação escrita sobre uma temática que é recorrente nesta época de estio, os fogos florestais.

As televisões, fazendo eco de comunicados governamentais, anunciam que a partir de amanhã, 1 de Julho, entrará em funcionamento o designado “plano C” da prevenção e intervenção referente aos fogos florestais, sem qualquer referência estatística referente aos “plano A” e “plano B”.

Curiosamente, as televisões, quer as privadas, quer a pública, têm silenciado o assunto não trazendo para a ribalta dos noticiários quaisquer informações contrariamente ao que aconteceu em anos anteriores, inclusive com a visualização de mapas interactivos onde as situações de fogo eram mostradas.

Nem sobre o tema se têm pronunciado os responsáveis pela protecção civil e pelo socorro, pertencentes a um organismo que quase todos os anos tem mudado de nome, hoje conhecido, salvo erro, por Autoridade da Protecção Civil, nem tão pouco o Ministro da Administração Interna.

No entanto...
A área ardida duplicou em relação a igual período do ano passado

Sempre temos defendido na Oficina das Ideias que os fogos de Verão se cuidam no Inverno e continuamos a pensar assim. Contudo, os especialistas nestes assuntos que até já designaram os fogos florestais por “ignições” continuam a ter as respectivas agendas políticas descontroladas em relação às realidades.

Esperemos que a regra dos “40” não seja aplicada pela mãe natureza, “40 graus centígrados” e “40% de humidade relativa” e “40 nós de velocidade do vento” para bem de todos nós, porque os homens não se sabem proteger.

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domingo, junho 29, 2008

tango...


dançar o tango nas sombras de um romântico jardim
erotismo, sensualidade, enleio
o romance está no ar em fim-de-tarde de verão


Alejandro y Solange, Festa no Solar, Solar dos Zagallos, Sobreda, Almada - Portugal

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há festa no solar

Hoje foi dia de Festa no Solar, no Solar dos Zagallos, na Sobreda. Saberes, sabores e memórias conjugaram-se para o dia de pleno divertimento, num espaço que permite a fuga à agitação da vida citadina e proporciona a vivência de memórias num cenário estimulante de descoberta da Natureza. Este ano a perfeita comunhão da Europa com as Américas serve de tema principal.

Dando vida ao Solar donde tantos viajantes partiram nas suas idas pelo Mundo e onde outros tantos descarregaram sua bagagem plena de exóticos cheiros e sabores, os visitantes tiveram oportunidade de apreciar os quartos e as excelentes pinturas que decoram os tectos. E nas antigas cavalariças, a actual Sala dos Arcos, uma exposição da “leveza dos filigranas” a suavidade dos artesãos.

Na antiga cozinha do Solar o meu amigo Joaquim e a sua equipa do Sabor Mineiro alimentavam os visitantes mais exigentes com autênticas vitualhas das terras brasileiras com destaque para uma cheirosa e saborosa feijoada.

Durante todo o dia, com acesso livre aos residentes e forasteiros, folgou-se à boa maneira dos tempos áureos do Solar, com jogos tradicionais, oficinas de artes e ofícios do passado e um mercado de rua com pequenas “barraquinhas” onde se vendem mimos da terra e os produtos de produção artesanal.

A música e dança faz-nos viver o romantismo dos jardins do século XIX, ao som do piano e do contrabaixo, e deixamo-nos conduzir numa valsa na companhia do mestre de dança Vicente Trindade e de Catarina Duarte. O tango, o sensual tango, dançado por Alejandro e Solange.

Assim, se reviveram as vivências no Solar no Século XIX.


Solar dos Zagallos

O Solar dos Zagallos, também conhecido por Quinta dos Pianos, que foi originariamente uma casa agrícola, é uma casa apalaçada de primeiro andar com pátio de entrada com portão de ferro, escadaria de acesso aos dois salões nobres (construídos com a intenção de aí ser recebido o rei D. João VI, visita que nunca chegou a realizar-se) e anexos vários. Inclui-se nesta magnífica propriedade, construída no século XVI, uma alameda de rara beleza.

Situa-se na povoação de Sobreda, à época uma das terras fidalgas da Caparica e embora no século passado não tivesse mais de 150 fogos é hoje uma Freguesia em pleno desenvolvimento urbanístico.

Os proprietários foram os Zagallos, família oriunda de Reguengos de Monsaraz, que chegaram à Caparica no reinado de D. João II. Em 1745, o desembargador Rodrigo de Oliveira Zagallo instituiu um morgado na Sobreda.

O edifício e anexos sofreram diversas intervenções nos séculos XVIII, XIX e XX e conserva das diversas épocas azulejos, estuques e pinturas. O Solar possui três capelas, duas das quais nos jardins. A que se encontra integrada no corpo do edifício, a de Santo António, tem ricas talhas e é forrada a azulejos representando cenas religiosas e profanas.

O Solar dos Zagallos é, hoje em dia, propriedade da Câmara Municipal de Almada, tendo sido objecto de uma profunda intervenção, visando a sua recuperação e preservação, donde resultou uma interessante peça do equipamento cultural do Município.

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sábado, junho 28, 2008

flor (de papel?)


mais parece um delicado trabalho em papel
que mãos pacientes foram construindo
no belo do imaginário de todos nós


Flor da Mata, Mata dos Medos, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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eu te chamo...

Tens o nome de flor
De uma cor sem igual
No centro o Sol dá cor
Ilumina o trigueiral
Para rimar com a vida
Eu te chamo minha querida

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sexta-feira, junho 27, 2008

preciosidade


com um fundo de verde total
é oásis de cor em toda a mata
jóia pela natureza desenhada


Flor da mata, Mata dos Medos, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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colmeal da charneca

Do “Boletim de Fontes Documentais” editado anualmente pela Câmara Municipal de Almada retirei uma “Postura da Camara da villa de Almada”, datada de 1750, e que tem o número de referência 115, mantendo a grafia original:

“Postura que nenhuma pessoa não arranque, nem corte matto nem cepa, nem esteva dois tiros de besta ao redor das cilhas em que estiverem colmeyas.

Acordarão os ditos officiais e homens bons e puzeram por postura que por verem o grande dano que se fazem nas colmeyas por cauza de ao redor das cilhas aonde ellas estão se arrancar cepa de esteva, e cortar matto pella qual razão vão as ditas colmeyas em muita diminuição e ha muitas menos das que antigamente havia na Charneca do termo desta villa o que he em grande prejuizo dos moradores, e muito grande dano que se recebe nas ditas colmeyas querendo a isso prover mandarão que daqui em diante nenhuma pessoa corte matto, nem arranque cepa, nem esteva dois tiros e besta, ao redor donde estiverem cilhas que tenhão colmeyas que passe de oito cortiços povoados sob penna do que o contrario fizer e se lhe provar ou for achado cortando, ou arrancando cepa, esteva, ou matto por cada ves mil reis e da cadeya, a metade para o concelho e a outra para quem o accuzar”.

A Charneca, mais tarde Charneca de Caparica, situava-se no termo geográfico da Vila de Almada e o seu nome tem origem, sem dúvida, no facto de ser um ermo exposto ao sol forte de Verão, onde se situavam dispersas algumas quintas e um ou outro casal.

Do texto também se induz a existência de algumas explorações apícolas na região que era importante preservar e de que ainda existem vestígios, mais de 300 anos passados, especialmente na zona do Cabo da Malha, em plena Mata dos Medos, onde é produzido mel de um paladar esquisito.

A referência às cepas indica, igualmente, a existência de uma produção tradicional na região, de que ainda existiam vestígios há cerca de 20 anos. Trata-se da produção vinícola, a partir de uvas de vinhas locais, que pela sua qualidade e grau alcoólico era muito apreciado em Almada, onde uma taberna de estilo anunciava todos os anos: “Vinho Novo da Charneca”. E esgotava em pouco tempo.

Uma última referência, esta generalizada a todo o Portugal de então, o elevado hábito delator da população por mor do qual obteria alguns rendimentos suplementares.


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quinta-feira, junho 26, 2008

maternidade


aqui se multiplicam as dádivas
que a natureza prodigiosa
luta para manter as espécies


Flor de Cacto, jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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poesia vadia

Traz um amigo contigo...



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quarta-feira, junho 25, 2008

flor da maçã de roma


um dia será maçã de roma
senhora de todos os desejos
já hoje sensualidade pura


Flor da Romanzeira, Jardim 25 de Abril, Aljustrel - Portugal

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curiosidades google

O GOOGLE é por demais conhecido dos frequentes utilizadores da Internet como eficiente motor de busca, a que sucessivamente tem vindo a juntar-se muitas outras potencialidades: no campo das comunicações pessoais o Google Talk e o Google Mail; no respeitante à geo-referenciação e aos mapas globais o Google Earth e o Google Maps; a informação enciclopédica com a utilização do Wikipédia e um infindável conjunto de potencialidades e ferramentas.

Uma referência especial para o BLOGER e o BLOGSPOT onde há quase cinco anos a Oficina das Ideias tem alojado o seu blogue.

Contudo, o que nos leva a trazer hoje aqui a temática do GOOGLE é a curiosidade que leva a que este motor de busca use criar logotipos especiais para comemorar determinados eventos. Apresentamos hoje cinco desses logotipos especiais já publicados no decorrer do ano de 2008.


Ano Novo de 2008


Invenção dos Raios Lazer


Escalada do Everest


Europeu de Futebol


Solstício de Verão

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terça-feira, junho 24, 2008

tão suave...


num floral de excepcional variedade
sobressaiem estas flores tão singelas
de branco vestidas, suaves


Flores silvestres da Mata dos Medos, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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as brasileiras

Desde muito jovem que diariamente frequentava a zona do Chiado deslumbrado com o movimento citadino que nada tinha a ver com o meu local de residência, então, a tranquila vila da Amadora nos arrabaldes da capital. Estávamos na segunda metade dos anos 50 do século passado e frequentava à época a Escola Comercial de Veiga Beirão.

A escola situada nas instalações da antiga Universidade de Lisboa, no Largo do Carmo, estava a dois passos do cosmopolita Chiado, bastava descer a Calçada do Sacramento, ainda de piso paralelepipédico de feição para as carroças que poucos anos antes ainda percorriam com frequência as ruas de Lisboa.

Sempre que passava pelo Chiado pasmava com a beleza arquitectónica de um café de culto que aí se situava, e situa, decorado com espelhos e cristais e pinturas que foram enobrecendo as suas paredes. Lugar de tertúlia de todos os tempos ainda à época por lá se encontravam escritores e artistas. Refiro-me ao Café A Brasileira do Chiado como já se aperceberam.

Anos mais tarde, ligado à minha actividade profissional relacionada com as tecnologias da informação, desloquei-me durante alguns períodos à cidade do Porto, por onde ficava alguns tempos. Quando as condições climatéricas o permitiam deixava-me encantar pelo Porto “de andar a pé”.

A Boavista, os Clérigos, Santa Catarina faziam parte do meu roteiro de caminhadas, de encontros e desencontros, de conversas sem fim... habituei-me às tertúlias nortenhas, documentei-me, por esses tempos, sobre os saberes relacionados com os “ovnis” e outros objecto de identificação difícil.

Quanto às comezainas, tirando as incursões às marisqueiras de Matosinhos e de Leça, e as loucuras de jantar no Degrau Chá, quedava-me pela zona mais tradicional do Porto, pela Abadia (que delícia as tripas enfarinhadas), pela Mamuda e por outros locais de culto da arte de degustar vitualhas.

O cafézinho, melhor, o cimbalino esse era degustado sentado a uma mesa de madeira e tampo de vidro de A Brasileira do Porto.

E em Coimbra? Em Coimbra o café era à época tomado no café da Rua Ferreira Borges... no Café A Brasileira de Coimbra.

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segunda-feira, junho 23, 2008

são joão baptista


São João é santo do Povo
de fama festeiro e piroleiro
na vida real miserável e sofredor


Altar votivo a São João Baptista, oferenda dos Círios da Caparica, Santuário de Nª Sª do Cabo, Cabo Espichel, Sesimbra - Portugal

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são joão de almada e do recife

São João Baptista, celebrado hoje em muitas localidades e regiões de Portugal e do Brasil, é-o também em Almada que considera o dia 24 de Junho como o Dia da Cidade. Até 1854, as festas em honra de São João Baptista em Almada eram muito afamadas, trazendo à vila romarias de gentes vindas de Lisboa, de outros lugares da Estremadura e do Alentejo, numa celebração que contava com atracções únicas e memoráveis, e onde a religião e o paganismo andavam de mãos dadas.

Logo ali, do lado de lá deste mar que nos une, no Nordeste do Brasil, existem muitas festas em homenagem a São João, que também é conhecido como protector dos casados e enfermos, principalmente no que se refere a dores de cabeça e de garganta. Alguns símbolos são conhecidos por remeterem ao nascimento de São João, como a fogueira, o mastro, os fogos, a capelinha, a palha e o manjericão.

Em Almada, estas festividades resultavam num enorme cerimonial religioso e pagão, de um teatro do povo onde pontuavam os melhores e os mais conceituados comediantes e todo um rol de jogos e brincadeiras tradicionais, usuais na margem Sul do Tejo, e em que os comerciantes e feirantes montavam as suas as tendas e aí, além de venderem os produtos das hortas da região, apresentavam diversos motivos de arte popular.

Na cultura recifense, existe uma lenda que diz que os fogos de artifício soltados no dia 24 são "para acordar São João". A tradição acrescenta que ele adormece no seu dia, pois, se ficasse acordado vendo as fogueiras que são acesas em sua homenagem, não resistiria e desceria a terra. As fogueiras dedicadas a esse santo tem forma de uma pirâmide com a base arredondada.

Em Almada, São João assumiu, para os almadenses, a imagem do santo de fogueiras e da brincadeira, mas detinha também uma simbologia enorme, por ser o enviado celestial que escolhe o dia evocativo do seu nascimento, trazendo a esta terra a glória de uma conquista impregnada pela cristandade. O curso da história e as respectivas repercussões, envoltas numa atmosfera milagrosa e enquadrada nos feitos gloriosos de Portugal, onde o Tejo adquire um papel sublime, em conjunto com a crença popular de que São João é uma figura humana que caminha pelo meio das brincadeiras e das tradições cantando e saltando como um jovem, numa estranha combinação de religioso e pagão, fizeram com este santo fosse consagrado como o santo padroeiro de Almada.

No nordeste brasileiro, o levantamento do mastro de São João se dá no anoitecer da véspera do dia 24. O mastro, composto por uma madeira resistente, roliça, uniforme e lisa, carrega uma bandeira que pode ter dois formatos, em triângulo com a imagem dos três santos, São João, Santo António e São Pedro; ou em forma de caixa, com apenas a figura de São João do Carneirinho. A bandeira é colocada no topo do mastro.

São João é o santo que transporta o cordeiro de Deus, o que o torna no Santo Pastor. Este elemento, a par de ser primo de Jesus, e aquele que O precede, devem ter contribuído para que o seu dia correspondesse ao do Solstício de Verão, como o Natal foi colocado no Solstício de Inverno, dois períodos do ano que assinalavam a mudança de estação, dos ciclos das colheitas e da vida.

Em termos bíblicos, a pessoa de São João Baptista predomina num dos capítulos da Bíblia relativo à vida pecaminosa de Herodes. Os seus olhos, fechados às tentações mundanas não pousavam na terra; os sete véus da impudica Salomé não conseguiram conspurcar a luz proveniente desses olhos, tombando a cabeça de São João Baptista sobre a mão pecadora, conduzindo-a esta à eternidade em toda a sua pureza.

Contudo, São João em Almada cedeu a visitar nestes dias de calor intenso as doiradas areias da Caparica deliciando-se com as “salomés” que abandonaram seus véus para se banharem nas doces águas do Atlântico.

São João de Almada, à beira-mar, olhou profundamente a linha do horizonte e agradeceu com doçura a homenagem que lhe foi feita em terras recifenses pela querida amiga Lualil, do Traduzir-se... e que o escriba da Oficina aqui tomou a liberdade de transcrever parcialmente. [em cursivo as citações a textos da Lualil]

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domingo, junho 22, 2008

tempo de repouso


velha oliveira ressequida
em seu tempo florescerá
em campo de amarelo floral


Oliveira em campos da Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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almada é fonte de vida

Num espelho de água erguida
Musa de um poeta qualquer
De seda e luar vestida
Almada é sempre mulher

Almada é melodia
É arte, é dança, é um mundo
Mergulhado em fantasia
Na água do rio profundo

Almada é fonte de vida
E no rio que corre no leito
Flor na água nascida
Que eu trago dentro do peito.

Cansada de tanta folia
Almada adormeceu
Acordou já era dia
A água da fonte bebeu.

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sábado, junho 21, 2008

hoje é o dia do relógio de sol


quando o sol está a pique no meio-dia
é hora do jantar dos camponeses
com o sol posto vem a ceia e o repouso


Relógio de Sol, artesanato de granito, propriedade de Carlos Gomes, instalado em Porto Dinheiro, Lourinhã -Portugal

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solstício de verão

00 horas e 59 minutos (no hemisfério norte)

Ergam-se e avancem os druidas de todo o Universo. Congreguem as forças do bem porque as gentes estão ansiosas de um mundo melhor. Ergam o ambiente esotérico de Stonehenge e entoem cânticos de festa de alegria de optimismo de felicidade. Enviem os corvídeos com as boas novas para todos os recantos onde exista um ser humano. Nos amplos campos da Bretanha apelem ao querer e ao saber. Um mundo novo é eminentemente necessário. Chegou a hora de avançar!

[apelo formulado no “santuário druida” de Stonehenge, primeiro Solstício de Verão do Terceiro Milénio]


Agora que um novo Verão começa, prenhe de energia cósmica o apelo é ainda mais necessário.

A civilização caminha para o caos levada pela determinação das forças da globalização financeira, da globalização da guerra, das forças mais retrógradas do capitalismo terrorista, numa ânsia tremenda de devorar quem defende o social, quem pugna por um mundo sem opressores nem oprimidos, por um mundo sem fome onde as impressionantes fortunas humilham milhões de seres humanos que vivem abaixo do limiar da subsistência.

Hoje é o dia da partilha no seu mais elevado expoente.

A partilha que é o mais elevado sentir do ser humano, caracterizada pelo dar e receber dos afectos e do saber, tem hoje no hemisfério Norte o reconhecimento astral, quando o sol parece deter sua marcha de um hemisfério ao outro. É o dia em que o Sol maior energia transmite aos seres humanos com mais horas visível no nosso hemisfério.

Vamos entrar numa época de grande vitalidade, passado que foi o tempo da germinação, altura de cuidar dos frutos aromáticos e dulcíssimos que vão trazer importantes fontes de vitaminas, especialmente necessárias às crianças e aos nossos companheiros mais idosos nesta viagem.

É tempo de afastar os obstáculos, ser positivo, cuidar do futuro. É tempo de dar refúgio aos refugiados e de dar abrigo aos sem-abrigo. Mais do que refúgio e abrigo materiais é tempo de partilhar afectos e quereres.

É assim a forma de viver o Solstício de Verão!

Está em causa o equilíbrio universal. Em consequência não estamos sós. Um Mundo de afectos é o caminho da Esperança.

O fogo esteve, desde tempos imemoriais, ligado às celebrações do Solstício de Verão pois as gentes acreditavam que o Sol não voltaria ao seu esplendor total depois desta data, a partir da qual os dias eram cada vez mais curtos. Por esta razão eram acesas grandes fogueiras e praticavam-se ritos de fogo, muitos deles de cariz extremamente erótico, para o ajudar a renovar energias.

Em tempos posteriores acendiam-se fogueiras no topo das montanhas, no percurso dos ribeiros, em metade da largura das estradas e caminhos, defronte das casas. Organizavam-se procissões com tochas e usavam-se “rodas de fogo”, descendo colinas e através dos campos. Ainda hoje se mantém essa tradição na noite de São João Baptista, de 23 para 24 de Junho de cada ano.

Um velho ritual pagão que festejava o Sol no mês de Junho, foi apropriado pelo culto romano da deusa Vesta, patrona do Fogo e, posteriormente, pelo Cristianismo, que o atribuiu poderes a João Baptista, no Solstício de Verão, a 24 de Junho. Junho, deriva do latim Junius-Junior, que significa o mais novo, ou o que renova. Para o Cristianismo, João Baptista é o testemunho da Luz, do verbo incarnado, o que introduz o rito do baptismo, ou seja, da renovação. Vinte e três Papas adoptaram o seu nome e duas ordens renderam-lhe homenagem.

Nesta época do físico e do carnal, festeja-se o erotismo nos gestos e nos olhares, com sonoridades quentes de música ora dolente ora prenhe de vivacidade ao mesmo tempo que se queimam no caldeirão da fortuna flores vermelhas como as rosas “Príncipe Negro” e ervas solares, como a camomila, a lavanda e a verbena. Comem-se frutos frescos e bebe-se vinho doce.

Almada tem em São João Baptista o seu padroeiro do Povo. Do lado certo da vida Almada é terra de solstício.

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sexta-feira, junho 20, 2008

despedida de primavera


da primavera nos despedimos com suavidade
vão chegar tempos quentes, físicos, carnais
é o exacerbar dos sentidos


Rosa de tons dobrados dos jardins do Pinheirinho, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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a cumplicidade da lua

Quando me perco longamente a observar a maravilhosa Lua, especialmente, como ainda ontem aconteceu, e hoje mesmo, em todo o seu esplendor de Lua Cheia sinto sempre a magia e o mistério que o satélite da Terra envolve e transmite e quanta ilusão me causa nos sentidos. Quantas vezes vejo nela reflectida a imagem de ente querido na perfeita sensação de que nesse mesmo momento também ela olha a Lua com ternura.

Para além deste sentir que muitos chamarão romântico mas que penso ser muito mais do que isso, interrogo-me amiúde porque razão hoje se me apresenta como um disco enorme quando antes ocupava no firmamento um exíguo espaço.

Encontrei uma explicação científica no sítio do Observatório Astronómico de Lisboa quando aí é afirmado:

Já presenciou certamente noites em que a Lua parecia ter um tamanho gigantesco. Trata-se de uma ilusão de óptica que ocorre quando a Lua está baixa no horizonte.

Nesta situação o cérebro é enganado porque vê a Lua próxima de objectos na Terra com dimensões que bem conhecemos, como casas, árvores, etc.

Quando a Lua se encontra alta no céu, não há pontos (objectos) de referência para o cérebro poder usá-los na construção de uma imagem (cerebral) em que coloca os objectos-imagem com tamanhos proporcionais e relativos às distâncias percepcionadas, obtidas por sequência de posições sucessivas e tamanhos angulares aparentes. Se esta explicação não o satisfizer, sugerimos que tire as suas dúvidas de uma forma prática. Fotografe a Lua quando esta nascer e tire outra fotografia mais tarde quando já estiver mais alta no céu. Assim poderá comparar o tamanho da Lua nas duas imagens.

Esta ilusão costuma ser mais notada quando na fase de Lua Cheia, porque nessa situação a Lua nasce ao pôr do Sol e encontra-se completamente iluminada


Quanto á razão do meu sentir, do diálogo que mantenho com a Lua, da cumplicidade com que ela me transmite imagens do meu desejo mais sublime, para isso não existe explicação científica, por certo.

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quinta-feira, junho 19, 2008

mimo do jardim


é uma flor mimosa de desenho estranho
pintada em tons suaves de pastel
um autêntico mimo de jardim


"Aquilegia" dos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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governo refém do capitalismo selvagem

Os apoios para (des)governar Portugal em sintonia com as imposições da Europa do capital mais selvagem, travestido de união europeia, de liberalismo e, pasme-se, de democracia, são conseguidos por tortuosos caminhos que passam muitos pelos corredores do Palácio de São Bento, mas muitos mais pelas sedes das empresas multinacionais e até pelos secretos gabinetes de ainda mais secretas agências de “inteligência”.

Por vezes as notícias surgem de mansinho, com a colaboração de alguns órgãos de informação, também eles bajulando os mesmos “patrões”, quais lobos de cordeiro vestidos, escondendo meias verdades, mas sem o discernimento para a esconder totalmente, “gato escondido com rabo de fora”.

Jornais diários puxaram hoje para a primeira página o aumento do preço de 121 medicamentos, houve outros que “esconderam” esta notícia que interessa a todos os portugueses nas páginas interiores, dando seguimento a um comunicado emitido pelo próprio governo da Nação.

Alguns jornalistas mais atentos foram conferir e verificaram que são cerca de 300 os medicamentos que sofreram aumento e concluíram ainda que a razão dos aumentos se deve a novas embalagens mais apelativas, com “designs” mais modernos, mas que os consumidores doentes têm que pagar.

E poderia o governo da Nação, o mesmo que protege os patrões camionistas, que permite o “lockout”, que cede aos detentores do capital e não apoia os trabalhadores mais sacrificados, sempre sacrificados, impedir tais aumentos, em defesa da saúde pública como é sua constitucional responsabilidade?

Impossível!!!! Os laboratórios de medicamentos, exemplo mais acabado do capitalismo selvagem, corrupto e anti-social, responderam assim: “Se não nos for permitidos os aumentos, retiraremos os medicamentos do mercado”.
E o governo da Nação “baixou os cornos” subserviente às multinacionais que o mantém refém a troco do apoio que lhe garantem.

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quarta-feira, junho 18, 2008

lua juanina


tão bela que és lua da minha cumplicidade
em junho és ainda mais sensual e doce
porque em ti se reflecte imagem de ternura


Lua de Junho, a 100% às 17:30 horas, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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costa de caparica, a praia do sol

A Costa de Caparica é lugar conhecido de há muitos anos, especialmente, pelas gentes que habitam na área da Grande Lisboa, como zona de veraneio, que recebe anualmente mais de 10 milhões de pessoas. Este facto, pouco tem contado para o seu desenvolvimento social e económico, pois este enorme caudal de gente limita-se, na maioria das situações, a chegar pela manhã, destino à praia com seus farnéis e regressar no final do dia, para no dia seguinte efectuar a mesma viagem.

Daí o pouco desenvolvimento hoteleiro, embora os restaurantes na época de Verão tenham bastante movimento e, de igual forma, o pouco ganho obtido pelo comércio local.

Num balanço anual que se possa fazer desta autêntica migração sazonal para os vinte quilómetros de longo areal tem resultados negativos. Os veraneantes ajudam a destruir a duna primária, fazem autênticas agressões ambientais e, em contra partida, não ajuda ou ajudam pouco ao desenvolvimento caparicano.

Algo há a fazer para inverter os resultados desta situação. Contudo, as entidades governamentais, desde sempre olharam a Costa de Caparica como enteado, protegendo, isso sim, a Costa do Estoril. É assim que se entende a agressão lesa Natureza que representam os silos de cereais da Trafaria, as instalações militares da NATO sediadas na margem sul do Tejo, a vinda de toneladas e toneladas de lixos da Grande Lisboa para os aterros sanitários de Almada e do Seixal, de exploração mista (privada e estatal) e a exploração de areias da praia para serem colocadas do lado norte do Tejo o que já provocou catástrofes ambientais na margem sul.

Mas a Costa de Caparica a tudo resiste na defesa da sua beleza natural, da sua história e da sua tradição.

Um pouco de história...

D. João VI (contrariamente ao que muitos afirmam) nunca esteve hospedado na "Casa da Coroa", apenas limitou-se a lá comer uma caldeirada, feita por Maria do Rosário ou "Maria do Adrião" para a "companha" que regressava da pesca, como nos diz um escrito que nos mostraram, e deve datar possivelmente de 1827 e nos fala da caldeirada comida por D. João VI em 18 de Julho de 1825.

Diz o referido escrito: "O grupo dos tais senhores que pareciam ter vindo de Lisboa, começaram a caminhar atrás dos pescadores e quando nos viram cortar fatias de pão e d'elas nos servir de prato, começaram a rir e pediram autorização para provarem a caldeirada e ver se sabiam comer como os pescadores."

"Como gostassem, continuaram a comer e a beber, sentados na areia sem a gente saber quem eles eram. Por isso é de calcular o espanto que tivemos quando um dos senhores nos disse que estava ali D. João VI - Rei de Portugal."

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terça-feira, junho 17, 2008

bagas vermelhas


muito vermelhas sobressaiem
do verde de fundo da mata
atracção de gentes e de passarinhos


Bagas vermelhas, Mata dos Medos, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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lenda das vieiras

Nas minhas caminhadas matinais à beira-mar, num trilho imaginário traçado pelo mar na areia dourada da praia, de tempos a tempos, observo a leveza com que as águas depositam na areia ao recuar da maré, bonitas conchas carregadas de simbolismo. São conchas de vieira.

Não muito longe, no alto da arriba, está marcada a passagem de um caminho da rota de Santiago. Que relação terá a existência dessas conchas na praia com o simbolismo que as mesmas têm nos Caminhos de Santiago?


Conta uma lenda da Galiza:

Quando o barco com os restos mortais do apóstolo Tiago chegou à Galiza vindo da Palestina, o mar tempestuoso ameaçava esmagá-lo contra os agrestes rochedos da costa. Um passante que cavalgava junto ao mar ao ver tamanha tragédia avançou com o seu cavalo tentando salvar os navegantes.

Derrubado pelo mar forte que se levantava com muita violência, viu-se perdido tendo evocado os céus para sua salvação. Baixou, então, a calmaria sobre o mar da Galiza, tendo a embarcação e o cavalo sendo empurrados pelo mar para a praia, salvando-se.

Puderam na altura verificar que o cavalo vinha coberto de um tipo de conchas conhecidas por “vieiras”. Quando se começaram a desenvolver as caminhadas das peregrinações a Santiago de Compostela, foi recuperado como símbolo a vieira que a lenda evoca.

Entre as muitas designações que têm sido dadas aos peregrinos, uma muito curiosa relaciona-os com as conchas de vieiras. Os peregrinos que percorriam o Caminho de Santiago designado por “ruta jacobea” eram chamados “Concheros” ou “concheiros” aludindo a um dos principais símbolos da Peregrinação a Santiago de Compostela, a concha da vieira.

No início a concha da vieira era apanhada nas costas galegas pelos peregrinos e levada no regresso às suas terras de origem como prova da concretização da peregrinação e recordação da mesma. Com o tempo e o oportunismo dos comerciantes este símbolo passou a poder ser adquirido logo no início da caminhada, colocando-as os peregrinos durante a caminhada em lugares bem visíveis, como sejam as capas, os chapéus, as mochilas e os bordões.

E aqui estou eu, com uma maravilhosa concha de vieira recolhida nas magníficas águas da Praia do Sol, a centenas de quilómetros da Galiza e de Santiago de Compostela.

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segunda-feira, junho 16, 2008

segreda ao meu ouvido


um segredo segredado... com afecto
é cumplicidade de quereres... e de sentires
guardado fica nas pétalas da rosa


Rosa dos jardins do Pinheirinho, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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este segredo é para ti...

Mais do que as palavras contêm
Singelas no seu dizer...
É cumplicidade sentida
Acto de muito querer
Em partilha desmedida.

Segredos entre amigos
Que muito se querem bem
São como capas e abrigos
Que os protegem porém
Mais do que as palavras contêm

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domingo, junho 15, 2008

cabeça de velha


a natureza é caprichosa na sua "arte"
aqui e ali deixa claro a importância da mulher
eternizando sua imagem nas resistentes rochas


fraga no PN Monfragüe, Plasencia, Cáceres - Espanha

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...a festa durou até às tantas

...porque devemos sempre festejar a vida, mesmo que aqui ou ali tenhamos que transformar uma lágrima em sorriso, pois mais do que os passados deveremos acolher com alegria aqueles que ainda iremos percorrer nas veredas dos sentidos, o coração a pulsar, afectos a espraiarem-se como o mar tão bem sabe fazer.

E a festa é com os amigos, que familiares somos todos nós, com aqueles que sabem o valor dos afectos, a importância da solidariedade, a força de caminhar em conjunto...

E a festa foi “rija”. E continuará a sê-lo, dia após dia, como manda a tradição da minha vida de nómada, vindo sei lá de onde, por certo das longínquas paragens do Egipto, genes que a região saloia acolheu há muitos séculos idos.

A minha querida amiga Lualil, do Traduzir-se... deixou no seu blogue um bonito texto que tomo a liberdade de transcrever de seguida, sublinhando eu as palavras que escolho para esta festa que para a vida são todas elas:


FELIZ ANIVERSÁRIO MEU QUERIDO AMIGO...
saúde, amor, festas, amigos, caipirinhas, comida brasuca, cheiro, abraços, nuvens, sonhos, desejos, alma, cores, movimento, luar, mar, viagens, sorrisos, caminhadas, verdade, skol, refice, noite, sol, suor, sal, sinceridade, vinhos, lealdade, honestidade, letras... e TUDO de BOM que HOUVER nessa VIDA
mil beijos hoje e sempre




De igual forma a minha querida amiga Gwen, do blogue A Cantora, quis me brindar tendo postado lá no seu cantinho:


UM AMIGO ESPECIAL E UMA DATA ESPECIAL

O que dizer à um homem que "caminha no arco-íris na procura do sonho", no dia do seu aniversário? Um homem que tem uma das mais lindas páginas da Web, a Oficina das Ideias, ... onde enfatiza a beleza da natureza, da sua pátria, das pessoas, onde congrega os amigos de perto e de longe com eu, que neste dia, daqui do outro lado do oceano digo à você, Victor, que não sei qual é o sonho que procura, mas se eu pudesse trazê-lo até você eu o traria e faria dele o meu presente de aniversário para você, meu grande amigo! Parabéns!




A minha querida amiga Lila, que não escreve na blogoesfera mas que tem na Oficina das Ideias as portas sempre abertas para nos ajudar e dar-nos inspiração em tons de lilás, dos jacarandás em flor, brindou-me com esta imagem cheia de sensibilidade e sentir:



AO ANIVERSARIANTE DESEJO UM DIA MUITO FELIZ





...e à moda dos nómadas, a festa continua!!!!!


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sábado, junho 14, 2008

um oásis de odores


bela, colorida, de uma fragância única
oásis nas escarpas agrestes e secas
o colorido a marcar a diferença


Flor silvestre nas escarpas do PN Monfragüe, Plasencia, Cáceres - Espanha

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os anos que festejamos

Festejar o aniversário tem tanto de partilha familiar como de solitária meditação sobre o tempo que passa, as marcas que são gravadas no corpo e no espírito, o devir, o tempo futuro, os projectos e objectivos de vida de cada um, individualmente considerado. Não se estranha, pois, a forma como é considerado e aceite o tempo que passa pelas diferentes pessoas, cada ser humano com o seu pensar e sentir.

É curioso analisar as situações, especialmente sentidas pelas mulheres, em retirarem alguns anos àqueles que já viveram, na ténue ilusão de que assim mais jovens serão. E quantas vezes se acompanha este facto com a afirmação “o que conta é a idade do espírito e não a física”.

Mas também muitos homens na procura da eterna juventude, ilusória procura, quantas vezes “escondem” a idade real à pergunta “quantos anos tens?”, trocando a posição dos dígitos, numa brincadeira embusteira, e de 64 afirmam ter 46, não enganando mais ninguém do que a si próprios.

Considero esta pergunta “quantos anos tens?”, uma pergunta curiosa. Quantos anos tens, vividos? É isso importante de responder? Quantos partem tarde sem ter vivido enquanto outros vivem intensamente “o muito cedo”. Incoerências do tempo que passa, sem dúvida.

Palavras lidas e ouvidas de dois grandes mestres do pensamento e do saber, Agostinho da Silva e Fernando Carvalho Rodrigues, este último felizmente ainda entre nós, levaram-me a formar em mim a ideia de que “a vida vivida não nos transforma em sábios, mas obriga-nos a ser reflectidos”.

Quando hoje me perguntam: “quantos anos tens?” a minha resposta só poderá ser “tenho 26 anos” (os que me faltam para atingir os 90) pois o mais importante não é o tempo passado pelo rodar inexorável dos ponteiros do contador do tempo mas o que me resta para continuar a aprender e para ser mais solidário.

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sexta-feira, junho 13, 2008

guardiã de memórias


na segurança dos templos e catedrais
guardiã de memórias, de estórias, de lendas
ela própria imaterial cultura


Fechadura em ferro forjado do Pórtico da Concatedral de Santa Maria, Cáceres - Espanha

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sexta-feira 13

Sexta-feira, 13 é na tradição da civilização ocidental considerado um dia aziago, um dia onde diversas desgraças se podem juntar numa cumplicidade atroz e recaírem sobre o ser humano criando-lhe muitos problemas.

Para o cristãos, especialmente para os mais supersticiosos, é símbolo de desgraça, já que 13 eram os convivas da última ceia de Cristo, tendo este morrido numa sexta-feira. A crença na má sorte do número 13 parece ter tido sua origem na Sagrada Escritura. Esse testemunho, porém, é tão arbitrariamente entendido que o mesmo algarismo, em vastas regiões do planeta - até em países cristãos - é estimado como símbolo de boa sorte.

O argumento dos optimistas tem por base o facto de que o 13 é um número afim ao 4 (1 + 3 = 4), sendo este símbolo de prosperidade e de sorte. Mas são uma maioria os que pensam o contrário. Há pessoas que pensam que participar num jantar com 13 pessoas traz má sorte porque uma delas morrerá no período de um ano. A sexta-feira 13 é considerada como um dia de azar, e toma-se muito cuidado quanto às actividades planeadas para este dia. Pessoas mais sensíveis a estas questões evitam viajar nestes dias e recusam utilizar alojamentos ou lugares em teatros e cinemas que tenham o número 13. Aliás, por essa mesma razão, a numeração dos camarotes de teatro omite, por vezes, o 13, em alguns hotéis não há o quarto com esse número que é substituído pelo 12a.

Na Índia o 13 é um número religioso muito apreciado, de tal forma que os pagodes hindus apresentam normalmente 13 estátuas de Buda. Na China, não raro os dísticos místicos dos templos são encabeçados pelo número 13. Também os mexicanos primitivos consideravam o número 13 como algo santo, adorando por exemplo as 13 cabras sagradas.

A propósito da “sexta-feira, 13” é muito interessante a opinião do Doutor Moisés Espirito Santo, aliás, englobando a grande maioria das superstições, que opina terem origem no que poderíamos designar por “cartas fora do baralho”, isto é, situações incoerentes e estranhas que originam os mitos e superstições. No caso do 13 trata-se de um número que vem depois dos números da felicidade. A seguir à felicidade e fora dela, o azar.

Na realidade, numa rápida consulta ao “O Verdadeiro Almanaque BORDA D’ÁGUA para 2008" podemos verificar que nos 12 meses do ano existe uma única “sexta-feira, 13”.


As lendas

Existem duas outras lendas relacionadas com a superstição do número 13. Uma lenda escandinava diz que existia uma deusa do amor e da beleza chamada Friga, que deu origem a friadagr, sexta-feira. Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, a lenda transformou Friga em uma bruxa exilada no alto de uma montanha. Para vingar-se, ela passou a reunir-se todas as sextas-feiras com outras onze bruxas e mais o demónio - totalizando treze - para rogar pragas sobre os humanos. Da Escandinava a superstição se espalhou pela Europa.

A outra lenda é da mitologia nórdica. No valha, a morada dos deuses, houve um banquete para o qual foram convidados doze divindades. Loki o espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga tamanha em que morreu o favorito dos deuses. Este episódio serviu para consolidar o relato bíblico da última ceia, onde havia treze à mesa, às vésperas da morte de Cristo. Daí veio a crendice de que convidar 13 pessoas para um jantar era desgraça na certa.

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quinta-feira, junho 12, 2008

ondas e refluxos


cada onda desdobra-se quando espraia
em tantas quantos os amores
a que quer dar cor e alegria


Ondas no Grande Areal, Praia do Sol, Almada - Portugal

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devoção a santo antónio

Santo António que é no imaginário popular um santo piroleiro, atrevido e amante de partir as bilhas com que as cachopas iam buscar água nos chafarizes de Lisboa, foi doutor da Igreja conceituado em todo o Mundo religiosos e que muitos países pretenderam tê-lo como seu.

Santo António nasceu em Lisboa, no ano de 1195, recebeu o nome de Fernando e os apelidos de Bulhões y Taveira de Azevedo. Reside os primeiros tempos da sua vida numa casa situada no largo fronteiro à Catedral de Lisboa, hoje Largo da Sé.

Não se pense, contudo, que a tradição de festejar o Santo António com a realização de Marchas Populares venha de tempos passados, seja tradição de fundamentos populares e genuínos. Tal como acontece com muitas outras manifestações ditas populares também as marchas nasceram duma acção de propaganda do Estado Novo onde pela batuta de António Ferro (responsável pela política cultural do Estado Novo) Leitão de Barros, à época director do Notícias Ilustrado, encenava as acções de “folclorização do Estado Novo”, conforme sábias palavras do investigador Daniel Melo.

Decorria o ano de 1932 e apresentavam-se a concurso na sala do Teatro Capitólio, no Parque Mayer, as marchas de três colectividades em representação dos bairros de Alto do Pina, Campo de Ourique e Bairro Alto.

Mas a história de vida de Fernando de Bulhões é outra bem diferente. Com 24 anos é ordenado sacerdote depois de ter frequentado a escola da Sé de Lisboa a partir dos sete anos, situação rara à época, de ter ingressado na Ordem dos Agostinhos no Mosteiro de S. Vicente de Fora e de durante 10 anos se ter dedicado à oração em Coimbra, já nessa época um importante centro cultural, no Mosteiro de Santa Cruz.

Após ter tido os primeiros contactos com franciscanos e o conhecimento posterior de que cinco franciscanos tinham sido martirizados em Marrocos, como consequência da tentativa de evangelizar infiéis, decidiu seguir-lhe os passos e ser um missionário e torna-se frade franciscano no Eremitério de Santo Antão dos Olivais, de Coimbra. É recebido na Ordem com o nome de Frei António, enviado para as missões entre os sarracenos de Marrocos, conforme o seu desejo.

Problemas de saúde obrigaram-no a regressar à Europa. O navio de volta a Portugal foi levado pelos ventos para a Itália. Desembarcou na Sicília e dirigiu-se para Assis, onde se encontrou pela primeira vez com São Francisco permanecendo num eremitério na Itália. Durante este tempo, ocupou vários cargos, como o de professor em sua ordem na Itália e na França e também pregando nos lugares onde a heresia era mais forte.

O combate à heresia era feito não apenas através da pregação, mas também por meio de milagres espantosos. Sabia de cor quase todas as Escrituras e tinha um dom especial para explicar e aplicar as mais difíceis passagens. Em Rimini, os hereges impediam o povo de ir aos seus sermões. Então, apelou para o milagre. Foi à costa do Adriático e começou pregar aos peixes, que acorreram em multidão, mostrando a cabeça fora da água. Este milagre invadiu a cidade com entusiasmo e os hereges ficaram envergonhados.

Em 1229, foi morar com os seus irmãos franciscanos, perto de Pádua, no convento de Arcella, em Camposampiero, onde em 1231, acometido de uma doença inesperada, faleceu no dia 13 de junho, aos 36 anos de idade. Foi canonizado pelo Papa Gregório IX em 30 de Maio de 1232. Sendo até hoje o santo mais rapidamente foi canonizado. É um santo de grande popularidade, onde o povo costuma invocá-lo para encontrar objectos perdidos e auxiliar moças solteiras a encontrar noivos.

Entrando no espírito festeiro da data que agora passa deixamos aqui três quadras populares da autoria de trabalhadores desta Oficina que em 1995 participaram num concurso promovido pela Câmara Municipal de Lisboa subordinado ao mote: “Santo António é de Lisboa Ninguém o pode negar”

Santo António é de Lisboa
Ninguém o pode negar
Foi de Alfama à Madragoa
Para o fado ouvir cantar

Santo António é de Lisboa
Ninguém o pode negar
Boémio, de vida boa
Vai nos arraiais naufragar

Santo António é de Lisboa
Ninguém o pode negar
Sardinha assada com broa
Manjericos ao luar





Crédito aos saberes de Wikipédia, Isabel Lucas (DN) e Daniel Melo (investigador)

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quarta-feira, junho 11, 2008

uma rosa no manjerico


ó minha rosa rosinha
ó minha rosa encantada
para ti amada minha
para ti ó minha amada


Rosa dos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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elmano sadino

A partir do último trimestre do ano de 2003, publicou a Oficina das Ideias um conjunto de textos, singela homenagem ao enorme poeta Bocage, Manuel Maria Barbosa du Bocage, o Elmano Sadino da Nova Arcádia, que tiveram um agradável acolhimento junto da comunidade universitária de S. Paulo, no Brasil, especialmente no curso de Literatura Portuguesa.

Ficou sempre no nosso espírito poder melhorar o trabalho então realizado como forma de agradecer tão interessante acolhimento. O tempo foi passando e julgamos poder agora abalançarmo-nos nessa “epopeia”. Deixamos aqui uma breve e singela introdução ao muito que o poeta Barbosa du Bocage nos legou.


Anedotas de Bocage

Manuel Maria Barbosa du Bocage é conhecido pelo seu vasto anedotário. Curiosamente, a maioria das anedotas atribuídas a Bocage não são da sua autoria, recorrendo, isso sim, à sua atribulada e rocambolesca vivência para urdir os temas das anedotas.

Aliás, na minha meninice circulava aqui em Portugal um pequeno livro, “As anedotas de Bocage” que mais não era do que uma compilação de anedotas sem autor, como o são a maioria, mas estas atribuídas indevidamente a Bocage.


Sonetos de Bocage

Bocage foi um poeta de excepção, destacando-se na sua obra os sonetos, com ou sem mote. Bocage deixa transparecer as suas vivências, o seu sofrer e o desprezo a que é votado pela sua eterna amada.

Com origem em famílias altamente colocadas na sociedade, optou por uma vida desregrada e boémia que acabou por o conduzir à prisão.

Em sórdida masmorra aferrolhado,
De cadeias aspérrimas cingido,
Por ferozes contrários perseguido,
Por línguas impostoras criminado;

Os membros quase nus, o aspecto honrado
Por vil boca, e vil mão roto, e cuspido,
Sem ver um só mortal compadecido
De seu funesto, rigoroso estado;

O penetrante, o bárbaro instrumento
De atroz, violenta, inevitável morte
Olhando já na mão do algoz cruento;

Inda assim não maldiz a iníqua Sorte,
Inda assim tem prazer, sossego, alento,
O sábio verdadeiro, o justo, o forte.



Erótico Bocage

O seu olhar crítico para com a sociedade de finais do século XVIII e dos primórdios do século XIX, repartida que foi a sua vida por Portugal e pelas Índias, espelha-se perfeitamente nas suas “Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas”.

É de um profundo erotismo a epistologia entre Olinda e Alzira, onde estas duas amigas trocam as mais íntimas confidências. Alzira a experiente mulher embalada pelas palavras inocentes (?) da Olinda.


A temerosa Olinda é quem me escreve?
É este o seu pudor, sua inocência?
Ah! Que as minhas lições tão bem aceitas,
Dão-me a ver que a discípula inexperta
Há de em breve ensinar a própria mestra.

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terça-feira, junho 10, 2008

simplicidade em tons lilás


tão simples e de encanto tamanho
floresce nos campos áridos e secos
um oásis que lava nosso olhar


Flor silvestre em tons de lilás, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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o elogio da blogoesfera

Desde os tempos em que o registo da memória me permite saber que tenho navegado nos mares da comunicação, comunicação bidireccional ou comunicação multidireccional, aquela que proporciona maios interactividade, aquela que não destingue o emissor de receptor.

Os mares por onde tenho andado, umas vezes azul outras não tanto, mais para o acinzentado, têm sido fundamentais para o meu crescimento como ser humano, pois tenho encontrado nessas águas ricas o local ideal para a partilha do saber.

Percorri as rádiocomunicações, populares e livres, que quebraram fronteiras na Europa muito antes da existência da União Europeia, aliás derrubando fronteiras no Mundo inteiro, independentemente da religião, da política, do estatuto social das gentes que comunicavam entre si.

Percorri os caminhos da aprendizagem mais do que do ensino, aprendizagem, quantas vezes feita à distância, com o recurso às tecnologias da informação emergentes, percorrendo as auto-estradas do saber partilhado.

Rejeito ou utilizo com cautela a comunicação em que me “obrigam” a funcionar exclusivamente como receptor, especialmente quando detecto intenções de intoxicação, o que acontece amiúde nos debates televisivos, nos discursos dos políticos, nas conferências de imprensa.

Não quero com isto dizer que numa comunicação dialogante não aprenda mais com o que oiço do que com o que digo, mas não invalida que não aceite ser forçado a ouvir quem nada tem para partilhar, antes pretende impor a sua “verdade” como dogma, logo, sem discussão.

Como há dias dizia um popular entrevistado por uma cadeia de televisão “eles falam muito mas nós não percebemos nada”. E quando o Povo não entende não sou eu suficientemente iluminado para aceitar ouvir.

Revejo na blogoesfera esse mundo maravilhosa da verdadeira comunicação, da partilha do saber, da permuta de afectos, da interactividade enriquecedora do ser humano. Também ela muito azul, muito luminosa em que o cinzento surge como em tudo na vida, mas logo é afastado pela força do muito querer.

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segunda-feira, junho 09, 2008

na rota de santiago


aumentam a segurança dos pórticos
das casas senhoriais de então
aqui com o simbolismo da concha de vieira


Ferragem do Pórtico da Casa dos Adanero, Cáceres - Espanha

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devemos estar atentos

Escrevi há pouco tempo um texto aqui publicado na Oficina das Ideias em que referia um conjunto de sintomas que me levavam a pensar, com os meus modestos conhecimentos de política internacional e de economia política, estar o sistema capitalista a atravessar uma profunda crise fruto da impossibilidade de prolongar no tempo a lógica económica que o justifica e sustenta: a acumulação de capital.

É bastante claro, embora os órgãos de informação fiéis e cegos servidores do grande capital tentem “tapar o sol com a peneira”, que um sistema que vive fundamentado na especulação financeira mais cruel, sacrificando com a isso a produção e a consequente e a adequada retribuição da força de trabalho, é um sistema económico (e político) sem futuro.

É clara a brutal manipulação das vontades e, muito em especial, das leis do mercado quando hoje é anunciada uma profunda crise económica e social, envolvendo a energia e os alimentos, nos Estados Unidos e passados quinze dias as notícias são de desanuviamento, “o pior já passou” como anunciou o “guru” das finanças estadunidenses ainda hoje. Entretanto, as notícias de há quinze dias atrás provocaram verdadeiros colapsos nos mercados internacionais.

O Povo, as gentes trabalhadores, aqueles que são elementos fundamentais da produção sofrem carências cada vez maiores, muitos já colocados aquém dos mínimos de subsistência, passando fome, FOME, enquanto que os especuladores retêm em armazenagens de multinacionais enormes reservas de petróleo e de alimentos, especialmente cereais, na expectativa de vultosos lucros.

Simplesmente, a ganância de lucrar é tamanha que já não vai chegando para todos. Muitos que especulavam violentamente contra a população em geral, como é o caso dos intermediários que ganham a “fatia de leão”, onde o produtor recebe pouco e o consumidor final paga muito, começam também eles a terem dificuldades.

Na lógica do capitalismo selvagem sentem então direito a lutar por manterem os lucros especulativos que conseguiam até agora e, pasme-se... incitam ao boicote por exemplo dos transportes que não configura a greve mas sim de “lock-out”, acto constitucionalmente ilegal e criminoso por prepotente, numa luta de “patrões contra patrões”, no desprezo pelo direito legal ao trabalho por parte dos trabalhadores.

O capitalismo atravessa crise profunda. O estertor da morte conduz a actos de descontrole total com perigos de dimensão insuspeitável, que pode vir a pôr em causa a própria Democracia. Atentemos ao passado no Chile perpetuado pelo sanguinário Pinochet.

Deveremos estar alerta e exigir do Governo medidas exemplares para solução da situação em defesa das populações mais sacrificadas e não do capitalismo especulativo, o da fome e da guerra.

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domingo, junho 08, 2008

uma flor para a... lila


na tua caminhada no arco-íris sejas muito feliz
que colhas todas as cores em forma de flores
a tua alma continue cheia de musicalidade


Lila é uma amiga querida, cúmplice na construção de um mundo bonito, nos quereres e nos sentires

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arrebatamento

Neste mar em que perco o pensamento
Arrastado pelas ondas de cor da prata
Encontro cumplicidade e encantamento
De quem por tanto querer me arrebata

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sábado, junho 07, 2008

torre sineira


roda às horas certas e bate o sino
mais certo que os sinos da igreja
o senhor padre cura que se cuide


Torre Sineira do Ayuntamiento de Plasencia, Cáceres - Espanha

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belarmino

Belarmino foi enganado muitas vezes
Outras tantas se enganou a si próprio


Belarmino, Belarmino Fragoso, foi boxeurs criado no ginásio do Clube Recreativo da Mouraria, perto do qual ele vivia. Poderia ter sido um dos “grandes” do boxe em Portugal mas toda a sua vida desportiva foi joguete de interesses pouco claros que giram à volta deste desporto. Foi, a maior parte das vezes, colocado na posição de ser um “saco de levar porrada”.

Fernando Lopes aproveitou a sua vida atribulada, para realizar um filme-documentário sobre a sua vida, Belarmino, contrastando a vida dos ringues com a sua modesta vivência de cidadão, com muitas dificuldades financeiras. Belarmino Fragoso sempre pensou que com isso se havia transformado num artista de cinema.

Curiosamente na Wikipedia existe uma entrada para Belarmino - filme e nenhuma entrada para Belarmino - homem.

Belarmino foi enganado muitas vezes. Transformaram um potencial campeão num “saco de levar porrada”.

Outras tantas se enganou a si próprio. Por aproveitarem a sua imagem dorida para um filme, viu-se actor de cinema.

Decorria o ano de 1965, no cemitério da Amadora, realizavam-se filmagens de um filme de cujo nome perdi o rasto com alguns actores portugueses e com Melina Mercuri, no auge da sua carreira.

A um canto, à sombra de um cipreste, encontrava-se um homem com ar acabado cuja presença todos pareciam ignorar. O Fotógrafo ia colhendo algumas imagens quando esse homem a ele se dirigiu:

“_O senhor importa-se de me tirar uma fotografia junto daquela artista?”

Era o Belarmino, o Belarmino Fragoso!

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sexta-feira, junho 06, 2008

tão longe da foz ainda


corre tranquilo entre as fragas
de beleza agreste e primitiva
esperam-no os braços de sua a(l)mada


Rio Tejo (Tajo) no Salto do Cigano, PN Monfragüe, Plasencia, Cáceres - Espanha

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pelas terras “del gitano”

Mesmo que em excelente companhia, num dado momento poderemos sentir um imenso isolamento, não uma doentia solidão, antes “solitud”, a noção da nossa pequenez perante a grandeza do enquadramento natural, o eterno confronto do Homem à dimensão do mundo em que vive.

Foi uma procura deliberada, esta incursão em territórios de grifos, abutres, águias imperiais que planam nos ares ao sabor das linhas de igual pressão atmosférica como a deliciarem-se no doce embalo da Natureza mas, de igual modo, vigilantes ao movimento destes seres que ousaram franquear espaços que são de sua posse secular.

Foi um encontro inesquecível com o silêncio profundo, como o são os vales cortados abruptamente no fundo do qual águas azuis e tranquilas de um rio a que tanto queremos mas que aqui ainda responde a uma chamada em castelhano correm quase sem agitação na direcção de uma foz longínqua onde se irão espraiar.

As fragas alcantiladas enquadram os voos serenos dos abutres e das cegonhas negras, estas últimas que aqui encontram um dos seus poucos refúgios no planeta Terra, mas são também confidentes de lendas e histórias de amores perdidos entre mulheres estremenhas e homens ciganos, nómadas de paixões arrebatadoras, que nas margens do Tajo eternizaram o “Salto del Gitano”.

E depois... depois as flores silvestres que profusamente dão cor às pedras, a alva “jara macho”, a “peónia” ou “rosa albardeira”, o “milfolhado” e tantas outras que as influências mediterrâneas ajudam a florir e que enfeitam os colos das mulheres enquanto os homens são levados pelos vapores etílicos dos medronhos maduros que vão degustando pelo caminho.

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quinta-feira, junho 05, 2008

crentes e pagãos


diferentes formas de indicar o rumo
também a direcção do vento
para crentes e pagãos


Cruz,Catavento e Armilar de penitência na Catedral Velha, Plasencia - Espanha

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há 59 meses nos caminhos da blogoesfera

Quase à beira de completarmos cinco anos de permanência continuada na blogoesfera aqui estamos a reafirmar o estatuto editorial da primeira hora “textos e imagens próprios e originais, a temática da cultura de um Povo e da defesa da região da Praia do Sol e desenvolvimento dos afectos e do muito querer”. Continuamos a contar com o empenhamento do nosso “irmão fotógrafo” Olho de Lince que sempre vai com as suas imagens animando os nossos textos, muitas das vezes bem modestos.

No último mês, o número de comentários foi de 61, a partir de 22 comentadores, valores que continuam a dar-nos bastante satisfação, pela importância que damos à interactividade e que muito enriquecem a Oficina das Ideias pelos muitos ensinamentos que nos têm trazido.

Quanto a visitas atingimos a cifra de 529.426, a uma média de 508/dia, com origem em 152 países diferentes, o mais recente foi Santa Lucia, valores facultados pelo SiteMeter e pelo NeoWORX. No “top 5” estão o Brasil com 237.274, Portugal com 212.395, a Espanha com 9.665, os EUA com 8.022 e a França com 4.358 visitas.

Total de postagens – 3.639, onde cerca de metade são fotografias da autoria do nosso amigo Olho de Lince.

Um agradecimento especial a Blogger.com/Blogspot.com onde editamos e alojamos a Oficina das Ideias desde a primeira hora.


Quadro de Honra

Claudia P, do Cor de Dentro (Brasil)
Observador, do Reflexos (Portugal)
João S, do Espaço do João (Portugal)
Menina do Rio, do Momentos de Vida (Brasil)
Gwendolyn, do A Cantora (Brasil)
Gasolina, do Árvore da Palavra (Portugal)
Sophiamar, do A Ver o Mar (Portugal)
Amigona Avó e...., do Instantes daVida (Portugal)
Alma Minha, do Molduras (Portugal) [*]
Divinius, do Divinius (Portugal)
Avelaneiraflorida, do Cantares de Amigo (Portugal)
Victor, do Des-Encantos (Portugal)
Alguém de Lisboa (Portugal)
Lualil, do Traduzir-se... (Brasil)
Lígia (Brasil)
Lila (Portugal)
Mário, do Bzzzzz (Portugal) [*]
Manuela Oliveira (Brasil)
Once, de O Meu Mundo (Portugal) [*]
Ana (Bélgica)
Manuel Gomes, do Atento (Portugal)
Ana Barbosa, do Eutopiaª (Brasil) [*]



A TODOS o nosso MUITO OBRIGADO!

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quarta-feira, junho 04, 2008

amarela muito bela


muito bela e muito só
desejada mas tão distante
do toque de quem lhe muito quer


Flor silvestre amarela, PN de Monfragüe, Cáceres - Espanha

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ocarinas e flautas

As ocarinas e as flautas são, dentro da classificação geral dos instrumentos, designados instrumentos de vento, que apresentam duas características essenciais: Têm um tubo que encerra uma coluna de ar produzido pelo executante; Têm um elemento que põe em vibração a referida coluna de ar produzindo um som.

A mais antiga ocarina conhecida remonta aos tempos da civilização Maia, estando o seu som relacionado, tal como acontece com o da flauta, com o deus Pan da mitologia grega.

É um instrumento de configuração física muito simples, donde se pressupõe, geralmente, de grande dificuldade de execução. Tal não acontece na realidade, pois a sua utilização rudimentar, como era feita na sua origem, é muito simples.

Embora adoptada pela Europa, tendo sido trazida para Itália há cerca de 500 anos, das civilizações Azteca, Maia e Inca, continua a ter a sua expressão mais original como elemento fundamental da cultura musical andina.

Quanto à flauta, referimos aqui a zampoña, que é uma flauta pânica, em honra ao deus Pan, conhecida igualmente por siku ou por antara. Enquanto a designação zampoña tem origem no grego, siku é de origem aymará e antara de origem quechua. Tal como a ocarina estas duas últimas pertencem à cultura musical andina.


A flauta e a ocarina na lenda

Conta a lenda que deus Pan se enamorou pela ninfa Siringa que passeava nos bosques dançando e caçando com seu arco e flecha. Um dia Pan perseguiu-a até que o rio Ladón lhe cortou o caminho. A ninfa vendo-se ameaçada pediu socorro às naíadas que a transformaram numa cana. Pan, muito desconsolado, verificou que o vento sibilava ao passar pela cana e pensou serem os lamentos da ninfa. Decidiu cortar a cana e uniu vários pedaços com cera, construindo assim a sua siringa (flauta) para a tocar quando a paixão e o desejo o possuíam.

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terça-feira, junho 03, 2008

corre entre fragas o rio tejo


o rio Tejo (aqui é Tajo) passa sereno
entre as fragas alcantiladas
no silêncio que é a voz da natureza


"Salto do Cigano", PN de Monfragüe, Cáceres - Espanha

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observação nocturna de aves

Pesquisas diversas demonstram que a maioria das migrações de aves são realizadas através de voos nocturnos, por forma a evitarem os predadores, aproveitarem a estabilidade atmosférica e os indicadores de navegação celestial e usarem as temperaturas mais baixas para garantirem a dissipação do calor dos corpos.

A grande maioria realiza os voos em altitudes que não nos permitem observar, contudo, em tempos de Lua Cheia, na Primavera ou no Outono, apontando na sua direcção um telescópio ou binóculos com alguma potência, conseguimos observar o contraste entre o disco luminoso e as aves que passam.

As aves que aproveitam a noite para os seus voos migratórios, fazem-no no maior silêncio com rumo bem determinado e em formação de voo colectivo, onde é fácil reconhecer o guia que voa sempre no vértice da formação. Na ordem do bando e na respectiva organização encontra-se o êxito da deslocação anual.

A contagem das aves num determinado intervalo de tempo é proporcional à intensidade do fluxo migratório. Contudo, as observações são influenciadas pela distribuição das aves em altitude, pela visibilidade do local de observação e pela posição da Lua.

Por vezes torna-se bastante difícil distinguir as espécies das aves na observação. Deve estar-se, igualmente, atentos aos vocálicos que algumas das aves emitem enquanto voam, pois também eles podem ajudar à identificação.

Para proceder às observações o ideal é escolher um local isolado da luminosidade provocada pela iluminação das vilas e das cidades, pois as condições de escuridão é muito importante.

Na tranquilidade da observação é um encantamento identificar e contar as aves que passam defronte da Lua Cheia que atinge o seu apogeu no próximo dia 30 de Maio.

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segunda-feira, junho 02, 2008

uma lágrima...


uma lágrima pela ausência
de quem muito lhe é querida
nem só o verde é cor de esperança




Flor silvestre, Área de Serviço de Montemor-o-Novo - Portugal

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a fome que os homens querem manter no mundo

A lógica do sistema capitalista assenta, exclusivamente, na acumulação desenfreada do capital, recompensando um único dos factores de produção: o capital. Ignora na sua voracidade o factor determinante que é a mão-de-obra. Os próprios equipamento são, muitas das vezes, esquecidos ao ponto de não respeitarem as condições mínimas de segurança pondo em risco quem com eles ou neles desenvolve a sua actividade laboral.

Lutas de décadas, em Portugal também, levaram a que o Estado fosse obrigado a atender à componente social do desenvolvimento económico, no sentido de compensar minimamente, não satisfatoriamente, a lógica capitalista no sentido de que as populações em geral pudessem auferir de um mínimo de dignidade na sua vivência.

Mas o grande capital sempre reage às mínimas vitórias dos trabalhadores, dos que vivem exclusivamente do seu trabalho, e surge com novas terminologias, formas modernas de chamar outros nomes à exploração de sempre. Liberalismo, livre concorrência, dinâmica do mercado...

Todos nós nos recordamos da forma enfática “sempre em benefício das populações” com que foi anunciada a liberalização do preço dos combustíveis. A porta foi aberta para as maiores arbitrariedades por parte das gasolineiras (com lucros fabulosos) que não se formam em cartéis mas que nada podem fazer quanto à convergência dos aumentos de preços!!!

Também a propósito do aumento dos preços dos cereais (trigo mole, trigo duro, cevada, arroz), preços impostos internacionalmente lá veio a habitual conversa dos economistas afectos ao liberalismo, governantes inclusive, de que tais aumentos resultavam das regras do mercado “maior procura, menor oferta”, logo aumento de preços. Aumento desenfreado de preços.

Chegou agora a época das colheitas e os cereais que se encontravam nos grandes armazenamentos especulativos internacionais vão passar a centrar-se nos armazéns dos produtores. E é ver... os preços em queda acentuada e livre pondo em causa a rentabilidade das explorações cerealíferas numa especulação financeira pura. São as bolsas internacionais de mercadorias a actuarem na lógica capitalista e a FOME a espalhar-se entre populações cada vez mais numerosas.

Sente-se que o liberalismo, o capitalismo mais terrorista, se encontra num estertor de morte e sem futuro. As crises energéticas, a degradação ambiental, o desnorte dos mercados financeiros, a ânsia de poder e de apropriação individual são disso prova... Ainda está na mão de uma grande maioria da população mundial evitar ser arrastada neste caudal de lama. A esperança ainda existe desde que por ela lutemos.

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domingo, junho 01, 2008

natureza em lilás


sonhei assim a natureza muito bela
em tons de lilás colorida da paleta do pintor
quantas pétalas de alegria, de afecto, de bem-querer...




Composição em flores do campo com rosa em lilás

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em maio de 2008 a oficina publicou:

Textos
Dia 1 – Hoje [tradição]
Dia 2 – Em Abril de 2008 a Oficina das Ideias publicou [oficina]
Dia 3 – Encontro de Violas [tradição, eventos]
Dia 4 – Minha Mãe, Minha Amada [dia da mãe]
Dia 5 – 58 meses na blogoesfera [oficina]
Dia 6 – O afecto pelo mestre [pequenas estórias]
Dia 7 – Uma lágrima [pensamentos]
Dia 8 – Um sorriso [pensamentos]
Dia 9 – Tempo de festejar [pequenas estórias]
Dia 10 – O paralelepípedo [poesia]
Dia 11 – A menina dos telefones [pequenas estórias]
Dia 12 – Mar Eterno [poesia]
Dia 13 – Lesa património [pequenas estórias]
Dia 14 – Barco do amor [pequenas estórias]
Dia 15 – Tapete de flores de jacarandá [pequenas estórias]
Dia 16 – Mais uma vez... [parcerias]
Dia 17 – Caminhar nos medos [mata dos medos]
Dia 18 – Fome [actualidade]
Dia 19 – Noites de Almada [almada]
Dia 20 – Pôr-do-Sol na arriba [arriba fóssil]
Dia 21 – Doces sabores da Costa [doçaria tradicional]
Dia 22 – Bandeira Azul 2008 [grande areal]
Dia 23 – Entardecer tranquilo [valle rosal]
Dia 24 – Disseram na Oficina [oficina]
Dia 25 – Sonhar... [poesia]
Dia 26 – Fazer a diferença [umbigo]
Dia 27 – Trava-língua [curiosidades]
Dia 28 – De bico amarelo em Valle Rosal [minha terra]
Dia 29 – As margens do Rio Tejo para sul [rio tejo]
Dia 30 – Recordar a Adraga dos anos 60 [baú de memórias]
Dia 31 – Que vivam os poetas almadenses [poetas almadenses]


Imagens
Dia 1 – O Afecto de uma Rosa
Dia 2 – Rendilhado
Dia 3 – As cores do Alentejo
Dia 4 – Mãos expressivas
Dia 5 – Exotismo em flor
Dia 6 – Voar com a bruxa
Dia 7 – Moinho de Castro
Dia 8 – Simplesmente flor
Dia 9 – Toc toc, ó da casa
Dia 10 – Senhorial
Dia 11 – rendilhado em lilás
Dia 12 – Janela de balcão
Dia 13 – Secular memória
Dia 14 – Para ti, minha amiga
Dia 15 – Simples candeeiro
Dia 16 – Três andares e anexo
Dia 17 – Ilumina a vereda
Dia 18 – Gigante tão pequeno
Dia 19 – Suavidade
Dia 20 – Luar de Maio
Dia 21 – Majestoso
Dia 22 – Candura e pureza
Dia 23 – Escultura figurativa
Dia 24 – Vela ao vento
Dia 25 – Pureza em verde berço
Dia 26 – Segredos guardados
Dia 27 – Baía da “Adiça”
Dia 28 – Parecem avezitas
Dia 30 – Sonho voado
Dia 31 – Voo do abutre


Uma flor para...
Dia 29 - ...a Lualil

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