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terça-feira, novembro 30, 2004

flor de encantar


madrugar

Quando a noite chegou ao fim
E foi madrugada,
Pousei meus olhos em teus lábios
De carmim.
E da minha mente cansada
Brotaram sábios pensamentos.

Sem palavras entendi teu ser,
Beijei teu rosto docemente
E com a loucura que nos dá
O muito querer,
Beijei teus olhos, tua boca,
Teu corpo meigo e fremente.

Nossos seres se uniram
Em doce enleio.
Senti teu peito ardente
Em profundo respirar.
Desejámos estar assim eternamente,
Mas logo findou o madrugar.

Foi alvorada.
O sol alevantou o seu esplendor.
Sentimos a força de estar juntos
Perante o mundo hostil,
Máquinas, ruído, poluição,
Que já não entende o amor.

Lado a lado caminhamos o futuro.

E com sol a pino
Do dia meado,
Amadurecemos ideais na noite concebidos.

segunda-feira, novembro 29, 2004

invernia e desolação


águas, há muitas...

Muito recentemente teci alguns comentários sobre a acção desempenhada pelo Brasil na defesa das suas reservas aquíferas, aliás, consideradas as maiores do Mundo:

“O Brasil é hoje, do mesmo modo, o forte motor dinamizador da defesa universal das reservas aquíferas. O Brasil que possui a mais importante reserva de água do Mundo dá o exemplo para o problema da falta de água que afecta mais de dois terços da população mundial.”

”Está a tomar medidas importantes para evitar a crescente poluição das águas dos rios e o desperdício, fundamentalmente, na agricultura seguindo os objectivos da Conferência do Rio 1992, visando o desenvolvimento sustentável, assente nas preocupações da dimensão ecológica e social e também do conhecimento e da inovação.”


Também em Portugal, à sua dimensão, muitos municípios estão a procurar dinamizar actuações destinadas a proteger tão importante quanto escasso meio natural.

Curiosamente “águas há muitas...” (1)

Água canalizada
Geralmente a água é composta por magnésio, cálcio e, por vezes, também por cobre, zinco e ferro, entre outros oligoelementos. A água da torneira é, sem dúvida, a mais rica em sódio. Sendo potável, e submetida a tratamentos de eliminação de substâncias nocivas, pode normalmente ser bebida sem receio. Já existem no mercado bons filtros de torneira, que filtram quaisquer impurezas.

Água de nascente
Diferem muito consoante a sua origem. Consideram-se potáveis no seu estado natural e quimicamente puras, mas a sua taxa de mineralização não deve ultrapassar os dois gramas por litro. É por isso aconselhável a recolha de informação sobre a sua qualidade.

Águas minerais
Apresentam um teor em mineráveis muito variável. E algumas ultrapassam mesmo a taxa de mineralização comum no que toca a magnésio e flúor, pelo que, passado algum tempo de as consumirmos regularmente, podem provocar alguns problemas nos rins e nos dentes. Com os níveis de minerais existentes nas várias marcas de água podem ser bastante diferentes, de acordo com as suas fontes, o ideal será alternar a qualidade da água que ingerimos, não excluindo a água da torneira.

Água fervida
Em zonas em que não existe água potável convém lembrar que a água pode ser fervida – a forma mais segura de obter água potável. O líquido deve ser fervido durante um a três minutos para que as bactérias e os parasitas presentes na água sejam eliminados. Em países, cuja água canalizada levanta dúvidas quanto à sua potabilidade, devem preferir-se bebidas engarrafadas ou bebidas como o café e o chá, cuja água é necessariamente fervida. É ainda aconselhável a não utilização de gelo como refrescante de bebidas.

(1) crédito à revista XIS, de O Público

domingo, novembro 28, 2004

rosa de pétalas laranja


teu corpo, uma jóia

Teus belos olhos de mel
Duma tonalidade tão pura
São do Universo o anel
Do muito querer que perdura

Tua boca sem ter par
Qual amora já madura
A doçura no beijar
Num momento de ternura

Teus seios são frutos de ouro
Duas jóias preciosas
Fazem parte do tesouro
Das sensações valiosas

Teu umbigo sensual
Com um brilhante de sonho
Como ele não há outro igual
No Mundo que fazes risonho

No centro de teu lindo ser
Fulge o mais belo tosão
É sonho de enlouquecer
O mais nobre coração

De tão bonita mulher
A concluir o que penso
Feliz de quem merecer
Seu sorriso tão intenso

sábado, novembro 27, 2004

maresias


a força do associativismo

Por vezes ouvimos dizer: “O Associativismo está em crise!”. Ora, na minha opinião, o Associativismo, devido à sua própria génese, nunca está em crise. Crise, encontramos na sociedade, nas pessoas individualmente consideradas, no dirigismo associativo. O movimento associativo, tem na sua génese, precisamente criar uma forte barreira contra situações de crise.

No associativismo, encontraram os portugueses a forma de lutar contra uma ditadura de Estado, de lutar contra o individualismo para onde a sociedade portuguesa os queria empurrar, de lutar contra a adversidade, pela força do colectivismo.

O Povo sempre afirma: “A união faz a força!”. As forças no poder sempre defenderam: “Dividir para reinar!”. É no associativismo, na força colectiva, que os povos sempre encontraram forma de lutar contra a adversidade, encontrando pelas suas próprias mãos soluções que são da competência dos governos, que não cumprem as obrigações para que foram eleitos.

Estive longos anos ligado ao dirigismo associativo, no campo das radiocomunicações de lazer, da Banda do Cidadão, das comunicações de TODOS. Percorri todos os caminhos que ha a percorrer a nível nacional e internacional. Um dia o ciclo fechou-se. Eu fiquei mais rico com todos os ensinamentos recolhidos dessa vida colectiva, de riqueza tamanha.

O “bichinho” do associativismo esse permaneceu no meu íntimo. Um dia encontrei uma associação nacional de coleccionadores de pacotes de açúcar, hobby que desde há muito anos me ocupa algum tempo. No CLUPAC, Clube Português de Coleccionadores de Pacotes de Açúcar, encontrei o espaço de debate e de desenvolvimento dessa aliciante actividade.

Hoje mesmo, acompanhado de uma equipa de profundas vontades, assumi a direcção dessa associação. De entre vários aspectos focados durante este acto formal que se realizou na cidade de Leiria, gostaria de salientar duas linhas de força:

O Clube vai ser o que os seus associados quiserem e não o que os Corpos Sociais decidirem;

O efeito de VOTAR não termina na eleição, antes aí se inicia, pois os associados não devem descansar no voto que foi expresso.

Claro, só deixo estas referências concretas por elas se deverem aplicar em todos os aspectos da nossa vida em sociedade, inclusive, no que diz respeito ao voto para a Assembleia da República, com efeitos governamentais.

Um VOTO nunca deverá representar um cheque em branco!

sexta-feira, novembro 26, 2004

rosa de pétalas vermelhas


navegar na blogoesfera

Desde os tempos em que o registo da memória me permite saber que tenho navegado nos mares da comunicação, comunicação bidireccional ou comunicação multidireccional, aquela que proporciona maios interactividade, aquela que não destingue o emissor de receptor.

Os mares por onde tenho andado, umas vezes azul outras não tanto, mais para o acinzentado, têm sido fundamentais para o meu crescimento como ser humano, pois tenho encontrado nessas águas ricas o local ideal para a partilha do saber.

Percorri as rádiocomunicações, populares e livres, que quebraram fronteiras na Europa muito antes da existência da União Europeia, aliás derrubando fronteiras no Mundo inteiro, independentemente da religião, da política, do estatuto social das gentes que comunicavam entre si.

Percorri os caminhos da aprendizagem mais do que do ensino, aprendizagem, quantas vezes feita à distância, com o recurso às tecnologias da informação emergentes, percorrendo as auto-estradas do saber partilhado.

Rejeito ou utilizo com cautela a comunicação em que me “obrigam” a funcionar exclusivamente como receptor, especialmente quando detecto intenções de intoxicação, o que acontece amiúde nos debates televisivos, nos discursos dos políticos, nas conferências de imprensa.

Não quero com isto dizer que numa comunicação dialogante não aprenda mais com o que oiço do que com o que digo, mas não invalida que não aceite ser forçado a ouvir quem nada tem para partilhar, antes pretende impor a sua “verdade” como dogma, logo, sem discussão.

Como há dias dizia um popular entrevistado por uma cadeia de televisão “eles falam muito mas nós não percebemos nada”. E quando o Povo não entende não sou eu suficientemente iluminado para aceitar ouvir.

Revejo na blogoesfera esse mundo maravilhosa da verdadeira comunicação, da partilha do saber, da permuta de afectos, da interactividade enriquecedora do ser humano. Também ela muito azul, muito luminosa em que o cinzento surge como em tudo na vida, mas logo é afastado pela força do muito querer.

quinta-feira, novembro 25, 2004

vai uma ginjinha?


ginja dos monges do convento da rosa

Esta ginja tem como característica própria ser usado o vinho tinto na sua preparação. Os terrenos envolventes da Quinta da Rosa, na Charneca de Caparica, de características arenosas eram ricos em videiras, a partir de cujos frutos se produzia vinho tinto de excelente qualidade que se tornou célebre nas terras das redondezas. Em Almada uma tasca de culto anunciava pomposamente “Vinho Novo de Charneca de Caparica”. Não é, pois, de estranhar que os monges tenham ensaiado esta deliciosa combinação “ginja de folha + aguardente + vinho tinto”.

Ingredientes
1 kg. de ginjas
750 gr. de açúcar amarelo
1 lt. de aguardente
1 lt. de vinho tinto
Pau de canela
Raspa de casca de limão

Preparação
Dissolva o açúcar no vinho tinto. Escolha as ginjas das vermelhas e bem ácidas. Tire-lhes o pé e sem as lavar, apenas as limpe com um pano, deite-as em boa aguardente e no vinho tinto em partes iguais, em frascos de boca larga. Junte uma pau de canela, raspas de limão e uma cabeça de cravo da Índia. Mantenha num lugar fresco, à sombra, 1 ou 2 meses. Vá mexendo uma vez por semana, para evitar que o açúcar se condense no fundo.

quarta-feira, novembro 24, 2004

flor maravilhosa


lengalenga

Imaginação, angústia,
Esquecimento,
Ausência, solidão,
Muito sofrer,
Olhar profundo, sorriso,
Bem-querer,
Amor eterno, alegria,
Sentimento.

Regresso, presença,
Abraço apertado,
Um beijo, ternura,
Caminho desejado,
Ilusão, alegria de viver,
Amor,
Cruel verdade, sofrimento,
Dor.

Realidade, tristeza,
Desengano,
Uma lágrima, um adeus,
Infinito.

terça-feira, novembro 23, 2004

uma flor para... a cecília


Muitos Parabéns Querida Amiga

defender a lusofonia

Já apresentámos anteriormente aqui na Oficina diversos posts referindo a importância da blogoesfera no estreitamento dos relacionamentos social e cultural entre o Brasil e Portugal. Temos mesmo afirmado, sem receio de sermos contraditados, que fazem mais os utentes da blogoesfera, por amor à partilha e ao diálogo, do que os governantes que tendo tal responsabilidade sempre se preocupam mais com acções que aumentem a sua fortuna pessoal e os interesses de seus amigos e correligionários.

Estas palavras são inspiradas num correio electrónico recentemente recebido de uma blogueira brasileira de mão cheia, a minha amiga Cathy, do Bailar das Letras:

“Meu querido Victor,
Nosso compartilhar muito tem me ajudado. Ontem eu fiz uma prova de quatro páginas sobre o Bocage. É claro que usei seus escritos, lembra? Inclusive meu professor ficou com uma cópia. Tive facilidade em fazer a prova, mas interpretação é sempre um desafio na correcção.
Ainda tenho provas para fazer e mais um milhão de coisas. Quando diminuir o fardo nós conversamos para actualização das novidades.
Beijo enorme."


É evidente que de uma saudável compartilha sempre aproveitam em sua plenitude ambas as partes, donde a ajuda que a Cathy refere é, mais do que uma ajuda mútua, uma contribuição modesta mas mesmo assim importante, para o estreitamento cultural de dois países de uma mesma língua e de culturas que somadas são um mundo.

A carência desta partilha, que deveria ter um forte apoio institucional, é tão grande que até um professor universitário achou por bem guardar uma cópia de um texto que foi publicado nesta Oficina com a modéstia e a despretensão com que todos os trabalhos por cá são executados.

Especialistas bocagianos, e existem alguns de profundos conhecimentos no nosso País, deveriam ser incentivados pelas entidades públicas a fazerem chegar os seus trabalhos e as suas palavras às universidades brasileiras que se dedicam ao ensino da literatura portuguesa.

segunda-feira, novembro 22, 2004

suavidade


inspiração

O acto de escrever, como qualquer outro acto criativo, envolve um conjunto de sentires cuja forma de expressão nem sempre é linear. Aliás, a maioria das vezes não o é. Umas vezes resulta dos saberes acumulados durante uma vida, outras, tão somente o resultado de uma chispa captada em circunstâncias inexplicáveis.

Admiro, pois, o que acontece com alguns criadores a quem, segundo as suas próprias palavras, o acto criativo acontece muitas vezes à revelia da sua própria vontade. Vou citar as palavras de três autores que me são queridos, ainda que, sem muita precisão nessas citações que faço de memória.

José Saramago, Prémio Nobel da Literatura, refere em diversas ocasiões que a inspiração lhe surge nas mais díspares situações: quando se barbeia defronte de um espelho, quando se desloca de automóvel e é confrontado com a construção de um imenso imóvel, e em tantas outras situações comuns.

Jorge Palma, cantor de culto, afirmou numa recente entrevista, que se inspira ao estilo de uma esponja, está tão ávido que qualquer coisa lhe serve de inspiração: uma frase, um livro, uma expressão, uma discussão, qualquer coisa. Depois deixa essa ideia trabalhar dentro da sua cabeça e é criado o poema, a música.

António Lobo Antunes vai mais longe. A inspiração surge-lhe num estado de dormência, em que está entre o dormir e o acordar e flutua. Como sempre escreve à mão, é mais produtivo no momento em que com o cansaço a mão se torna autónoma.

E por aqui, este escriba da Oficina que para juntar letras, formar palavras e integrá-las no contexto tem que transpirar a bom transpirar. A inspiração é assim como que construída pedra a pedra, qual tarefa de pedreiro já para não dizer de trolha.

domingo, novembro 21, 2004

flor amarela com malmequer


amizade

Muito recentemente a minha doce amiga Cathy publicou no seu magnífico blogue Bailar das Letras este texto carregado de afecto:

“A amizade, tal qual rio, é entrega... flui... e se renova...
Naturalmente!
A amizade é o principal sentir, é a base do respeito. Logo pode vir o amor e a paixão, mas a base forte já está lá. Nem todo amigo se torna uma paixão, mas será sempre alguém com quem se abrir nos momentos difíceis. Cremos que o amigo ultrapassa os limites do tempo e do espaço, sem nada esperar; o amigo se faz presente por querer o bem do outro.”

“* Essas ideias foram trocadas com um amigo com quem tenho compartilhado da literatura e da vida; uma pessoa por quem tenho muito respeito. É bom tê-lo de volta, Victor”


A minha querida amiga Cathy tem a gentileza de referir que este seu pensar sobre a amizade resultou de algumas partilhas tidas com este simples operário desta Oficina. Partilha de pensares e de sentires têm sido uma constante no nosso relacionamento, mas a Cathy tem uma profunda formação humanista que a levará ao zénite do saber.

Sobre as partilhas de vida resultam num enriquecimento mútuo e como escreveu a Cathy “...alguém com quem se abrir nos momentos difíceis”. Quanto à partilha literária, ela tem tido lugar em diversos eixos:

Permuta de obras literárias publicadas em Portugal e no Brasil
Estudo comparativo do português do Brasil com o português de Portugal
Análise de autores, sua vida e obra

Muitas vezes temos comentado entre nós. Com as nossas modestas possibilidades temos REALIZADO aquilo que sucessivos governos dos dois países irmãos têm prometido e NÃO FAZEM.

sábado, novembro 20, 2004

tonalidades de rosa velho


uma pizza ao jantar

Hoje comemos uma pizza ao jantar. Não acontece com muita frequência, mas de vez em quando sabe bem esta incursão pela cozinha italiana. Não foi, contudo, uma dessas pizzas que diversas pizzarias franchisadas fabricam e levam a casa mais uma série de promoções inúteis. Foi antes uma pizza confeccionada na Chacazul, restaurante pizzaria bar situado na Aroeira bem perto da nossa casa.

A confecção é tradicional com massa estaladiça e ingredientes de primeira escolha. Além disso, os proprietários Rui Montoia e Dona Helena são meus amigos, donde ir buscar uma pizza resulta sempre num ritual de amizade e de cumplicidades.

O Rui Montoia, “jovem” da minha idade, trafariense de gema, foi jogador de futebol, boémio, pescador e emigrante em França. Lá pelas terras de Lyon esteve ligado à restauração durante alguns anos tendo recebido no seu restaurante os melhores cantores portugueses, para gáudio dos compatriotas emigrados. Por lá passaram Carlos do Carmo, Paulo de Carvalho, Maria Mendes e tantos outros.

A conversa não tem limites quando nos encontramos, com o risco de esfriar o jantar. Desta vez, como seria de esperar, a conversa versou a minha recente cirurgia:

_Então, senhor Victor isso já está melhor?
_Sim, estou melhor, obrigado


E ali ficámos a perorar sobre como tudo se passou até à decisão da cirurgia. A certa altura não resisti a perguntar:

_Então, amigo Rui...tem acompanhado a sua situação com umas análises adequadas?
_Bom ele tem ali uma lista de análises para fazer, onde essa do PSA também está incluída. Mas já lá vão 4 anos e não foi tratar de nada
, foi a Dona Helena que tomou a palavra.
_Não facilite Amigo Rui. Olhe que a análise ao PSA é uma simples análise ao sangue, e sempre pode dar uma pista.

Ficou ali combinado que o meu amigo Rui iria visitar a médica de família rapidamente para tratar do assunto.

Meus amigos! Depois dos 40 anos não facilitem. Análise ao PSA, tão simples como qualquer outra análise ao sangue. Toque rectal por um especialista em urologia. Biópsia se tal se justificar na opinião do médico. Mas, por favor, não facilitem. Mesmo que não apresentem sintomas típicos.

sexta-feira, novembro 19, 2004

convivência


o verão que se espraia outono fora

O Verão insiste em permanecer nas terras da Caparica, mesmo depois do chamado Verão de S. Martinho, donde resulta dias luminosos de encantar, com o Sol a aquecer os corpos e a animar a passarada que por aqui voa alegremente, protegidos da acção nefasta dos caçadores que os acossam lá pela zona das matas.

Ainda apetece preguiçar nas esplanadas cujos proprietários têm, assim, um complemento inesperado para os seus rendimentos da época alta e que tão necessários são para compensar a penúria da época invernosa. Os estrangeiros que resolveram prolongar a sua estadia nas terras do Sul sentem-se deveras compensados pelo seu atrevimento. Mais uma reserva de Sol que levam para os seus países.

Os mais pequenos brincam alegremente nos jardins e nas zonas pedonais, livres do perigo do trânsito automóvel e do enchumaçado dos agasalhos de Inverno que ainda não se tornaram necessários atendendo às temperaturas amenas com que estamos a ser brindados.

Quem também vive intensamente a euforia deste Verão que se prolonga, que se estende com langor, Outono dentro rumo ao Inverno dos calendários, é a passarada, esvoaçando de galho em galho das árvores de folha perene, chilreando com vivacidade numa imensidão se sons que impregnam o ar como se de música de Mozart se tratasse.

Com estas condições climatéricas o que tarda é a chegada do “espírito de Natal”. Não o da tradição, recordo-me que o presépio e a árvore de Natal só eram instalados na casa de meus pais no primeiro fim-de-semana de Dezembro, mas o das grandes áreas comerciais que mal Novembro começou já trataram de toda a luminária apelativa ao consumismo natalício.

Falta a chuva, falta o frio para que as famílias se juntem à volta da lareira com muito pouca vontade de abandonar o remanso do lar. Quando tal acontecer as brincadeiras dos miúdos serão diferentes, os passarinhos procurarão proteger-se em zonas resguardadas, os cânticos serão outros, serão cânticos de Natal.

quinta-feira, novembro 18, 2004

...em fundo de esperança


brasil hoje

Muito raramente os órgãos da comunicação social portuguesa publicam artigos de fundo sobre a actual realidade brasileira. Nem mesmo o facto de se encontrar actualmente a viver em Portugal uma importante e laboriosa comunidade brasileira contribui para essa divulgação.

No entanto, continua a afirmar-se a fraternidade entre Portugal e o Brasil, o interesse em desenvolver o relacionamento cultural entre os dois países e o orgulho que Portugal sente pelos êxitos do Brasil. O que é o sentimento generalizados dos povos dos dois países é negado as mais das vezes, especialmente, pelas instituições portuguesas.

O Brasil tem vindo gradualmente, depois da eleição de Lula da Silva para Presidente, a ganhar reconhecimento internacional muito do qual devido à estatura moral do Presidente Lula que continua fiel à sua luta contra a fome e a pobreza no Mundo. Este reconhecimento está bem patente na recente visita ao Brasil de uma delegação de alto nível da China, liderada pelo próprio presidente chinês Hu Jintao.

O Brasil é hoje, do mesmo modo, o forte motor dinamizador da defesa universal das reservas aquíferas. O Brasil que possui a mais importante reserva de água do Mundo dá o exemplo para o problema da falta de água que afecta mais de dois terços da população mundial.

Está a tomar medidas importantes para evitar a crescente poluição das águas dos rios e o desperdício, fundamentalmente, na agricultura seguindo os objectivos da Conferência do Rio 1992, visando o desenvolvimento sustentável, assente nas preocupações da dimensão ecológica e social e também do conhecimento e da inovação.

quarta-feira, novembro 17, 2004

florzinha azul


amazónia brasileira

Quando perguntamos ao cidadão comum americano onde se situa Portugal o mais provável é receber como resposta um seco “não faço a mínima ideia”. Se tentarmos aprofundar essa sua ignorância geográfica, até mesmo humanística, receberemos em troca um olhar desprezível de “que interesse tem isso!”.

Atribuímos este facto, de um modo geral, a uma falta generalizada de cultura, num povo altamente especializado nas tecnologias mais avançadas e pouco dedicado às coisas do pensamento e do saber universal. No entanto, na maioria dos atlas geográficos editados nos Estados Unidos, onde se localizam Portugal e Espanha está unicamente uma mancha de uma só cor e identificada como “Spain”.

Não se trata pois de falta de cultura de um Povo, mas de algo que institucionalmente é imposto a quem estuda, como verdade. E nada acontece por acaso.

Vem isto a propósito do facto dos livros de geografia dos Estados Unidos mostrarem o mapa do Brasil amputado, sem a Amazónia nem o Pantanal. Ensinam nas escolas que estas áreas são zonas internacionais, por outras palavras, preparam a opinião pública norte-americana para dentro de alguns anos anexarem essas zonas com a justificação da defesa do ambiente universal, salvaguardando a água e o oxigénio do planeta.

Evocam, para o efeito, que a Amazónia está sob a tutela das Nações Unidas, interessando-lhes aqui usar esta organização que tantas vezes desprezaram, como escudo protector das suas infâmias contra o meio ambiente universal. Não devemos olvidar que os Estados Unidos ainda não subscreveram os Acordos de Quioto, especialmente, por pressão dos grandes madeireiros e produtores de carvão dos Estados Unidos.

Complementam esta fraude geográfica com este mimo de prosa altamente reaccionária: “(a Amazónia)... está localizada na América do Sul, uma das regiões mais pobres do Mundo..., é partilhada por... oito países diferentes... irresponsáveis, cruéis e autoritários..., povos cruéis, dedicados ao tráfico de drogas e outros, são... povos incultos e ignorantes..., podendo causar a destruição de todo o Mundo dentro de poucos anos...”.

É esta gente que domina o Mundo pela força das armas e do dinheiro...

terça-feira, novembro 16, 2004

luminosidade


o poeta aleixo

Comemora-se hoje o 55º aniversário da morte de António Aleixo, poeta popular e repentista algarvio, cujos poemas exemplares de análise social da sua época e região se encontram compilados nos livros «Este livro que vos deixo», «O Auto do Curandeiro», «O Auto da Vida e da Morte», o incompleto «O Auto do Ti Jaquim» e «Inéditos» que o Dr. Joaquim Magalhães teve o mérito de passar a limpo e dar para publicação.

O poeta Aleixo nasce em 18 de Fevereiro de 1899 em Vila Real de Santo António e falece em 16 de Novembro de 1949 em Loulé, onde viveu muitos anos da sua vida, cidade que homenageou o poeta e a sua obra dedicando-lhe um monumento levantado no parque da cidade, frente ao “Café Calcinha”, local outrora frequentado pelo Poeta..

Com escolaridade reduzida, era semi-analfabeto, emigrou para França onde foi servente de pedreiro e por cá foi guardador de cabras, cantor popular de feira em feira, soldado, polícia, tecelão e “poeta cauteleiro”.

Como tantos cauteleiros que conheci António Aleixo versejava. Contudo, era um profundo observador da sociedade e das gentes do seu tempo o que, aliado a um profundo conhecimento do sentir humano, fez dele um poeta acutilante em relação a uma sociedade que penalizava nessa época, como hoje em dia, os mais desfavorecidos.

Aliás, a actualidade dos seus poemas é tal que muitas vezes são citados a propósito de situações dos nossos dias.
Há alguns anos também passou a existir uma «Fundação António Aleixo» com sede em Loulé e que já usufrui do Estatuto de Utilidade Pública, o que lhe permite atribuir bolsas de estudo aos mais carenciados.

Querem maior actualidade do que a que António Aleixo apresenta nesta quadra?

A guerra não ligues meia,
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia,
não querem que acabe a guerra.


E esta que é da minha esperança...

Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu'rer um mundo novo a sério.


segunda-feira, novembro 15, 2004

preservar as matas da caparica


portagens nas cidades

Desde há alguns meses que o acesso à cidade de Londres, especialmente à zona central e histórica, por veículos automóveis privados, está sujeito ao pagamento de uma taxa de circulação.

É agora a vez do governo português ponderar a hipótese da criação de taxas para os veículos que circulem em Lisboa e Porto. A medida é apresentada como incentivo ao uso dos transportes públicos tendo em vista a redução da dependência de Portugal em relação ao petróleo.

Apresentando alguns aspectos positivos, estas medidas pecam, em Portugal, por extemporâneas relativamente à resolução de algumas condições prévias. Primeiro não existem, ainda, transportes públicos em quantidade e qualidade que dêem uma alternativa cómoda a quem tem que se deslocar para as cidades, especialmente nas horas de ponta. Em segundo lugar, não estão criadas zonas de estacionamento gratuitas com objectivos dissuasores, em situações geográficas adequadas.

Estas medidas não poderão, de forma alguma, penalizar quem se desloca para as cidades para o desempenho da sua actividade profissional. Nem em termos financeiros, nem em termos de tempo de deslocação, nem em termos de comodidade e de bem-estar.

Desde há muitos anos que baila no meu espírito, e algumas vezes já traduzi por palavras, uma ideia muito próxima desta aqui aflorada. Por que não instituir uma taxa não só para os automobilistas como para todos aqueles que se deslocam para as praias da Costa de Caparica?

Claro que não terei nunca a ideia de cobrar uma taxa para respirarmos o ar puro da Mata dos Medos ou para nos refrescarmos nas salsas ondas do mar caparicano.

Contudo, 10 milhões de pessoas que se deslocam para a Costa de Caparica na época de veraneio, não deixando valor acrescentado significativo à economia local (que o digam os comerciantes?), produzem toneladas de lixo que lançam indiscriminadamente nas doiradas areias e nas matas do Pinhal do Rei sem qualquer respeito pela Natureza e pelo meio ambiente.

domingo, novembro 14, 2004

com estas pétalas desenhei teus lábios


espaço de poetar

Teus lábios de carmim

Com pétalas da mais bela rosa do jardim
Desenhei teus lábios em sonho de encantar
Em teu angelical rosto este toque de carmim
Enamorou meus olhos, deu-lhes o brilho do luar.

Teu doce sorriso aos lábios aflorou com ternura
Iluminou os caminhos de afectividade sem fim
Sensualidade que é néctar de uva cheia e madura
Que atrai o sentir e o querer que tenho em mim.

Tua língua deslizou entre os lábios numa carícia
Convite a caminhadas por veredas de contentamento
Olhar brilhante de desejo, sensualidade e malícia
Convite e sim para um mais audaz cometimento.

Coloquei meus lábios sobre os teus num beijo desejado
Minha língua abriu caminho em procura íntima sensual
Neste sonho caminhámos rumo ao destino almejado
Deixando um rasto de pétalas de rosas sem igual.

sábado, novembro 13, 2004

singeleza dos jasmineiros


apontadores de leitura

A blogoesfera é um espaço de comunicação sem limitações onde, com liberdade e responsabilidade, cada utilizador tem possibilidade de transmitir os seus sentires, as suas opiniões na expectativa de ser lido e de estabelecer interactividade entre quem escreve e quem lê.

Por usar como base de trabalho um meio tecnológico, hoje em dia de elevada divulgação e de custo relativamente baixo, pode incluir-se na classificação de “meio de comunicação de todos". Por ser um meio de comunicação generalizado e por não estar sujeito a qualquer controlo de conteúdos por parte das entidades oficiais, especialmente da tutela das comunicações, é um meio que não agrada ao poder político instituído e sofre grandes pressões do poder económico.

A blogoesfera apresenta, igualmente, aspectos de interactividade extremamente interessantes. Por um lado, a disponibilização de uma caixa de comentários onde o autor do blogue recebe comentários e responde aos mesmos, enriquecendo o seu trabalho com as opiniões alheias e, por outro, a possibilidade de criar uma rede própria de apontadores de leitura, ao gosto pessoal de quem a estabelece.

A Oficina das Ideias vai acrescentar alguns desses apontadores de leitura, de blogues cujos autores deixaram comentários e outros resultantes de permutas.

Dentadura – Crítica Literária 100% mordaz
Kitanda – Das poucas lembranças que trago da vida, África é a saudade que mais gosto de ter
Princess Blog – Ainda falta descobrir a serenidade, ainda falta dominar a ansiedade e aprender a esperar...
Doador de Histórias – citação - "Este blog tem um valente par de polegares virados para cima, levantados por Nuno Markl." - fim de citação.
Poetry PT – of Nancy Brown
BlueShell – Sei pouco... mas sinto demais.
Povo de Bahá – O nosso mundo visto pelos olhos de alguns Bahá’is
MoonCat – Páginas de uma Lua. O diário da minha vida.
Pé de meia... – A vida é demasiadamente séria, para ser levada a sério.
Atrás da Porta
O Novo Café -

sexta-feira, novembro 12, 2004

protejam o nosso mar


os segredos do mar

Como muito bem disse Maria Emília de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Almada “a prevenção dos fogos de Verão é feita no Inverno". Parafraseando a Presidente da Câmara eu direi: A protecção das praias e a defesa do ambiente para os tempos de veraneio realizam-se na época baixa.

Nesse sentido, a Oficina das Ideias publica algumas ideias resultantes da tradução e adaptação de um texto em castelhano que me foi gentilmente cedido pela minha amiga Alfonsina, da Venezuela.


Os Segredos do Mar

Quando chega o Verão os seres humanos sentem-se atraídos pelo mar. Multidões concentram-se nas praias na procura das ondas do mar que lhes dão prazer e tranquilidade. O ser humano é naturalmente ingrato e em paga de tamanho bem estar deixa nas areias doiradas milhões de sacos de plástico e outros artefacto do mesmo material que o vento e as marés se encarregam de levar para o mar.

Um saco de plástico pode navegar dezenas de anos sem se degradar. As tartarugas do mar confundem-nos com as medusas e tentam comê-los, afogando-se no acto de os tragar. O mesmo acontece com milhares de golfinhos que não têm capacidade de distinguir o que são desperdícios humanos e tentam comer tudo o que flutua.

Uma rolha de plástico, mais dura do que um saco do mesmo material, pode permanecer inalterada no mar mais de um século. O Dr. James Ludwing, que estudava o albatroz na Ilha de Midway, no Pacífico, muito longe dos centros populacionais fez uma descoberta fantástica: Quando recolheu o conteúdo dos buchos de oito filhotes da albatroz que encontrou mortos deparou-se com 42 tampas de plástico, 18 isqueiros e restos flutuantes na maioria pequenos pedaços de plástico. Estes filhotes haviam sido alimentados pelos seus progenitores que no momento de os alimentar não tinham tido capacidade de reconhecer os desperdícios.

Da próxima vez que visitares a tua praia preferida é possível que encontres algum lixo que não deitaste na areia. Outra pessoa o fez. Mas não encolhas os ombros. O lixo não é teu, mas...

É a TUA PRAIA, é o TEU MAR, é o TEU MUNDO

Muitos pais brincam com seus filhos ao jogo de... ver quem consegue juntar maior quantidade de plásticos, uma verdadeira lição de ecologia.

Outros, em silêncio, apanham um saco de plástico e levam para suas casas longe do mar. Vão com um sorriso nos lábios, pois sabem que acabaram de salvar um golfinho.

As praias da Costa de Caparica, a Praia do Sol, com uma extensão superior a 15 quilómetros dispõem de receptores de lixo de vinte em vinte metros ao longo de toda a orla marítima.

quinta-feira, novembro 11, 2004

paixão


tradição

“No Dia de S. Martinho vai à adega e prova o vinho”

No falar do nosso Povo é neste dia, 11 de Novembro de cada ano, que as famílias se juntam para saudar a chegada do tempo frio, da invernia, da época de recolhimento. As vindimas já lá vão e o vinho mais temporão já poderá ser provado. Contudo, muito caminho deverá ainda ser percorrido para que o maravilhoso néctar das uvas pisadas possa ser degustado na sua total plenitude.

Se já fez frio, nas terras mais serranas, então a água-pé, elaborada com o destino do S. Martinho já poderá ser devidamente apreciada. Caso contrário, há sempre o recurso à jeropiga e ao abafadinho. As vitualhas da tradição são as sardinhas, que já não pingam no pão, e quantas vezes não são das de conserva em barrica, e as castanhas, assadas, cozidas com erva doce e as “quentes e boas”, assadas no forno sem qualquer corte.

A lenda de S. Martinho tem mais a ver com as condições climatéricas da época, o chamado Verão de S. Martinho, do que com as comezainas que lhe estão associadas. Conta a lenda...

Num dia tempestuoso regressava Martinho, valoroso soldado romano, à sua terra natal, montado a cavalo e agasalhado com uma pesada capa usada pelo exército de Roma. Na curva de um caminho deparou-se com um mendigo quase nu, tremendo de frio, enregelado, que lhe estendia a mão suplicante. Martinho sem hesitar parou o cavalo, e não tendo qualquer outro recurso disponível, rasgou a sua própria capa de militar, cedendo parte ao mendigo para que se cobrisse e protegesse. Subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido e um sol de Verão inundou a terra de luz e calor, e para que para sempre se recorde esta atitude do soldado Martinho, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a benção dum sol quente e miraculoso. O soldado foi mais tarde canonizado como S. Martinho.

E agora... o Natal está à porta. Como diz o nosso Povo: "dos Santos até ao Natal, é um saltinho de pardal!"

quarta-feira, novembro 10, 2004

luz no caminho


livrinho especial

Do meu amigo Pedro, do Sintra-Gare, recebi um livrinho/agenda com esta simples dedicatória:

“Para tomares as tuas notas para grandes posts no enorme Oficina das Ideias. Um abraço.”

Além de agradecer tamanhas palavras de amizade, um sublinhado...

Este livrinho é inteiramente dedicado a Che Guevara, figura ímpar do meu imaginário, referência de revolucionário, de uma revolução social que continua por realizar.

Escreveu Che: “Quando comecei a estudar medicina a maioria dos conceitos, que tenho agora como revolucionários, estavam ausentes do meu armazém de ideais. Eu queria ter sucesso como toda a gente. Eu sonhava em ser um investigador famoso, em trabalhar arduamente para atingir algo que pudesse ser posto ao serviço da Humanidade, mas que estava, nessa altura, relacionado com um trunfo pessoal. Eu era, como todos nós somos, um produto do meu ambiente.”

Obrigado Amigo Pedro!

prosa poética com poesia prosada se paga

A minha doce amiga Cathy publicou no seu blogue Bailar das Letras este delicioso texto:

Meu corpo é o labirinto de tuas paixões, delineado em curvas que pretendem se perder em ti; é a alameda de frescor e o lugar de suspiros ao fim da tarde; é a sombra em que perpassam labaredas de fogo invisível; é o gelo que adormece tuas dores; é tudo que queres e mais um pouco para usar ao amanhecer. Quem sou? Sou mulher! Cheiro e essência de tua vontade.

Respondi com palavras suas dando conta dos meus sentires, em duas quadras de versos longos:


Teu corpo é uma pauta musical delineado de curvas melodiosas
Onde minhas paixões se refrescam no final de tarde luminoso
De frescor teus seios emanam de jasmineiro fragrâncias cheirosas
Que das sombras renasce alvorada de dia límpido e radioso.

Tuas coxas são doçura e enleio de eterno querer, eu o sinto
Por onde perpassam labaredas de fogo ardente mas invisível
Que excitam meu sentir que num afago se perde no labirinto
De sublimes sentimentos que à vida imprimem ritmo inconfundível.

terça-feira, novembro 09, 2004

encantamento


gatos de valle do rosal

Hoje fui assistir a um espectáculo maravilhoso. CATS, o mítico espectáculo musical, há mais de vinte anos em cena no New London Theatre, de Londres, música de Andrew Lloyd Webber sobre textos de T. S. Eliot. Este espectáculo tem estado em cena no Coliseu dos Recreios de Lisboa.

Trevor Nunn escreveu: Somos fascinados pelos gatos por muitos motivos mas talvez o principal seja porque, de uma forma misteriosa, nos permitem ver-nos a nós próprios de uma forma mais clara.

Os gatos são, na verdade, um fascínio. De forte personalidade, os da casa, são os verdadeiros “donos” do espaço em que habitam. Os da rua, são os donos da noite, transformam os espaços sombrios em locais animados e festivos.

CATS dá-nos conta de todas essa vivências em espantoso registo musical, com destaque para “Memory” aqui soberbamente interpretada por Chrissie Hammond e que já foi gravada por mais de 170 artistas, entre os quais, Elaine Page, Barbra Streisand, Johnny Mathis e Judy Collins.

Os gatos deste espectáculo dão verdadeiras lições de vida e revelam aos visitantes humanos que os gatos têm três nomes diferentes: o nome que utilizam no seu dia-a-dia em família, um nome mais distinto e um nome secreto.

Cá pela Oficina andam quatro gatos que muito contribuem para a tranquilidade e boa disposição deste espaço:

A gata NEGRITA
A gata MENINA
A gata PITUXA
O gato TATTI

No quintal da Oficina:

A gata LUANA
O gato PANTUFA
A gata NINJA
O gato PENETRA

Claro... tudo nomes de família!!!

segunda-feira, novembro 08, 2004

rosinhas amarelas


responder a um poema, poemando

A minha querida amiga Lualil escreveu no seu interessante blogue TRADUZIR-SE... este belo poeminha:

Aqui

Toca-me com teus dedos a minha alma
E com teus olhos minha pele

Sonha-me com tua vida
E respira-me em teus sonhos

Leva-me em pensamentos
E traz-me aqui...

Onde tenho a ti.



Não resisti à tentação de lhe responder na mesma forma literária:

Olha-me nos olhos, na alma
Com teus dedos arrepia minha pele.

Respira-me cada minuto de vida
Voa comigo meus sonhos.

Traz-me em teu pensamento
O muito que de ti quero.

No mar eterno, a esperança.


domingo, novembro 07, 2004

mais afectos para a oficina

A Oficina está a retomar a sua laboração normal, com a casa arrumada e o pessoal devidamente incentivado para mais uma temporada de intenso labor. Nos últimos dias, navegando de blogue em blogue, encontrei mais manifestações de afecto e de grande amizade que tomo a liberdade de aqui transcrever, correndo sempre o risco de faltar algo, mas que espero me relevem.

Da minha amiga Jacky:

Para o meu blogfriend Vicktor: da minha mão para a tua, um bouquet de esperança para que tudo corra bem!


Da minha amiga Marta, da Argentina:

Uma cadeia de oração universal à Reina de la Paz de Medjugorje em minha intenção.

Da minha amiga Margarida A:

Um sol em forma de flor e o calor de um abraço. Solidários sempre. No mundo virtual e no real. Sem lágrimas, mas com desconforto na alma.


Do meu compadre Carlos José:

Esta manhã quando seguia no carro para a escola surgiu-me este pensamento que aqui te deixo para mais tarde recordares.

Olhei a bússola, vi o norte
Orientei-me, segui em frente.
No pensamento caminhei para ti,
Meu companheiro, agora, um pouco ausente.

A força da caminhada é forte,
E caminho com a convicção
Que te encontrarei, nesse teu lugar,
Sorrindo à minha aproximação.

O sinal de Victór_ia está presente,
Bem estampado no teu rosto.
Amigão! Venceste esta “nossa” luta
E como eu fico tão bem disposto.


Do amigo João Espinho, Nikonman:

No Encontro de Blogs, em Beja, a Sónia recordou-me e construímos um abraço colectivo para te enviar. Fica aqui a expressão do nosso afecto.

sábado, novembro 06, 2004

uma flor para... alfonsina y ricardo


Felicidad en lo 10º Aniversario de sus Bodas

tradição

1 de Novembro – Pão por Deus

No dia 1 de Novembro celebra a liturgia católica o Dia de Todos os Santos, dia feriado em Portugal. Este dia sempre me recorda como a miudagem lá da rua em que vivia, igualmente de outras ruas e das aldeias portuguesas, independentemente da região, saía à rua em autênticos bandos para pedir o “pão por Deus”.

Sacolas de pano à tiracolo do ombro, lá íamos de porta em porta pedindo o “pão por Deus” na expectativa de romãs, maçãs, bolachas, rebuçados, castanhas, nozes, pinhões e até bolos de festa que em muitos lares a dona da casa confeccionava para o efeito.

Quando o “pão por Deus” era dado em dinheiro, uma moeda de tostão, ou até de meio tostão, quando os cinco centavos ainda circulavam, então, era uma autêntica dádiva dos céus.

E lá íamos de porta em porta com as cantilenas da tradição na boca:

Pão por Deus
Fiel de Deus
Bolinho no saco
Andai com Deus.


Ou esta mais elaborada:

Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Qu’estão mortos, enterrados
À porta daquela cruz.

Truz! Truz! Truz!
A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho
Faz favor de s’alevantar
P’ra vir dar um tostãozinho.


Quando os da casa dão alguma coisa:

Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa
Esta casa cheira a vinho
Aqui mora algum santinho.


Quando, pelo contrário, diziam “tenham paciência...”:

Esta casa cheira a alho
Aqui mora um espantalho
Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto.


[crédito da recolha das cantilenas para CATAVENTO, Agenda de Acontecimentos do Concelho de Palmela]

sexta-feira, novembro 05, 2004

a luminosidade da amizade


rota de esperança 3

Depois duma viajem em que o tempo que passa não marcou sua presença, por espaços de luz e de suave odor a jasmineiros, acordei tranquilamente. Os olhos e o cérebro foram-se habituando a um novo espaço e diversa maquinaria. _Como se sente? O meu médico aproximou-se e eu abri um largo sorriso: _Sinto-me bem.

Menos de 24 horas depois, primeiro os familiares mais próximos, depois alguns amigos, as manifestações de afecto explodiram tal um festivo fogo de artifício saudando a entrada do ano novo, por parte de todos aqueles, foram TODOS, que se perfilaram na minha partida para o sonho.

Um ramo de estrelícias naturais (Carlos e Micá), outro de estrelícias virtuais (Victor e Lila), belas também as tulipas negras (Lualil) foram acompanhadas por dezenas e dezenas de esplendorosas flores, tantas foram as palavras de amizade, de apoio, de incentivo, de esperança.

Cito algumas origens de flores, correndo mesmo o risco de alguém olvidar, mas na certeza de que representam aqui TODOS as minhas amigas e os meus amigos: NunoMA, JPT, Jacky, João Tunes, Carlos Gil, Ana Bela, Alfonsina, Cathy, Deméter, Montse, Sónia, António Dias, João Carvalho Fernandes, Maizum, IO, Yonara, Cecília, Rui MCB, João Espinho, Marco, Tânia, Francisco Nunes, Pedro Gomes, Fernando Bizarro, Catarina, Paula Morgado, Benjamim, Dora Infante, Gracinha, Quinita, Gotinha, Victor e Lila e tantos tantos outros AMIGOS.

Deixo aqui, para delícia de todos vós, algumas flores, sem desprimor para as restantes...

Da Lualil: “Estas belíssimas tulipas negras me foram oferecidas pelo meu querido amigo... Victor, Elas estão aqui para embelezar o retorno vitorioso deste amigo que é para mim um grande presente! Obrigada pelas tulipas mais lindas que já vi e pela tua sincera e doce amizade! Estou feliz com a tua vitória neste momento que mesmo difícil, foi sempre cheio de esperanças.”

Do João: “Li isto e fiquei abananado. Foi como um murro no estômago. Um homem bom está a passar um mau bocado mas tem a coragem de partilhar a sua inquietação e a sua esperança. E é meu amigo. Eu sou amigo dele. Além da estima que me merece, sou um admirador dos seus talentos. Mas, mesmo que talentos não tivesse, seria sempre um homem bom. Bom e solidário. Como poucos que conheço. Estranhei o seu blogue nos últimos tempos. Inquietei-me. Tentei ligar-lhe mas o telefone estava desligado. Mais inquieto fiquei. Procurei saber dele junto de amigos comuns. Disseram-me que estava de férias, descansei. Sei agora que não esteve de férias. Que posso fazer para sacudir a minha aflição? Partilhar, com ele, a solidariedade da esperança? Sim, isso mesmo. E roubar-lhe a última das suas flores publicadas para a plantar aqui. Um grande abraço, amigo e artista Victor.”

Da Jacky: “Vicktor tenho andado bem caladinha mas não abandonei a tua beleza interior e queria dizer-te que exactamente por esta altura, estava eu há 3 anos, muito preocupada com o meu pai que fez exactamente essa operação em Paris e eu aqui!!! Vai correr tudo bem como correu com ele e vou pensar muito forte em ti!”

Da Ana Bela: “Amigo Viktor. Conta comigo como mais um elo da corrente de coragem e esperança com que enfrentas esta curva sinuosa. Um abraço apertado e sentido.”

Da Yonara: “Fiquei aqui rezando e torcendo por você, sua ausência foi muito sentida por todos nós, fique certo disso!!!”

Da Cecília: “Querido Víktor, para ti , homem de esperança, que és capaz duma flor onde as flores não nascem ( como tão bem diz Manuel Alegre) um enorme beijo.”

Do João Espinho: “É na nossa força interior, construída também com a força que os amigos nos emprestam, que vamos muitas vezes descobrir que podemos ultrapassar as mais pesadas adversidades. E eu sei que tu tens força interior. Força, meu caro!”

Da Sónia: “Não sei se acredita nestas coisas, mas fiz uma oração por si! Espero que volte brevemente e em forma.”

Mas... perguntar-me-ão: _Vicktor, porque nos estás a contar tudo isto? Algumas coisas “íntimas”. Outras, “pessoais”? Que pretendes com estes textos?

Estejam atentos aos sinais do vosso corpo
Não tenham preconceitos
Não sosseguem enquanto tudo não estiver esclarecido
Mantenham a tranquilidade
Cofiem nos especialistas

Ponham os afectos acima de tudo na vossa vida

quinta-feira, novembro 04, 2004

para além da religião, os afecto, os sonhos o muito querer


Virgem da Paz (Venezuela) e Virgem de Montserrat (Catalunya)

rota de esperança 2

Se a solução mais aconselhada é operar, que se opere, pois.

Mais alguns dos meus amigos tiveram, então, do facto conhecimento. Tentei preservar ao máximo as preocupações de cada um deles, pois sei bem o que sentem e o que muito me querem e eu, pelo meu lado, estava perfeitamente tranquilo.

Recebi, entretanto, algumas mensagens que sendo de cariz pessoal, consubstanciavam o sentir dos meus familiares e dos meus amigos e amigas.

Da Deméter: “Vicktor, você é um portuga sentimental mesmo... nossas histórias se encontram em um ponto do espaço cósmico e se completam. assim como muitas vezes o inspirei, você me inspira sempre e essa história vem se formando há algum tempo a partir de uma fotografia que você publicou em seu blogue... claro com umas pitadas de histórias reais... Estarei com você no dia 26... exactamente naquele ponto daquela espiral que publicamos juntos! Tudo vai dar certo! Todo meu carinho!“

Da Cathy: “Meu querido, Sabe que estarei esperando seu retorno breve. Farei o possível para conversarmos amanhã (domingo). Paz no seu coração. Grande beijo”

Da Lualil, a Oração:
Tu, força infindável dentro de mim,
Não permita que em nenhum momento eu deixe de ver o mar,
De sentir a sua beleza.
Não permita que meus olhos ceguem e não vejam o céu,
Deixa-me ver e contemplar o seu mistério.
Coloca minhas mãos nas árvores, meu corpo ao vento,
Meus olhos na esperança, minha boca e voz na minha alma.
Faz com que eu diga a mim mesma todas as palavras que eu precise ouvir,
Faz com que eu nunca duvide que amar vale a pena,
Mesmo que eu sofra por isso.
Não deixe que eu tire de dentro de mim a coragem,
Não me deixe ter medo,
Não deixe que me sinta só.
Faz eu acreditar que amanha não terei mais dor,
Que meu sorriso será puro como sempre,
E meus sonhos verdadeiros como ontem.


Da Alfonsina, de Caracas na Venezuela chegou a imagem da Virgen de la Paz e da Montse, de Barcelona na Catalunha a imagem da Virgen de Montserrat que me acompanharam igualmente. E pequenas mensagens de grande sentimento: Força!, Estou a pensar em ti!, Esperança!...

Já no bloco operatório, minutos antes da anestesia provocar os seus efeitos, senti os efeitos de uma forte corrente de energia. Num instante perfilaram-se todos os meus entes queridos, todos os meus amigos, um a um, sem ninguém ficar de fora. Depois as palavras habituais: _Respire fundo!

quarta-feira, novembro 03, 2004

paixão de viver


rota de esperança

Passaram-se 16 meses desde o primeiro alerta. Curiosamente, na altura, não fiquei surpreendido embora não tivesse tido qualquer sintoma de que essa situação se pudesse verificar. Parecia ser algo que não sendo desejado, era esperado.

Não reagi tão pouco com o costumado: _Porque é a mim que isto acontece?

Tive nitidamente o sentir, não por santidade ou altruísmo, “antes a mim do que a um meu ente querido”. Pensando melhor, “antes a mim do que a qualquer outra pessoa”. Somente os familiares mais chegados e alguns amigos ficaram conhecedores das dúvidas e interrogações que me afligiam na altura.

Achei que seria despropositado sobrecarregar os meus amigos com preocupações para uma situação de doença, cujos contornos ainda se encontravam muito mal definidos. Mantive, pois, o silêncio. Seguiram-se exames e procuras, confirmações e novas dúvidas.

A tranquilidade jamais me abandonou. Procurei e encontrei inspiração para modestos escritos. Procurei e encontrei novas tonalidades na paleta da Natureza para enriquecer as imagens que desejei partilhar com meus amigos. E o tempo que passa foi seguindo o seu constante caminhar.

“Tumor maligno na próstata. Perfeitamente localizado. Dimensões reduzidas. Corpo Limpo.”, este o diagnóstico. A solução? Cirurgia radical. Avancemos, então, sem hesitações. Tranquilidade, confiança, esperança.

terça-feira, novembro 02, 2004

esplendor


tranquilidade

Tal como no caminho da vida já antes me acontecera
Acolhi-me em teu corpo, de teus braços doce enleio
Doirado esteio, longos cabelos me conduzem à quimera
Olhos de mar com afecto indicam rumo certo sem receio.

No sonho, alado por esbelta figura de longas asas
Atravesso mares e montanhas de rumos infinitos
Percorro miríades cintilantes partículas de marés vasas
Repouso tranquilo em espaços até então interditos.

Numa espiral de sentires há muito em amizade construída
Atinjo aquele ponto “lá muito acima” no Universo querido
Cadeias de energia são sinal de amizade plenamente vivida
Nos muitos anos de uma vida de um só sentido.

Espaço de tamanha luminosidade que nunca julguei existir
Donde emana o suave odor dos jasmineiros em flor
Me acolhe para me mostrar determinação do sentir
Onde os afectos tomam sua verdadeira dimensão, seu valor.

No regresso tranquilo, de felicidade sorriso aberto
Imaginei teus lábios asas de sonho de vermelho carmim
Imagem de querer universal que eu senti ali tão perto
E deles recolhi pétalas para as belas rosas de meu jardim.

segunda-feira, novembro 01, 2004

uma flor para a... cathy


Parceria inspiradora

corpo de mulher

As Coxas

O cinzel do artista em suave afago batido com o maço
Retira da pedra pedaços que a Natureza a mais tinha deixado
Nossos olhos são surpreendidos, quiçá de profundo embaraço
Pela beleza ímpar de esbeltas coxas, sonho em mármore talhado.

O sopro mágico do artista deu forma, deu cor e tanta vida
Em magníficas variações de luminosidade e de sombra
Que o Mundo se agitou, bateu mais o coração, doce batida
Que o amante, eterno amante, se encanta e assombra.

No cruzar e descruzar das coxas com tamanha sensualidade
Nascem promessas de carícias, loucos sentires, suaves devaneios
Sonhos sonhados em noites de vigília tornados realidade
Esplendor ímpar de bonitas coxas, tais como teu ventre e seios.

Caminhar doces coxas num percurso lento rumo ao Sul
É certeza de encontrar a deliciosa beleza de mimosos pés
Num beijo eterno que vai muito para lá do amplo mar azul
Êxtase de amantes, saciedade de sentires, no Mundo de lés-a-lés.

No rumo certo, para Norte caminhando, na busca do tesoiro
O querer sempre mais na procura do total encantamento
O repouso de guerreiro ou novas liças em suave tosão de oiro
Doces carícias, sentir profundo, a carícia de um profundo sentimento.

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