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sexta-feira, junho 06, 2008

pelas terras “del gitano”

Mesmo que em excelente companhia, num dado momento poderemos sentir um imenso isolamento, não uma doentia solidão, antes “solitud”, a noção da nossa pequenez perante a grandeza do enquadramento natural, o eterno confronto do Homem à dimensão do mundo em que vive.

Foi uma procura deliberada, esta incursão em territórios de grifos, abutres, águias imperiais que planam nos ares ao sabor das linhas de igual pressão atmosférica como a deliciarem-se no doce embalo da Natureza mas, de igual modo, vigilantes ao movimento destes seres que ousaram franquear espaços que são de sua posse secular.

Foi um encontro inesquecível com o silêncio profundo, como o são os vales cortados abruptamente no fundo do qual águas azuis e tranquilas de um rio a que tanto queremos mas que aqui ainda responde a uma chamada em castelhano correm quase sem agitação na direcção de uma foz longínqua onde se irão espraiar.

As fragas alcantiladas enquadram os voos serenos dos abutres e das cegonhas negras, estas últimas que aqui encontram um dos seus poucos refúgios no planeta Terra, mas são também confidentes de lendas e histórias de amores perdidos entre mulheres estremenhas e homens ciganos, nómadas de paixões arrebatadoras, que nas margens do Tajo eternizaram o “Salto del Gitano”.

E depois... depois as flores silvestres que profusamente dão cor às pedras, a alva “jara macho”, a “peónia” ou “rosa albardeira”, o “milfolhado” e tantas outras que as influências mediterrâneas ajudam a florir e que enfeitam os colos das mulheres enquanto os homens são levados pelos vapores etílicos dos medronhos maduros que vão degustando pelo caminho.

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