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quinta-feira, setembro 30, 2004

conquilhas da praia do sol


conquilhas = cadelinhas = lambujinhas = condelipes

o paralelepípedo

O desafio nasceu da frutuosa inspiração da minha amiga Cathy, do Bailar das Letras. Escrever um poema que contivesse a palavra "paralelepípedo". Na Oficina interpretámos o desafio e o resultado aí está:

Paralelepípedo é pedra de calçada
Que apoia a caminhada do romeiro
É marco, é sinal da rota desejada
Na senda do sonho, querer primeiro.

Pedra talhada de calcário ou de basalto
O paralelepípedo tem a forma do caminhar
Eleva o sentir ao seu ponto mais alto
Traça uma rota do partir ao chegar.

O descanso do romeiro é uma pausa
No caminhar rumo à luz, ao infinito
O paralelepípedo é o símbolo de uma causa
E assim está dito e assim está escrito.

Escrever um poema, responder ao desafio
Lançado por alguém que é muito sábio
É atrever-se a bailar palavras, acender o pavio
Ler o paralelepípedo, qual astrolábio.

quarta-feira, setembro 29, 2004

uma flor para... a claudinha


Muitos parabéns pelo teu primeiro aninho

em julho de 2003 machado de assis “inspirou” este espaço da blogoesfera

Machado de Assis, poeta e romancista brasileiro, nascido em 1839, veio a falecer em 1909, tendo deixado importante obra literária. Machado de Assis é uma glória da literatura brasileira, observador da vidas das gentes, dotado de uma ironia indulgente e graciosa.

A minha querida amiga Cathy, do Bailar das Letras, fez-me chegar esta autêntica pérola literária, da autoria de Machado de Assis, que me sensibilizou não somente pelo conteúdo e sentido, como igualmente pela cumplicidade, afinidade e, muito em especial, sintonia que me transmite.

"O passeio nas ruas, mormente nas de recreio e parada é utilíssimo, com a condição de não andares desacompanhado, porque a solidão é oficina das ideias, e o espírito deixado a si mesmo, embora no meio da multidão, pode adquirir uma tal ou qual actividade."

A curiosidade está no facto de a própria Cathy ter encontrado esta frase no decorrer dos estudos que tem vindo a desenvolver sobre Machado de Assis, no âmbito da sua formação académica, de uma forma fortuita e inesperada.

Pasme-se, no final do século XIX já Machado de Assis falava da Oficina das Ideias. Ao conhecer somente hoje esta frase que inspiração terá baixado sobre mim em Julho de 2003 para adoptar semelhante designativo para nome do meu blog?

Que sintonia...

terça-feira, setembro 28, 2004

apanha da conquilha na praia do sol


textos dispersos

Esta noite sonhei

Esta noite sonhei; sonho irreal por certo. Sobre o mar do equinócio vislumbrei uma imagem de mulher: teus doces olhos foram farol de mar tão tormentuoso. No bom porto a luminosa imagem do teu sentir.


O silêncio

O silêncio traz-nos uma maior percepção do mundo que nos rodeia. Podemos mesmo ouvir o som das asas do beija flor enquanto se delicia com o nectar de uma bela flor.


Estive nestas nuvens

Quando no meu sonho recorrente estive nestas nuvens
Levei-te comigo, docemente apoiada em minhas asas de magia
Os dois abraçados nos amámos, tocando-nos, sentindo-nos, em profundo olhar
A tua voz era música que rompia o silêncio
Tua luz o Sol que nos aqueceu as almas
Flutuámos ternamente
Sobre este imenso oceano que nos une


blogues a visitarem...

Traduzir-se..., de LuaLil
O Bailar das Letras, de Cathy
Segredos de Deméter, de Deméter

segunda-feira, setembro 27, 2004

lua do mês de setembro


Lua... Luminosa, intrigante, linda

imagens com memória

Do meu arquivo de fotografias a "preto e branco" selecionei e comentei imagens cuja memória desejo partilhar com quem visita a Oficina. Trata-se de uma outra forma de vasculhar o meu baú de recordações


Bailado



Duas barcaças momentaneamente abandonadas no rio Tejo pelos “ciganos do ri” que nelas vivem com suas famílias, praticamente, durante todo o ano. Lar, local de trabalho e de repouso, recolhem-se durante a noite sob os pontões, protegendo-se, assim, das intempéries climatéricas.

As gaivotas, adivinhando que por ali pode existir peixe ou crustáceos, executam seu bailado de alimentação, efectuando verdadeiros mergulhos nas águas do rio, imitando o seu primo mergulhão.

Estas gaivotas transformaram-se em autênticos seres domesticados, que vivem e acompanham estes pescadores, hoje chamaríamos “sem abrigo” que vivem todo o seu tempo no rio, dele dependem na sua subsistência, no seu viver.

Que o bailado continue...

conchinhas da praia do sol


domingo, setembro 26, 2004

flores do jardim de valle do rosal


gaivotas, gaivotas

Manhã cedo, na tranquilidade do mês de Setembro, uma colónia de gaivotas deleita-se com o agradável espraiar das ondas nas doiradas areias. Estão tranquilas mas em alerta aos movimentos dos seres humanos na zona envolvente. Ao mínimo movimento estranho levantarão voo para uma zona de maior calmaria.


À aproximação do fotógrafo, pesa as boas intenções com que este se aproxima, a colónia movimenta-se e resolve mudar de poiso para uma zona de maior tranquilidade. Á determinação do bando há duas gaivotas que resolvem não o acompanhar, deixando-se fotografar tranquilamente.


O fotógrafo insiste em recolher mais imagens. Clique, clique, clique. Uma das gaivotas que formava o par mais audaz resolve, então, ir juntar-se ao bando. A que ficou, olha a câmera directamente, faz pose qual modelo em desfile de moda. Olha uma vez mais e procura oferecer um ângulo mais fotogénico.


Finalmente resolve também partir, mas antes oferece ao fotógrafo a oportunidade única de captar uma imagem plena de movimento e de intenção. O fotógrafo sentiu quanta cumplicidade tinha havido entre ele e as gaivotas, especialmente esta última, pelo que sentiu a necessidade imperiosa de partilhar esta experiência.

sábado, setembro 25, 2004

flores do jardim do pinheirinho


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


A Primavera já chegou

A Primavera aí está em todo o seu esplendor das terras do Sul. Os jardins parecem mais animados, os beija-flor esvoaçam na agitação do chamamento da criação para a procriação, os jasmineiros começam a florir impregnando o ar que respiramos com o seu delicioso aroma. No jardim fronteiro ao oceano, o Fotógrafo e a Escritora fazem uma pequena paragem antes de encetarem sua caminhada calçada acima.

As cidades vivem o bulício próprio de uma campanha eleitoral que se encontra no auge da sua realização. O Povo está envolvido como nunca. Ganhou uma nova noção de cidadania e sente a importância da sua palavra para o futuro do País. Não é alheia a este facto a circunstância de o Presidente ser um homem do Povo como eles próprios.

Uma coisa é certa, todos estão de acordo, comenta-se amiúde, Lula trouxe ao povo brasileiro uma nova esperança, gosto por viver e muita auto-estima. Fez com que o Povo sinta a importância de sua cidadania.

O Fotógrafo recordou que há muito pouco tempo rinha assistido ao lançamento de um livro escrito por um amigo seu, cujo título é “Uma mosca na vidraça” e comentou:

_Sabe querida amiga, o título deste livro contém a imagem da mosca que fica estupefacta quando pretendendo sair pela janela, embate na vidraça, algo que não compreende...
_Pois o mesmo acontece com o Povo quando lhe tiram a liberdade, até de pensar...
_Tem razão. A mosca procura uma saída que não consegue encontrar embora lhe pareça que nada a impede de o fazer...
_Tal como o Povo, anos a fio, reprimido, perde a auto estima e desiste...

Já haviam entrado na calçada. O rosto das pessoas que aquela hora matinal se deslocavam para os seus empregos espelhavam, se não alegria, pelo menos esperança. Era evidente como agora caminhavam de cabeça levantada, já não de olhos baixos como que envergonhados de si próprios.

_Repare, minha querida Escritora, no ar de esperança desta gente...
_Sabe, que penso que mesmo sem a tal vidraça esta gente durante muitos anos já não se atrevia à liberdade, temendo bater com a cabeça no vidro....
_Acredito sim... Mas Lula, homem do Povo como eles teve a clarividência de lhes dizer que o vidro já lá não está...
_Esta criançada vai, tenho a certeza, ajudar na construção de uma nova mentalidade, com afectividade e solidariedade...

sexta-feira, setembro 24, 2004

uma flor para... a joana


que a tua luz ilumine o sentir dos seres humanos

as rolas turcas

São minhas companheiras todas as madrugadas, quando na caminhada diária de passeio das minhas cadelinhas percorro pouco mais de um quilómetro pelas ruas e veredas de Valle do Rosal. Estou a falar das rolas, rolas turcas como lhes chamam por cá, por ser a partir da Turquia que iniciaram há anos a migração para terras de Portugal, particularmente para esta zona da Caparica, desde a orla marítima até aos arvoredos da Mata dos Medos.

Embora nos primeiros tempos seguissem os caminhos normais das migrações de aves, com a vinda para cá e o regresso aos lugares de origem meses mais tarde, estou em crer que tal como acontece com o ser humano quando se sente bem numa terra de acolhimento, também as rolas, as rolas turcas, acabaram por se fixar definitivamente.

Relativamente às rolas autóctones, são de maior dimensão e distinguem-se, especialmente, pelo arrolhar muito característico, muito mais forte e musical, com fortes requebros que dão musicalidade ao ambiente quando iniciam o seu voo.

São aves bastante afoitas no relacionamento com o ser humano, voando normalmente em casais, em voo alegre embora sublinhado com um cantar algo nostálgico, a recordar quão longe estão da sua terra de origem.

A cada ano que passa, procriando num ambiente natural que lhes é propício, as rolas turcas aumentam a dimensão da sua colónia, poisando nos fios de transporte de electricidade e no alto dos pinheiros bravos dando um novo encantamento aos locais que elegeram para viver.

quinta-feira, setembro 23, 2004

outono


dia sem carros, onde?

A Semana Europeia da Mobilidade já caiu no esquecimento. O Dia Sem Carros já é considerado por muito poucas cidades no nosso País (este ano apenas 51 e algumas de forma puramente simbólica). O Dia do Eco-Condutor, dia que como tantos outros deveria ser em todos os dias do ano, especialmente, pelo repudio à poluição da falta de civismo esse nunca existiu. Outras designações de “semanas” e “dias” com as quais se pretende sensibilizar as pessoas para os malefícios da utilização dos veículos automóveis cujos motores funcionam com combustíveis poluentes já é passado.

Foi uma campanha meritória no seu enunciado e nos objectivos que pretendeu atingir. Contudo, sobrou-me sempre a dúvida pessoal da sua razoabilidade e da sua eficácia.

Em primeiro lugar, quem pretendem os promotores destas campanhas sensibilizar? Em Portugal, grande parte da população já há muito que não utiliza transportes privados devido á penúria em que vivem, muitos no limiar da subsistência.

Os ricos e a classe média endinheirada, novo-riquismo emergente tantas vezes do clientelismo político que se sobrepõe em camadas fruto das mudanças da cor dirigente, esses não prescindem do transporte próprio.

Andam sempre em acelerada correria, do emprego onde saem tarde para melhor competirem com o colega do lado, para o infantário ou escola das crianças, para casa nos arredores da cidade, onde vivem em urbanizações ou condomínios fechados.

Os restantes, a maioria, levanta-se de madrugada, utiliza transportes públicos de má qualidade e sem o mínimo de comodidade que um ser humano merece. Chega a horas ao serviço, pois caso contrário o seu emprego está em risco. Onde chega tarde, cansado, preocupado com a alimentação da família, é a casa, noite fora, após outro período de martírio nos transportes públicos.

É fácil comemorar dias e semanas, com temática ecologista, que todos sentem ser importante defender. Mas será assim que se defende a Natureza e o Ser Humano?

O que fazem os governos contra os empresários fabris que poluem selvaticamente para não investirem nas medidas adequadas de protecção ecológica? E contra os armadores que poluem os oceanos impunemente lavando fundos dos navios tantas vezes dentro de águas territoriais?

quarta-feira, setembro 22, 2004

uma flor para... o pedro


Parabéns querido Amigo

equinócio de outono

De O Verdadeiro Almanaque BORDA D’ÁGUA, Reportório (sic) útil a toda a gente, transcrevemos:

22 de Setembro de 2004. Começo do Outono às 15horas e 30 minutos. Equinócio.

Hoje é tempo de Equinócio de Outono que marca o início do afastamento do Sol rumo ao Inverno. O dia e a noite são exactamente iguais, com 12 horas cada. Com ele se dá o início astronómico do Outono. O Sol nasceu precisamente a Leste e o ocaso verifica-se a Oeste.

E que maravilhoso pôr-do-sol...



Não é estranho, pois, que a tradição ocidental associe este momento com o pôr-do-sol. O Equinócio de Outono marca o início do afastamento do Sol rumo ao Inverno. As civilizações solares antigas acreditavam que o Sol morria no entardecer e era ressuscitado no dia seguinte. Durante a Noite, ele cruzava o Reino dos Mortos, levado, segundo os egípcios, em uma barca.
Mas a tradição ocidental liga o Equinócio igualmente à água, em especial, à água do mar.

E que mar maravilhoso...



terça-feira, setembro 21, 2004

flores do jardim do pinheirinho


tulipa negra

LuaLil, em Traduzir-se... dissertou sobre as belas tulipas, flores de encantar. No final deixou um desejo: receber tulipas negras. Aqui fica a partilha da Oficina das Ideias.


Tulipa Negra

Mulher de muito querer, Shirin se apaixonou.
Seu príncipe de encantamento, seu eleito,
Ferhad rejeitou tamanho enleio. Desgostou
Mulher desamada no deserto procurou seu leito.

Chorou copiosamente sua saudade, com tristeza
As lágrimas rolaram por seu belo rosto em sofrimento
Cada uma tocou a escaldante areia de profunda pureza
Transformando-se em linda tulipa de negro pigmento.

Das terras do crescente viajou no sonho de um amante
Até à Europa, à Holanda a terra dos “polders” e dos canais,
Onde inspirou artistas e simbolizou o amor eterno e galante
Depois no Brasil, símbolo do muito querer e sentires reais.

segunda-feira, setembro 20, 2004

flores do jardim de valle do rosal


algures no tempo...

...escrevi assim num comentário a um post da LuaLil no Traduzir-se...:

Para ti
Coloco letras em carreirinha
Formando palavras soltas e sem sentido
Depois, são teus olhos de mel
Que nelas encontram a rima
Poema de madrugar
Na aurora de uma vida.

Agora o recupero para partilhar com todos vós.

imagens com memória

Do meu arquivo de fotografias a "preto e branco" selecionei e comentei imagens cuja memória desejo partilhar com quem visita a Oficina. Trata-se de uma outra forma de vasculhar o meu baú de recordações


O rapaz do bombo



Um desfile de ranchos folclóricos numa festa qualquer, traduz-se sempre em animação popular pelo movimento, pela cor, pela música. Fundamentalmente, pelo trajar a preceito de acordo com a tradição e com os trajes carregados de significado.

A abrir este cortejo, como em tantas circunstâncias acontece o “bum-bum-bum” que o tocador de bombo lança no ar. A curiosidade desta situação encontra-se no facto de o bombo ser percutido por um rapaz, com certeza ainda sem os 10 anos feitos que galhardamente ia retirando sons de animação.

O seu ar concentrado mostra que sente a responsabilidade do seu desempenho. O passo estugado a marcar o andamento do rancho, a noção de que “quem vai na frente abre caminho”. Leva ainda o ar prazenteiro de que gosta do que está a fazer.

Traja a rigor como os demais. Tão jovem ainda e já representa a memória de um Povo.

domingo, setembro 19, 2004

caminhando se faz caminho

Alguns apontamentos sobre pequenos percursos em que os sentidos são despertos para o Património Natural e Construído através das cores e dos odores, das estórias e das tradições, dos saberes e dos sentires. Venham connosco fazer este caminho...


Ir à Costa de Caparica ver o pôr-do-sol

Seja qual for a cidade de partida, chegará à Costa de Caparica pela Via Rápida do mesmo nome. No centro da Costa estaciona o carro e subirá a Rua dos Pescadores, que outrora separava as habitações dos pescadores oriundos do Sul daqueles que tinham vindo da região de Aveiro. Terá em frente o amplo Oceano.


Uma passadeira de madeira marca o caminho até ao paredão com a praia logo a teus pés. À direita encontras o Tarquínio banheiro antigo da frente praias. Para a esquerda situam-se o Paraíso e o actualmente desactivado Dragão Vermelho. Fazem parte das nossas recordações de infância, dos grandes espaços de praia por onde o mar foi avançando.


O Verdadeiro Almanaque Borda d’Água indica que o ocaso será cerca das 19 horas e 20 minutos e algum tempo antes já o sol inicia a sua caminhada para o mergulho nas águas cristalinas. Isso dizemos nós, isso sentimos que vai acontecer, mas a ciência o desmente. O Sol aguarda que a água chegue até ele.


Os banhistas dão os seus últimos mergulhos. Observa como são afoitos e se bem reparares nas águas que vão escurecendo muitos surfistas ainda se regalam com a forte ondulação e com a rebentação ritmada. Lá na linha do horizonte vê como o sol fulge em maravilhosas tonalidades.


Podes dizer adeus ao Sol que por hoje já se retira para o outro lado do Mundo. Como escreveu a minha amiga Ermelinda “...julgo, até, que quando os nossos olhos têm o privilégio de observar um pôr-do-sol como este a nossa alma fica mais leve...”. A minha amiga Alfonsina escreveu “hermosas colores”.


O sol da Caparica já se encontra acompanhado nesta época do ano. Então quando nos deixou por uma noite recomendou a companhia da Lua. Crescente tímido que daqui a pouco formará uma bela Lua de Setembro. Olha com atenção o firmamento e a encontrarás. A noite vai ser de tranquilidade.


sábado, setembro 18, 2004

hoje vi assim o pôr-do-sol


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Sorrir tranquilamente

Não é por estarmos sós que caminhamos menos acompanhados, este é o sentir do Fotógrafo enquanto se desloca “calçada acima” por caminhos tantas vezes percorridos na companhia da Escritora cuja ausência tem tido alguma frequência nestes últimos tempos.

Ausência física, pois em termos espirituais ela está bem presente em cada passo com que com alguma firmeza o Fotógrafo segue calçada acima. A Escritora está, de igual forma, presente na obra que em cada largo ou nas paredes de edifícios públicos dá conta do muito trabalho desenvolvido em prol de um maior saber sobre saneamento básico e ambiente.

O Fotógrafo conhece bem o empenhamento da Escritora na campanha para as eleições de perfeito que terão lugar no próximo dia 3 de Outubro. Sabe bem que ela está actuante nas carreatas que percorrem as diversas zonas do Recife levando a mensagem de João Paulo, actual e candidato a perfeito do recife.

A Escritora, mãe dedicada aos seus dois rebentos, trabalha intensamente na campanha de João Paulo e ainda arranja tempo e muita inspiração para escrever e partilhar maravilhosos poemas de encantar. Não admira, pois, ao Fotógrafo que não sobre tempo para as caminhadas habituais.

O Fotógrafo continua a sua caminhada. Os rapazes da rua cresceram no seu saber, no seu sentir de cidadania e a isso não é estranho o empenhamento de homens como João Paulo em levarem aos estratos mais carenciados da população os conhecimentos básicos da higiene e da defesa do ambiente.

O Fotógrafo sente que as gentes do Recife irão apoiar João Paulo e sente-se feliz pela Escritora que a esta causa tem dado o melhor do seu ser e do seu saber, quantas vezes com enormes sacrifícios pessoais. O Fotógrafo sente orgulho na sua amiga Escritora, mas sempre se vai questionando:
_Não andará por aqui, no sentir de sua amiga, também coisas do coração?

E sorri, tranquilamente.

sexta-feira, setembro 17, 2004

flores do jardim do pinheirinho


um exercício de escrita

É puro atrevimento intelectual. Desde já me penitencio perante os meus leitores amigos por ter entrado por este caminho. Mas não resisti à tentação do pensamento.

A partir de um singelo poema que já aqui publiquei, resolvi reescrevê-lo. Como? Mantive o poema original que aqui apresento a negrito. Acrescentei sílabas a cada um dos versos tentando não alterar o sentido global do poema.


O Romeiro

O romeiro amparado no bordão das terras do longe chegou
Cansado dos rumos do sem fim percorridos na ânsia do saber
Fita com o olhar vago o infinito e a solidão o sinal que sempre procurou
Onde arde a chama que não vê mas sabe existir, a chama do muito querer.

No sentir do amor passado mas sempre vivo em seu pensar e sentir
Encetou o romeiro a longa caminhada em terras do sem fim
Por tortuosos desfiladeiros e atalhos, veredas e trilhos do devir
Na busca da imagem querida e adorada com o odor do jasmim.

No rosto marcado pelo suor e pelas lágrimas, pelo tempo a passar
Surge, por vezes, uma réstia cor de esperança, no pensar e no sentir
Aquela que sempre o acompanhou neste tão longo caminhar
E o doirado Sol das planuras imensas que nunca alcançou mas que irá agora atingir.

quinta-feira, setembro 16, 2004

pilrito


relembrar... para avançar

Timor Loro Sae

Povo timorense com longos anos de atroz sofrimento
Que deu têmpera ao corpo e ao espírito
Na luta sem quartel pela Liberdade
Pelo direito de ser senhor do seu tempo e do seu muito querer
Sujeito à tirania de gente vil e sem sentir
Mas também ao esquecimento e abandono
Dos senhores do mundo e dos outros.

Povo timorense pobre, miserável mesmo
No sentir de gente que só os bens materiais interessa
Mas rico e prenhe de valor profundo
Que quando pôde manifestar todo o seu querer
Deu exemplo ao mundo e às gentes
Obrigando a sentir solidário quem não era mais do que indiferente
Obrigando à evidência de onde se encontram os verdadeiros
Os reais valores de humanidade, de construção

Povo timorense alforge de sementes do Mundo Novo
Valores fundamentais para modificar profundamente uma sociedade
Que de tudo conhece o preço
Mas que desconhece o valor seja do que for
Duma sociedade que urge alterar o destino
Pois destrói-se a si própria pela cegueira de quem não quer ver
Numa ânsia de acumular riqueza para poucos, muito poucos
Sacrificando cada vez mais “povos timorenses”

O Povo timorense forjado na luta, no sofrimento e no querer
Renascerá da sua profunda convicção de Liberdade
Será a semente o Mundo Novo, do Homem Novo
Única solução para um universo sem finalidade
Que na riqueza e no poder vê o seu fundamento
Mas que aí só encontrará destruição e morte
O Povo timorense será a bússola e a luz
Que traçarão o caminho da Solidariedade e do Amor

Escrito em grande sofrimento em 14 de Setembro de 1999

quarta-feira, setembro 15, 2004

grafismo


o pequenino morcego

Solitário no seu voar irregular, na permanente actividade de alimentação com base em pequenos insectos, procura na minha companhia diária mitigar esse seu estado de vida.

Acompanha-me nas minhas caminhadas nocturnas no passeio das cadelinhas ou quando vou colocar o lixo no respectivo latão, em voos rasantes, em círculos, que são uma forma muito própria de comunicação.

Pequenino mamífero, por muitos hostilizado, sente que gosto dele e da sua companhia e, portanto, gosta “igualmente de mim”. Companhia habitual ao longo dos meses e meses, uma noite fez-me uma surpresa.

Apresentou-me a companheira. A partir daí as minhas caminhadas nocturnas passaram a ser acompanhadas por dois pequenos mamíferos voadores.

Algum tempo volvido voltou só, coisas da vida, e assim tem continuado, noite após noite, mostrando a sua sombra esvoaçante provocada pela iluminação pública ou pelo reflexo da Lua naquelas noites em que cheia se encontra.

Outras vezes é mesmo uma aproximação directa. Sinto então a vibração das suas membranas que mais parecem asas de passarinho. Tal tem acontecido com muita frequência nos últimos dias. Dei comigo a pensar: _Será que este pequeno morcego tem algo a comunicar-me? _Que mensagem me quererá transmitir?

Depois tudo entendi. Quem, na verdade, algo tinha a comunicar era eu. Ele teve essa percepção extrasensorial.

Bastou pensar que ele entendeu: _Morceguinho, vou faltar alguns dias a este nosso encontro, mas irei voltar em breve!

terça-feira, setembro 14, 2004

uma figura ímpar

O banheiro Tarzan

Corriam os anos 50 do século passado, recordo-me de viajar de camioneta da Amadora, junto ao jardim, para Belém numa viagem que para a minha tenra idade era uma verdadeira aventura. Sentia-me, depois, um autêntico marinheiro ao atravessar o rio Tejo num velho “cacilheiro” fazendo a viagem até à Trafaria, com desvio e paragem em Porto Brandão.

Os meus olhos ficavam extasiados com tanta água, com tamanha ondulação, com o rebentar forte das ondas, de rio ou de mar?, contra o casco do frágil “cacilheiro”. Pensava eu, porque ele era forte e foi dos que nunca se afundaram.

A parte final da viagem era a mais difícil. De camioneta desde Trafaria até a Santo António ali à beirinha da praia da então Fnat, hoje Inatel. Era a mais difícil porque parecia não mais acabar, com o desejo de chegar à praia a cada segundo. Difícil porque a velha camioneta da Viação Piedense, ou seria da Sardinha?, via-se em aflições para chegar ao seu destino.

Finalmente a praia, as dunas sem fim, o mar, as brincadeiras na areia e uma figura única em quem os nossos pais confiavam totalmente: o banheiro António Ribeiro, que todos conhecíamos por “Tarzan”. Para nós tão pequeninos ele era um gigante que zelava pela nossa segurança.

Pela vida fora, mais de trinta anos a cuidar dos mais pequenos e dos maiores também, o “Tarzan” foi um verdadeiro gigante, tendo salvo mais de duzentas vidas e orgulha-se, cheio de razão, de nunca ter deixado ninguém morrer afogado.



Hoje com 85 anos o “Tarzan” já não vai a banhos mas foi, recentemente, convidado para consultor dos banheiros, pois conhece o mar da Costa como ninguém, quer o mar seja um “mar de senhoras” quer esteja embravecido com os erros dos seres humanos.

Continua ligado ao mar que sempre respeitou e amou. Hoje é um artesão, genuíno artesão que trabalha com as dádivas do mar, e continua crente como sempre, atribuindo a uma força divina todo o bem que conseguiu fazer aos frequentadores das doiradas areias da Caparica.


segunda-feira, setembro 13, 2004

poner del sol


Homenagem à minha amiga Alfonsina

imagens com memória

Do meu arquivo de fotografias a "preto e branco" selecionei e comentei imagens cuja memória desejo partilhar com quem visita a Oficina. Trata-se de uma outra forma de vasculhar o meu baú de recordações


Sombras



Simples projecções em contraste claro escuro sob o efeito do sol de finais de Setembro, quando as gentes se preparam para receber o Outono agora que o calor do estio nos vai deixando rumo ao hemisfério Sul.

Esta imagem é vazia de gente, limita-se a mostrar o grafismo que uma situação de claro escuro pode provocar. No entanto, podemos respirar actividade humana no espaço que não fica visível.

Já terminaram as actividades da “aceifa”. A palha já secou e foi enfardada. O cereal já passou pela eira e o trigo separado do joio. A eira está vazia, agora que é tempo de vindima e a adegas vão começar a receber as uvas para serem pisadas nos lagares.

Nestas sombras pode sentir-se que estamos na época das vindimas. As tonalidades e os contrastes são na realidade outonais, com o equinócio já à porta.

domingo, setembro 12, 2004

caminhando se faz caminho

Alguns apontamentos sobre pequenos percursos em que os sentidos são despertos para o Património Natural e Construído através das cores e dos odores, das estórias e das tradições, dos saberes e dos sentires. Venham connosco fazer este caminho...


da Serra de Sintra até ao Cabo Espichel... sem sair da Mata dos Medos

Segue pelo trilho de areia, bordejado de pinheiros mansos que mais não têm do que dez anos, já plantados depois do grande fogo e caminha na direcção do poente, com o azul do amplo mar a servir de rumo e orientação. À tua esquerda estará um pequeno pássaro a chilrear, dos muitos que andam a esvoaçar de árvore em árvore.



Quando estiveres na beira da arriba, com o casario da Fonte da Telha a teus pés, olha para a tua direita, para Norte. Terás, então, lá bem longe, a ampla visão da Serra de Sintra, envolta no seu mistério e romantismo. Verás também toda a costa Norte e o mar a namorar o Tejo, namoro de milhares de anos.



Daí mesmo, sem arredares pé, quando olhares para Sul, verás o longo promontório que conduz até ao Cabo Espichel, onde um farol de luz intermitente continua incansável a orientar os navegantes de um mar belo mas perigoso, o mais perigoso de toda a costa portuguesa. Nossa Senhora do Cabo cuida dos homens do mar.



Neste emaranhado de trilhos de areia que desenham na Mata uma densa rede de comunicações prevalece a visão da cor verde, agora que o Outono já se aproxima da sala de entrada do tempo que passa. Mas tenho para ti uma surpresa bem guardada. Olha agora nesse virar de caminho frondoso arbusto coberto de pequenas bolas vermelhas.



Outro arbusto coloriu a suas bagas de um branco leitoso e algo translúcido. A sua doçura é muito apreciada pelas abelhas que produzem um mel de sabor único nas colmeias da Mata. Cuida para que te não mordam, pois andam no seu trabalho e não querem ser interrompidas. Mas não deixes de apreciar a beleza destas bagas.



Quando regressares à tua origem recordarás sempre este mar profundo numa mescla de azul e verde inconfundível e também o azul, muito azul dos céus da Praia do Sol. O verde da Mata na sua abertura sinfónica do Outono. Mas também os pescadores que diariamente enfrentam o mar com as suas artes de pesca. E volta...


sábado, setembro 11, 2004

quatro das sete ondas


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


A luta que temos entre mãos

Já lá vão quase oito meses que o Fotógrafo e a Escritora percorrem, lado a lado, a calçada ao bom estilo da calçada portuguesa, mas situada do outro lado do Atlântico, nas terras do Recife, do frevo e da amizade. Têm percorrido os caminhos do bem querer e da solidariedade, tem-se cruzado com o Povo das ruas, cada vez mais consciente da sua importância pelo muito que têm aprendido.

Quando um dia a Escritora pretendeu saber quantas “caminhadas” já tinham realizado juntos o Fotógrafo não lhe soube responder:
_Sinceramente não sei. Mas um dia hei-de concluir de quantas vezes junto caminhámos.
_Era algo que gostaria mesmo de saber.

Hoje quando de novo se encontraram para a habitual caminhada “calçada acima” a primeira coisa que o Fotógrafo disse foi:
_Querida Escritora, até hoje e desde 17 de Janeiro quando iniciámos as nossas caminhadas juntos já percorremos 33 vezes esta calçada.
_Porque se lembrou agora disso?

A Escritora estava entre o surpreendida pelo tanto caminhar mas, de igual modo, curiosa pela preocupação estatística demonstrada pelo Fotógrafo.

_Porque se lembrou agora disso?
_Sempre chega a hora de fazermos o balanço da nossa vida, e como nem tudo pode ser feito no final do ano civil aqui está o sentido dos nossos caminhares.
_Mas...
_Já viu quantas esquinas virámos nestes oito meses, e quantas vezes fomos surpreendidos pela vida e pelos acontecimentos.
_Sim.... e quantas alegrias já tivemos e, enfim... também algumas desilusões.
_É verdade. Mas foi um caminhar que valeu a pena, ficámos mais ricos e partilhámos com os outros os nossos sentires... Estamos com forças para continuar, querida Escritora?
_Claro que sim. Vamos afastar os escolhos e ultrapassar as dificuldades...
_Vencer as lutas que temos entre mãos e continuar...

“A luta que temos entre mãos” irá afastar durante algum tempo o Fotógrafo da Escritora. Será simplesmente um afastar físico pois estarão juntos em pensamento partilhando forças e vontades, optimismo e muito querer.

Na alvorada do dia seguinte estarão de novo prontos a calcorrear os caminhos luminosos do rumo certo na procura de um Mundo melhor.

sexta-feira, setembro 10, 2004

abstracção


a minha opinião

Demita-se senhor ministro

Finalmente foi tornado público o relatório da comissão interministerial aos acontecimentos graves verificados nas operações de trasfega que estiveram na origem do acidente verificado em 31 de Julho último na área da refinaria do Porto da Petrogal.

A comissão detectou “erros e insuficiências” que implicam a culpabilidade da Galp acusada de incúria e de lapsos graves de segurança verificados nas operações.

A questão que parece ter surpreendido os membros do governo, ao ponto de ter sido dada indicação de imediato para serem efectuadas diligência semelhantes junto de “todas as refinarias portuguesas”, não surpreende quem tem acompanhado a evolução da gestão da Galp nos últimos anos.

O conselho de administração da Galp capitulou às exigência da ENI, à época accionista da Galp, de destruição das estruturas de ambiente segurança e qualidade, que não fazem parte da filosofia das refinarias italianas, conseguindo assim importante redução de pessoal.

Contudo, a tudo isto, não pode ser alheio, ou tentar alhear-se com o beneplácito do primeiro ministro Santana Lopes, o dr. António Mexia, anos e anos dono e senhor com o apoio do poder político da maior empresa nacional.

O dr. António Mexia, actualmente ministro das Obras Públicas (fuga para cima?) ainda ontem respondeu sobre este assunto a uma questão apresentada por um órgão da comunicação social, aparentando um ar cínico, cabotino e pedante: “os senhores sabem que há muito estou afastado dessa empresa pelo que não tenho nada a ver com o assunto!”.

É a este tipo de gente que entrega as empresas, algumas delas estratégicas como é o caso da Galp, a voracidade do capitalismo assassino e terrorista, e que foge às responsabilidades de actuação, que está entregue os destinos de Portugal?

O dr. António Mexia, ministro das Obras Públicas, só tem um caminho: Demita-se senhor ministro!!

quinta-feira, setembro 09, 2004

uma flor para... a lila


"hoje na praia da Nova Vaga, vi nas dunas junto á linha do comboio, uma flor autóctone espectacular" (Lila)

coleccionar... pacotes de açúcar

Uma vez por semana a Oficina vai dedicar um espaço ao coleccionismo de pacotes de açúcar. Esta colecção integra-se no espírito geral da Oficina “para todos” atendendo a quantidade e diversidade de peças existentes, a um custo reduzido, sem perder o interesse lúdico de coleccionar e aprender coleccionando.


Curiosidade que veio de longe

O coleccionismo tem destas coisas- Seja qual for o tipo de colecção: selos, moedas, postais, calendários, sempre acontece a situação curiosa e inesperada. O mesmo pode acontecer com a colecção de pacotes de açúcar.

Uma amiga que recentemente passou férias nas ilhas Maurícias prontificou-se a trazer-me os pacotes de açúcar que conseguisse obter nesta viagem de sonho. As Ilhas Maurícias constituem uma república independente, no quadro da Commonwealth, tem como capital Port-Louis e situa-se ao largo da costa oriental de África, em pleno Oceano Índico. Consideram-se a terra do açúcar.


bandeira das Ilhas Maurícias


Das Ilhas Maurícias vieram cinco pacotes de açúcar, um por cada tipo de açúcar, destinado a uma utilização concreta:


Special Raw Sugar



White Sugar



Golden Caster



Demerara


e ainda... extra bandeira


Golden Granulated


Curiosidade, o facto de com as cores dos pacotes de açúcar se poder formar a bandeira do país. E aqui ficam as amostras dos diferentes tipos de açúcar.



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