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domingo, dezembro 31, 2006

feliz ano novo


a fada da primavera anunciada
uma flor e uma vela em "mar" azul
felicidades para 2007

esse instante de um suspiro

É um momento do tempo
É o tempo de um suspiro
Um século?
Um ano?
Um segundo?

Um instante!

Tua ausência
Num instante
São séculos
De solidão
No meio da multidão
Com música
Dança
Fartura
Muito fogo de artifício

Tua imagem fugaz
Não é mais do que o desejo
O sonho
O querer
Desejo de que esse instante
Não seja segundo
Nem ano
Nem século
Seja somente um suspiro
Um momento do tempo
Desmediável!

sábado, dezembro 30, 2006

mil cores, energia


nos raios de sol encontro
mil cores de afecto
energia e vida

as rolas turcas

São minhas companheiras todas as madrugadas, quando na caminhada diária de passeio da minha cadelinha percorro pouco mais de um quilómetro pelas ruas e veredas de Valle do Rosal. Estou a falar das rolas, rolas turcas como lhes chamam por cá, por ser a partir da Turquia que iniciaram há anos a migração para terras de Portugal, particularmente para esta zona da Caparica, desde a orla marítima até aos arvoredos da Mata dos Medos.

Embora nos primeiros tempos seguissem os caminhos normais das migrações de aves, com a vinda para cá e o regresso aos lugares de origem meses mais tarde, estou em crer que tal como acontece com o ser humano quando se sente bem numa terra de acolhimento, também as rolas, as rolas turcas, acabaram por se fixar definitivamente.

Relativamente às rolas autóctones, são de maior dimensão e distinguem-se, especialmente, pelo arrolhar muito característico, muito mais forte e musical, com fortes requebros que dão musicalidade ao ambiente quando iniciam o seu voo.

São aves bastante afoitas no relacionamento com o ser humano, voando normalmente em casais, em voo alegre embora sublinhado com um cantar algo nostálgico, a recordar quão longe estão da sua terra de origem.

A cada ano que passa, procriando num ambiente natural que lhes é propício, as rolas turcas aumentam a dimensão da sua colónia, poisando nos fios de transporte de electricidade e no alto dos pinheiros bravos dando um novo encantamento aos locais que elegeram para viver.

Ainda hoje, a meio da tarde, quando o calor se fazia sentir em toda a sua intensidade, vinda sei lá de onde algumas rolas turcas se acolheram à sombra de um pinheiro aqui nascido há mais de 20 anos, hoje adulto e protector de muitas aves.

E lá cantaram uma canção arrastada, nostálgica mas de enorme musicalidade...

sexta-feira, dezembro 29, 2006

vereda de cor


numa vereda de cor
caminhamos rumo à esperança
do tempo que se renova

embriaguez

Já há muito os vapores do álcool
Invadiram minha mente.

O corpo pende sobre a mesa.

Os olhos fixam o infinito
Procuram lá longe onde o pensamento alcança
Aquela réstia cor de esperança
Aquele ser sem igual
Aquela sonhada menina
Corpo de mulher.

Mulher de gestos meigos
De falar onde a ternura comunica o íntimo sentir.

O sol radiosa luz de cor sem par
Desliza docemente por meu rosto
Marcado do sofrer
Do muito querer
Da vaga ilusão do amor.

Na luta contra si próprio
Contra o mundo
Que é preconceito
O amor é vencido
Vencido temporariamente
Porque no tempo, no provir
O muito querer que é por vezes solidão
Fortalece o íntimo do meu ser
Sentimentos, querer de total entrega.

Sonho...
... a doce menina
Que em meus braços sente terno enleio
Bater compassado de corações
Que o mesmo dizem
Que tudo transmitem
Do muito sentir
Será um dia... (quando?)
Quando for!
A meiga companheira.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

uma flor para... a alfonsina


para as terras do tão longe
vão os desejos de muitas felicidades
querida amiga Alay


"Rosa Azul", dos jardins do Pinheirinho, Charneca de Caparica, Portugal

segredos guardados no rio

O rio guarda os segredos da profunda paixão do velho Marinheiro, barba branca e cabelo desgrenhado, pela mais bela Ninfa do Tejo, olhos profundos e sorriso doce


Vermelha Romã

O velho Marinheiro tem o sentimento, criado na longa vivência de coragem e muito querer que a vida do mar lhe ensinou, que há sempre uma nova oportunidade para quem luta denodadamente por um sonho que muito deseja ver realizado. Sabe, o tempo lhe ensinou, que toda a utopia pode um dia ser transformada em realidade pela força da vontade de transformação e de mudança.

O imobilismo nunca fez parte dos seus valores. O seu corpo e o seu sentir resultam de uma total entrega ao “mar com quem se confunde”. Foi esse o acordo há muito estabelecido nos tempos de navegar. Tal como as ondas, também a vida tem fluxos e refluxos. Tal como as marés, também a vida pode ser cheia de realização... ou vaza de concretização.

Mas existe sempre uma nova oportunidade...

O velho Marinheiro continua a desejar a presença, o conforto, a palavra amiga da mais bela Ninfa do Tejo. A mesma que um dia o encantou: “...e que vontade é esta que tenho de tentar saltar para dentro das tuas visões fixadas na tela... será o querer sair desta realidade? Provavelmente...”.

Sabia bem que dentro das suas visões a mais bela Ninfa do Tejo muito o enriqueceria na passagem pelas terras da magia, onde o mar beija ternamente as doiradas areias e se espraia numa carícia sensual, em acto de amor sentido.

Do bornal colocado à tiracolo retirou o velho Marinheiro uma romã avermelhada, fruto de reis e de princesas, fruto das moiras encantadas. Acariciou-a com mãos calejadas do tempo de marear, fê-la brilhar à intensa luz solar que se coava através das nuvens ligeiras. Uma deliciosa maçã de Roma que ofereceu à mais bela Ninfa do Tejo que dele se havia abeirado quando, debruçado sobre o rio, procurava o seu encontro.

“_Hummmm, acho que meti na cabeça que não gostava de romãs... por ficar com as mãos sujas [da casca]... mas assim com este aspecto de bagos vermelhos... até fiquei com água na boca!”

O velho Marinheiro sorriu... Sentiu o seu coração a vibrar quando vislumbrou uma réstia de felicidade no olhar doce e profundo da mais bela Ninfa do Tejo. Sabia-a pertença do Rio, mas sentiu infinitamente ser capaz de dar a sua própria vida pela felicidade dessa mágica mulher.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

aldraba de prata


quantas vezes este batente
sinalizou uma boa nova
outras tantas, triste notícia


"Batente" de porta em Vila Real de Santo António, Algarve, Portugal

homenagem ao escritor desconhecido

Budapeste é a mais bela cidade do Danúbio (…) com uma densidade e uma vitalidade que faz frente à sua rival, Viena, escreveu Cláudio Magris.

Devido à sua história que a liga à capital austríaca ou à geografia que a faz partilhar com a Croácia a grande planície da Panónia, a Hungria parece ser o mais danubieno país da Europa central. Se os rios têm alma, a do Danúbio é, sem dúvida, magiar.

Mais ainda do que a Áustria, tornando-a sombra de si mesmo, a Hungria é, com efeito, impregnada pela civilização danubiana, com sua nostalgia dos tempos passados, anteriores aos tratados de Paz, que celebraram o fim do Império Austrohúngaro e o desmembramento da Hungria.

Foi um húngaro, o barão Miklos Wesselenyi, que imaginou dois dos mais belos sonhos à volta da velha ideia duma federação danubiana: o de uma confederação germano-magiar-eslavo-latina, que enunciou em 1842 e a de uma república federal do Danúbio, aberta a todas as nacionalidades, cuja proposta apresentou em 1949.

A verdadeira amante do Danúbio é a cidade de Budapeste, onde aquele assume o nome de Duna, com quem mantém um casamento tão perfeito como o Sena com Paris. A capital húngara é a única cidade que recebe o Danúbio com todo o seu vigor e nobreza. A única que nele se contempla sem complexos e que lhe oferece pontes com histórias inolvidáveis e cais admiráveis.

Todos os grandes hotéis estão implantados ao longo desta perspectiva fluvial. Mesmo o célebre estabelecimento termal Gellert que prefere colocar as suas cadeiras bem longe das margens do rio não pode evitar de abrir as suas pomposas janelas para este maravilhoso panorama.

A forma de melhor apreciar toda a beleza do Danúbio à passagem por Budapeste é subir até Buda e escolher um dos seus miradouros: a Cidadela, o Castelo ou o inacreditável Bastião dos Pescadores, uma muralha em pedra digna de receber o Romeu e Julieta.

Em Budapeste, o turista, grande consumidor de monumentos, passará por todos os estilos, desde o gótico ao neo-mourisco, mas demorará algum tempo a apreciar o indescritível Parlamento, um autêntico desvario de torres e campanários e um delírio de torreões muito floreados, mesmo à beira do Danúbio.

É necessário observá-lo, pelo menos uma vez, a emergir da bruma matinal para apreciar toda a sua extravagante beleza.

Os viajantes apaixonados e românticos procurarão as margens do rio e a Ilha de Margarida. Preservada ao trânsito automóvel, ela oferece relvados, matas, terraços, piscinas, mas também uma estátua… de um Anónimo, autor da primeira história do país.

Uma cidade capaz de homenagear não o soldado mas o escritor desconhecido, não é uma cidade coma as outras.

Talvez seja por isso que foi a única cidade capaz de compreender e de subjugar o rio impetuoso, para merecer a reputação de “rainha do Danúbio”.

terça-feira, dezembro 26, 2006

estado de espírito


quantas nezes a Natureza
está atenta ao nosso estado de espírito
e connosco sofre

muito só e a multidão

Multidão
Gente que passa
Apressada
Agitada
Escada rolante
Duas sobem
Uma desce
Sem destino
Sem parar
Movimento
Em espiral.

Solidão
Estático e ausente
Espera
Melancolia
O movimento é cortina
Que encobre
O pensamento
O sentir
Desespero
Da espera
Ausência.

Desencontro?
Afastamento?
Dúvida presente
No caminho
Da vida
Desmente
Depois da bonança
A tempestade
Depois da vida
A morte
Inexistente.

Um dia
No navegar
Mar adentro
O velho Marinheiro
Enfrentou
A tempestade
A borrasca
O mar
Foi seu amigo
Sobreviveu
“Meu Marinheiro!”

A mais bela
Ninfa do Tejo
Deu-lhe a mão e sorriu
“Meu querido!”
O tempo fugiu
O mar recuou
Veio a bonança
Tranquilidade
Temperança
Bem estar
Bem querer
Luminosidade

Mas no refluxo
Do tempo
E da vida
A mais bela Ninfa
Pertença do Rio
Se afastou
Mergulhou
Nas profundas
Águas do sentir
Deixou imagem
De luz e de cor

Ali se queda solitário
Com tanta luz
Tanta cor
Tanta gente
Multidão
Na procura
Da imagem
Da bela Ninfa do Tejo
Duas sobem
Uma desce
Onde estás? Minha querida...

segunda-feira, dezembro 25, 2006

uma flor para... a adosinda


neste dia bonito te desejo
muitas felicidades e venturas
este ano mais rica com a pequena Filipa


"Rosa Doçura", dos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Portugal

festas felizes


neste dia de renovação e renascimento
desejo a tod@s @s amig@s felicidades
caminhar de esperança para a luz


imagem obrida no estúdio "Oficina das Ideias"

o mistério e a fantasia

Mitos e lendas, ou simplesmente uma curiosidade, a que o Povo dá dimensão de universal sentir e a Ciência procura a explicação que nem sempre é conseguida


Uma hipótese da origem do Natal

Logo após o Equinócio do Outono, em que a duração do dia é igual à duração da noite, está última começa a ganhar terreno rapidamente. Os dias vão sendo cada vez mais curtos e as noites mais longas. Os antigos Povos do norte da Europa, não tendo explicação para o que acontece, temiam que a escuridão vencesse definitivamente a luz do dia, transformando o Mundo num espaço terrível sem luz nem calor.

Recorriam, então, a um ritual mágico para afastarem a ameaça, donde fazia parte decoravam os lares com azevinho, hera, visco, lauréis e outras sempre-vivas, pois estas plantas pareciam ter a capacidade sobrenatural de sobreviver a todas as desgraças. Velas e fogueiras eram acendidas na tentativa de ressuscitar o sol moribundo.

Na Mesopotâmia, onde muitas civilizações posteriores se inspiraram, chamada por essa razão “mãe da civilização”, inspirou-se a cultura de muitos povos, como os gregos, que assumiram muitas das celebrações tias como a luta de Zeus contra o titã Cronos. Mais tarde, através da Grécia, o costume chegou aos romanos, sendo absorvido pelas festividades chamadas Saturnais (em homenagem a Saturno).

Estas festividades de Inverno começavam em 17 de Dezembro e durava até o dia 24 do mesmo mês. Outros afirmam que se prolongavam até a 1 de Janeiro. A vida transformava-se em confusão nessa época, as pessoas deixavam as ocupações sérias, e, quando não estavam festejando na casa uns dos outros, deambulavam pelas ruas dizendo uns aos outros: “Io Saturnalia”, assim como dizemos hoje: “Feliz Natal”.

À época os romanos enviavam presentes aos familiares e amigos, acompanhados de um papel com versos curtos, imaginando dar assim um cunho mais erudito numa época em que se vivia pleno deboche. Aliás, muitos desses versos eram flagrantemente imorais apelando ao erotismo.

Mal terminavam as Saturnais, os romanos celebravam a festividade de Ano Novo, as Festas das Calendas, em autêntica folia geral, havendo um dia reservado para a adoração do Sol, cujo aparente renascimento no Solstício de Inverno fornecera originalmente a desculpa para todas estas desregradas festanças pagãs. O dia de adoração do Sol cai agora, feitas as adaptações dos calendários, no actual Dia de Natal.

O cristianismo recuperou tardiamente este Dia do Nascimento do Sol Invicto como Dia de Natal, dia do nascimento, dia do nascimento de Jesus. O actual Dia de Natal resulta, pois, da fusão das actividades populares quer dos Povos do Norte da Europa, quer da antiga Roma.

A Igreja primitiva travou uma verdadeira batalha contra as Saturnais e as Calendas - estas realizadas quando o ano mudava e durante as quais se trocavam presentes como ritual. Os pais da Igreja, nomeadamente São João Crisóstomo, não apoiavam a transigência com o paganismo. Contudo, na dúvida da data exacta do nascimento de Jesus não hesitaram em utilizar a data dos Saturnais. Assim, a simbologia do renascimento do Sol tornou-se na do nascimento de Jesus Cristo.
Apenas após a cristianização do Império Romano, o 25 de Dezembro passou a ser a celebração do nascimento de Cristo. Conta a Bíblia que um anjo, ao visitar Maria, disse que ela daria a luz ao filho de Deus e que seu nome seria Jesus. Quando Maria estava prestes a ter o bebé, o casal viajou de Nazaré, onde viviam, para Belém a fim de realizar um recenseamento solicitado pelo imperador, chegando na cidade na noite de Natal. Como não encontraram nenhum lugar com vagas para passar a noite, eles tiveram de ficar no estábulo de uma estalagem. E ali mesmo, entre bois e cabras, Jesus nasceu, sendo enrolado com panos e deitado numa manjedoura, usada para alimentar os animais.
Natal é uma adaptação católica de antigas festas pagãs. Estas festas eram promovidas por culturas ancestrais para comemorar o Solstício de Inverno e trazer boa sorte na agricultura.
O Solstício de Inverno é a noite mais longa do hemisfério norte, e acontece no final de Dezembro. Depois do Solstício, o sol vai gradualmente aumentando o seu tempo de exposição no céu. A celebração do Solstício é atribuída a épocas anteriores ao nascimento de Cristo. Na antiguidade, significava uma mudança das trevas para a luz - o renascimento do Sol.

Até aos primeiros três séculos da era cristã, a humanidade não celebrava o Natal como conhecemos hoje. Foi preciso que o Império Romano adoptasse o cristianismo como religião oficial, no século IV. A partir desse momento, a Igreja passou a conferir significados católicos para as tradições e os simbolismos pagãos. Foi a apropriação destes cultos que acabou por criar o Natal, com a data de nascimento de Cristo sendo celebrada no dia 25 de Dezembro.

domingo, dezembro 24, 2006

dão cor à invernia


dão cor e beleza
aos dias frios de Inverno
anunciam tempos de renovação


"Estrelas de Natal", dos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Portugal

o menino que viu a esperança nas estrelas

A minha Querida Amiga Maçã de Junho partilhou connosco uma imagem e teve uma ideia!!!! Aqui na Oficina (que é igualmente das Ideias) o escriba de serviço elaborou um singelo conto.

Este conto fruto de uma parceria amiga serviu de mote a um apelo que já chegou a centenas de famílias: “Na Noite de Natal leiam um conto aos vossos filhos, aos vossos netos, aos meninos da rua!”

Duas revistas, da CURPIC (uma Comissão Unitária de Reformados e Pensionistas) com 1.500 exemplares, e da Junta de Freguesia de Charneca de Caparica, com 15.000 exemplares decidiram publicá-lo.

Agora, com um agradecimento sentido à Querida Maçã de Junho, aqui o partilhamos com o desejo de um Natal Solidário para todos.



O Menino Esperança

Nariz e mãos espalmadas na vidraça da montra da loja, olhos extasiados de encantamento, o menino deslumbrava-se com tamanha luminária como os seus olhos muito negros jamais haviam visto.

Dera alguns passos na direcção do desconhecido, saiu de onde nunca tinha saído, chegou onde jamais houvera chegado. O menino do bairro negro tomara coragem para vencer os seus próprios limites e ali estava vivendo uma aventura que nunca pensara lhe acontecesse.

No bairro negro, nome que lhe fora dado pelos populares porque a luz nunca lá entrara e, agora, em plena invernia ainda menos, nem a televisão alguma vez fora vista pelos olhos muito grandes do menino.

O que os seus olhos já viram foram terríveis armas que quando utilizadas deixavam marcas nos corpos e nas almas. Viram ambulâncias com luzes azuis horríveis que iam buscar algum dos seus vizinhos mais velhos. Viram sofrimento, tanto sofrimento que o menino sempre pensou ser essa a forma normal de viver.

Agora ali na montra da loja viu muita luz e muita cor, viu figuras ternas em barro esculpidas, viu o menino Jesus, e recordou que há tempos que agora lhe pareciam uma eternidade a sua mãe assim lhe chamara num momento de maior carinho.

Os seus olhos fixaram-se, abertos de espanto, num pequeno frasco de vidro de onde se libertavam centenas de estrelinhas multicoloridas... Era o próprio sonho que se tornava realidade. E viu a Esperança...



O Mundo pode ser muito melhor se tivermos a coragem de dar um passo curto que seja mas na direcção certa.

Ideia e Imagem: MLC (Maçã de Junho) Texto: Victor Reis

sábado, dezembro 23, 2006

pulo do lobo


água vinda do longe
em leito tortuoso
encantamento no "pulo do lobo"


"Pulo do Lobo", rio Guadiana, Alentejo Interior, Portugal

ao mundo que já não entende o amor

Cabeça pousada
Entre as mãos
Olhos fixos no infinito
Cotovelos
Sobre a pedra fria da mesa
Pensamento vagueando
Nas terras do longe
Ma busca de uma imagem
Que se nega
Tornar realidade.

Os dedos tamborilam
No tampo de pedra
De tantos sonhos reflexo
Marcando ritmo
De descontrolada emoção
Enquanto vai bebendo
O negro café
Companheiro fiel
Dos momentos de tristeza
De solidão.

O fumo
Torna-lhe os olhos brilhante
Não de lágrimas
Justificação fácil
Para ocultar sentimentos
Ao Mundo
Que já não entende o amor
Ao Mundo
Que o amor nunca aceitou
Pelo que de sonho
Contém.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

redes coloridas


redes coloridas, decoração
das artes piscatórias
na costa portuguesa


covos de pesca na doca de Sesimbra

o mistério e a fantasia

Mitos e lendas, ou simplesmente uma curiosidade, a que o Povo dá dimensão de universal sentir e a Ciência procura a explicação que nem sempre é conseguida


Solstício de Inverno

Às 00 horas e 22 minutos de hoje começou o Inverno, coincidência astronómica com o Solstício de Inverno. O Solstício de Inverno marca a noite mais longa do ano no hemisfério Norte. Depois de se atingir o apogeu da noite inicia-se a decadência da escuridão, no caminho da luz, neste constante bascular do Universo.

As culturas europeias de época neolítica atribuíam grande importância a estas alterações nos ciclos do percurso do Universo, dedicando-lhes muitas construções megalíticas, ainda hoje discutindo-se se se tratavam de santuários ou de observatórios astronómicos. Ou de ambas as coisas em simultâneo. Quando tivemos oportunidade de visitar Stonehenge sentimos bem a força telúrica que emana deste monumento megalítico e todo o respirar esotérico.

A Primavera irá retornar em breve. Com ela virão os resultados do Solstício de Inverno, da união entre o masculino Sol e a feminina Lua, no esplendor do renascimento e da preservação da vida.

Os antigos ignoravam que existisse uma parte da Terra onde houvesse o Verão enquanto os europeus e asiáticos viviam o Inverno. Julgavam que o Solstício de Inverno marcava a época da mais longa noite para a Terra inteira.

Os ciclos solares eram então considerados uniformemente para todo o planeta Terra, o que dele se conhecia à época, pelo que consideravam o nascimento do deus Sol quando os dias começavam a crescer (Solstício de Inverno). A sua juventude era marcada pelo Equinócio da Primavera. O deus Sol atingia toda a sua força e pujança no Solstício de Verão, entrando depois na sua regressão de vida no Equinócio de Outono.

Entre os povos do Oriente, o sol nascente era representado por um menino no colo de uma Virgem celeste, sua mãe. Os egípcios, em especial, celebravam todos os anos, no Solstício de inverno, o nascimento do pequeno Horus, filho da virgem Isis, e sua imagem era exposta, num presépio à adoração do povo.

Foi no Império Romano que o Solstício passou a ser considerado em data fixa, tendo sido feito coincidir com o nascimento do “salvador da humanidade”, filho de Deus, e já não filho do Sol como as civilizações mais antigas consideravam. No ano 336 da nossa era, o imperador romano Constantino I, anunciou aos povos do Império, no decorrer dos festejos do Solstício da Luz, a nova religião, refazendo a história de forma adequada.

Quando Júlio César recorreu ao astrónomo alexandrino Sosígenes para refazer o calendário em uso à época e que se mostrava com muitas imperfeições, o dia 25 de Dezembro tornou-se, no novo calendário imposto ao império romano, como data oficial da festa que celebrava por toda a parte o nascimento do Sol, do Horus egípcio, do Mirtha persa, do Phebo grego e romano.

A Igreja quando se sentou no trono imperial um século depois, aproveitou a festa do Solstício de inverno, do menino Horus nos braços da Virgem Isis para transformá-lo em festa do Natal, que se comemora até aos nossos dias.

A nova religião, então, emergente, hoje conhecida por Cristianismo, foi beber ideais religiosos aos antigos escritos encontrados na Índia, no Egipto, nas escolas iniciáticas antigas e nos templos sagrados dos territórios para onde o Império Romano se fora expandindo.

O Solstício de Inverno era um momento comemorado por todos os povos e por todas as religiões, pois estava intimamente ligado ao ciclo do Sol na Terra. Representa o momento de máxima escuridão e o início do crescer gradual da luz que vai atingir o seu apogeu no Solstício de Verão. As civilizações mais antigas consideravam o Sol como sendo filho da Luz, que significava para aqueles povos a própria Vida.

Os druidas comemoravam o Solstício de Inverno como o dia da fertilidade. Muitas virgens escolhiam essa data para perderem a virgindade e muitas mulheres procuravam engravidar nessa altura. Entre os asiáticos, o Solstício era representado por um velho de barbas brancas e roupagem vermelho e branca (origem do actual Pai Natal?). Era a imagem de Deus na Terra e seria quem vinha trazer o seu filho Sol, no pensar desses povos.

Os Egípcios festejavam o Solstício com rituais que envolviam o cultivo de sementes e a fecundação. Os Indianos festejavam o Solstício com rituais do próprio corpo que contorcionavam para tomarem estranhas formas.

Os Maias criaram o seu próprio calendário usando o Solstício como ponto de partida, início do ciclo solar na Terra e com base no período de permanência máxima da radiação solar na Terra “desenharam” um calendário perfeito que vai até ao ano 2012.

Diz-se, hoje em dia, recorrentemente “que devemos fazer de cada dia um Dia de Natal”. Mas, na verdade, já os povos antigos defendiam que deveríamos comemorar o renascimento todos os dia, da luz do Sol à luz da Lua... com alegria, danças, frutas, flores, amigos... e ao luar, o AMOR!

quinta-feira, dezembro 21, 2006

são pérolas...


são pérolas de um colar
para meu amor usar
em tempo de louvação


gotas nas roseiras dos jardins de Velle do Rosal

duas lágrimas de sal


Duas lágrimas deslizam

Docemente

Pelo teu rosto

De linhas suaves e belas

Traçam sulcos de prata

Na pele cor de âmbar

Translúcida

Etérea.



Marcas de amor

Profundo

Somente a eternidade

Concede

Plena vivência

Beijo de séculos

Os amantes sentem

Seu.



A cada momento que passa

Duas lágrimas

De sal

Uma pitada

De ser.


São duas lágrimas de sal

As marcas do muito amar


quarta-feira, dezembro 20, 2006

tranquilidade de fim de tarde


quando o sol muito longe
se põe para lá do mar
desde a tranquilidade na aldeia


casario em Peroguarda, Baixo Alentejo, Portugal

belarmino

Belarmino foi enganado muitas vezes.
Outras tantas se enganou a si próprio.


Belarmino, Belarmino Fragoso, foi boxeur criado nos ginásios do Clube Recreativo da Mouraria, perto do qual ele vivia. Poderia ter sido um dos “grandes” do boxe em Portugal mas toda a sua vida desportiva foi joguete de interesses pouco claros que giram à volta deste desporto. Foi, a maior parte das vezes, colocado na posição de ser um “saco de levar porrada”.

Fernando Lopes aproveitou a sua vida atribulada, para realizar sobre ela um filme-documentário, Belarmino, contrastando a vida dos ringues com a sua modesta vivência de cidadão, com muitas dificuldades financeiras. Belarmino Fragoso sempre pensou que com isso se havia transformado num artista de cinema.

Curiosamente na WikipediA existe uma entrada para Belarmino - filme e nenhuma entrada para Belarmino - homem.

Belarmino foi enganado muitas vezes. Transformaram um potencial campeão num “saco de levar porrada”
Outras tantas se enganou a si próprio. Por aproveitarem a sua imagem dorida para um filme, viu-se actor de cinema.

Decorria o ano de 1965, no cemitério da Amadora, realizavam-se filmagens de um filme de cujo nome perdi o rasto com alguns actores portugueses e com Melina Mercuri, no auge da sua carreira.

A um canto, à sombra de um cipreste, encontrava-se um homem com ar acabado cuja presença todos pareciam ignorar. O Fotógrafo ia colhendo algumas imagens quando esse homem a ele se dirigiu:

“_O senhor importa-se de me tirar uma fotografia junto da Melina Mercuri?”

Era o Belarmino, o Belarmino Fragoso!

terça-feira, dezembro 19, 2006

simples


na simplicidade
da luz e dos contrastes
a festa


pequeno presépio exposto na CURPIC, Charneca de Caparica, Almada, Portugal

segredos guardados no rio

O rio guarda os segredos da profunda paixão do velho Marinheiro, barba branca e cabelo desgrenhado, pela mais bela Ninfa do Tejo, olhos profundos e sorriso doce


Há sempre uma nova oportunidade

O velho marinheiro franziu o sobrolho, sinal de preocupação, enquanto contemplava o firmamento, a linha do horizonte, onde há pouco o sol se escondera, no seu aparente movimento resultante do continuado avançar do Mundo.

Mostrava-se preocupado pela súbita alteração do movimento das nuvens, momentos antes suave e tranquilo e que agora em turbilhão inesperado parecia querer revolver todas as massas de água em cúmulos constituídas.

Mantendo ainda tonalidades avermelhadas do recente pôr-do-sol resultantes, o céu tomava rapidamente cambiantes acinzentadas e, logo depois, de profunda acastanhada negritude. A tempestade ameaçava desabar sobre o mar e quebrar o tranquilo fim de tarde, ainda há pouco vivido.

O mar encapelado e o bru-á-á da rebentação, assustadoramente ouvido no topo da falésia, nas imediações do Convento dos Capuchos onde o velho marinheiro se recolhera, eram sinal de borrasca iminente.

Em terra as avezitas esvoaçavam errantemente, na ausência do equilíbrio de pressão atmosférica tão necessário à suavidade do seu planar. Pressentiam momentos difíceis que a brisa marítima a soprar fortemente já anunciava.

O velho marinheiro foi invadido por tremenda melancolia. Sabia que não iria ter o afecto da presença da mais bela Ninfa do Tejo, sua companheira de tantas andanças por estas e outras paragens.

A Natureza continuava a ser a sua grande mestra nos ensinamentos da vida, o mar seu confidente... Sabia, aprendia a cada dia de vida, que a luz, a luminosa tranquilidade, é algo fugaz e que a ela sempre se seguem momentos de escuridão, de tristeza de solidão...

Ainda parecia ouvir o doce murmurar da mais bela Ninfa do Tejo: “_Meu querido”. A tempestade já distorcia estas suaves palavras que agora se tornavam mais nítidas, com sentido tão diverso: “_É imperioso que me afaste! Marinheiro, prendeste-te demasiado a mim, que sou pertença do Rio... “

Um fugaz brilhar no fundo do olhar do velho marinheiro poderia significar um grande ensinamento de vida que a sua idade lhe trouxera: “há sempre uma nova oportunidade... esperança!”.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

la bella del sud

Em copo grande de asa (irish coffee style) juntar:

Uma porção de licor de maçã verde
Duas porções de café do Brasil
Completar com creme “chantilly” com pouco açúcar


Servir bem quente com colher alta e palhinha verde


nota: pode pedir um "La Bella del Sud" no Cafe di Roma, do Almada Fórum

cante ao menino em peroguarda

Os Cânticos ao Menino Jesus realizam-se um pouco por todo o País e representam muito da tradição religiosa que o nosso Povo vive com devoção. Como em tantas outras situações trata-se de uma apropriação que o Cristianismo fez de tradições muito mais antigas que se perdem no fumo dos tempos.

Era o tempo de renovar a vida, de recriar caminhos a percorrer numa perspectiva de melhoria de condições de vida e de fixação e pacificação das gentes que de nómadas se iam fixando nos terrenos mais propícios à agricultura e à pastorícia. Então cantava-se o nascimento como fruto de uma comunidade em construção.

Os povos uniam forças e sentires para vencerem a escuridão da Invernia, a noite mais longa que se celebrava com o Solstício de Inverno.

No Alentejo, o Povo explorado pelos grandes latifundiários, sentia as agruras de uma pobreza extrema, que não espiritual, usando então da época natalícia para sensibilizar os ricos e poderosos para a sua falta, a sua miséria, cantando-lhes rimas onde não faltavam alusões de cariz social.

Daí que o Cante ao Menino, repare-se que nunca dizem “Cante ao Menino Jesus”, seja um acontecimento único em todo o Mundo é uma pérola da cultura de um Povo que importa preservar.

Fomos assistir ao Cante ao Menino, na circunstância “cante de mulheres” em Peroguarda, aldeia do concelho de Ferreira do Alentejo, considerada aquando das comemorações dos centenários a “aldeia mais portuguesa do Alentejo”. Terra natal dessa grande figura na etnologia alentejana que foi o Professor Joaquim Roque.



Na Igreja Matriz de Peroguarda, na Igreja de Santa Margarida fomos ouvir o Cante ao Menino nas vozes maravilhosas do Grupo Coral Feminino e Etnográfico “As Margaridas” de Peroguarda.

domingo, dezembro 17, 2006

o aproveitar da água

Quando tanto se fala na escassez da água, na necessidade de preservar tão valioso bem e em medidas sofisticadas de poupar esse preciosos líquido, fomos encontrar, no Baixo Alentejo profundo, numa modesta aldeia, em tempos considerada a “aldeia mais portuguesa do Alentejo” uma engenhosa solução.

Solução dos idos anos 40, do século passado...

A água pública, de origem em nascente, chega à fonte de duas bicas cristalina, pura, muito fresca, num jorro imenso de precioso líquido, mesmo em pleno estio alentejano.

A população pode utilizá-la livre e gratuitamente, quer bebida no local quer transportada em bilhas e garrafões para a casas de habitação.



Logo que o reservatório primário enche a água excedente é canalizada para um reservatório situado na retaguarda do fontanário onde os animais podem livremente bebê-la.



O excedente é transportado através de um tubo de fuga directamente para reservatórios de rega



Ou por vaza de superfície para um tanque de rega.



Engenhosa solução esta a da Quinta das Faias, em Peroguarda, concelho de Ferreira do Alentejo, distrito de Beja

sábado, dezembro 16, 2006

uma fé nas religiões


miscelânia de estruturas
de arquitectura
de religiões


abside da Igreja Matriz de Peroguarda, Baixo Alentejo, Portugal

no atelier com in tempus

Fomos até ao bar Atelier, na rua Capitão Leitão, em Almada, com o objectivo de voltarmos a ouvir os acordes ímpares do projecto In Tempus e as vozes de To Boieiro, David Reis e Elizabete Barros.

O bar Atelier é um espaço simpático e tranquilo, situado no coração de Almada Velha, que nos surpreende, desde logo, por ter bem visíveis um pedaço de parede e uma vitrine com a construção original das paredes em adobe e que datam de há mais de 140 anos.

É um espaço de convívio. É um espaço de arte.

Na função de “pôr música”, sonoridades celtas e tribais, uma boa amiga que assumiu o nome artístico de “dj Hula Girl”. Parabéns!



Depois... com o bar Atelier a receber cada vez mais gente actuaram e encantaram a audiência os In Tempus, com uma referência especial à espectacular voz de Beta Barros.


sexta-feira, dezembro 15, 2006

uma galinha no cata-vento


o género não conta
quando se pretende conhecer o rumo
e a intensidade


cata-vento com galinha, em Peroguarda, Baixo Alentejo, Portugal

navego na procura

Navego
Mares sem fim
Em frágil embarcação
Do sonho tem a leveza
Resistente
Como a vida
É casa
Amante
Querer

Venço tormentos
Escolhos
Monstros marinhos
E sonhos
Mil vezes derrubado
Outras tantas
Me levanto
Sentimento

Sigo o rumo do vento
A força do pensamento

Procuro imagem
Amada
Jasmim
Fruto de Verão
Maresia
Argêntea espuma
TU
Mulher desejada!

quinta-feira, dezembro 14, 2006

meu mar, meu refúgio


meu mar, refúgio
dos meus sentires
mais íntimos


mar da Praia do Sol (Costa de Caparica)

meu vício maior

Alta madrugada, estado de estranha vigília. O sono que tarda em chegar cruza-se com o sonho da leveza do voo por montanhas e mares, o tempo de “entre o sono e o sonho” [Fernando Pessoa].

É nesse tempo difícil distinguir entre a realidade e a ficção, entre a dor do sentir e a dormência da imaginação.

Chegou de mansinho
Entrou sem bater na aldraba da porta
Silenciosamente
Instalou-se
Percorreu as veias e os vasos capilares
Conquistou todo o corpo
E o sentir

É o meu vício de Ti!

Passado tempo
A falta
A ressaca
As ressacas

Todas elas serão sublimadas
Mas sobra uma
Difícil de suportar
Insuportável
Terrível
Tão inverosímil como a morte
Como o afastamento
Desmediável!

A dor profunda do silêncio da ausência

O silêncio
Mais ruidoso
Do que a única coincidência
Em que passei a acreditar
O início do Universo


"Entre o Sono e o Sonho" é, igualmente, o nome de um maravilhoso blogue da responsabilidade dos meus amigos Zoomancer e Lualil

quarta-feira, dezembro 13, 2006

auto-retrato de partida? ou de chegada?


uma estação de CF
é local de partida e de chegada
e tu modesto fotógrafo? estás de partida ou de chegada?


auto-retrato obtido na estação de CF de Aveiro

reviver

Deixei espraiar meus olhos com ternura
Sobre o teu doce corpo de mulher
Adorei teu requebro de água pura
Oásis para meu ser sedento de querer.

Julguei sonhar tanta beleza
Fugiram-me as palavras, felicidade
Quão longe ficaram solidão e tristeza
Naquele momento que será eternidade.

Sol doirado, fulgente de cor
Banhando meus olhos, minha boca
Foi por minhas mãos acariciado com amor
Em êxtase de paixão, ternura louca.

Aproximei meus lábios de teus lábios
Mergulhei na cor de esperança o meu carinho
O mar ensina pensamentos sábios
O vermelho rumos certos, o caminho.

No teu corpo entreguei todo o meu ser
Areia dourada de dunas modelada
Festa de sentidos naquele entardecer
Onde renasceu maravilhosa jornada.

terça-feira, dezembro 12, 2006

uma flor para... a teresa


muitas felicidades
na caminhada da vida
lado a lado


rosa fotografada nos jardins do Pinheirinho

segredos guardados no rio

O rio guarda os segredos da profunda paixão do velho Marinheiro, barba branca e cabelo desgrenhado, pela mais bela Ninfa do Tejo, olhos profundos e sorriso doce


A partilha da Lua Setembrina

O velho marinheiro olhava com nostalgia os mares navegados e os tempos vividos na força da juventude, no muito querer, na paixão imensa, tal como a imensidão do mar que se agita com violência, para lá do areal, passadas a s hortas da Costa e as casas, recordações dos tempos de veranear, nas funduras da Arriba Fóssil.

Perdera a noção do tempo que passa, na espera, longa espera, de que a imagem da mais bela Ninfa do Tejo lhe seja devolvida pelo seu mar, para que quebre a monotonia do azul de diversos cambiantes até onde o seu olhar alcança. Mas mais do que isso o desejo inconsolável de escutar seus doces murmúrios, maviosa voz que interromperá o silêncio que dói no interior do seu ser.

Seu olhar acabou por perder-se para lá, muito para lá, da linha do horizonte. Sentiu-se leve como noutras circunstâncias lhe havia acontecido. No sentimento em que o sonho lhe absorve a consciência, sendo levado ao sabor das correntes de pressão atmosférica, como se peso não tivesse.

Voa no impulso de movimentos simples, o seu pensamento impele-o sobre os infindáveis mares, oceanos, para além das mágicas montanhas criadas na fantasia do querer viver maresias. Sempre o acompanha o odor dos jasmineiros.

O velho marinheiro franziu o cenho, o olhar ganhou um brilho estranho, uma tristeza profunda atingiu o seu sentir. Recordou-se que num desajuste grande com a realidade da sua própria idade, ancião que é sem ter coragem de o assumir plenamente, havia poucos anos atrás mandado gravar no seu corpo uma imagem do “Sol de Gaudi” que ele próprio desenhara a partir de um azulejo do incomparável arquitecto catalão.

Uma fuga à idade, talvez.... Mas recorda sempre o comentário que ouviu a mais bela Ninfa do Tejo murmurar: “...um bonito Sol” e acrescentou:”... podes não saber exactamente quem eu sou, mas tens uma bonita tatuagem na parte interior do teu braço...”.

A Lua brilhava todo o seu esplendor no firmamento. A mais bela Ninfa do Tejo dizia em doces palavras: “ De facto não sei qual o mistério, mas a Lua de Setembro é a mais bonita no ano. Em Sintra, no Monte da Lua, ela fica gigante!!! A lua é sempre bonita, mas em Setembro é muito mais! Obrigado por partilhares a "tua" Lua!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

presépio da tradição


simplicidade, imaginação
comemorar o Natal
alegria dos idosos


Presépio da Comissão Unitária de Pensionistas e Reformados, Charneca de Caparica, Portugal

olha que três! o paulo, o pedro e o victor...

Um escreve como ninguém sobre a ginjinha [O Elogio da Ginja] (não esquecer as excelentes fotografias de Paulo Cunha); outro produz a melhor ginjinha do Mundo em Sanguinhal; o último gosta “à brava” de beber uma com elas.

A notícia chegou por correio electrónico do meu querido Amigo Paulo Moreiras:

“Elogio da Ginja» premiado
O livro «Elogio da Ginja», de Paulo Moreiras com fotografias de Paulo Cunha, editado pela QuidNovi em Maio de 2006, recebeu dois prémios Gourmand para Best Single Subject Cookbook (Melhor Livro Temático de Gastronomia) e Best Cookbook Photography (Melhor Fotografia de Livro de Gastronomia), na categoria de livros portugueses, atribuídos por um júri internacional do concurso “Gourmand World Cookbook Awards 2006”.
Os prémios Gourmand, considerados os óscares da literatura gastronómica, distinguem os melhores livros de gastronomia editados em 2006, a nível nacional e internacional. Com estes dois prémios, o «Elogio da Ginja» passa à fase seguinte do concurso, onde irá competir a nível internacional com os vencedores nestas categorias para o prémio The Best in the World.
Os resultados serão anunciados a 7 de Abril de 2007, numa cerimónia a realizar em Beijing, China.”


De imediato escrevemos o nosso sentir:

“Caro Amigo Paulo Moreiras
Como deves calcular fiquei muito satisfeito pela forma que foi reconhecido o teu excelente trabalho. Muitos parabéns a serem partilhados pelo nosso amigo Paulo Cunha.
Aproveito a ocasião para te enviar uma fotografia que obtive na Feira do Montado, em Portel, fazendo o Pedro questão que eu te mostrasse que o Elogio da Ginja tinha estado por lá presente.
O Pedro deixou também a ideia de que dentro das possibilidades de tempo combinássemos uma viagem “ginjínica” ao Sanguinhal.
Um grande abraço com parabéns renovados do Victor Reis (Oficina das Ideias)”


E a resposta à resposta:

“Caro Victor,
isso era uma excelente ideia. Eu e o Paulo Cunha estamos para regressar ao Sanguinhal, como prometido, e a viagem tem sido adiada por múltiplas razões. Vamos pensar nisso.
Um abraço,
Paulo Moreiras”



O Pedro mostra o livro do Paulo fotografado pelo Victor

domingo, dezembro 10, 2006

na bailação do mar


ao sabor da ondulação
as gaivotas bailam danças de pescadores
na procura de alimento


gaivotas no mar da Praia do Sol, Portugal

frutos do alentejo

Soprava o vento Suão
Dos confins do Alentejo
Com ele aumenta o pão
E exacerba o desejo.

Nas planuras sem fim
Onde o olhar não alcança
Julguei ver-te junto a mim
Em estranho passo de dança.

Teus cabelos esvoaçavam
Mais pareciam espigas raras
Eram espigas que deixavam
Doce aroma nas searas.

Teus olhos da cor do mar
Cintilavam vida e querer
Na luta de ver crescer
Os frutos do muito amar.

A tua boca brejeira
Suave, da alma o espelho
Na planície bandeira
Bandeira de cor vermelho.

Os teus seios baloiçavam
Danças da fecundação
Docemente aparentavam
As espigas prenhes de pão.

O teu corpo, Liberdade
Nos campos do Alentejo
Trabalho, frutos, verdade
Vitória que em ti revejo.

sábado, dezembro 09, 2006

um batente, dois leões


do fundo da memória
esta forma tão simples de chamar
um toque para o rés-do-chão direito


batente de dois leões fotografado em Portel, Baixo Alentejo, Portugal

bulhão pato na caparica

Quem parar a caminhada no chamado lugar da Torre da freguesia de Caparica, no concelho de Almada, voltado para poente, encontra à sua esquerda um edifício algo degradado onde figura uma placa “aqui faleceu o poeta Bulhão Pato em 24 de Agosto de 1912”. Estamos junto ao edifício onde viveu e faleceu o último dos poetas românticos portugueses.

No conjunto da sua obra é notória a influência do local em que viveu, então designado Monte de Caparica, especialmente da sua profunda vivência histórica e monográfica do sítio. No seu “Livro do Monte” escreveu Bulhão Pato em 1983 sobre as mulheres da praia:

Com a sardinha, empilhada,
Inda saltando vivaz
Vem de cestinha avergada;
E lá em baixo, da praia,
E sobe a pino o almaraz;
Mas nem por sombra cansada

Faz vista de nova a saia,
Corada ao Sol e puxada!
Descalça o pé regular
E branido pela areia
D’essas arribas do mar.

Não se pode chamar feia.
Descaída e longa a trança;
Afrontada de calor, O lencito desatado;
E os beiços com tanta cor
Como a d’um cravo encarnado
A mocidade é uma flor!


...............

Era um afamado caçador e amante das artes culinárias, donde a receita célebre de “Amêijoas à Bulhão Pato” que tem conhecido imensas versões. Apresentamos uma das mais simples...

Ingredientes
2 Kg de Amêijoas
2 dl de azeite
4 dentes de alho
1 molho de coentros
1 limão grande
Sal e pimenta q.b.

Confecção
Deixe as amêijoas de molho em água com sal durante duas ou três horas.
Escorra-as e passe-as por várias águas para lavar, antes de as cozinhar.
Corte os alhos às rodelas e pique os coentros.
Ponha um tacho ao lume com o azeite e os alhos e quando estiver quente junte os coentros até estalarem.
Junte então as amêijoas e tape.
Tenha o cuidado de ir virando as amêijoas para que todas passem por baixo.
Quando estiverem todas abertas retire-as do lume e tempere com pimenta e sumo de limão a gosto.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

este céu...


o azul tinge-se de vermelho
despede-se o dia com o pôr-do-sol
logo depois a alvorada


céu ao pôr-do-Sol visto da estrada entre Beja e Peroguarda, Baixo Alentejo, Portugal

o agostinho de grinzing

Grinzing é a mais famosa aldeia heuriger dos arredores de Viena de Áustria e do mesmo modo a mais genuína e respeitadora dos ritos tradicionais. Aqui se situavam e mantém as estalagens onde além de permitirem pernoitas para os viajantes e os animais que se deslocavam com destino a Viena. Além disso forneciam refeições frugais e muito vinho.

Heuriger tanto significa vinho da última colheita da região como os próprios locais onde esse vinho é vendido a copo. Até ao dia de São Martinho, 11 de Novembro de cada ano, o vinho do ano é heuriger. O vinho a copo é, em geral, servido acompanhado de um bom pedaço de carne ou de toucinho grelhado ao momento e à vista do cliente.

Para os mais farristas, uma visita a Grinzing a um dos tradicionais heuriger dos arredores de Viena, é uma ida a não perder. Que o diga o Agostinho...

Agostinho era um músico de Grinzing que além fazer música apanhava tremendas bebedeiras nos heuriger onde tocava. Conta-se que no tempo da peste negra, época em que as pessoas já não conseguiam enterrar os seus mortos, pondo-os às portas para serem recolhidos por uma carroça que os levava para uma vala comum, o Agostinho com uma bebedeira de “caixão à cova” caiu à saída de um heuriger e ali ficou até alta madrugada.

Quando a carroça de levar os cadáveres passou, considerou-o mais um morto da peste negra e lá o levou para o destino final. O Agostinho ainda esbracejou e esperneou mas já os coveiros se haviam afastado às pressas não fosse caso de serem contagiados por tão terrível doença. O Agostinho lá ficou junto dos cadáveres até ter forças para sair pelos seus próprios meios.

Quando o sol da manhã lhe bateu nos olhos, passado o efeito do vinho bebido fartamente no heuriger, lá se conseguiu levantar afastando-se a toda a pressa.

Consta que nunca foi tocado pela peste negra. Daí que alguém mais esclarecido deduza que quem bebe, e bebe bem, vinho de Grinzing, não apanha doença nem mesmo que seja a peste negra.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

vinho da tradição


em tempos idos
na época do míldio e da filoxera
transporte de vinho do lagar para a adega


carroça para transporte de tonéis de vinho, Feira do Montado 2006, Portel, Baixo Alentejo, Portugal

companheira

Mulher
Companheira heróica no perigo
e na resistência.

Mulher
Companheira meiga na Paz
e na consolidação.

Mulher
Amparo forte,
ânimo,
persistência.

Mulher
Amor eterno,
ternura,
compreensão.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

raios de luz


de um ponto único, central
emanam dezenas de raios, luz
que chega ao universo


Iluminações de Natal, Junta de Freguesia do meu burgo

41 meses na blogoesfera

O mês de Dezembro é, no senso comum, o mês da realização do balanço do ano cujo final, no calendário ocidental, se aproxima. Balanço das actividade profissional, balanço da vida vivida, análise dos aspectos positivos e negativos duma caminhada que se faz em comunidade, umas vezes com o sentimento de solidão, outras na euforia do companheirismo, da partilha, da cumplicidade.

Já tive a feliz oportunidade de avaliar o meu ano vivido numa longa “conversa” com o meu mar. Recebi dele alguns sorrisos mas muito mais reparos, iluminando sempre com o seu milenar saber o meu caminho pelas veredas do sentir. Ficou bem claro na nossa “conversa” de que eu deveria prosseguir a vida nos caminhos do afecto e da solidariedade.

É importante para o pessoal da Oficina das Ideias fazer a avaliação, breve que seja, da sua presença e participação na Blogoesfera...

Os conteúdos da Oficina das Ideias têm sofrido diversas modificações fruto dos tempos e das vontades, das críticas e dos comentários, com a adopção de novas temáticas e a ajuda de quem nos lê. Contudo, temos tentado manter a linha editorial da primeira hora:

- Textos na sua grande maioria originais, somente com o recurso esporádico a citações;
- Imagens originais, na preciosa parceria com o Olho de Lince;
- Temática centrada na partilha de afectos e na defesa do património imaterial.


Um outro aspecto que sempre considerámos de grande importância, do nosso ponto de vista essencial para o espírito da Blogoesfera, é a interactividade. Nesse campo, consideramos a nossa falha em não produzirmos textos suficientemente apelativos aos comentários dos leitores o que nos coloca muito aquém dos nossos objectivos de interactividade. Procuraremos melhorar.

É bem verdade que não participamos em grupos de “todos comentam todos” e temo-nos mantido afastados do alinhamento em correntes bloguísticas, mas tal facto não justifica, por si só, a deficiência na interactividade.

Tem sido gratificante esta permanência da Oficina das Ideias na Blogoesfera. Três anos de muitas partilhas, de enormes cumplicidades, do descobrir de um mundo de situações extremamente aliciantes. Foram criadas parcerias de grande criatividade, pontes de cultura, permuta de saberes.

Se o tempo disponível permitisse recuar na leitura de alguns milhares de posts já publicados na Oficina das Ideias conseguiríamos conhecer, agora com a distância crítica do tempo passado, o evoluir dos quereres e dos sentires do seu pessoal oficinal. A própria visão do mundo dada pela câmera fotográfica do nosso eterno amigo Olho de Lince nos mostra esse mesmo caminhar.

Sentimos sempre a dívida para tantos e tantos amigos que não são citados, mas que reconhecemos do coração a sua determinante contribuição para o tempo de existência da Oficina das Ideias. São eles, as mais das vezes, o verdadeiro sustentáculo para a continuação deste trabalho, árduo sem que tal aparente, pelo respeito e amizade que nos merecem.

Visitas – 125.200, a uma média de 257/dia e com origem em 105 países diferentes
Comentários no mês - 53, de 18 comentadores
Total de posts – 2.537, onde cerca de metade são fotografias da autoria do nosso amigo Olho de Lince
Um agradecimento especial a Blogger.com e a Blogspot.com onde editamos e alojamos a Oficina das Ideias desde a primeira hora.


Quadro de Honra

Reporter, do EmDirectoEACores
Lígia
Your Lady, do Your Lady
Lualil, do Traduzir-se...
Maçã, do Maçã de Junho
Lenore, do Verdades Crueis
CláudiaP, do Tudo ou Nada
Luís Milheiro, do Casario do Ginjal
Pedro, do Sintra Gare
Lila
Karlitus

Yonara, de Templo de Hécate
São, do EspectacológicaS
Taty, do Mi and Taty Imagination
Ecoólico, do 100 Papas na Língua
Cristina, do Contra Capa
Jacky, do Amorizade
Pangui


A TODOS o nosso Muito Obrigado

terça-feira, dezembro 05, 2006

lua desejada


noite de tormenta, chuvosa
a presença da lua desejada
aí esta Ela meiga, carinhosa


Lua Cheia às 00:25

segredos guardados no rio

O rio guarda os segredos da profunda paixão do velho Marinheiro, barba branca e cabelo desgrenhado, pela mais bela Ninfa do Tejo, olhos profundos e sorriso doce


O Sol e a Lua

Horas passaram num sono profundo que o levaram às terras do longe. Horas? Talvez mesmo dias ou anos, quiçá décadas, que esta coisa do tempo contado, não é mais do que uma medida, um registo que máquinas mais ou menos complicadas determinam. O tempo que passa esse é outro, é aquele tempo sentido, que tanto parece eternizar-se, como se escapa como a areia entre os dedos da mão.

Acordou o velho marinheiro quando o Sol que há tempos já lhe batia no rosto se tornou presente pelo calor que desenvolvia na sua pele tisnada. O Sol com quem sempre partilhou os dias. Com Lua sempre caminhou o encantamento das noites.

O murmúrio que o havia conduzido ao sono sonhado voltou a ouvir-se. Tinha a certeza que era o mesmo. Sabia da sua origem mas continuava a não vislumbrar o ente que tanto o maravilha no seu doce murmurar:

“_Não a vejo a minha janela [a Lua] mas sei que está lá! Assim com no meu ombro!”

e continuava:

“_De facto não sei qual o mistério, mas a Lua de Setembro é a mais bonita no ano. Em Sintra, no Monte da Lua, ela fica gigante!!! A Lua é sempre bonita, mas em Setembro é muito mais! Obrigado por partilhares a "tua" Lua!”

O velho marinheiro soergueu-se estremunhado, a esfregar os olhos, numa tentativa de vislumbrar o que os seus olhos se negavam em mostrar-lhe. O mar lá ao fundo estava tranquilo, quanto antes estava tormentoso. Era sempre assim... aquela maviosa voz acalmava-o e ao mar azul, profundo.

Desejou que assim fosse para todo o sempre. Que a máquina de marcar o tempo parasse no momento mágico em que a voz da mais bela Ninfa do Tejo murmurava: “_Meu querido!” Que o sentir do tempo que passa fosse duma lentidão tal que o Sol e a Lua fundissem o seu brilhar num luminoso raio de Esperança.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

uma flor para... a jacky


para a minha querida amoramiga
com desejos de muitas felicidades
2007 está já aí cheio de luz


Jacky, tem o maravilhoso blogue AMORIZADE

não me deixes tão sozinho

Quero sentir o calor do teu corpo

Junto ao meu

Quero beijar teus lábios de mel

Eternamente

Quero afagar teu cabelo

Tal como antigamente

Fica comigo

Não me deixes tão sozinho…

domingo, dezembro 03, 2006

contrastes


contrastes de objectivos e sentires
claro e escuro em justaposição
assim é, igualmente, a vida


Recanto de contrastes no acesso ao Castelo, Óbidos, Portugal

o pequeno morcego

Solitário no seu voar irregular, na permanente actividade de alimentação com base em pequenos insectos, procura na minha companhia diária mitigar esse seu estado de vida.

Acompanha-me nas minhas caminhadas nocturnas no passeio das cadelinhas ou quando vou colocar o lixo no respectivo latão, em voos rasantes, em círculos, que são uma forma muito própria de comunicação.

Pequenino mamífero, por muitos hostilizado, sente que gosto dele e da sua companhia e, portanto, gosta “igualmente de mim”. Companhia habitual ao longo dos meses e meses, uma noite fez-me uma surpresa.

Apresentou-me a companheira. A partir daí as minhas caminhadas nocturnas passaram a ser acompanhadas por dois pequenos mamíferos voadores.

Algum tempo volvido voltou só, coisas da vida, e assim tem continuado, noite após noite, mostrando a sua sombra esvoaçante provocada pela iluminação pública ou pelo reflexo da Lua naquelas noites em que cheia se encontra.

Outras vezes é mesmo uma aproximação directa. Sinto então a vibração das suas membranas que mais parecem asas de passarinho. Tal tem acontecido com muita frequência nos últimos dias. Dei comigo a pensar: _Será que este pequeno morcego tem algo a comunicar-me? _Que mensagem me quererá transmitir?

Depois tudo entendi. Quem, na verdade, algo tinha a comunicar era eu. Ele teve essa percepção extrasensorial.

Bastou pensar que ele entendeu: _Morceguinho, vou faltar alguns dias a este nosso encontro, mas irei voltar em breve!

sábado, dezembro 02, 2006

misterioso local


por aqui passaram os druídas
dos tempos idos e da modernidade
em encontros secretos


Arvoredo no topo da Arriba Fossil, Costa de Caparica, Portugal

lengalenga

Imaginação
Angústia
Esquecimento,
Ausência
Solidão
Muito sofrer,
Olhar profundo
Sorriso
Bem-querer,
Amor eterno
Alegria
Sentimento.

Regresso
Presença
Abraço apertado,
Ilusão
Alegria de viver
Amor,
Cruel verdade
Sofrimento
Dor,
Um beijo
Ternura
Caminho desejado.

Realidade
Tristeza
Desengano
Uma lágrima
Um adeus
Infinito.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

castelo de portel


no castelo Portel teve seu nascimento
a Dom Nuno Álvares Pereira foi legado
hoje é espaço de cultura


Castelo de Portel, Baixo Alentejo, Portugal

em novembro de 2006 a oficina das ideias publicou:

Textos
Dia 1 – Em Outubro de 2006 a Oficina das Ideias publicou
Dia 2 – A Oficina das Ideias em Espanha
Dia 3 – A origem do símbolo “arroba”
Dia 4 – Mar cúmplice do meu sentir [espaço de poetar]
Dia 5 – Chamaste-me marinheiro... prendeste-me eternamente
Dia 6 – In Tempus na Oficina das Ideias
Dia 7 – Quarenta meses na blogoesfera
Dia 8 – Na defesa do património
Dia 9 – Hoje pensei em Ti... companheira de tantas andanças
Dia 10 – Olhos Castanhos [espaço de poetar]
Dia 11 – No dia de São Martinho... [tradição e cultura popular]
Dia 12 – Palavras tuas... meus sentires
Dia 13 – Para Ti [espaço de poetar]
Dia 14 – O gosto pela leitura
Dia 15 – O fumo desfez-se na imaginação [espaço de poetar]
Dia 16 – O Romeiro [espaço de poetar]
Dia 17 – In Tempus - convite
Dia 18 – Embriaguez [espaço de poetar]
Dia 19 – Doces e licores conventuais
Dia 20 – Azul cor do Mar [a suavidade do erotismo]
Dia 21 – Sete, um número mágico [segredos guardados no rio]
Dia 22 – A “pedra do Sol”
Dia 23 – O gato e as romãs
Dia 24 – Gedeão, poeta vivo
Dia 25 – In Tempus – Luna Sapiens
Dia 26 – Demência [espaço de poetar]
Dia 27 – Solidão [por Chico Buarque]
Dia 28 – Serra de Sintra e Senhora do Cabo [segredos guardados no rio]
Dia 29 – A Rota do Andarilho [espaço de poetar]
Dia 30 – Feira do Montado em Portel [coleccionar com doçura]

Imagens
Dia 1 – Uma rosa como companhia
Dia 2 – A magia de uma gota
Dia 3 – Ribombar da tradição
Dia 4 – Pedra rendilhada
Dia 5 – Lua triste... Esperança
Dia 6 – Casa dos Círios do Espichel
Dia 7 – Labuta por uns cêntimos
Dia 10 – A maçã do amor
Dia 11 – Castanhas assadas
Dia 12 – Frutos de Inverno
Dia 13 – Sinais de esoterismo
Dia 14 – Na tua jarra uma rosa
Dia 15 – Pérolas de nevoeiro
Dia 16 – Neste mar espraiei o meu olhar
Dia 17 – Bailado à beira-mar
Dia 18 – Imagens reflectidas
Dia 19 – Imaginação
Dia 20 – Quiosque amarelo
Dia 21 – Concede-me esta dança?
Dia 22 – Mar tormentoso
Dia 23 – É já amanhã...
Dia 24 – Olhar alerta
Dia 25 – Espelho da vida
Dia 26 – O meu mar
Dia 27 – Lágrimas hoje, belas rosas amanhã
Dia 28 – Farol de Sesimbra
Dia 29 – Sete e o seu reflexo
Dia 30 – Imenso céu

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