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sábado, outubro 31, 2009

ao ritmo do coração

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noite das bruxas

Há muitos anos atrás, nas terras verdejantes e húmidas da Irlanda, vivia um camponês, de seu nome Jack, que ganhava a vida com um próspero negócio de nabos, de que possuía uma vasta plantação. O Diabo perseguia-o com tentações a que o camponês ia resistindo.

Usando das suas artimanhas o camponês conseguiu que o Diabo subisse para o alto de uma árvore. De pronto, empunhando um machado esculpiu na árvore um enorme crucifixo aprisionando o Satanás.

Este, velho e sabido, propôs um pacto ao camponês. O camponês limpava o crucifixo da árvore, libertando-o, que este nunca mais o perseguiria com tentações. O camponês aceitou e o pacto se cumpriu.

Um dia o camponês morreu. Como pecados não tinha dirigiu-se ao Céu. Mas aí não foi aceite pois tinha em vida feito um pacto com o Diabo. Sem alternativa, dirigiu-se ao Inferno onde foi, igualmente, rejeitado, pois em vida nunca tinha sido pecador.

Sem ter para onde ir, Jack foi condenado a vaguear eternamente entre os vivos e regressou à Terra cheio de vergonha tentando esconder-se à curiosidade e desdém dos que por cá tinham ficado. Condenado a ser visível de 31 de Outubro para 1 de Novembro encontrou como solução disfarçar-se cobrindo a cabeça com um enorme nabo oco e onde abriu uns olhos e uma boca.

Então, ele implorou a Satã que acendesse brasas para iluminar seu caminho. O Diabo deu-lhe um pequeno pedaço de carvão incandescente. Para proteger a luz, o irlandês colocou o carvão dentro do buraco do nabo. Surgiu assim o "Jack o'Lantern" (Jack da Lanterna) como é conhecido. E, assim, dessa forma, os irlandeses comemoram a noite de “halloweene” desde os tempos imemoriais.

Quando os irlandeses emigraram em massa para os "states" levando consigo as suas tradições depararam-se com a existência de coloridas abóboras que foram adaptando à tradição, em substituição dos nabos.


Uma outra origem da “Noite das Bruxas” encontra-se no facto de para os Celtas, o dia 31 de Outubro ser o dia fora do tempo, pois o calendário iniciava-se no dia 1 de Novembro e terminava no dia 30 de Outubro. Este dia então era considerado o dia em que o espaço entre os dois mundos deixava de existir, e os mortos nos vinham visitar. Estamos a falar do “Samhain” (que se pronuncia “sou-en”) e marcava o fim do Verão (samhain significa literalmente "fim do verão" na língua celta).

Samhain é também o antigo Ano Novo celta/druida, o início da estação da cidra, um rito solene e o festival dos mortos. É o momento em que os espíritos dos seres amados e dos amigos já falecidos devem ser honrados. Houve uma época na história em que muitos acreditavam que era a noite em que os mortos retornavam para passear entre os vivos. A noite de Samhain é o momento ideal para fazer contacto e receber mensagens do mundo dos espíritos.

Era no Samhain que os druidas marcavam o seu gado e acasalavam as ovelhas para a Primavera seguinte. O excesso da criação era sacrificado às deidades da fertilidade, e queimavam-se efígies de vime de pessoas e cavalos, como oferendas sacrificiais. Diz-se que acender uma vela de cor laranja à meia-noite no Samhain e deixá-la queimar até o nascer do sol traz boa sorte; entretanto, de acordo com uma lenda antiga, a má sorte cairá sobre todo aquele que fizer pão nesse dia ou viajar após o pôr-do-sol.

A ideia de usar um nabo surgiu com os Celtas, povo que se espalhou pela Europa entre 2 000 e 100 a.C. Um dos símbolos do seu folclore era um grande nabo com uma vela espetada.

A versão cristã do Samhain é o Dia de Todos os Santos, 1 de Novembro, que foi introduzido pelo Papa Bonifácio IV, no século VII, para substituir o festival pagão. O Dia dos Fieis Defuntos que se celebra a 2 de Novembro é outra adaptação cristã ao antigo Festival dos Mortos.

As nossas crianças, os meus netos, nunca conheceram a magia do "pão por Deus" que fazia andar bandos de crianças no dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, de porta em porta, de vizinho em vizinho, pedindo figos, nozes e outras guloseimas. Nossa culpa!

Os norte americanos, “povo culto e de profundas tradições!”, logo trataram de exportar esta festividade para a Europa, como sempre entrando pelo norte de velho continente, provavelmente pela Suécia, estando agora em moda em Portugal. Negócio é negócio!

O mesmo aconteceu em relação ao Brasil. Acontece que o governo brasileiro não aceitou de bom grado esta “colonização” cultural feita a partir de um país onde ela é escassa, quando o Brasil é terra de muita tradição e cultura. No ano de 2005 o governo brasileiro criou um evento de cariz nacional o Dia do Saci, precisamente no dia 31 de Outubro, por forma a contrariar a referida “colonização cultural” e recorrendo a uma lendária figura “o Saci”, também conhecido por “Saci Pererê”.

As tarefas desta “divindade” estão relacionadas com o aproveitamento do que a Natureza nos oferece, especialmente ervas medicinais, pelo que lhe compete a preparação de chás, mezinhas e beberagens utilizadas para melhorar as condições de vida das pessoas. Mas o Saci é, igualmente travesso e endiabrado, contudo, guardião das matas e florestas.

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sexta-feira, outubro 30, 2009

modernices

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viagem ao douro internacional 6

No Douro/Duero, de Miranda até à Rocha Redonda

Manhã cedo, estômago reconfortado com um lauto pequeno almoço (desanuyo) tomado em terras de Muga, ao caminho nos fizemos com destino à Estação Biológica Internacional, situada a norte da barragem de Miranda do Douro e em cujo ancoradouro embarcaremos no navio ecológico “Escua”, com capacidade para 120 pessoas e equipado com os mais modernos meios de não intrusão no sistema ecológico



No tempo de espera de embarque, num amplo espaço debruçado sobre as águas tranquilas do rio Douro Internacional, podemos observar os cuidados que existem por parte desta parceria transfronteiriça, através do Centro de Turismo Ambiental Luso-Espanhol, a quem foi atribuído o 1º Prémio Nacional de Turismo, na manutenção da qualidade ambiental e da preservação dos meios naturais.

Deliciámo-nos com belos exemplares da flora local



com uma fonte natural de água cristalina que desde a alta penedia até à margem do rio Douro corre num fio de pureza



e até com um bem-humorado alerta



Após a euforia do embarque, o experiente guia apresentou a tripulação luso-espanhola, o capitão do “Escua”, “El Capitan”, o piloto e o guia portugueses e as assistentes de bordo oriundas dos dois lados da fronteira. Perante nós o impressionante Rochedo do 2, lendário e magnífico na sua cobertura de líquenes amarelos esverdeados.



A experiência do guia levou a que facilmente o nível de ruído no interior do navio baixasse quase até ao silêncio, como se impunha para não perturbar o meio ambiente em que navegamos. E nesse silêncio e observação chegamos à designada Poça das Lontras.



A bússola apontava de uma forma geral a Norte, mas a realidade é que perante a imponente vista dos elevados rochedos difícil era, a cada momento, saber para que direcção o navio iria rodar, servindo o facto de mote para um jogo de adivinhação com que o guia nos presenteava, enquanto ia fornecendo pormenores sobre os pontos mais interessantes da viagem.



A vegetação variegada impressiona pela forma como coabita com os rochedos inóspitos, surgindo da cada falha ou em cada irregularidade do terreno. Azinheiras, zimbros, freixos e o endémico “Dragão das Arribas”.



No decorrer deste cruzeiro ecológico está prevista uma paragem com saída para o exterior do navio e visita à Área Temática do Vale da Águia, onde ainda é possível de observar uma cabana em pedra que servia de habitação às gentes de outros tempos. Nesta área temática, além da cabana propriamente dita, estão patentes uma picota, cortiços e diversas árvores cujas folhas e frutos eram utilizadas para fins medicinais e culinários.



No topo da alcantilada penedia, na margem direita do rio Douro, a nossa atenção fixa-se num enorme rochedo zoomórfico designado Rocha do Urso



Chegados ao extremo norte do percurso ecológico a indicação de retorno é-nos dada pela Rocha Redonda que se encontra integrada no Santuário Rupestre de S. Mamede

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quinta-feira, outubro 29, 2009

sétima onda






Mar do Grande Areal, Praia do Sol

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oa animais são nossos amigos

Aquando da realização do I Encontro Arca de Noé, em prol da defesa e da protecção dos animais abandonados e, em geral, de todos os animais, como AQUI tão bem se encontra documentado, tivémos o ensejo de escrever a propósito um modesto um poema.

A minha querida amiga Sara, do blogue Carpe Diem, enriqueceu-o ilustrando-o com muita sensibilidade.

Aqui tomo a liberdade de o partilhar

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quarta-feira, outubro 28, 2009

olhar de sábio






O Alfarrabista, da autoria do barrista José Franco

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ocarinas e flautas

As ocarinas e as flautas são, dentro da classificação geral dos instrumentos, designados instrumentos de vento, que apresentam duas características essenciais: Têm um tubo que encerra uma coluna de ar produzido pelo executante; Têm um elemento que põe em vibração a referida coluna de ar produzindo um som.

A mais antiga ocarina conhecida remonta aos tempos da civilização Maia, estando o seu som relacionado, tal como acontece com o da flauta, com o deus Pan da mitologia grega.

É um instrumento de configuração física muito simples, donde se pressupõe, geralmente, de grande dificuldade de execução. Tal não acontece na realidade, pois a sua utilização rudimentar, como era feita na sua origem, é muito simples.

Embora adoptada pela Europa, tendo sido trazida para Itália há cerca de 500 anos, das civilizações Azteca, Maia e Inca, continua a ter a sua expressão mais original como elemento fundamental da cultura musical andina.



Quanto à flauta, referimos aqui a zampoña, que é uma flauta pânica, em honra ao deus Pan, conhecida igualmente por siku ou por antara. Enquanto a designação zampoña tem origem no grego, siku é de origem aymará e antara de origem quechua. Tal como a ocarina estas duas últimas pertencem à cultura musical andina.



A flauta e a ocarina na lenda

Conta a lenda que deus Pan se enamorou pela ninfa Siringa que passeava nos bosques dançando e caçando com seu arco e flecha. Um dia Pan perseguiu-a até que o rio Ladón lhe cortou o caminho. A ninfa vendo-se ameaçada pediu socorro às naíadas que a transformaram numa cana. Pan, muito desconsolado, verificou que o vento sibilava ao passar pela cana e pensou serem os lamentos da ninfa.

Decidiu cortar a cana e uniu vários pedaços com cera, construindo assim a sua siringa (flauta) para a tocar quando a paixão e o desejo o possuíam.

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terça-feira, outubro 27, 2009

na tua cor igualdade





Flor da Esteva

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estória de uma galena

tempos da rádio
na memória dos tempos aqui registo ao ritmo das recordações a minha breve incursão amadorística por territórios da radiodifusão, da telefonia e da telefonia sem fios, do encantamento da comunicação bidireccional e da interactividade entre o emissor e os ouvintes, os radiouvintes, como há época se dizia.




A galena do pai do meu tio Armando


Decorriam os anos 50 do século passado, talvez já iniciada a segunda metade da década, as férias de Verão, pelo menos parte significativa das mesmas, eram passadas numa aldeia da região Oeste de Portugal, terra de origem do meu ramo familiar materno: Fernandinho.

Tempos descuidados e sem preocupações passados nas correrias e brincadeiras próprias da miudagem de pouco mais de 10 anos de idade. Férias quase sempre acompanhado do meu primo Carlos, filho da irmã de minha mãe, em correrias de bicicletas e jogos do pião, do berlinde e tantos outros.

Sossegávamos e ficávamos embevecidos a olhar quando o avô do meu primo Carlos, antigo regedor da aldeia, se dispunha a mostrar-nos o seu baú de memórias e de saberes. Tocava banjo como ninguém e ficávamos horas a ouvi-lo tocar.

No entanto, aquilo que mais prendia a nossa atenção era uma aparelhómetro estranho a que ele chamava galena [*] ligado a um enorme fio de cobre esticado e com o qual depois de devidamente manipulado (sintonizado) nos possibilitava ouvir vozes e músicas, vindos sei lá de onde.

Apercebíamo-nos, contudo, que ele tinha algum cuidado para que do exterior da casa os passantes não se apercebessem do que estávamos a ouvir. Soube mais tarde, quando fui tendo consciência das coisas, que o Estado Novo punha muitas restrições à utilização destes equipamentos e que, mesmo naquela aldeia recôndita, os “escutas”, os bufos andavam sempre atentos.




[*] A galena foi inventada em 1906, quando um coronel do exército norte-americano, H. H. C. Dunwoody, patenteou o detector de cristal de sulfeto de chumbo natural (galena) que ligado a uma antena de fio de arame fino (bigode de gato) se transformava num receptor de emissões radiofónicas. Todo o som emitido pelo transmissor e captado pela antena, passava pelo cristal e era ouvido através de um par de auscultadores. As frequências emitidas eram sintonizadas no cristal ou pedra de galena, bastando para isso uma pequena variação na agulha.

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segunda-feira, outubro 26, 2009

pobre pescador





Artes no Grande Areal, Praia do Sol

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viagem ao douro internacional 5

Dormir em Muga de Sayago



A pouco mais de uma vintena de quilómetros de Miranda do Douro, para lá do Rio Douro, quando toma o nome de Rio Duero, passada a barragem de Miranda, por tal já em terras de Castilla y Léon, fica um pueblo de pouco mais de 420 habitantes chamado Muga, Muga de Sayago, onde a pernoita nos está destinada. Mudamos de país mas também de paisagem que agora é muito mais agreste



O desejado repasto é servido à moda da região, “cocido” de seu nome, servido com fartura uma grande diversidade de carnes, muitos enchidos e couves… não galegas, mas couves de Castilla.

A refeição servida numa sala enorme, mesas de tampo largo e bancos corridos, fez-nos recuar a imaginação até à Idade Média com a vontade irreprimível de comer com as mãos, mas para alarves não sermos considerados, degustamos a refeição comportadamente.

Para um número mais reduzido de comensais a sala de jantar seria esta



O café devidamente acompanhado de um coñac Carlos I em perfeito ambiente de “bar de copas”



A dormida, tranquila noite em que somente de tempos a tempo se ouvia o sino da Igreja ou um chocalho de gado mais irrequieto, foi no Centro de Turismo Rural “El Paraje de Sayago”. Estávamos na Espanha profunda, tão perto da fronteira e tão longe da capital madrilena.

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domingo, outubro 25, 2009

mercado da jorna





Monumental painel de azulejos, Rossio, Viseu

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a revolta dos contadores de tempo

Os canais de televisão, quer os designados “canais abertos” quer os que chegam até aos nossos televisores através de cabo, apresentavam a essa hora, na generalidade, uma programação chatíssima. Filmes de violência gratuita, debates entre os nossos “homens da frente” que de tudo sabem imenso, televendas, música de cordel de acordo com “play-lists” internacionais...

No meu sótão há muito que parara o desassossego dos melros a piarem em fim-de-dia em cima do telhado e chegara o silêncio quebrado unicamente pela melodia de uma música a sair pelas colunas de som do computador. Mão amiga me fizera chegar acordes de Mantovani.

De súbito a agitação... Olhei o relógio de pulso... 2 horas da madrugada!

Dezenas de contadores de tempo que fui juntando com o passar dos anos reagiam cada um à sua maneira à institucionalizada “mudança de hora”. Chegado o momento de, cada um de nós, “ganhar mais uma hora de vida” (logo, logo, seis meses depois perdida), dar um passo para entrarmos no chamado “horário de Inverno”, aqui no hemisfério Norte e, concretamente, em Portugal.

Os computadores, o de mesa e o portátil, que foram registando conhecimentos com o passar do tempo, ou com o tempo que passa, não necessitaram de qualquer intervenção, trataram da sua vida. Os despertadores de corda manual, preocupados unicamente com os ponteiros de marcar o tempo, pois o de despertar manter-se-á na mesma posição, pediam somente um pouco mais de corda para a hora de trabalho adicional. Os de pilhas e cristal de quartzo, somente a carecerem de que os ponteiros retrocedessem uma hora.

Depois... os contadores de tempo “muito especiais”...

Um relógio de Sol, conservador no sentir, quer lá saber disso da “hora legal”! Quer é o Sol de cada dia para desempenhar a sua função!

Uma ampulheta que deseja comemorar a ocasião e que pede para que lhe demos uma “viradinha” que ela de encarregará de lentamente deixar passar um a um os grãos de areia...

E o relógio de pulso da marca “Romano” em metal dourado e correia de pele natural? Bom esse magnífico relógio vindo ali das bandas do Cais do Sodré, pela mão do meu amigo Silva, do British Bar, esse para atrasar uma hora terei que o adiantar....

Alguns minutos depois das 2 horas, seriam então 1 hora e 5 minutos, o sossego voltou ao meu sótão, como é próprio do adiantado da hora.

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sábado, outubro 24, 2009

cartilha maternal




Estátua a João de deus e à Cartilha Maternal - Viseu

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os animais são nossos amigos

Está frase de grande musicalidade ouvimo-la cantar já lá vão mais de 30 anos e não era um lugar-comum, uma frase feita. Continha, efectivamente, toda a força de um ideal nascente de que os animais, de trabalho, de companhia, de guarda, não mais deveriam ser tratados como coisas, mas sim com um estatuto de seres vivos, quantas vezes retirados do seu ambiente natural para fruição pelo ser humano.

Mulheres e homens de boa vontade sentiram a profundidade de tais palavras. Nasceram um pouco por todo o nosso Portugal associações de defesa, de protecção dos animais e mesmo de preservação para as espécies em vias de extinção, vocacionadas para os nossos amigos que pelo infortúnio da vivência, como com muitos seres humanos acontece, não tinham um abrigo ou alimentação que garantissem a sua sobrevivência.

Depois, anos houveram de decadência cívica e moral. A competitividade entre os seres humanos, o egoísmo, a vida vivida em cada vez maior isolacionismo, a dependência de uma televisão castradora da imaginação, levaram a um desinteresse acentuado por tão nobre missão de ajudar os nossos amigos animais.

Chegámos ao cúmulo de as leis que nos tempos actuais são aprovadas na Assembleia da República considerarem os animais como coisas e não como seres vivos carentes de cuidados e de protecção. O ser humano dá cada vez mais importância ao material em detrimento do social. Sabe o preço de tudo e o valor de nada.

Mas os animais… continuam a ser NOSSOS AMIGOS. Um punhado de mulheres e de homens juntaram-se no almoço de hoje, não pelo prazer da degustação ou do convívio que obviamente sentem, mas, especialmente para dizerem que estão solidários na defesa e na protecção dos animais no espírito da bela canção de José Barata Moura OS ANIMAIS SÃO NOSSOS AMIGOS.

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sexta-feira, outubro 23, 2009

noite fria




Viseu

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olhar o firmamento

Quando para o firmamento meu olhar ergui
Entre os milhares de estrelas tão brilhantes
Vislumbrei teu lindo rosto e só então sorri
Com a felicidade que só sentem os amantes

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quinta-feira, outubro 22, 2009

transporte de brasas




Monumento em honra dos transportadores de brasas das aldeias para a cidade, para as braseiras senhoriais - Bragança

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o número 2

Conta a lenda...

Dizem os mais antigos, que foram acumulando com o tempo sabedoria... e também brejeirice que as mulheres que viajarem Rio Douro acima, partindo do lugar onde hoje está construída a Barragem de Miranda do Douro, e não vislumbrarem no escarpado da margem esquerda o número 2 que se não casarão. O casamento somente surgirá depois de tal visão.

O referido número 2 diz-se ser “obra” na Natureza que o desenhou no amarelo da rocha resultante dos líquenes que aí crescem naturalmente.




Mas acrescenta a lenda...

Se for um homem que não consiga ver o número 2 pode ter a certeza de que a mulher o anda a trair.

Não esqueçam, contudo, de que esta estória não é mais do que uma lenda.



[recolha feita no anedotário mirandês]

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quarta-feira, outubro 21, 2009

olhar arguto




Bufo Real

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a partilha da lua setembrina

segredos guardados no rio
O rio guarda os segredos da profunda paixão do velho Marinheiro, barba branca e cabelo desgrenhado, pela mais bela Ninfa do Tejo, olhos profundos e sorriso doce




O velho Marinheiro olhava com nostalgia os mares navegados e os tempos vividos na força da juventude, no muito querer, na paixão imensa, tal como a imensidão do mar que se agita com violência, para lá do areal, passadas as hortas da Costa e as casas, recordações dos tempos de veranear, nas funduras da Arriba Fóssil.

Perdera a noção do tempo que passa, na espera, longa espera, de que a imagem da mais bela Ninfa do Tejo lhe seja devolvida pelo seu mar, para que quebre a monotonia do azul de diversos cambiantes até onde o seu olhar alcança. Mas mais do que isso, o desejo inconsolável de escutar seus doces murmúrios, maviosa voz que interromperá o silêncio que dói no interior do seu ser.

Seu olhar acabou por perder-se para lá, muito para lá, da linha do horizonte. Sentiu-se leve como noutras circunstâncias lhe havia acontecido. No sentimento em que o sonho lhe absorve a consciência, sendo levado ao sabor das correntes de pressão atmosférica, como se peso não tivesse.

Voa no impulso de movimentos simples, o seu pensamento impele-o sobre os infindáveis mares, oceanos, para além das mágicas montanhas criadas na fantasia do querer viver maresias. Sempre o acompanha o odor dos jasmineiros.

O velho Marinheiro franziu o cenho, o olhar ganhou um brilho estranho, uma tristeza profunda atingiu o seu sentir. Recordou-se que num desajuste grande com a realidade da sua própria idade, ancião que é sem ter coragem de o assumir plenamente, havia poucos anos atrás mandado gravar no seu corpo uma imagem do “Sol de Gaudi” que ele próprio desenhara a partir de um azulejo do incomparável arquitecto catalão.

Uma fuga à idade, talvez.... Mas recorda sempre o comentário que ouviu a mais bela Ninfa do Tejo murmurar: “...um bonito Sol”, tendo acrescentado:”... podes não saber exactamente quem eu sou, mas tens uma bonita tatuagem na parte interior do teu braço...”.

A Lua brilhava todo o seu esplendor no firmamento. A mais bela Ninfa do Tejo dizia em doces palavras: “ De facto não sei qual o mistério, mas a Lua de Setembro é a mais bonita no ano. Em Sintra, no Monte da Lua, ela fica gigante!!! A lua é sempre bonita, mas em Setembro é muito mais! Obrigado por partilhares a "tua" Lua!”.

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terça-feira, outubro 20, 2009

árvore de fronteira




rio Douro/Duero Internacional

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sayonara brasil

No passado mês de Julho expôs em Portugal a artista plástica brasileira Sayonara Brasil, em duas diferentes galerias: na Galeria Matos Ferreira, no Bairro Alto em Lisboa e na Galeria da Casa da Guia, em Cascais, nesta última numa exposição colectiva da Associação de Artistas Plásticos de Carcavelos.

Amiga da Oficina das Ideias, desde há alguns anos quando de uma exposição sua na Galeria do restaurante Sabor Mineiro, na Charneca de Caparica, tivemos a grata oportunidade de festejar com a artista este seu regresso a Portugal, que marcava o início de mais uma tournée por diversas galerias europeias.



Depois, foi o regresso a terras brasileiras onde continua a dinamizar projecto “Catamaran das Artes”, um projecto destinado a valorizar e cuidara zona costeira da Paraíba, através das artes e todos os seus âmbitos.

Sayonara Brasil expõe neste momento na Mostra de Artistas Paraibanos, integrada na 2ª Conferência Mundial de Cultura que se está a realizar na cidade de João Pessoa e subordinada ao tema “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”.

Para a ESTAÇÃO CABO BRANCO CIÊNCIA CULTURA E ARTE, localizada no Ponto mais extremo das Américas – Brasil, para a nossa querida amiga Sayonara Brasil vão as saudações oficinais das maiores venturas.


Com o músico Chico César
Foto: Conferência Mundial de Cultura de João Pessoa

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segunda-feira, outubro 19, 2009

rio de mistérios



rio Douro/Duero Internacional - cruzeiro ecológico

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os caretos

As fronteiras entre países são linhas imaginárias, na maioria das vezes resultantes de lutas e de guerras, mais quilómetro para cá, mais quilómetro para lá, decidido pelos senhores do poder, sem atentar à vontade das gentes e, mais grave, sem considerar a cultura e tradição de um Povo. Não é de estranhar, pois, que as manifestações populares enraizadas nas tradições pagãs, primeiro, e depois assenhoreadas pelas religiões sejam nessas zonas, manifestações transfronteiriças.



É assim que falamos das Festas de Inverno em Trás-os-Montes e, igualmente, com o mesmo sentido e rituais, dos Mascarados de Invierno de la Provincia de Zamora. E das Festas dos Rapazes, das Festas dos Reis, de El Carnaval e de Los Cencerrones. São os designados “Caretos” na sua mais genuína representação popular.



As Festas de Inverno, associadas às máscaras, incluem rituais milenares transmitidos de geração em geração, assegurando o diálogo entre o presente e o passado e mantendo o espaço de um Povo, ignorando as fingidas fronteiras de conveniência.



Os deuses, os mafarricos, o Chocalheiro da Bemposta, a Festa do Menino e a Festa dos Belhos… e los Demonios de Villanuevade Valrojo. O encantamento feito de ingenuidade e de simplicidade, como simples é o Povo.





Visitem:
Museu Ibérico da Máscara e do Traje
Cidadela – Rua D. Fernão “o Bravo”, 24/26
Bragança
Telefone: 273 381 008

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domingo, outubro 18, 2009

contemplação milenar

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vigem ao douro internacional 4

Uma Terra de dois falares


É uma terra diferente, gente hospitaleira na tradição transmontana, mas com um sublime sentir de quem se compreende numa língua que mais do que palavras de bonito soar, é cultura ancestral acumulada com afecto e transmitida com a arte de saber dizer. É um Povo cúmplice no seu dizer. Língua mirandesa. Lhéngua mirandesa.



Subimos até à zona histórica da cidade por avenida ladeada por canteiros de flores multicoloridas, percorrendo depois a rua do comércio onde é possível adquirir peças confeccionadas em burel, tecido grosseiro de lã, tradicional da região, até chegarmos ao Largo Dom João III e deliciarmo-nos com um interessante grupo escultórico, homem trajando “Capa de Honra” e mulher em traje de “ir ver a Deus”.



Já na Sé Catedral com um conjunto valioso de imagens religiosas a nossa atenção vai para o “Menino Jesus da Cartolinha”, hoje de verde trajado e de cartola preta.



A rua do comércio tradicional é cheia de interessantes pormenores arquitectónicos, sejam portais, janelas ou varandas como esta implantada no cunhal de um edifício



Praça-forte na defesa das linhas fronteiriças com o reino de Leão e Castela, Miranda do Douro esteve sempre sujeita a destruição e a cidadela é ainda hoje memória desses tempos conturbados



Vamos deixar a cidade de Miranda do Douro, mas não Terras de Miranda, pois iremos navegar durante algumas horas no Douro Internacional, desde o embarcadouro da Estação Biológica Internacional até à zona do Santuário Rupestre de São Mamede e à Rocha Redonda. Vamos partir de muito perto da Barragem de Miranda do Douro

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sábado, outubro 17, 2009

o rio é um espelho

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o gato e as romãs

Após uma visita realizada a Foz do Arelho, no Concelho de Caldas da Rainha, onde pude apreciar na marginal à Lagoa de Óbidos um excelente conjunto escultórico fiquei curioso sobre o seu significado. Duas peças complementavam-se nesse conjunto escultórico: uma janela com um gato sentado na sua característica posição e uma mesa de toalha posta com uma taça contendo três romãs.



Procurei, na altura, junto do dono do restaurante anexo ao Museu Bordalo Pinheiro, onde almoçámos, saber o significado das esculturas. Perante a negativa ficou a promessa que não vi concretizada de tal explicação ser procurada junto da vereadora da Cultura e Turismo da Câmara Municipal das Caldas da Rainha.

Encetei, então, as minhas pesquisas, tendo publicado na Oficina das Ideias a imagem das esculturas e o apelo à blogoesfera do esclarecimento desejado. NADA!

Contactei, posteriormente, a Junta de Freguesia da Foz do Arelho, o Turismo das Caldas da Rainha... Muita simpatia, mas poucos esclarecimentos. A Dona Iolanda do Turismo caldense desenvolveu as suas melhores diligências até que consegui obter a memória descritiva do referido conjunto escultórico.

Aqui fica o significado e as intenções dos escultores autores para que conste...


Gato na Janela [“Mashrabiya”]
Nós usámos a imagem de um gato que é um animal com um longo historial e origem de muitas lendas e mitos controversos (tal como a história do nosso Povo). Encontrar a “mashrabiya” na janela do velho edifício do Museu da Cerâmica é como regressar à minha casa em Israel. O gato e a “mashrabiya” encontraram-se numa escultura em Portugal.

Mesa com toalha, posta com taça de loiça e três romãs [“Still Life with pomegranates”]
Durante este simpósio nós fizemos uma escultura de “natureza morta”. Na mesa “colocámos” 3 romãs. Um antigo símbolo de fertilidade e saúde na nossa cultura. Estou encantado de encontrar em Portugal a palavra correspondente a “pomegranate” romã a mesma que em hebraico rimon.

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sexta-feira, outubro 16, 2009

#100 olho de lince





na publicação do "postal #100", da série postais-poemas que a Oficina das Ideias tem diariamente publicado homenageamos o nosso amigo/irmão/gémeo autor das fotografias inspiradoras dos mesmos. obrigado!

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um papel em branco

Naquele dia, vindo das terras do longe, chegou à povoação um homem velho, tez crestada pelo sol, andrajoso, amparado a um bordão seu companheiro de longas caminhadas. Só dele se abeiravam os cães que na sua liberdade de vaguear pelas ruas pareciam reconhecê-lo. Aproximavam-se com a cauda a dar a dar de contentamento. Não lhe ladravam tampouco.

As pessoas, essas evitavam com ele cruzar-se, temendo serem importunadas por esse homem velho que tinha todo o aspecto de ter realizado longa caminhada, embora não fizesse qualquer gesto que indicasse que procurava repousar. Antes, o seu olhar percorria o espaço que o rodeava, na procura sabe-se lá do quê.

A mulher que descia a rua pelo mesmo passeio e que não se desviou do velho homem ficou surpreendida, ao cruzar-se com ele, com o brilho do seu olhar e com o odor a jasmineiros que de sua figura suja e andrajosa emanava. A mulher sentiu-se, por momentos, estonteada e teve que procurar apoio na parede mais próxima.

No boteco da esquina o velho entrou e tomou uma cerveja, bebida mesmo pela garrafa. Pagou com uma moeda que foi buscar lá bem no fundo do bolso das calças e junto com a qual vinha um pedaço de papel. Estendeu-o ao empregado do boteco, dizendo-lhe:

“_Algum dia uma bela mulher entrará aqui com as lágrimas nos olhos. Entregue-lhe este pedaço de papel.”

Logo que o velho homem saiu do boteco, o empregado, roído de curiosidade, desdobrou o papel para poder ler o que lá estaria escrito. Grande decepção. O pedaço de papel estava completamente em branco. Contudo, seguindo as indicações do velho homem, guardou-o.

....................

Quando um dia entregar o mesmo pedaço de papel a uma bela mulher que entre no boteco com as lágrimas nos olhos, ela poderá ler:

“Caminha! Ultrapassa vales e montes, mares e continentes... Vais sentir dificuldades, escolhos, traições... Com a tua força interior continua a caminhar que encontrarás a merecida tranquilidade... o bem-estar”.

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quinta-feira, outubro 15, 2009

rio dourado e sonhado





navegar na tranquilidade do Rio Douro/Duero Internacional

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na minha aldeia

Minha aldeia tem pinheiros
Esvoaçam os passarinhos
Nas varandas tem os cheiros
Da alfazema e rosmaninhos

Tem vermelhos medronhos
Uma delícia prós passantes
Nos ninhos guarda os sonhos
Sonhos novos e os dantes

No olhar de cada aldeão
Brilha uma chama solidária
Repartem o vinho e o pão

Vivência quase legendária
Onde não há solidão
Numa partilha diária





Poema inspirado num intimista texto publicado pela minha querida Amiga Lilá(s) no Perfume de Jacarandá

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quarta-feira, outubro 14, 2009

o tempo e a marca

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capa de honra

imagem que vale oitocentas palavras
É frequente ouvir dizer-se que uma imagem vale mais do que mil palavras. As imagens do “Olho de Lince” valem somente oitocentas pelo que há que as fazer acompanhar por um texto de duzentas



No Largo D. João III, em Miranda do Douro, o conjunto escultórico representando um homem e uma mulher trajando tipicamente mirandês serve de mote a escrevermos sobre a Capa de Honra. Usada pelos homens ricos do Planalto Mirandês, muitos estudiosos referem o seu uso pelos boieiros, como protecção do frio e da chuva e para nela se deitarem quando permaneciam longo tempo nas serranias com o gado.

A Capa de Honra é confeccionada com cerca de 10 metros de burel – tecido de lã pisoado – constituída por capa, sobrecapa e capuz.



A capa é comprida e ampla, cortada em viés, aberta na frente. A sobrecapa desce até à zona do cotovelo sendo toda bordada e pespontada terminando em franjas largas. O capuz, com capeto, inteiramente bordado, termina numa larga faixa, denominada Honra, cujo tamanho é representativo da riqueza e importância do utilizador. Esta também é bordada e pespontada, rematada com uma franja.

Supõe-se ter origem na capa de "Asperges" gótica, de raiz medieval de algum mosteiro Leonês. "Muito ornamentada de lavores nas bandas, gola – carapuça sui generis e rabicho que, por detrás, pende até meio dela, dando ao todo o aspecto de capa de asperges eclesiástica medieval”, como observa Trindade Coelho.

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