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domingo, outubro 31, 2004

uma flor para a... deméter


um mundo sem fronteiras

corpo de mulher

O Umbigo

Maravilhoso corpo, uma planície de trigo em tom doirado
Acolhe preciosa jóia de valor incalculável e tão bela
Que é convergência de quereres e sentires do ser amado
Sensual imagem de esplendor admirável, qual aguarela.

Uma gota de suor escorre lentamente pelo liso ventre
Acolhe-se no umbigo desenhado por excelente artista
Transforma-se em diamante de brilho que é luz do sol
E refulge laivos de beleza que delicia nossa vista.

O umbigo centro do mundo dos seres solitários e egoístas
É da mesma forma, um êxtase de luxúria e sensualidade
Quando desenhado no ventre aveludado que os artistas
Pintam com esbatidas tonalidades de avelã e de jade.

O olhar perde-se por caminhos misteriosos e secretos
Que se cruzam com vegetação luxuriante, ora sépia ora doirada
Que no Outono serve de leito dos amores furtivos ou dilectos
Fulgor dos sentires e dos quereres da nossa dulcíssima amada.

As promessas do umbigo para quem desliza rumo ao Sul
Por planícies doiradas de searas prenhes de cereal maduro
São certezas de encontrar paisagem em verde e azul
É o esplendor da concretização de amor profundo e puro.

sábado, outubro 30, 2004

uma flor para a... lualil


doce luar

corpo de mulher

As Nádegas

O escultor trabalhou o róseo mármore com desvelo,
Burilou com o cinzel superfícies doces e arredondadas,
Mágico sopro divino deu vida, harmonia sem paralelo,
Às mais belas e sensuais nádegas alguma vez imaginadas.

Nádegas perfeitas, esculturais, obra de arte acabada,
Que encantam o olhar dos amantes do desejo sensual,
Maravilham o espírito, animam a mente. É a alvorada
De um dia esplendoroso, como outro por certo não há igual.

Dunas de fulgurante brilho que a mãe Natureza talhou,
No constante e sensível trabalho de sonhar e criar beleza,
Areais beijados por mares transparentes de que o poeta falou
Onde se espraiam corpos ao sol quente, dádiva da Natureza

Na doirada seara de trigo, no suave ondular das espigas,
Sonho ver nádegas de princesa, belas, perfeitas, sensuais,
A magia de uma dupla elegante e muito juntas como amigas,
Que encantam os príncipes e tantas outras figuras reais.

A suavidade de tuas nádegas são ondas de um mar de sonho
Onde o corsário navega, senhor de mares e oceanos sem fim
No desejo que é embriaguez de dulcíssimo e rubro medronho
Da descoberta de maravilhoso tesouro de sedas e cetim.

sexta-feira, outubro 29, 2004

uma flor para a... alfonsina


sintonia de pensamento

corpo de mulher

Os Seios

Cachos de uva branca, doirada, de tão grande doçura,
Que nascem em teus ombros tão suaves e macios,
São frutos maduros que uma paixão sincera e pura
Deseja colher apreciar amar em lascivos desvarios.

A magia da Natureza esculpiu tamanha obra de arte,
Que representa as mais belas colinas do Universo,
Nelas se espraia a luminosidade do sol de Gaudi que parte
Com destino à sensualidade da mulher que eu verso.

Se flores houvesse que tanta beleza nos oferecessem,
Rosas negras, mamilos de tons que na paleta estão perdidos,
Que o desejo e o muito querer animam e florescem
Para delírio de nossos olhos e de todos os sentidos.

Na praia seriam doiradas dunas, sensuais no sentir,
Onde o mar se espraia e vem beijar com ternura sem fim,
Excitando os amantes que encontram aí o devir
Mesmo quando o pensar diz não, o coração diz sim..

Seios, belos seios de mulher apontam o infinito,
Magníficos de desejo, sensualidade e delicioso sabor,
Que de tão perfeitos, esculpidos por artista que é um mito
Criado pela alegria de viver que nos enchem de amor.

quinta-feira, outubro 28, 2004

uma flor para... a montse


angelical sensualidade

corpo de mulher

Os Lábios

Lábios sensuais que sorriem o sentir da tua alma
Vermelhos carmim de beleza e esplendor sem igual
Promessas de infindáveis carícias que a tormenta acalma
Asas de um sonho, sonho tão próximo que parece ser real.

Lábios que contam ao sorrir o que a mente quer esconder
Espelhos de profundos pensamentos, de são caminhar
Na vida que constróis com tua inteligência e saber
São guias de teu caminho no rumo do sentir e do pensar

Morangos maduros, dulcíssimos, aveludados na carícia
Dizem ternas palavras e murmuram sons de amor
Brilham como sois no firmamento do devir, qual delícia
Tamanho encantamento que me extasia com seu esplendor.

As pétalas das mais belas rosas do meu jardim
Juntaram-se em harmonia para desenhar tão bela boca
Criaram no Mundo nova maravilha de cor carmim
Obra de artista de poeta fértil imaginação algo louca.

Nas asas de um estorninho voei lonjuras imensas
Para me aproximar de linda boca belos lábios
Fiquei maravilhado preso a sensações intensas
Que me tornei um sábio entre os maiores sábios

quarta-feira, outubro 27, 2004

uma flor para a... micá


um mundo de cumplicidades

corpo de mulher

Os Cabelos

Teus cabelos muito loiros seara de trigo ao vento
Esvoaçam imaginação de liberdade sem fim
Raios do meu sentir e do meu encantamento
São mais belos do que imagens de oiro e marfim

A cálida brisa do entardecer agita teus cabelos
Acaricia teu corpo cheio de sensualidade e sentir
Vislumbras quem assim te aprecia atentamente
Voar um sonho que é um feliz futuro e é devir

O doirado de teus cabelos é sem dúvida natural
Guardas prova com carinho no íntimo do teu ser
São frutos de uma mina de precioso metal
Que espírito e mãos de artista um dia hão-de ter

Tens cabelos que emolduram um rosto divinal
De linhas tão perfeitas que o mestre artista cinzelou
Tua expressão é terna é carinhosa é angelical
O delírio de bela imagem ao infinito me levou

O cair suave dos cabelos sobre teus ombros tão belos
Mais parece uma cachoeira de água límpida transparente
Em requebros angelicais e maneios suaves e singelos
És no Mundo a mulher mais bela doce e atraente

terça-feira, outubro 26, 2004

uma flor para... a teresa


companheira de uma vida

corpo de mulher

Os Olhos

Teus olhos são o espelho duma alma cristalina
Que no sentir e muito querer é deveras esplendorosa.
Teu olhar é o mais belo encantamento que ilumina
O sonho de quem se abeirou de ti mulher maravilhosa.

Mergulho em teus olhos, mar de promessas sem fim
Águas profundas, cálidas e muito transparentes
Sigo o sonho de uma pérola e de um jasmim
Que de muito sentir elevaram ao infinito suas mentes

Na doçura de teu olhar me perdi e me encontrei
Olhos de mel que por tão belos, doces e sensuais
Me indicaram o rumo e a bom porto eu cheguei
Tranquilamente em puro desejo que olvidarei jamais.

Teus olhos sussurram o que a boca teima em calar
Não mentem nem escondem teus belos pensamentos
São sinceros embora tentem em doce pestanejar
Dissimular teus mais profundos sentimentos

Olhar em teus olhos enche a vida de felicidade
Seu brilho é mais forte do que a luz da Lua e do Sol
Porque contém inteligência, amor e sensualidade
E a musicalidade do belo cantar do rouxinol

segunda-feira, outubro 25, 2004

tempos de esperança


até breve...

A Blogoesfera é um espaço amplo de encantos e mistérios, de sonhos e de concretizações, o que o torna deveras aliciante. Há mais de um ano que aqui temos exprimido nossos quereres e sentires, na tentativa de partilhar algumas vivências e de manter viva a chama da comunicação como forma de fortalecimento humano e social.

Chegou agora o momento de estabelecer uma paragem, ainda que momentânea. A Oficina das Ideias carece de obras, algum embelezamento, mas muito em especial, “mais do mesmo” como agora se usa dizer. Aproveitarei a ocasião das obras na Oficina para cumprir as obrigações que tenho para o meu corpo.

Na perspectiva de que as obras possam durar cerca de uma semana vou deixar uma homenagem às mulheres, citando SETE das que comigo se cruzaram nos caminhos desta vida e que simbolizam todas as que não são citadas mas que muito aprecio a sua amizade.

Na Teresa reuno todas as mulheres da minha família. Na Micá e na Montse as mulheres que não sendo minhas familiares directas me são muito chegadas de há muito tempo. Na Alfonsina, as mulheres com quem tenho enriquecido o meu saber neste vasto mundo da Internet. Nas LuaLil, Deméter e Cathy as tantas blogocompanheiras que me ensinaram a partilhar afectos, quereres, sentires e saberes. Se as vou citar corro sempre o risco de alguma se melindrar por falta de citação. Todas sabem que lhes quero muito e que as tenho no meu coração.

E os amigos?, me perguntaram. Estão incluídos na citação das mulheres minhas amigas, pois as mães são quem mais quer a seus filhos, não tenho dúvida.

Bom... ATÉ BREVE!

domingo, outubro 24, 2004

mar da caparica... hoje


embriaguez

Já há muito os vapores do álcool
Invadiram minha mente.

O corpo pende sobre a mesa.

Os olhos fixam o infinito
Procuram lá longe onde o pensamento alcança
Aquela réstia cor de esperança
Aquele ser sem igual
Aquela sonhada menina
Corpo de mulher.

Mulher de gestos meigos
De falar onde a ternura comunica o íntimo sentir.

O sol radiosa luz de cor sem par
Desliza docemente por meu rosto
Marcado do sofrer
Do muito querer
Da vaga ilusão do amor.

Na luta contra si próprio
Contra o mundo
Que é preconceito
O amor é vencido
Vencido temporariamente
Porque no tempo, no provir
O muito querer que é por vezes solidão
Fortalece o íntimo do meu ser
Sentimentos, querer de total entrega.

Sonho...
... a doce menina
Que em meus braços sente terno enleio
Bater compassado de corações
Que o mesmo dizem
Que tudo transmitem
Do muito sentir
Será um dia... (quando?)
Quando for!
A meiga companheira.

sábado, outubro 23, 2004

recanto


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


O regresso está para breve

A ocupação, as tarefas, as responsabilidades e os compromissos do dia-a-dia são na verdade um turbilhão de sentires da vida da Escritora que não perde, contudo, a oportunidade de registar imagens de quotidiano das pessoas que diariamente percorrem a calçada, acima e abaixo, como tantas vezes já o realizou na Companhia do Fotógrafo.

Hoje sente-se só, desacompanhada da presença e das palavras do Fotógrafo “calçada acima” no ”Sentir o Povo que Sofre”, sentir cada desejo e cada carência, cada perspectiva de realização, para a qual só falta mesmo uma pequena ajuda. Como estava previsto o Fotógrafo partiu. Em breve regressará por certo.

O diálogo afável que mantinham deu lugar ao monólogo. Monólogo muito especial pois decorria exclusivamente no cérebro, no pensar, no recordar da Escritora enquanto lentamente percorria a calçada. Com que destino?

A Escritora recordou os importantes tempos em que entre os dois se desenvolveu interessante parceria, estórias criadas e desenvolvidas em permanente cumplicidade. E os projectos de publicação e promoção dos seus poemas, que o Fotógrafo sempre dizia serem maravilhosamente inspirados. Quantos projectos concretizados e outros tantos para serem um dia concluídos. Tudo isto num curto espaço de tempo, menos de um ano.

Como o fotógrafo ganhou o hábito de dizer:
_Agora tenho que ir cumprir as obrigações que tenho para com o meu corpo. Estou tranquilo.

A Escritora sabe que no momento combinado uma forte cadeia de solidariedade atravessará todo o Universo criando uma onda de energia positiva que não só irá aproveitar ao Fotógrafo como a todos os elementos dessa cadeia única. Como o Fotógrafo costuma dizer, meio a sério, meio a brincar:
_Até um descendente cósmico fará parte de tamanha corrente de energia... Coisa nunca vista!

Lá longe o Fotógrafo pensa em quanta inspiração tem a Escritora e fixa-se num único verso:

“Voo sobre as minhas memórias, sobre meus risos”


sexta-feira, outubro 22, 2004

tranquilidade


os frutos do alentejo

Soprava o vento Suão
Dos confins do Alentejo
Com ele aumenta o pão
E exacerba o desejo.

Nas planuras sem fim
Onde o olhar não alcança
Julguei ver-te junto a mim
Em estranho passo de dança.

Teus cabelos esvoaçavam
Mais pareciam espigas raras
Eram espigas que deixavam
Doce aroma nas searas.

Teus olhos da cor do mar
Cintilavam vida e querer
Na luta de ver crescer
Os frutos do muito amar.

A tua boca brejeira
Suave, da alma o espelho
Na planície bandeira
Bandeira de cor vermelho.

Os teus seios baloiçavam
Danças da fecundação
Docemente aparentavam
As espigas prenhes de pão.

O teu corpo, Liberdade
Nos campos do Alentejo
Trabalho, frutos, verdade
Vitória que em ti revejo.

quinta-feira, outubro 21, 2004

uma rosa para...


Um botão de rosa é dádiva do meu sentir pelas minhas queridas amigas. É muito querer, é afecto.
É cumplicudade pura

um dia luminoso

Numa manhã bela e luminosa
Quando a Primavera caminha rumo ao Sol
Uma bonita flor, vermelha rosa
Deu cor ao Mundo. Cantou o rouxinol.

Menina foi, depois bela mulher
Com doce olhar cativou os seus amigos
Segura caminha na senda do querer
Dos sentires seus seios são abrigo.

Seu falar é uma língua universal
Com estranha entoação e fantasia
Uma voz que nos leva pelo fresco roseiral
Ao encontro do sonho, da melodia.

Seu corpo talhado pela mão de um escultor
Cinzel mágico para tamanha obra-prima
Que moldou belas pernas com ardor
E talhou alvos seios sedentos de vindima.

Neste dia de glória, de caminhar a vida
Se encurtam distâncias pelo afecto
A taça se levanta, saúde! Bem nascida
E viver de felicidade e amor repleto.

quarta-feira, outubro 20, 2004

corpo angelical


homenagem a uma amiga de cara e corpo angelicais

CORPO ANGELICAL

Noites a fio sem cessar
Sonhei teus olhos de mel
Em viagem de encantar
Pela terra e pelo mar
Viajavas num corcel

Me prende pra todo o tempo
Teu rosto angelical
Foi o meu encantamento
Foi a luz do sentimento
Teu sorriso divinal

Perdi-me no teu sorriso
Naveguei em teu olhar
Não são falta de juízo
São dádivas do Paraíso
O sentir e o beijar

Colorida de carmim
Tua boca sensual
Sinal de dizer sim
Sinal de amor sem fim
É do querer um sinal

Espigas de trigo maduro
Teus cabelos muito loiros
De sentimento tão puro
Corpo formoso e seguro
São para a alma tesoiro

Em ombros cor de pimenta
Teu pescoço elegante
Seios em carícia lenta
De minha boca sedenta
Do teu corpo tão vibrante

Coroam seios doces formosos
Teus mamilos muito escuros
Pedindo sentires fogosos
De um beijo desejosos
São tentação de tão duros

Uma pérola um brilhante
Teu umbigo celestial
Tão bonito elegante
Sensual e intrigante
Como ele não há igual

Monumento de beleza
Nádegas a cinzel talhadas
Dádiva da Natureza
Dignas de elevada nobreza
Tão belas e delicadas

No cruzar de lindas pernas
Escondes um belo tesouro
Imagens que são eternas
Luminosas quais lanternas
Para o prazer duradouro

terça-feira, outubro 19, 2004

uma flor para... a querida montse


que país este o nosso...

Retirados de diversos jornais diários e de despachos das agências noticiosas listamos, de seguida, alguns títulos que fizeram notícia em Portugal nestes últimos dias. Optamos pela transcrição sem quaisquer comentários, para que constitua memória na Oficina das Ideias e para que os leitores amigos deles possam retirar suas próprias ilações.

Marcelo Rebelo de Sousa abandonou o seu papel de comentador político na TVI em condições muito pouco esclarecidas, por suposta pressão do Governo.

PSD exigiu 33 mil contos para desocupar andar que lhe foi emprestado em 1975.

Amigos da Sesta convidam Santana Lopes a aderir à associação.

Arons de Carvalho solicita do Governo explicação sobre a provável mexida na RTP, com a saída do director da informação José Rodrigues dos Santos, por decisão governamental.

O ministro Gomes da Silva sugere ter havido cambala Expresso/Público/Marcelo contra o Governo.

Central de Comunicações do Governo vai custar 2 milhões de euros só em 2005.

O candidato do PS vence as eleições regionais nos Açores com maioria absoluta.

O candidato do PSD vence as eleições regionais na Madeira com maioria absoluta.


Repito a desabafo inicial: Que País este o nosso...

segunda-feira, outubro 18, 2004

plantas dunares


imagens com memória

Do meu arquivo de fotografias a "preto e branco" selecionei e comentei imagens cuja memória desejo partilhar com quem visita a Oficina. Trata-se de uma outra forma de vasculhar o meu baú de recordações


Estudo ou Contrastes



Trata-se de uma imagem na qual foram traçadas algumas linhas a lápis macio com o objectivo de estudar alguns cortes fotográficos, a partir dos quais se criariam imagem autónomas e de conteúdo e significado próprios.

Contudo, podemos observar a imagem na sua totalidade, plena de contrastes, pois, além de um par (namorados?) em postura estática e de conversação, ela mostra um rapaz em correria dirigindo-se a esse par, mas numa clara percepção de que nada tem a ver com eles.

A base, superfície recta sem início nem fim, a não ser o do próprio enquadramento da imagem é um suporte “sem vida” reservando o movimento total para as figuras humanas que a utilizam.

A imagem total dá-nos a noção de contraste entre movimento e contemplação, entre acção e pensamento. As imagens “cortadas” isolam os dois componentes “acção” e “pensamento”, dando a cada um deles significado próprio.

Local: Doca de Sines
Data: Anos 60 do século passado


domingo, outubro 17, 2004

o célebre relógio do british bar


um dia voltarei ao british bar

É sempre agradável retornar ao British Bar e, tranquilamente, apreciar um digestivo com bastante gelo. A simpatia dos donos e de todo o pessoal e o cosmopolitismo da frequência completam o agradável ambiente.

A mesa situada no canto esquerdo logo na entrada é sem qualquer dúvida a mesa mais bem colocada para o observador de gentes e de factos. Aliás, diz a tradição, que aqui se sentavam diariamente os responsáveis em Lisboa das espionagens inglesa e alemã, inimigos no terreno durante a II Grande Guerra e que aqui procuravam ser um mais arguto do que o outro. O “bluff” seria a jogada principal.

Foi, igualmente, nesta mesa que o saudoso escritor José Cardoso Pires idealizou algumas das suas mais belas crónicas sobre a cidade de Lisboa, onde passa a filosofia dos bares e dos barmen. Foi no British Bar que deu uma memorável entrevista televisiva pouco antes de morrer.

Também Germano, célebre futebolista dos anos 50 e 60 do século passado, era figura certa na hora do almoço, sentando-se na sempre citada “mesa dos espiões”. Mesa, igualmente, da minha preferência onde costumava ficar em amena cavaqueira com o meu amigo Pedro. O Germano sempre que entrava e via a “sua” mesa ocupada mostrava o seu ar agastado. Infelizmente já entre nós não se encontra.

O quase silêncio do meio-dia é seguido do forte bru-a-a já muito animado lá pelas 13 horas. Ainda bem para quem mantém a funcionar esta autêntica catedral do convívio na zona do Cais do Sodré. Somente o senhor Guilherme, engraxador, filósofo que desde há muito se habituou a ver o Mundo numa perspectiva diferente, se mantém impávido a esta movimentação, concentrado nos fulgores que vai conseguindo tirar dos sapatos que no início da sua tarefa estavam bem baços.

O British Bar exibe uma riquíssima estante de madeira, digna de uma biblioteca monumental, onde os clientes podem passar os olhos por rótulos de autênticas preciosidades, que há dezenas de anos aguardam por alguém com capacidade para os apreciar.

Mas para a grande discussão do tempo que passa, o British Bar oferece-nos na parede de fundo, oposta à entrada, um magnífico relógio inglês dos finais do século XIX, com o mostrador enquadrado por belíssimo trabalho de madeira, com as horas esmaltadas sobre medalhões de alabastro.

Mas o relógio que mais fama deu ao British Bar é muito mais singelo na sua aparência, mas extraordinário porque põe em causa a frase feita “no sentido dos ponteiros do relógio”. Relógio que já foi estrela de um filme suíço e que esteve patente no pavilhão deste país na Expo-98, pode dar origem a este diálogo:

Cliente – Este relógio está a andar ao contrário...
Silva – Não amigo... quem está a andar ao contrário é o Mundo...

A vivência das pessoas se modifica com o tempo que passa. Há muitos meses que não frequento o British Bar na companhia do meu amigo Pedro. Ele foi trabalhar para outra zona da cidade. Eu, recolhi-me à margem Sul do Rio Tejo. A mística do Britsh Bar vai-se, para nós, desvanecendo. Uma coisa é certa: Foi sentados à “mesa dos espiões” que o Pedro me incentivou a escrever alguns apontamentos diários, génese da Oficina das Ideia. O meu amigo Pedro criou o blog Sintra-Gare.

Voltaremos um dia ao British Bar, não tenho qualquer dúvida.

sábado, outubro 16, 2004

arte xávega


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


O “até já!” do Fotógrafo

O Fotógrafo está de partida. Dentro de poucos dias atravessará o amplo mar azul que de uma forma ímpar une sentires e pensares, regressando ao seu torrão de origem, muito embora, seja sua intenção o breve regresso. Durante três semanas se manterá por terras lusas recuperando de uma maleita que o tem vindo a afligir.

O encontro com a Escritora no local habitual, aquele imaginado jardim sobranceiro ao mar é mais um pretexto para uma partilha de saberes, mas também de afectos. Desta vez não pela manhã cedo, mas ao entardecer. Largos meses caminharam juntos calçada acima, observando as gentes, sentindo os seus sentires.

Aperceberam-se do que pode acontecer em tão curto espaço de tempo a um Povo que tem esperança e a quem finalmente é dito que a vidraça já lá não está, que o futuro está em suas mãos, que os mais novos vão ter cada vez mais oportunidades de trabalhar, de viver.

_Antes que partas, meu amigo, quero mostrar-te algo cuja imagem te irá acompanhar até às terras do lado de lá.
_Sim? Que surpresa me reservas?
_Vou levar-te a conhecer este espaço único da cultura recifense, a Livraria da Cultura.

E lá se encaminharam para o Espaço Alfândega, fruto da recuperação urbanística da zona antiga da cidade do Recife, cada vez mais virada para o mar que outras gentes obrigou a que lhe virasse as costas, e que a nova gestão, o novo fôlego do Brasil, quer recuperar.

Entraram e o Fotógrafo ficou extasiado com a obra realizada. Na cultura de um Povo está efectivamente o seu futuro, a Esperança.

_Querido amigo, vejo quanto está a apreciar o que lhe vim mostrar, mas a surpresa ainda não é esta.
_Não me diga que há mais... já estou de alma cheia, sem dúvida...
_Então vamos subir ao terraço lá de cima...

Ao entrarem no terraço foi o encantamento. O magnífico pôr-do-sol mostrava-se em todo o seu esplendor. Esta imagem única, nunca mais o Fotógrafo poderia olvidar.

sexta-feira, outubro 15, 2004

transpraia


última viagem do transpraia em 2004

desafio

Este é o milésimo post da Oficina das Ideias.

O desafio, o mote, a inspiração foi lançado pela minha querida amiga Cathy, do Bailar das Letras:
Este tempo
despudorado
do relógio
caminha, pára
caminha
pára
paracaminha
caminha
pára...


Não resisti à tentação de lhe responder com este:

Suaves caminhos Este tempo percorre sem cessar
Na procura no sentir despudorado de teu corpo encontrar
Carícias ao compasso do relógio no seu ir e logo retornar
Por teu belo corpo caminha, pára minha boca ofegante
Quanto mais ela caminha em sentir delirante
Milhares de vezes pára em preito de amante
A simples expressão paracaminha de dúbio entendimento
Anima o romeiro que caminha no rumo do sentimento
Fica extasiado com o que vê... pára... para seus sentidos alimento


quinta-feira, outubro 14, 2004

rosa de outono


arriba fóssil da costa de caparica

A Arriba Fóssil, sobranceira às chamadas Terras da Costa é o mais característico elemento natural da região da Caparica. Trata-se de uma formação geológica invulgar, constituída por rochas sedimentares, possuindo as mais antigas cerca de 15 milhões de anos, com belas formas provocadas pela erosão, variegadas tonalidades ocre e as ravinas abundantes - boqueirões - coroadas de vegetação luxuriante. É o testemunho presente de uma época em que a linha da costa se situava mais para o interior. Actualmente e devido à acumulação de grandes quantidades de areia junto à Arriba, o mar já não a atinge, sendo por isso designada por Fóssil. Para defesa deste património natural único foi legalmente constituída em 1984 a designada Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica.

A importância geológica da Arriba Fóssil é justificada pelo facto de ser constituída por uma sucessão de estratos de rochas sedimentares, das mais importantes da Europa Ocidental, caracterizados por um imenso conteúdo fossilífero.

Para além das características geológicas, muitos outros factores contribuem para que seja considerada um dos principais pólos de interesse natural da região. Possui locais muito favoráveis para a alimentação, reprodução e repouso de aves de rapina, de entre as quais se destacam a águia-de-asa-redonda, o peneireiro-comum, o mocho-galego e a coruja-do-mato. A variedade da fauna é completada com outros animais, desde o rato do campo ao coelho, da perdiz ao pintassilgo. As matas da Arriba são um local privilegiado de passagem para as aves migratórias, sendo ainda de assinalar a presença de uma importante colónia de corvídeos, com relevo para as famílias de corvos comuns, caracteristicamente constituídas por três elementos. Pode-se igualmente observar e admirar na zona envolvente a Reserva Botânica da Mata Nacional dos Medos, também conhecida por Pinhal do Rei, o qual foi mandado semear pelo rei D. João V, com o objectivo de impedir a progressão das areias dunares para o interior.

No perímetro da Arriba Fóssil são visíveis os marcos com o símbolo da Casa de Palmela, ao longo da antiga estrada que o monarca utilizava nas suas deslocações de Lisboa para o Castelo de Palmela.

Neste importante espaço natural podemos encontrar, ainda, a Mata das Dunas da Costa de Caparica e Trafaria, na base da arriba, perfazendo com a Mata dos Medos, cerca de 600 ha. de área florestal que proporcionam bons momentos de repouso em contacto directo com a Natureza.


quarta-feira, outubro 13, 2004

uma flor que renasce


uma frase... muitos sentires

A minha amiga Alfonsina, de Caracas, na Venezuela, utiliza como complemento ao seu nick-name de contacto no Messenger do MSN uma frase, que traduz um pensamento, uma opinião, até mesmo um sentir do momento. É, sem dúvida, uma iniciativa interessante que complementa ou pode ser complementado com uma imagem de apresentação e que dá aso a uma interessante troca de comentários.

Por curiosidade, e com a devida permissão da autora, aqui partilho a frase que hoje consta do seu nick-name:

Si una flor se ha desvanecido, otras flores llegarán

Esta frase provocou nos seus leitores, com quem ela foi partilhada, as mais variadas reacções e opiniões e os mais diversos sentires. Mary, uma amiga comum, achou esta frase “tristonha, até mesmo melancólica”. Outros foram da opinião de que as flores seguintes “nunca serão como a primeira, aquela que se desvaneceu”.

Claro está, que aqui está implícita a ideia “do primeiro amor”, aquele em que não há outro como ele. Mas quantas vezes o primeiro amor não é mais do que o despertar para novos sentires, que carece de um maior amadurecimento. De qualquer forma, todas as interpretações são importantes pois elas contém as experiências de vida de cada um.

Uma visão mais dinâmica da vida, aceita de bom grado que nunca poderemos ficar com os nosso sentimentos apegados “ao que foi e podia não ter sido” ou “ao que poderia ter sido e não foi”. Essa visão dinâmica interpreta a citada frase como um eterno renovar, um necessário avançar.

Não quis deixar de expressar a minha opinião pessoal: “para mim é a renovação natural.... a esperança”, o que esta frase me faz sentir.

terça-feira, outubro 12, 2004

rosa bela


arte xávega na praia do sol

A Arte Xávega é uma arte piscatória praticada desde há muitos anos no mar fronteiro aos areais da Caparica, forma tradicional de arrasto para apanha de peixe miúdo, especialmente a sardinha, o carapau e a sarda. Muitas vezes do arrasto resulta também a captura de “tequinhas” de lulas sempre muito apreciadas.

A pesca de Arte Xávega, também conhecida na zona da Trafaria, Costa e Fonte da Telha por Arte Grande, é um método tradicional, praticado igualmente nas regiões de Aveiro, a norte, e de Vila Nova de Milfontes, a sul, que consiste no arrasto de redes lançadas a grande distância da orla marítima e que depois da embarcação regressar a terra são puxadas a braço e, nos tempos mais recentes, por tractores.

A Arte Xávega é somente praticada no Verão, daí ser considerada sazonal, época em que o mar é mais propicio à manobra das frágeis embarcações com que é praticada, sendo nas restantes épocas do ano substituída pela pesca com redes de Estremalho, redes que são lançadas pela madrugada de um dia e recolhidas no dia seguinte. Com a rede de Estremalho pesca-se, normalmente, robalo, linguado e outros peixes finos.

A actividade diária dos pescadores da Costa tem o seu início de madrugada, terminando à hora do pôr-do-sol quando o último peixe é escolhido para a venda na lota. Muitas vezes os populares ajudam ao puxar das redes para receberem a retribuição de algum peixe que virá a constituir a base da ceia do dia.

A companha de uma barco da Arte Xávega é constituída por cinco homens que no mar lançam a rede de cerco, enquanto em terra os restantes elementos se dedicam ao alar das redes; à limpeza soa barcos e à selecção do peixe. A tradição estabeleceu também os quinhões da safra diária que cabe a cada um dos elementos da companha de acordo com as suas tarefas.



segunda-feira, outubro 11, 2004

loiça regional


Olaria Carrilho Lopes - S. Pedro do Corval

imagens com memória

Do meu arquivo de fotografias a "preto e branco" selecionei e comentei imagens cuja memória desejo partilhar com quem visita a Oficina. Trata-se de uma outra forma de vasculhar o meu baú de recordações

Apetrechos de pesca



A pesca foi desde os tempos imemoriais um meio importante de subsistência, muito em especial, das populações implantadas junto à orla marítima ou nas margens dos cursos de água, rios ou ribeiros. Numa primeira fase, a simples recolha para alimentação própria e do núcleo familiar. Mais tarde, já numa economia de trocas, para trocar por outros bens necessários.

Esta actividade desenvolvida em estreito contacto com o ambiente natural foi durante muitos séculos uma actividade “amiga da Natureza”, em que eram utilizados aparelhos e métodos muito pouco agressivos e adequados as objectivos pretendidos.

Os covos e outros apetrechos semelhantes destinavam-se a capturar espécies piscatórias de uma forma que não prejudicavam a manutenção das espécies, quer pelas quantidades capturadas quer pelo método utilizado.

Hoje em dia, barcos de arrasto destrocem completamente os fundos do mar, destruindo a sua capacidade para alimentar os cardumes, provocando mesmo a sua destruição. É a ânsia desmedida do lucro por quem há muito já esqueceu a história da “Galinha dos Ovos de Oiro”.

Local: Peniche
Data: Anos 60 do Século passado

domingo, outubro 10, 2004

a magia do mar da caparica


espaço de poetar

Mar da Caparica

Mar de equinócio chega forte às praias da Caparica
Em explosões de prata, fantásticos sonhos, magia
Azul profundo fulge de luar e de esperança matizado
Molda em submersos continentes, palácios e castelos.

À sétima onda o mar ganha novas energias e saberes
Pulveriza o ar com milhões de salgadas gotículas de cristal
Por instantes, a calmaria de afectos seculares forjada
O espraiar das ondas no doirado areal que aguarda tal ternura.

No embalar das águas em ondulação suave e sincopada
As gaivotas há pouco chegadas à beira-mar se deliciam
Baloiçam quais folhas de nenúfar em lago plantadas
Despertam, saltitam, esvoaçam ao sobressalto da rebentação.

Este namoro antigo do mar com a doirada areia da Caparica
É cumplicidade alimentada pelo desejo do muito querer vivido
Em que o mar oferece conchas e milhões de grãos de areia
Recebe o afago de quem sempre prazenteiramente o acolhe.

sábado, outubro 09, 2004

flores do jardim do pinheirinho


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Uma lágrima furtiva

A cidade regressou ao seu ambiente normal. Muita agitação, muita azáfama, sentires próprios de um povo laborioso, mas a exaltação e a festa, agora que as eleições para a Prefeitura haviam sido concluídas, fazem parte do passado próximo. Exaltação que deu lugar à tranquilidade de quem sabe que tem o futuro nas suas mãos e que o “condutor” é a pessoa mais indicada, é pessoa de bem.

A Escritora mostrava-se animada não só pelos resultados das eleições para os quais tinha contribuído activamente, como também por ter visto reconhecido publicamente o projecto Artesanear, que continha muito da sua inspiração pessoal, muito embora os nomes referenciados tivessem sido, como muitas vezes acontece em situações semelhantes, os seus superiores hierárquicos.

O Fotógrafo, por seu lado, apresentava o semblante algo apreensivo.

_Então meu caro amigo, como está?
_Sinto-me bem, mas não estou bem, como muito bem a minha querida amiga sabe.

Era uma resposta recorrente que a Escritora já ouvira em outras ocasiões. Contudo, era uma resposta que emanava optimismo e que transformava qualquer sentimento de comiseração num hino à esperança. Veio à lembrança da Escritora aquela situação passada entre o Fotógrafo e uma sua amiga de longa data quando lhe comentava:

_Querido amigo, que doença grave se chegou a ti...
_Minha querida, antes a mim do que a ti própria...
_???
_Com a doença sei que eu próprio como lidar, temia que o mesmo não se passasse contigo...

Uma lágrima furtiva rolou-lhe pelo rosto. Sabor a sal quando lhe aflorou aos lábios. Depois o retomar da caminhada, pois o Fotógrafo já estava embrenhado no sentir do povão que caminhava matinalmente para os seus afazeres.

sexta-feira, outubro 08, 2004

beira-mar


che guevara morreu há 37 anos

Che Guevara morreu em 8 de Outubro de 1967. Transcrevo as últimas linhas do seu diário, referentes ao dia 7 de Outubro de 1967

Cumpriram-se os 11 meses da nossa inauguração guerrilheira sem complicações, bucólica; até às 12:30 horas em que uma anciã pastoreando as suas ovelhas entrou no vale em que havíamos acampado e houve que capturá-la. A mulher não deu nenhuma notícia fidedigna sobre os soldados, respondendo a tudo que não sabe, que há muito tempo que não vai por ali. Só deu informações sobre os caminhos; do resultado das informações da anciã, se depreende que estamos aproximadamente a uma légua de Higueras e outra de Jaguey e umas duas de Pucará. Às 17:30, Inti, Aniceto e Pablito foram a casa da anciã que tem uma filha prostrada e outra meio anã; deram-lhe 50 pesos com o encargo de que não dissesse nem uma só palavra, mas com poucas esperanças de que cumpra apesar das suas promessas.

Saímos os 17 com um fraco luar e a marcha foi muito fatigante e deixando muito rasto pelo vale onde estávamos, que não tem casas próximo, mas sim semeadores de batatas regadas por canais, do mesmo arroio. Às 2 paramos a descansar, pois já era inútil seguir avançando.

O Chino converte-se numa verdadeira carga quando há que caminhar de noite.

O exército deu uma estranha informação sobre a presença de 250 homens em Serrano para impedir a passagem dos cercados em número de 37 dando a zona do nosso refúgio entre o rio Acero e o Oro.

A notícia aprece diversionista. H – 2.000 ms


Diário de Che na Bolívia, 7 de Outubro de 1967

quinta-feira, outubro 07, 2004

junto ao céu


floriu uma rosa


No Outono floriu uma rosa no meu jardim.
O muito querer contrariou a Natureza.
Olhos de mel e lábios de carmim
Com tamanho esplendor e divinal beleza.


quarta-feira, outubro 06, 2004

uma flor para... a telma


uma mulher solidária - feliz aniversário

a minha opinião

Rússia aprova Protocolo de Quioto e isola os Estados Unidos

No passado dia 29 de Setembro a Rússia ratificou, finalmente, o Protocolo de Quioto, principal acordo para o controlo do aquecimento global do planeta Terra. Esta ratificação acontece após muitos avanços e recuos do governo russo, que tomou no decorrer do tempo as mais diversas posições sobre o assunto.

Pelo facto de a Rússia ter ratificado este protocolo, dá-se cumprimento à cláusula do Protocolo de Quioto que exige que um mínimo de 55 países signatários da Convenção do Clima “Eco-92” o façam e que inclua nessa ratificação países responsáveis por 55% das emissões poluentes. Desta forma, no prazo estabelecido de três meses o Protocolo de Quioto entrará em vigor.

Isolados ficam os Estados Unidos da América, que na perspectiva da não assinatura do protocolo por parte da Rússia mantinham o Mundo refém da sua decisão. Este país é responsável por 25% da poluição que está causando o aquecimento global do planeta Terra, dando primado ao lucro desmedido em detrimento de uma política de defesa colectiva do planeta.

Os Estados Unidos da América praticam um autêntico terrorismo de lesa Humanidade.

Na minha opinião, esta iniciativa mostra bem a necessidade que os povos têm de não vergar a sua espinha dorsal às exigências dos Estados Unidos e como isso é possível de realizar. Os governos, os povos de todo o Mundo têm o dever e a obrigação de uma vez por todas apontarem o dedo para origem dos grandes males que afectam os seres humanos mais desprotegidos e sofredores.

terça-feira, outubro 05, 2004

pescaria


a agenda de joão paulo

Acompanhei muito de perto as eleições municipais realizadas no Brasil por diversas razões, especialmente afectivas mas, igualmente, não o vou negar, por motivos políticos. Sei bem quanto importante é o resultado destas eleições para a continuidade de um sonho de progresso, de desenvolvimento e de globalização da solidariedade.

Por motivos afectivos também. Conheci neste mais de um ano de permanência na blogoesfera imensas pessoas com grande empenhamento de cidadania, sem preocupações de maior delas me aproximar por razões partidárias, mais pelo seu empenhamento na defesa de valores profundos, pela sua afectividade e empenhamento social.

Tomei boa nota dos resultados desta primeira volta em que ficaram decididas as eleições em 11 das 26 capitais. Os pormenores já estão disponíveis no Traduzir-se..., da minha querida amiga LuaLil, que aliás teve o cuidado e o carinho de me comunicar os resultados do seu Recife “em cima da hora”, via telefone a partir da espectacular festa que teve lugar no marco zero da capital pernambucana.

Este meu interesse pelo acto eleitoral municipal do Brasil deve-se também à importância pessoal que dou à política local, às autarquias, à política de proximidade, ao Poder Local. Grande conquista do glorioso 25 de Abril de 1974, em Portugal, o Poder Local democrático demonstra bem como é possível gerir políticas sociais na defesa das populações mesmo em períodos de grande aperto financeiro.

Fruto deste interesse, consultei diversos sites brasileiros dedicados à política local. Deparei, então, com um facto espectacular. Na consulta à página da Prefeitura de Recife, Prefeito João Paulo reeleito já na primeira volta fui agradavelmente surpreendido com a Agenda do Prefeito.

Com a maior clareza e transparência ali está, preto no branco, a programação do dia de trabalho do Prefeito. Os analistas poderão facilmente avaliar quais as preocupações diárias do Prefeito e o encaminhamento que ele está a dar aos diversos dossiers. Espantoso!

Os actuais governantes portugueses, governantes de aviário, oportunistas, carreirista e sem consistência nas suas decisões, que nada fazem para que o “Estado seja uma pessoa de bem”, que nunca respondem às mais simples e justas interrogações do Povo, alguma vez poderiam apresentar a sua “agenda diária”?

segunda-feira, outubro 04, 2004

gaivotas


imagens com memória

Do meu arquivo de fotografias a "preto e branco" selecionei e comentei imagens cuja memória desejo partilhar com quem visita a Oficina. Trata-se de uma outra forma de vasculhar o meu baú de recordações


Descarregar peixe



O mercado do peixe, no Cais do Sodré, em Lisboa, situado à beira do Rio Tejo, era ponto de chegada e de partida de pequenas embarcações carregadas de caixotes de peixe capturado durante a noite pelas traineiras que desenvolviam a sua faina na quebra do mar e que no madrugar as enviavam para o mercado.

As frágeis barcaças vinham rio acima, encostavam ao paredão marginal, e aí, à força de braços eram descarregadas, para serem depois vendidas na lota logo ao alvorecer, aos contratadores que aí se juntavam.

O esforço físico, quer na faina da pesca, quer no transporte e descarregar do peixe no mercado, raramente era financeiramente compensador, pois os contratadores estipulavam os preços a seu belo prazer e quando a “coisa” não lhes agradava simplesmente não compravam, forçando a que o peixe fosse para a vala e com ele o sonho e a subsistência dos pescadores.

Muitas vezes o ganho para o sustento das famílias era conseguido pela venda de tequinhas de peixe fino a particulares ou para os restaurantes, sempre feita de forma dissimulada para evitar represálias dos contratadores.

Naqueles tempos, como agora, pese a evolução social e tecnológica a cupidez do lucro dominava o esforço de quem trabalhava para viver, melhor, para sobreviver.

Local: Cais da Ribeira, Lisboa
Data: Anos 60 do século passado



domingo, outubro 03, 2004

recife em linha

João Paulo eleito prefeito de Recife (Pernambuco)

João Paulo tem sido o grande impulsionador da política social no Recife, com destaque para o trabalho de formação sanitária com incid~encia na população mais jovem.

flores vermelhas


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Um dia muito especial

A animação não é do Carnaval, não é do frevo, ou da Skol geladinha. É animação genuína de um Povo vibrantes que ao ser-lhe mostrado que a “vidraça” já lá não estava, que as decisões estavam em suas mãos, resolveu descer às ruas, usar o poder do seu voto e decidir quem são os autarcas, Prefeito, vice-Prefeito e vereadores que irão conduzir os destinos da sua cidade.

É todo este movimento, esta animação, que o Fotógrafo encontra quando na manhã de hoje saiu à rua e encetou percorrer a calçada acima. A Escritora já lhe fora dizendo algum tempo antes:

_Caro Fotógrafo, no sábado e domingo não conte com a minha companhia. Sábado tenho uma carreata que vai ser o máximo. Vamos para a rua fazer os últimos apelos ao voto no João Paulo...
_Claro que no domingo é a votação e toda a festa que isso vai representar.
_Você me entende perfeitamente. Vou sair à rua toda vestida de vermelho, ahahah... Até no chapéu de palha levarei desenhada uma estrela vermelha.

É neste ambiente de festa que o Fotógrafo encontra as calçadas do Recife. Com ansiedade procura entre os milhares de rostos que consigo se cruzam o incomparável sorriso da Escritora. Mas tal se torna numa missão impossível..

O Fotógrafo vai caminhando calçada acima e recorda o que a escritora lhe havia referido sobre este acto eleitoral para Prefeitos. Centro e trinta milhões de eleitores vão utilizar os métodos mais sofisticados e tecnologicamente avançados para realizarem este seu acto cívico. Pouco tempo depois de as urnas serem encerradas os resultados poderão ser conhecidos.

Neste entusiasmo popular de votar, de fazer a sua escolha, o Fotógrafo recorda o entusiasmo das primeiras eleições livres em Portugal após o 25 de Abril. Quanta esperança o Povo colocou neste acontecimento...

sábado, outubro 02, 2004

mar tranquilo


quinze meses na blogoesfera

O tempo que passa foge por entre os dedos como se de areia da praia se tratasse. Quinze meses já passaram desde a primeira aparição de um post elaborado nesta Oficina. Incentivado pelo João Carvalho Fernandes, do Fumaças, a transformar-me em blogueiro, usando da embalagem na escrita que o Pedro Gomes, mais tarde também ele lançado nestas lides blogueiras com o Sintra-Gare, me havia incutido com um desafio de “cronicar” entrei neste mundo da blogoesfera. O João Tunes, companheiro da solidariedade activa, avançou também com o Bota Acima e, recentemente, com o Água Lisa.

O tempo, esse passou sem que de tal nos apercebêssemos. Tempo de uma riqueza ímpar, com o fomento de amizades firmes, de entrega e de reconhecimento mútuo, de construção. Quando 2004 estiver nas despedidas e 2005 já nos acenar com as boas vindas esta Oficina ira relembrar todos esses operários e operárias das letras e dos afectos que nos têm vindo a acompanhar, a inspirar, a mimar com uma mão cheia de ternura e de afecto.

O projecto do “Ideotário”, detentor dos direitos da Oficina das Ideias e do Olho de Lince, recebeu até final de Setembro cerca de 23.700 visitas, tendo no decorrer deste mesmo mês recebido 100 comentários de 26 comentadores diferentes.

No mês de Setembro foram publicados 58 novos posts num total de 969 desde Julho de 2003. Já fazem parte da Oficina das Ideias mais de 380 fotografias originais, algumas obtidas especialmente para o blog.

Consideramos de grande importância os comentários que os nossos visitantes deixam nos diversos posts pelo enriquecimento que dão aos mesmos e pelas orientações e indicações no sentido da melhoria dos conteúdos e da apresentação.

Mas não só de blogueiros são os comentários e muitos recebemos por vias diferentes da caixa de comentários. Quero referir publicamente o carinho com que, eu diria diariamente, a minha amiga Alfonsina, com residência da Venezuela, comenta, incentiva e inspira este trabalho e a forma como tem divulgado a nível mundial as fotografias que a Oficina publica regularmente.

Visitamos com regularidade os blogs que fazem parte da lista dos nossos indicadores de endereços, onde deixamos os comentários que nos parecem pertinentes. Não o fazemos, contudo, com a frequência que desejaríamos mas o tempo disponível vai sendo cada vez menos, atendendo à pesquisa e investigação a que somos forçados para conseguir manter um nível mínimo de qualidade.


QUADRO DE HONRA

Francisco Nunes, do Planície Heróica
António Dias
LuaLil, do Traduzir-se...
Nikonman, do Praça da República em Beja
São, do EspectacológicaS
Rogério Simões, do Poemas de Amor e Dor
Franco Atirador, do Gata Chalupa
Cathy, do Bailar das Letras
pp, do PurPrazer
Finuras, do Blogue do Cagalhoun *
Ana, do Lua
Lila
Ermelinda, do O Sabor das Palavras
Yonara, do Templo de Hecate
Gotinha, do BloGotinha
Margarida A., do Vemos Ouvimos e Lemos
Fernando, do Fraternidade
Eduardo, do Bloguices
Sónia, do ao_Sul
Amita, do Branco e Preto *
Pedro, do Sintra-Gare
Monalisa, do Sítio da Saudade
Laryssa, do Expressões e Ideias *
Whiteball, do Mocho
João, do Água Lisa
Deméter, do Segredos de Deméter

(*) nova entrada nos “indicadores de endereços”

A Todos o meu MUITO OBRIGADO

sexta-feira, outubro 01, 2004

arte xávega


em setembro de 2004 a oficina das ideias publicou:

Textos
Dia 1 – Em Agosto de 2004 a Oficina das Ideias publicou
Dia 2 – Catorze meses na Blogoesfera
Dia 3 – Vencer a Dor [espaço de poetar]
Dia 4 – Lutar pela Vitória [sentir o povo que vive]
Dia 5 – Uma escolha difícil [a arte de viver]
Dia 6 – Na Feira [imagens com memória]
Dia 7 – Grito do Ipiranga
Dia 8 – A praia de Setembro na Caparica é assim: tranquila!
Dia 9 – Curiosidade que veio de longe [coleccionar... pacotes de açúcar]
Dia 10 – Demita-se senhor ministro [a minha opinião]
Dia 11 – A luta que temos entre mãos [sentir o povo que vive]
Dia 12 – da Serra de Sintra até ao Cabo Espichel... sem sair da Mata dos Medos [caminhando se faz caminho]
Dia 13 – Sombras [imagens com memória]
Dia 14 – O Banheiro Tarzan
Dia 15 – O pequenino morcego
Dia 16 – Timor Loro Sae [poema]
Dia 17 – Um exercício de escrita
Dia 18 – Sorrir tranquilamente [sentir o povo que vive]
Dia 19 – Ir à Costa de Caparica ver o pôr-do-sol [caminhando se faz caminho]
Dia 20 – O rapaz do bombo [imagens com memória]
Dia 21 – Tulipa Negra
Dia 22 – Equinócio de Outono
Dia 23 – Dia sem carros, onde?
Dia 24 – As rolas turcas
Dia 25 – A Primavera já chegou [sentir o povo que vive]
Dia 26 – Gaivotas, gaivotas
Dia 27 – Bailado [imagens com memória]
Dia 28 – Textos dispersos
Dia 29 – Em Julho de 2003 Machado de Assis “inspirou” este espaço da blogoesfera
Dia 30 – O Paralelepípedo [poema]

Uma flor para...
Dia 3 - ... a Jacky, pela aniversário do seu blog
Dia 9 – ... a Lila, que a descobriu
Dia 22 - ... o Pedro, pelo seu aniversário
Dia 24 - ... a Joana, barbaramente assassinada
Dia 29 - ... a Claudinha, pelo seu primeiro aninho

Imagens
Dia 1 – Momento Mágico
Dia 2 – A magia do moleiro
Dia 4 – O Sol que gira
Dia 5 – Apanha da conquilha na Praia do Sol
Dia 6 - Flores do jardim do Pinheirinho
Dia 7 – Este mar azul que nos une
Dia 8 – Flores do jardim do Pinheirinho
Dia 10 – Abstracção
Dia 11 – Quatro das sete ondas
Dia 13 – Poner del Sol
Dia 15 – Grafismo
Dia 16 – Pilrito
Dia 17 – Flores do jardim do Pinheirinho
Dia 18 – Hoje vi assim o Pôr-do-Sol
Dia 20 – Flores do jardim de Valle do Rosal
Dia 21 – Flores do jardim do Pinheirinho
Dia 23 – Outono
Dia 25 – Flores do jardim do Pinheirinho
Dia 26 – Flores do jardim de Valle do Rosal
Dia 27– Conchinhas da Praia do Sol; Lua do mês de Setembro
Dia 28 – Apanha da conquilha na Praia do Sol
Dia 30 – Conquilhas da Praia do Sol

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