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quarta-feira, janeiro 31, 2007

portal com vieira


a vieira é símbolo de outros caminhos
aqui representada com esplendor
que ligação poderá existir?


Frontão da porta lateral direita da Igreja de Nª Sª da Pedra Mu, Cabo Espichel, Sesimbra - Portugal

"arma" inconveniente

A conferência acabara mais cedo e eu, acompanhado do meu colega português no evento, percorri lentamente a Piccadilly Street, que já se chamou Portugal Street, paralela ao Green Park, vindos do Hilton Park Lane Hotel, na direcção de Piccadilly Circus. Onde vamos? Onde não vamos? Lá nos dirigimos para o Hamlays, o maior armazém de brinquedos de Londres, sete andares de perfeito encantamento para os mais novos.

Sempre havia a desculpa do Rogério de ir comprar uma lembrança para o filho, mas o que ele ia à procura era de umas cópias perfeitíssimas de armas, pistolas, metralhadoras e outras de que quer ele, quer seu pai, eram empenhados coleccionadores.

Deliciámo-nos com os maravilhosos brinquedos que ali se mostravam em todo o seu esplendor. Como é que as crianças lhes poderiam resistir? No quinto andar, efectivo objectivo da digressão, lá encontrámos uma cópia fiel da metralhadora “não sei quantos”, que nisso o especialista é o meu amigo Rogério. Utilizava como munições pequeninas esferas de plástico.

Regresso ao hotel. Eu segui para o meu quarto no 12º andar, o Rogério para o seu, no 17º. Não tardou 10 minutos. Pela aparelhagem sonora, da música ambiente dos quartos, surgiu o alerta. “Atention, atention, emergency1” E lá vinham as recomendações do costume no mais puro inglês e que aqui apresento em tradução livre. “Foi detectada uma situação de incêndio, no hotel”. “Não se alarmem, mas não utilizem os elevadores”. “Queiram abandonar os vossos quartos com os valores, com toda a calma!”.

Em simultâneo mais dois acontecimentos. Doze andares abaixo do meu quarto, à praça fronteira ao hotel, chegavam três carros de fogo dos bombeiros, um carro de intervenção rápida, uma escada Magirus e um carro de fogo artilhado com duas ou três agulhetas. Aparato policial. Bombeiros.

Por outro lado toca o telefone. Era o Rogério. “Não te alarmes... Podemos descer pelo elevador... Espera-me a porta do elevador no teu andar que vou já descer”.

Saímos de “fininho” apanhámos um taxi, daqueles bem característicos de Londres e fomos até Picadilly Circus, rumo ao Soho, claro.

Em resumo: O Rogério chegara ao quarto, fora experimentar a metralhadora, que por azar ou pontaria rebentou com a ampola existente no tecto para detecção de incêndios. Regressámos mais tarde. Tudo calmo!

Resta acrescentar que o Hotel Hilton Park Lane era um dos hotéis normalmente utilizado pela malograda Lady Di para dar as suas recepções. Fica ali bem perto do Hyde Park, precisamente na zona designada Park Lane.

terça-feira, janeiro 30, 2007

cruzeiro da senhora do cabo


marca o início do santuário
indica o caminho a seguir
agora é a fé, depois a festa pagã


Cruzeiro e Casa da Água, Santuário de Nª Sª do Cabo, Cabo Espichel, Sesimbra - Portugal

a ponte da solidariedade

Chegado à Terra contactei os homens bons que ainda por cá existem e que continuam a lutar por um Mundo melhor, sem oprimidos, sem humilhados, sem discriminados, sem refugiados. Um deles abriu-me o coração e ofereceu-me um pote tapado, recomendando-me que na próxima alvorada numa planície doirada de espigas de trigo lhe retirasse a tampa e deixasse o tempo fluir.

Quando realizei esta tarefa que um homem bom me havia recomendado logo se desprendeu um Arco-Íris que fluiu na direcção do espaço, na direcção de Marte sem dúvida, donde das suas sete cores se destacava uma lista azul luminosa. Do lado de cá do Arco-Íris estava na realidade um pote, não cheio de moedas de oiro, como é da tradição, mas cheio de muito querer por um Mundo melhor.

E da ponta de lá? Aquela que chegou a Marte? Uma porta, melhor, um portão maravilhosamente trabalhado e um convite à comunhão do melhor que cada uma das civilizações continha. A partir desse momento, por uma ponte onde somente a Solidariedade podia passar uma permuta constante de bem estar veio engrandecer o Universo.

Tempos mais tarde os resultados estavam bem visíveis. Marte continuava a ser o que sempre fora mas com todas as cores que a Natureza lhe proporcionou. Na Terra os senhores do Mundo, os senhores do poder e da guerra não resistiram a tanta solidariedade e as pessoas voltaram a sorrir e cada terráqueo passou a ser responsável por todos os terráqueos.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

marcas no areal


marcas deixadas na areia
gaivotas que esperam a chegada das artes
esperança de alimento


Areal da Praia da Fonte da Telha, Almada - Portugal

inspiração

Existem tempos assim... a inspiração para escrever, como para qualquer outra actividade que envolva um acto criativo, anda por vezes arredia. Como afirmou uma querida amiga “falta a luz, a luminosidade...”. Então parece que tudo se torna mais difícil, o esforço é maior, os textos nascem baços e sem vivacidade.

O acto de escrever envolve um conjunto de sentires cuja forma de expressão nem sempre é linear. Aliás, a maioria das vezes não o é. Umas vezes resulta dos saberes acumulados durante uma vida, outras, tão somente o resultado de uma chispa captada em circunstâncias inexplicáveis. Quantas vezes tem origem numa palavra se dita pela “musa” inspiradora.

Admiro, pois, o que acontece com alguns criadores a quem, segundo as suas próprias palavras, o acto criativo acontece muitas vezes à revelia da sua própria vontade. Vou citar as palavras de três autores que me são queridos, ainda que, sem muita precisão nessas citações que faço de memória.

José Saramago, Prémio Nobel da Literatura, refere em diversas ocasiões que a inspiração lhe surge nas mais díspares situações: quando se barbeia defronte de um espelho, quando se desloca de automóvel e é confrontado com a construção de um imenso imóvel, e em tantas outras situações comuns.

Jorge Palma, cantor de culto, afirmou numa entrevista que se inspira ao estilo de uma esponja, está tão ávido que qualquer coisa lhe serve de inspiração: uma frase, um livro, uma expressão, uma discussão, qualquer coisa. Depois deixa essa ideia trabalhar dentro da sua cabeça e é criado o poema, a música.

António Lobo Antunes vai mais longe. A inspiração surge-lhe num estado de dormência, em que está entre o dormir e o acordar e flutua. Como sempre escreve à mão, é mais produtivo no momento em que com o cansaço a mão se torna autónoma.

E por aqui, este escriba da Oficina das Ideias que para juntar letras, formar palavras e integrá-las no contexto tem que transpirar a bom transpirar. A inspiração é assim como que construída pedra a pedra, qual tarefa de pedreiro já para não dizer de trolha.

domingo, janeiro 28, 2007

mítico cabo mar tenebroso


no mar tenebroso lutam os pescadores
pelo sustento do dia a dia
com o mítico cabo ali tão perto


Arriba da Praia do Sargaço, Cabo Espichel, Sesimbra - Portugal

o ar que respiramos

A “coisa” passou-se de forma tão sub-reptícia que nem eu próprio me apercebi do acontecido na altura, embora se um modo geral costume andar atento a movimentos fora do comum. Os próprios órgãos da comunicação social sempre tão atentos a movimentos suspeitos de gente suspeita nada registaram. Mas não há qualquer dúvida de que o funesto acontecimento teve lugar.

Um número ainda hoje por determinar de perigosos ladrões, com cadastro suficientemente sujo para intimidarem a segurança de qualquer país, evadiu-se de um estabelecimento prisional de alta segurança sem deixar rasto. Na calada da noite ou em plena luz do Sol, quem sabe?, puseram-se a monte acoitados por protecção do exterior.

Transformaram o seu visual recorrendo aos melhores cabeleireiros e institutos de beleza e modificaram a forma de falar, que de gutural e bruta passou a ser suave e melodiosa. Ganharam maneiras e passaram a ser citados nas revistas cor-de-rosa sempre ávidas de gente emergente no “soçaiti”. Aprenderam a linguagem do Povo e com este se misturaram nas praças e nos mercados.

Ganharam a confiança das crianças, das mães e dos pais, do Povo português e ganharam muito mais coisas. Mantiveram-se tranquilamente nos postos e posições onde foram sendo colocados e onde, eles próprios, se colocaram. Colocaram muitos amigos em posições importantes e o tempo foi passando, esbatendo as arestas mais vivas dos acontecimentos.

Um dia o Povo, absorto em tantos acontecimentos estranhos que aconteciam à sua volta, privatizações, desemprego, falências, pedofilia, apercebeu-se que haviam desaparecido dois ou três euros que tinha no fundo do bolso. Havia sido roubado. Os órgãos da comunicação social eram ufanos em diariamente anunciarem que a segurança das pessoas aumentava a olhos vistos, que o crime diminuía neste Pais já de si de brandos costumes.

Daí para a frente os euros do Povo desapareciam mal ele se distraía. Até mesmo quando julgava estar atento. Os ladrões andavam à solta de novo, bem vestidos e bem falantes, mas ladrões. Roubaram o emprego ao Povo. Roubaram a saúde ao Povo. Roubaram a escola ao Povo. Segurança quanto menos melhor para que os ladrões actuassem sem entraves. É fartar a vilanagem.

Senhores bem vestidos, de fatos de alpaca, a maioria de tons cinzento, aplaudiam. Aplaudiam freneticamente. Felicitavam-se uns aos outros por terem salvo o País. Os lucros chorudos das suas empresas eram prova disso. Bancos, seguradoras, mas também as empresas das águas privadas que um dia já haviam sido públicas...

O próximo negócio que já foi aprovado pelos senhores do poder, para o qual se prepara a regulamentação provoca algumas disputas entre os grandes grupos financeiros. Mas eles ir-se-ão entender para bem da Nação. O ar que respiramos vai entrar na concorrência liberal... Vamos pagar o ar que respiramos, na certeza de que terá muito melhor qualidade.

[O Povo tomou consciência da sua própria força. Voltou a aprisionar os perigosos ladrões que se haviam evadido da prisão de alta segurança]

sábado, janeiro 27, 2007

convite para "carnavalar"


com o frio da invernia
sabe bem sentir o carnaval próximo
numa aculturação luso-brasileira


Convite para "carnavalar", Bolsa de Turismo de Lisboa - Portugal

corpo angelical

Noites a fio sem cessar
Sonhei teus olhos de mel
Em viagem de encantar
Pela terra e pelo mar
Viajavas num corcel

Me prende pra todo o tempo
Teu rosto angelical
Foi o meu encantamento
Foi a luz do sentimento
Teu sorriso divinal

Perdi-me no teu sorriso
Naveguei em teu olhar
Não são falta de juízo
São dádivas do Paraíso
O sentir e o beijar

Colorida de carmim
Tua boca sensual
Sinal de dizer sim
Sinal de amor sem fim
É do querer um sinal

Espigas de trigo maduro
Teus cabelos muito loiros
De sentimento tão puro
Corpo formoso e seguro
São para a alma tesoiro

Em ombros cor de pimenta
Teu pescoço elegante
Seios em carícia lenta
De minha boca sedenta
Do teu corpo tão vibrante

Coroam seios doces formosos
Teus mamilos muito escuros
Pedindo sentires fogosos
De um beijo desejosos
São tentação de tão duros

Uma pérola um brilhante
Teu umbigo celestial
Tão bonito elegante
Sensual e intrigante
Como ele não há igual

Monumento de beleza
Nádegas a cinzel talhadas
Dádiva da Natureza
Dignas de elevada nobreza
Tão belas e delicadas

No cruzar de lindas pernas
Escondes um belo tesouro
Imagens que são eternas
Luminosas quais lanternas
Para o prazer duradouro

sexta-feira, janeiro 26, 2007

fim-de-tarde tranquilo


na tranquilidade de um fim-de-tarde
assistir ao pôr-do-sol no grande areal
com o mar azul ali tão perto


Pôr-do-sol na Fonte da Telha, visto da Mata dos Medos, Almada - Portugal

voar no sonho

Nas singelas pesquisas que são realizadas pelo pessoal da Oficina das Ideias fomos desencantar um breve apontamento manuscrito, talvez há uns 20 anos atrás, onde se transcrevia uma quadra de origem popular, publicada em documento de que já perdemos o rasto e alusiva a uma das lendas da Nossa Senhora do Cabo Espichel.



Curiosamente a lenda e, consequentemente, a quadra popular que lhe é dedicada evocam o acontecimento de um sonho comum e simultâneo por duas pessoas diferentes a viverem em terras distantes. É uma lenda, é uma quadra popular, é uma simples estória que trouxe ao sentir da Oficina das Ideias tantos outros sonhos em que se cruzam quereres profundos de difícil explicação.

Contava-nos, a propósito, um dos operários da Oficina das Ideias...

Há muito tempo atrás, tanto que se esconde no fundo do baú das memórias, [isto do tempo que passa tem muito que se lhe diga...] um acontecimento marcou-me para toda a minha vida. Sonhei que voava...
Sonho que se tornou recorrente, noite após noite, ano após ano, vida vivida, em que livre de qualquer peso, voava! Voava terras sem fim, passava oceanos e montanhas, ultrapassava obstáculos que se apresentavam como inultrapassáveis. Voava sempre, conduzindo o meu caminho com um simples gesto de braços.

Era pássaro, mas era também velho fotógrafo, louco marinheiro que conversava com o mar, com o “meu” mar. Esse mar eterno, azul, profundo, ora romântico e terno, ora violento e furibundo. E voava sempre...

Nesses voos sem fim encontrei doce companheira de sonhos, que me disse um dia referindo-se ao meu mar “esse teu mar que tanto me assusta, que tanto me aflige...” mas que sonhou voar no meu sonho para além do mar. E, então, voávamos sempre...


Aqui o operário da Oficina que nos contava este sonho calou-se. Um lágrima rolava no seu rosto sem ser pedida, deixando marca profunda, caminho de nomadismo do pensamento, que não do sentir...

quinta-feira, janeiro 25, 2007

uma "pintura" mural


a natureza cria obras de arte
milhões de anos de trabalho continuado
para o nosso encantamento


Estrutura de rochas sedimentares no Cabo Espichel - Portugal

leva um amigo contigo...


quarta-feira, janeiro 24, 2007

uma flor para... a sílvia


neste dia de felicidade e ventura
te ofereço esta flor com muito afecto
futuro risonho para ti e teus entes queridos


Flores "colhidas" no Litoral Alentejano - Portugal

agasalho de amor

Sinto o conforto
Da roupagem
Com que agasalhaste
O meu sentir
Suaves seios que envolvem
Meu sexo,
Mamilos erectos,
Meu querer
No percurso do desejo,
Sensual vereda caminhada
Em carícias mil
No orgasmo
Minha seiva
Acaricia tua boca,
Gozo
Em doce gemer

terça-feira, janeiro 23, 2007

iluminar iluminuras


iluminou tempos de oração
longas jornadas de leitura e de escrita
um dia partiram e foram marterizados pelos corsários


Janela redonda da Capela da Quinta de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

pelo sim! nós votamos

De acordo com dados disponibilizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), 20 milhões dos 46 milhões de abortos realizados anualmente em todo o Mundo, são feitos de forma ilegal e em péssimas condições sanitárias e de higiene, resultando na morte anual de, aproximadamente, 80 mil mulheres, vítimas de infecções, hemorragias, danos uterinos e efeitos tóxicos de agentes utilizados para induzir o aborto.

Em Portugal, estima-se que anualmente se praticam entre 20 e 40 abortos clandestinos. Sabe-se que cerca de 9 mil portuguesas se deslocaram a clínicas espanholas entre 1996 e 2002.

O aborto clandestino é uma realidade.

Nenhuma mulher faz um aborto por prazer.

Uma querida amiga que há muito trabalha junto de comunidades menos favorecidas, algumas mesmo marginalizadas, afirma sem hesitação “quando a mulher não pode ter filho, ela faz o aborto de qualquer forma, usando agulhas de tricô para perfurar o útero, na casa de banho, ou com “curiosas” que ajudam da forma mais precária”.

A decisão de abortar é uma decisão difícil, dolorosa mesmo. Mas deveremos ter a consciência de que muito mais dolorosas são, muitas vezes, as consequências de uma gravidez indesejada levada até ao fim. Deve ser dada à mulher grávida a oportunidade de reflectir sobre o que será melhor para si e para o seu desenvolvimento pessoal, assim como para o seu futuro filho.

Quando grupos de cidadãos se apresentam “pró-vida” não estão a considerar a enorme quantidade de mulheres que morre todos os anos. A criminalização do aborto é cruel, porque não altera a situação em que as mulheres que a ele recorrem vivem, apenas as culpabiliza ainda mais e as obriga a correr risco de vida, especialmente as mulheres pobres.

A lei actual é uma lei injusta para todas as mulheres, independentemente de recorrerem ou não alguma vez à interrupção voluntária da gravidez, porque o Código Penal se sobrepõe à sua vontade e ao direito de, em liberdade, decidirem sobre questões da sua esfera privada e intima.

Consultas importantes:
Sim!, Edições Avante, 156 páginas, 1ª edição Janeiro de 2007
Síndrome de Estocolmo, de Denise Arcoverde

segunda-feira, janeiro 22, 2007

pedra mu


no alto daquele cabo tão agreste
de costas viradas para o mar, ergue-se
o santuário de Nossa Senhora da Pedra Mu


Santuário de Nª Sª da Pedra Mu, Cabo Espichel, Portugal

teus lábios de carmim

Com pétalas da mais bela rosa do jardim
Desenhei teus lábios em sonho de encantar
Em teu angelical rosto este toque de carmim
Enamorou meus olhos, deu-lhes o brilho do luar.

Teu doce sorriso aos lábios aflorou com ternura
Iluminou os caminhos de afectividade sem fim
Sensualidade que é néctar de uva cheia e madura
Que atrai o sentir e o querer que tenho em mim.

Tua língua deslizou entre os lábios numa carícia
Convite a caminhadas por veredas de contentamento
Olhar brilhante de desejo, sensualidade e malícia
Convite e sim para um mais audaz cometimento.

Coloquei meus lábios sobre os teus num beijo desejado
Minha língua abriu caminho em procura íntima sensual
Neste sonho caminhámos rumo ao destino almejado
Deixando um rasto de pétalas de rosas sem igual.

domingo, janeiro 21, 2007

mar de lendas mil


o mar do Espichel, mar agreste
considerado o mais perigoso da costa portuguesa
acolhe no seu seio lendas mil


Cabo Espichel, Portugal

arte xávega no grande areal

A Arte Xávega é uma arte piscatória praticada desde há muitos anos no mar fronteiro aos areais da Caparica, forma tradicional de arrasto para apanha de peixe miúdo, especialmente a sardinha, o carapau e a sarda. Muitas vezes do arrasto resulta também a captura de “tequinhas” de lulas sempre muito apreciadas.

A pesca de Arte Xávega, também conhecida na zona da Trafaria, Costa e Fonte da Telha por Arte Grande, é um método tradicional, praticado igualmente nas regiões de Aveiro, a norte, e de Vila Nova de Milfontes, a sul, que consiste no arrasto de redes lançadas a grande distância da orla marítima e que depois da embarcação regressar a terra são puxadas a braço e, nos tempos mais recentes, por tractores.

A Arte Xávega é somente praticada no Verão, daí ser considerada sazonal, época em que o mar é mais propicio à manobra das frágeis embarcações com que é praticada, sendo nas restantes épocas do ano substituída pela pesca com redes de Estremalho, redes que são lançadas pela madrugada de um dia e recolhidas no dia seguinte. Com a rede de Estremalho pesca-se, normalmente, robalo, linguado e outros peixes finos.

A actividade diária dos pescadores da Costa tem o seu início de madrugada, terminando à hora do pôr-do-sol quando o último peixe é escolhido para a venda na lota. Muitas vezes os populares ajudam ao puxar das redes para receberem a retribuição de algum peixe que virá a constituir a base da ceia do dia.

A companha de uma barco da Arte Xávega é constituída por cinco homens que no mar lançam a rede de cerco, enquanto em terra os restantes elementos se dedicam ao alar das redes; à limpeza soa barcos e à selecção do peixe. A tradição estabeleceu também os quinhões da safra diária que cabe a cada um dos elementos da companha de acordo com as suas tarefas.

sábado, janeiro 20, 2007

mar e(é) energia


quando o sol se põe para lá do horizonte
o mar redobra sua força seu poder
a silhueta do barco das artes é ele próprio energia


Barco ao pôr-do-sol no grande areal da Praia do Sol, Almada - Portugal

teu corpo, uma jóia

Teus belos olhos de mel
Duma tonalidade tão pura
São do Universo o anel
Do muito querer que perdura

Tua boca sem ter par
Qual amora já madura
A doçura no beijar
Num momento de ternura

Teus seios são frutos de ouro
Duas jóias preciosas
Fazem parte do tesouro
Das sensações valiosas

Teu umbigo sensual
Com um brilhante de sonho
Como ele não há outro igual
No Mundo que fazes risonho

No centro de teu lindo ser
Fulge o mais belo tosão
É sonho de enlouquecer
O mais nobre coração

De tão bonita mulher
A concluir o que penso
Feliz de quem merecer
Seu sorriso tão intenso

sexta-feira, janeiro 19, 2007

marcas na areia


passou o tractor e deixou marcas
como sente um coração dorido
mais logo as suaves ondas as vêm apagar

Grande areal da Praia do Sol, Almada - Portugal

sua letra revela quem você é

Mesmo aqueles que têm uma forte capacidade de introspecção e a modéstia necessária a realizarem a sua autocrítica desejam muitas vezes conhecer um pouco mais de si próprios com recurso a opiniões de terceiros, se possível, com algum apoio objectivo.

É curioso o recurso à grafologia, com resultados muitos positivos quando a análise é efectuada com bases científicas e por pessoas com os saberes apropriados.

O recurso a uma ferramenta que se encontra disponível na Internet por gentileza do especialista brasileiro José Bosco pode fornecer-nos resultados inesperados...

Quisemos fazer a experiência aqui na Oficina das Ideias e obtivemos os seguintes resultados:

“A inclinação de sua letra mostra que você tende a ser uma pessoa extrovertida, sociável e afectuosa. A ligação de sua letra revela organização, raciocínio lógico e razoável capacidade de adaptação. A direcção de sua letra indica controle, constância e organização, especialmente nas tarefas quotidianas. A pressão que usa ao escrever sinaliza estabilidade e equilíbrio. As áreas valorizadas na sua escrita destacam controle emocional, tolerância, um certo imediatismo e tendência ao comodismo. A forma de sua letra demonstra amabilidade em seus relacionamentos (amorosos ou não) e cooperação.”

Se desejarem fazer a experiência vão a “sua letra revela quem você é”.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

covos a estrear


covos a estrear nas artes da pesca
do grande areal da Praia do Sol
fontes de sustento das famílias do mar


Covos no areal de Fonte da Telha, Praia do Sol, Almada - Portugal

o beijo de cada signo

Os beijos são uma arma poderosa na hora de seduzir. Através deles, é possível expressar vários sentimentos. Vejam agora como cada signo beija e caia de boca nessa deliciosa tentação!

CARNEIRO Costuma entregar-se de corpo e alma quando beija. É um beijo quente, entusiasmado, cheio de paixão. Bastante impulsivo, prefere impor o jeito de beijar.

TOURO Tem um beijo cheio de desejo e sensualidade. Gosta de despertar as mais variadas sensações em quem está beijando. É calmo e prefere beijos longos e muito profundos, molhados.

GÉMEOS Seu beijo é muito diferente e criativo. Não gosta de rotina na hora de beijar. Adora brincar com os lábios e com a língua, faz o perfeito jogo da sedução, deixando sem fôlego o seu amor.

CARANGUEJO Muito romantismo, carinho e suavidade fazem parte do seu beijo. Quando está muito envolvido, gosta de beijar ardentemente. Sabe exactamente o que a outra pessoa está esperando dele.

LEÃO Quer que todos os seus beijos sejam mesmos inesquecíveis, por isso não mede esforços para que sejam perfeitos. Tem muita força e desejo na hora de beijar o seu companheiro(a).

VIRGEM A timidez não interfere no beijo, geralmente apaixonado, deste signo. Toca fundo no coração e quer que o par se sinta super bem. Na verdade, não parece, mas ele é um grande beijoqueiro.

BALANÇA Mistura palavras, carinhos e gestos românticos enquanto está beijando. Gosta de muito mimo também. E não tem pressa. Beijo tem que ser lento e repleto de carícias.

ESCORPIÃO Tem o beijo mais erótico e quente. Primeiro envolve a pessoa em sua magia, mistério e romantismo, depois dá o beijo. A sensualidade é marca registrada em seus beijos.

SAGITÁRIO Adora muitos carinhos e mimos enquanto beija. Gosta de se sentir especial e que a pessoa se entregue ao seu beijo. É bastante assanhado com as mãos na hora em que está a beijar.

CAPRICÓRNIO Pode ser uma caixinha de surpresas. O seu beijo começa tímido, meio sem graça, mas depois transforma-se num beijo quente, explosivo, cheio de desejo. Essa é sua arma secreta na hora de seduzir.

AQUÁRIO Adora inovar até quando vai beijar, por isso seus beijos nunca são iguais. Gosta
de abraçar a pessoa amada enquanto beija. Precisa estar envolvido por inteiro para desfrutar do beijo.

PEIXES Sua característica principal é dar prazer ao outro. Faz de tudo para que seu beijo seja leve e suave. É muito romântico e gosta de se sentir-se amado e querido na hora dessas intimidades.

Beijem muito....faz bem ao sentimento e ao coração ! ! ! A pessoa amada merece receber seu beijo e precisa dele para renovar as baterias do Amor...

quarta-feira, janeiro 17, 2007

o nosso sonho


casa de apetrechos de pesca
das artes é sonho de pescador
que enfrenta o mar bravio


Casa de apetrechos de pesca na Fonte da Telha, Praia do Sol, Almada - Portugal

se eu fosse...

Uma amiga muito querida fez-me o desafio de eu responder a "Se eu fosse...". Aqui estão as minhas respostas.


Se eu fosse um mês, seria Maio... adoro as flores que este mês nos oferece; além disso, o Junho está logo aí...
Se eu fosse um dia da semana, seria quarta-feira... É o dia do meio... durante anos em que não gozei férias continuadas utilizava este dia como compensação...
Se eu fosse uma hora do dia seria as 7 horas... hora de levantar, hora de clarividência...
Se eu fosse um planeta ou astro, seria a Lua... especialmente, a Lua Cheia de Agosto...
Se eu fosse uma direcção, seria o S(ul)... Gosto de caminhar terras do Além Tejo...
Se eu fosse um móvel, seria um Cavalete... nele colocaria uma tela em branco aguardando as cores da vida...
Se eu fosse um líquido, seria a Água... cristalina e muito fresca...
Se eu fosse um pecado, seria a Luxúria... pensamento pecaminoso este...
Se eu fosse uma pedra, seria a Hematite... negra, brilhante, misteriosa...
Se eu fosse uma árvore, seria um Pinheiro... pinheiro manso com belas pinhas...
Se eu fosse uma fruta, seria uma Romã... maçã romana eu seria...
Se eu fosse uma flor, seria um Jasmim... brancos de Paz, um cheirinho do Paraíso...
Se eu fosse um clima, seria Mediterrâneo... com o Sol que eu tanto amo...
Se eu fosse um instrumento musical, seria um Violino... para ser tocado no telhado olhando a Lua de Agosto...
Se eu fosse um elemento, seria o Ar... para ser livremente respirado...
Se eu fosse uma cor, seria o Arco-Íris... para deixar seguir o sonho...
Se eu fosse um bicho, seria um Lince... algo de gato e olhar profundo...
Se eu fosse um som, seria o Piar do Mocho... nas noites escuras do pinheiral...
Se eu fosse uma música, seria o Danúbio Azul... navegaria nesse rio suavemente...
Se eu fosse um estilo musical, seria um Tango... sem machismo apertava-te ao meu peito...
Se eu fosse um sentimento, seria o Muito Querer... ali à beirinha do Amor...
Se eu fosse um livro, seria o Subterrâneos da Liberdade... o Cavaleiro da Esperança é necessário neste mundo...
Se eu fosse uma comida, seria Pézinhos de Coentrada... Alentejo aqui tão perto...
Se eu fosse um lugar, seria o Cabo Espichel... “o velho de Alcabideche encontrou a velha da Caparica”...
Se eu fosse um gosto, seria gosto da Hortelã Pimenta... docemente apimentado...
Se eu fosse um cheiro, seria cheiro a Maresia... quando chega para cá da arriba...
Se eu fosse uma palavra, seria Afectividade... “revolução com muito afecto”...
Se eu fosse um verbo, seria Viajar... conhecer gentes e costumes...
Se eu fosse um objecto, seria uma Concha... dádiva do mar eterno...
Se eu fosse uma parte do corpo, seria os Olhos... para te olhar profundamente
Se eu fosse uma expressão facial, seria o Sorriso... espelho da tua Felicidade...
Se eu fosse um personagem de desenho animado, seria o Pluto... gosto do seu olhar ternurento...
Se eu fosse um filme, seria Jangada de Pedra... para “sentir” os bandos de estorninhos...
Se eu fosse uma forma, seria um Círculo... da perfeição que não tenho...
Se eu fosse um número, seria o 7... o meu número mágico...
Se eu fosse uma estação de CF, seria a estação da Amadora... da minha meninice...
Se eu fosse uma frase, seria "Segue o Arco-Íris até encontrares o Sonho"... depois, realiza-o...

terça-feira, janeiro 16, 2007

tranquilo por-do-sol


ao pôr-do-sol no vasto areal
covos por estrear aguardam
o breve embarque nas artes rumo ao mar


Pôr-do-sol no areal de Fonte da Telha, Praia do Sol, Almada - Portugal

tatiana

Sabem que a vodka ucraniana feita de grãos de trigo é muito boa? Este saber foi o mote para esta pequena e singela estória.

A Tatiana veio para Portugal há já alguns anos, casou e já teve dois rebentos em terras lusas. Veio das terras da Ucrânia, assim como o seu marido. Estão perfeitamente integrados, falam correctamente o português, têm o seu emprego.

Sentem-se felizes em Portugal, embora tenham muitas saudades dos entes queridos que deixaram nas terras do longe, pais, irmãos...

Nascida na então União Soviética, no país da Ucrânia, não resisti um dia em fazer-lhe uma pergunta que há muito trazia no meu espirito: "Na tua terra são mais felizes agora ou nos tempos da União Soviética?" "Aqui somos muito felizes mas na nossa terra éramos muito mais felizes, vivíamos melhor no tempo da União Soviética".

"Havia trabalho, as gentes eram naturalmente alegres, o ordenado de minha mãe era suficiente para a família, pais e três irmãos, viverem bem. O ordenado do meu pai era para amealhar". "Hoje em dia, a minha irmã é contabilista num banco, tem um bom emprego, ganha o equivalente a 50 euros".

A Tatiana está em Portugal e está empregada numa pastelaria. É empregada de balcão. É feliz. Conclui... "Eu também tenho estudos..."

segunda-feira, janeiro 15, 2007

escada misteriosa

escada, corrimão, quadros na parede
subida até à luz, ao infinito
mistério guardado pelo tempo

Escada interior da Quinta de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

noites de almada

Almada Velha anima-se quando a noite desce sobre a cidade criando, aqui e ali, sombras cúmplices dos beijos furtivos dos namorados, mas também das dramáticas situações de consumo de droga e de prostituição.

A noite dos jovens e dos menos jovens é vivida nas imediações da Capitão Leitão, antiga Rua Direita, de grandes tradições na vivência almadense, a cair para os lados do Tejo, nas zonas do Miradouro e do Castelo.

Os pequenos bares acolhem, a cada noite que passa, centenas de visitantes que na justificação de "um copo" conversam como somente os almadenses sabem conversar, sobre os temas do momento e as preocupações do dia-a-dia. Os forasteiros integram-se facilmente na grande convivialidade das gentes de Almada, ganhando o estatuto de cidadania se mais do que uma vez aparecerem.

Almada está habituada, desde tempos imemoriais, a acolher no seu seio gentes de terras distantes e diversificadas, de cores e credos diversos, propiciando a sua perfeita integração. Grupos alegres, por vezes muito "alegres", percorrem incessantemente as ruas e calçadas da cidade que já albergou nas suas muralhas D. Nuno Álvares Pereira e o Prior do Crato, quando Lisboa lhes foi agreste.

Mas não só na cidade de Almada a noite é assim vivida. Também no seu termo, um pouco por toda a parte, os beberes e comeres da região apelam à nossa presença e Cacilhas, Piedade, Feijó, Laranjeiro, Sobreda, Pragal, Charneca, Caparica, Costa e Trafaria encerram em si segredos que urge descobrir.

domingo, janeiro 14, 2007

bagas vermelhas

pequenas bagas, pontos de luz e de cor
na vastidão verde da Mata dos Medos
dunares relevos, que não causa de receios

Bagas vermelhas da Mata dos Medos, Almada - Portugal

madrugar

Quando a noite chegou ao fim
E foi madrugada,
Pousei meus olhos em teus lábios
De carmim.
E da minha mente cansada
Brotaram sábios pensamentos.

Sem palavras entendi teu ser,
Beijei teu rosto docemente
E com a loucura que nos dá
O muito querer,
Beijei teus olhos, tua boca,
Teu corpo meigo e fremente.

Nossos seres se uniram
Em doce enleio.
Senti teu peito ardente
Em profundo respirar.
Desejámos estar assim eternamente,
Mas logo findou o madrugar.

Foi alvorada.
O sol alevantou o seu esplendor.
Sentimos a força de estar juntos
Perante o mundo hostil,
Máquinas, ruído, poluição,
Que já não entende o amor.

Lado a lado caminhamos o futuro.

E com sol a pino
Do dia meado,
Amadurecemos ideais na noite concebidos.

sábado, janeiro 13, 2007

quiosque azul

quiosque azul à beira-mar
ele próprio da cor das águas do oceano
um postal, uma recordação

Quiosque azul, na marginal da Praia da Foz do Arelho

as andorinhas de valle do rosal

O céu matinal, pouco depois das 8 horas, um alvorecer pardacento de forte neblina, mas a prometer soalhar lá para as 11 horas, foi cortado por um voo diferente dos habituais nesta altura do ano. Uma andorinha executava um voo rectilíneo, voo de chegada pois os voos de estada são circulares e planando nas isobáricas.

Ainda estão longe os odores das rosas e dos jasmineiros, as primeiras já mostram pequenos botões mas os jasmineiros ainda são um fundo verde de folhas, que normalmente festejam a chegada das primeiras andorinhas a Valle do Rosal.

Esta primeira andorinha a chegar, sem dúvida uma atleta de fundo, é a indicação que as suas companheiras de viagem não tardarão. Daqui a pouco regressarão todas as que já cá estiveram e que resistiram à longa caminhada. Algumas terão perecido perante os escolhos de uma longa viagem, as intempéries, os predadores, a malvadez do ser humano. Contudo, a maioria regressará ao seu local de nascimento ou aos ninhos em que foram progenitores.

É temporã esta chegada, resultado sem dúvida da ausência das fortes chuvadas apropriadas a esta primeira quinzena de Janeiro, mas são assim desígnios da mãe Natureza que mais cedo me deu esta imensa alegria. A partira de agora será a animação dos seus voos e a musicalidade dos seus piares, a labuta para a recuperação dos ninhos e para a construção de novos que irão albergar a família aumentada.

Recordamos aqui o registo da Oficina das Ideias no que se refere à chegada da primeira andorinha do ano a terras de Valle do Rosal:

Em 2004, a 16 de Fevereiro
Em 2005, a 10 de Março
Em 2006, a 12 de Fevereiro

Salvo o ano de 2005 em que a sua chegada tardia muitas preocupações trouxe às pessoas que tanto gostam de apreciar a beleza dos seus voos e o empenho do seu labor na reconstrução dos ninhos, a chegada tem tido lugar por volta da segunda semana de Fevereiro.

Neste mágico ano de 2007 registamos hoje, 13 de Janeiro a sua chegada, prenúncio de que muitas outras se aproximam destas terras de acolhimento.

Bem vindas belas andorinhas!!


[minha terra é meu sentir: Caparica mais do que uma terra é um Povo. Gente que construiu vida entre o mar e a floresta em diversificado labor. Da sua vivência aqui se regista testemunho]

sexta-feira, janeiro 12, 2007

velho resistente

desde sempre conheci este pinheiro
resistiu à mão criminosa, ao fogo
resistiu aos ventos fortes do nordeste, feito mar

Pinheiro da Mata dos Medos, Almada - Portugal

palavras

As palavras que se dizem
Aquelas que não são ditas
Os silêncios que se calam
Que são gritos de revolta
A esperança que se realiza
No sonho de que se solta
Um futuro construído
Nas palavras que são escritas.

As palavras que se escrevem
Mais aquelas que são ditas
Formam frases de sentires
Em sentimentos de revolta
Na luta pela igualdade
Que da solidariedade se solta
No rumo certo das verdades
Que no pensar ficam escritas.

A força do nosso âmago
Que se exterioriza em revolta
É solidariedade sentida
Nas palavras que são escritas
É a força de um sonho
Que a esperança liberta e solta

É o querer que vem da alma
Nas palavras que são ditas
É o cavalo alazão liberto
Que em forte galopar se solta
Rumo à justiça e à verdade
Que nas palavras estão escritas.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

tranquilo mar

em fim-de-tarde de janeiro já meado
quando no horizonte ameaça a tempestade
o mar aqui a meus pés está tranquilo

Mar Atlântico fronteiro a Fonte da Telha, Almada - Portugal

escrevi

Existem palavras, simples palavras, que lidas em determinados circunstâncias despertam em nós inspirações que aparentemente podem com elas fazer contraponto.


Li “razão

e escrevi:
Uma suave carícia, lenta, madura... que se transforma em paixão!
Um olhar doce, meigo, profundo... que se transforma em emoção!
Um mamilo erecto, sensível, uva... que se transforma em excitação!
Um gemido ténue, macio, veludo... que se transforma em tesão!



Li “inevitabilidade

e escrevi:
A "inevitabilidade" não existe... quando a própria morte me parece "inverosímil"...


Li “Alentejo

e escrevi:
Olhos castanhos, envolventes e profundos
Escondem segredos das terras quentes, sensuais
Iluminam sentires, indicam veredas, novos mundos
A quem deles se abeira, em sublimes rituais



Li “fraternidade

e escrevi:
Na minha modesta opinião, ser fraterno é dar-se... dar uma palavra, dar atenção, dar o ombro, dar um caminho, dar uma luz. Esperar em troca somente a carícia de um sorriso...


Li “experimentar

e escrevi:
Experimentar é caminho de descoberta
A audácia de ousar é ir mais longe do que o pensamento
Originalidade é desmediável querer
Ser igual é ser fraterno no reconhecimento
Da diferença



Li “esperança

e escrevi:
O “Cavaleiro da Esperança” voa terras sem fim, voa mares e montanhas, é corajoso como o Marinheiro do meu querido mar, é arguto como o Fotógrafo das minhas caminhadas calçada acima... Transformará a utopia na mais profícua globalização... a globalização da Solidariedade.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

canto meu sentir numa flor

canto a alegria nas cores de uma flor e partilho
a felicidade em mim que minha querida amiga sente
no luminoso caminho, merecido caminhar

Amor Perfeito dos jardins do Pinheirinho

“luna sapiens” de in tempus

Dia 13 de Janeiro de 2007, pelas 22h, vai acontecer no Santiago Alquimista, na Costa do Castelo, em Lisboa, o lançamento do disco “Luna Sapiens”, incluído no projecto conduzido por David Reis com a designação genérica de IN TEMPUS.



Em palco vão estar 13 músicos e dois DJ’s que interpretarão 13 músicas originais. São músicos de elevada qualidade que gravam de improviso e primam pela defesa do meio ambiente e pela pesquisa das raízes étnicas da musicalidade utilizada.

Esta actuação vai ser dedicada à defesa e preservação do Lobo Ibérico (“Canis Lupus Signatus”), espécie animal em vias de extinção e dos quais se encontram somente cerca de 300 exemplares em liberdade.


terça-feira, janeiro 09, 2007

anda música no ar

anda a música no ar
alegria e muita festa
minha Amiga está feliz


pormenor da àrvore de Natal "Millenium 2007", Terreiro do Paço, Lisboa - Portugal

do fundo do baú de memórias

Relembrar algumas das memórias que se encontram bem lá no fundo do baú onde guardamos recordações de situações vividas há muito ou que nos foram contadas pelos mais velhos


Os meus avós

Meu avô paterno, mestre sapateiro com oficina posta e aberta ao público, mestre Humberto, oriundo de Campolide, penso que com antepassados da etnia cigana, ainda com alguns vestígios de nomadismo vivido no passado. Era austero, com pendor republicano, patriarca e amigo do seu amigo.

Minha avó paterna, a Ti Joana, peixeira de profissão, a viver nas terras da Venteira vinda da zona de Viana do Castelo, perdera-se de amores pelo mestre sapateiro já em terras da Porcalhota. Ágil no caminhar com a canastra de peixe à cabeça, acabou por se estabelecer com banca no mercado junto à linha férrea.

Em casa o menu principal era sempre baseado no peixe fresco que ficava por vender no mercado da Amadora. Os meus avós sentavam à mesa na refeição do almoço, nesses tempos de dificuldades e penúria, mais de trinta pessoas, entre a prol familiar e os artesãos e aprendizes da oficina.

Meu avô materno, Manuel, trabalhador rural e pedreiro quando os trabalhos do campo eram escassos para alimentar a família, morreu cedo vítima da "pneumónica" ou de uma outra doença traiçoeira, na vitalidade da idade. Minha mãe contava-me que muitos muitos anos depois de ter perdido o pai ainda lhe parecia ouvir o seu tossir quando subia a calçada na direcção de casa.

Minha avó materna, Isménia, nome difícil até para os escrivães da época que a foram registando com variações onomásticas, veio para a capital muito cedo, após a viuvez prematura, acompanhada de uma filha, bela e rosada moçoila que mais tarde seria minha mãe. Veio servir, como então se dizia, para fazer frente à vida quando enviuvou. Mais tarde melhorou a vida arranjando um lugar de porteira quando a Porcalhota começou a desenvolver-se arrabalde de Lisboa já nomeada Amadora, lá pelos anos 40 do século passado.

Antepassados pobres, sofridos mas lutadores, ao que sempre ouvi dizer sérios e dignos, que constituíram famílias grandes, nem sempre tão unidas como seria desejável, como eles sempre idealizaram pudesse acontecer.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

um véu de neblina

a neblina matinal
é um véu que disfarça o sofrer
que tua ausência me provoca


nos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica - Portugal

as janeiras de charneca de caparica

As Janeiras são cantadas, de porta a porta, especialmente para os ricos e os senhores do poder a quem são dirigidos, em tom festivo, críticas e pedidos que procuram encontrar bom eco e respostas adequadas, entre o primeiro dia do Ano e o Dia de Reis, que se comemora a 6 de Janeiro de cada ano. Em muitas localidades, contudo, estes cantares prolongam-se até finais do mês de Janeiro. Numa quadra festiva marcada principalmente por eventos religiosos, Cantar as Janeiras dá um cunho pagão e de intervenção social onde o Povo tem a palavra.

Supõe-se que as Janeiras estejam relacionadas com os cultos pagãos, desenrolando-se no mês do deus romano Jano, de Janua que significa porta, entrada. Esta figura da mitologia romana, representada com duas caras, encontra-se fortemente ligada à ideia de entrada mas, muito em especial, à noção de transição, de conhecimento do passado e do futuro. Cantadas do Ano Novo até aos Reis, em muitas localidades se prolonga a sua realização no decorrer de todo o mês de Janeiro.

A origem da tradição de cantar as Janeiras não se pode, contudo, dissociar da penúria em que as pessoas, de um modo geral, viviam, encontrando nesta e noutras manifestações semelhantes um meio de obterem alguma dádiva, principalmente, vinho e alimentos, dos senhores abastados, sem que, com isso, se sentissem humilhadas. Para isso, cantavam as Janeiras, num misto de religiosidade, atendendo à época em que são cantadas, e de ironia e mordacidade sempre com um apelo à dádiva de comes e bebes.

O cantar as Janeiras na Charneca de Caparica perde-se nos fumos dos tempos e da memória, mas estabelece sempre uma estreita ligação entre o mar, ali tão perto, e a actividade das pessoas, mais ligada aos campos, actividade rural, pois o mar era difícil de domar, era mar macho, na grande maioria dos meses do ano, facto agravado pela fragilidade das embarcações de então.

Durante muitos anos caiu esta tradição no esquecimento dos charnequenses, tal como aconteceu com outros “usos e costumes”. Em boa hora, faz agora 14 anos, António Bizarro, musicólogo há muito radicado na Charneca de Caparica, recolheu da tradição e adaptou à realidade contemporânea este singelo cantar que ainda hoje se fez ouvir em diversos locais desta povoação.

Ainda agora aqui cheguei
Já pus o pé na escada
Logo o meu coração disse
Aqui mora gente honrada.

Boas Festas, Boas Festas
Boas Festas de alegria
Que as manda o Rei do Céu
Filho da Virgem Maria.

Viva lá senhor ...
Sua cara é de sol
Coberta de diamantes
Com safiras ao redol.

Levante-se lá senhora ...
Do seu banco de cortiça
Venha-nos dar as Janeiras
Ou de carne ou de chouriça.

Viva lá senhor ...
Raminho de bem querer
Se a sua pipa tem vinho
Venha nos dar de beber.

Acabadas estão as festas
Embora venham os Reis
Vede lá por vossas casas
As Janeiras que nos deis.


Tradição à parte, hoje em dia, são visitadas igualmente entidades associativas e de apoio social, numa perspectiva de prestar homenagem ao seu trabalho e, igualmente, animar os mais velhos que se encontram em lares, nesta fase da vida com grandes dificuldades de se deslocarem. Assim, os Cantares vão até eles dar-lhes um pouco de animação.

As cantorias deste ano foram entoadas pelo grupo do “Cantar as Janeiras”, pertencente ao Clube Recreativo Amigos da Quinta da Saudade. Aqui fica a letra de um outro cantar que foi dedicado no decorrer do “Cantar as Janeiras” à povoação de Charneca de Caparica:

Charneca, linda Charneca
Charneca de Caparica
Um jardim em cada casa
Mas que bem que te fica.
Charneca, linda Charneca
Charneca de Caparica
Tens p’ra todos um abraço
De amizade muito rica.

Quem passar p’ra outra margem
Seguindo a via do Monte
Tendo atenção à rodagem
Há-de encontrar uma ponte.
Se virar p’ro lado esquerdo
Não tem nada que enganar
O caminho é sempre em frente
E vai mesmo lá parar.

Charneca, linda Charneca
Charneca de Caparica
Um jardim em cada casa
Mas que bem que te fica.
Charneca, linda Charneca
Charneca de Caparica
Tens p’ra todos um abraço
De amizade muito rica.

Há quem chame a esta Vila
O lugar da felicidade
Porque o ar que cá se inspira
Tem sabor a liberdade.
Mesmo juntinho à praia
Continua a ser rural
Conserva em toda a raia
Um belo e extenso pinhal.

domingo, janeiro 07, 2007

teias da vida

as teias da vida são assim
brilhantes se apresentam
negras no seu sentir

mar da caparica

Mar de equinócio
Chega forte
Às praias da Caparica
Em explosões de prata,
Fantásticos sonhos,
Magia
Azul profundo
Fulge de luar
E de esperança matizado
Molda em submersos continentes,
Palácios
E castelos.

À sétima onda
O mar ganha novas energias
E saberes
Pulveriza o ar
Com milhões de salgadas gotículas
De cristal
Por instantes,
A calmaria de afectos seculares
Forjada
O espraiar das ondas
No doirado areal
Que aguarda tal ternura.

No embalar das águas
Em ondulação suave
E sincopada
As gaivotas
Há pouco chegadas
À beira-mar se deliciam
Baloiçam quais folhas
De nenúfar
Em lago plantadas
Despertam,
Saltitam,
Esvoaçam ao sobressalto da rebentação.

Este namoro antigo
Do mar com a doirada areia
Da Caparica
É cumplicidade
Alimentada pelo desejo
Do muito querer vivido
Em que o mar
Oferece conchas
E milhões de grãos de areia
Recebe o afago
De quem sempre
Prazenteiramente o acolhe.

sábado, janeiro 06, 2007

do natal aos reis

muita luz e muita cor
brilham os olhos, o rosto rosáceo
nesta mudança de esperança


árvore de Natal do Milléniun na Praça do Comércio, Lisboa - Portugal

dia dos reis magos

Do Natal aos Reis marca um percurso de tradição de que fazem parte festividades religiosas e pagãs e cujas origens se perdem nas brumas do tempo que passa. Na verdade, muitas das tradições religiosas cristãs já as encontramos nos usos e costumes dos romanos, conforme ficou explicitado no texto que esta Oficina publicou a propósito do Solestício de Inverno.

Primeiro, são as festas natalinas tão ligadas à família, a Missa do Galo, a Consoada, a magia do Menino Jesus, comercializada recentemente com o cola-coleiro Pai Natal, adaptação americana do São Nicolau, cultura e tradição feitos à pressa por quem tem dinheiro mas não tem verdadeiramente passado, ou destruiu com a destruição da cultura índia.

Depois, a Passagem do Ano, feito festa de fartas comezainas e não menores beberagens, o Revevillon. Para muitos o momento de meditação, de paragem para continuar com mais força. Para o comércio tradicional, o momento de balanço, o saber instantâneo dos teres e haveres.

De seguida, caminha-se para o Dia de Reis. Bolo-Rei, rabanadas e a romã de que se guarda para o ano a respectiva coroa acompanhada de meio-tostão, agora 10 cêntimos do euro, na perspectiva de um ano feliz e afortunado, um Ano Novo cheio de prosperidade, muitos diziam noutros tempos “cheio de propriedades”.

Este é, igualmente o percurso do Presépio: o nascimento de Jesus, do Menino Jesus; a Boa Nova ao Mundo; e a chegada dos reis magos, Belchior, Gaspar e Baltazar com as oferendas simbólicas de ouro, incenso e mirra, representando a realeza, a divindade e a imortalidade do Menino Jesus, para muitos o Rei dos reis.

Entretanto, o Povo aproveita a época para dar aso à sua versatilidade, muitas vezes ao seu dizer irónico e à necessidade de dizer algumas verdades, e Canta as Janeiras e os Cânticos dos Reis, de tamanha riqueza e conteúdo social que bem merecem um estudo profundo por quem para isso tem saberes.

novos indicadores de leitura

Um dos maiores aliciantes que o pessoal da Oficina das Ideias encontrou na blogoesfera foi a possibilidade de cruzar visitas sobre temas do seu agrado, com blogues preocupados com a partilha do saber, com a defesa dos patrimónios natural e construído, muito em especial, o património imaterial.

Por outro lado existe sempre a preocupação de visitar e recomendar a visita a todos os blogues que além de nos visitarem nos dão a honra de deixar um comentário construtivo, que muito ajuda a nossa inspiração e o enriquecimento do nosso trabalho.

Vamos acrescentar à nossa lista de “indicadores de leitura” os seguintes blogues companheiros desta viagem:

ao_Sul, de Sónia Ferreira – “pensamentos...ao sul!”
La Petite Vie, de Luz Branca – “A Arte é longa, a Vida é breve (Hipócrates)”
O Banheirense, de Nuno Cavaco – “blog de encontro onde se discute a Baixa da Banheira, sem falsas isenções, porque só é isento quem não tem opinião”
As Velas Ardem Sempre até ao Fim – “Temos horror às situações cujo controlo não está nas nossas mãos. A verdade, porém, é esta: as situações que realmente nos fazem crescer são precisamente aquelas que não comandamos.(Jacques Philippe)”
Blue Shell, de Blueshell – “Sei pouco...mas sinto demais! Gosto do cheiro de terra molhada, gosto do vento e do sol...tenho no sangue a robustez das serranias e no olhar...lágrimas de saudade!”
Viandante, de Rui Manhente – "De uma cidade não desfrutas as sete ou setenta e sete maravilhas, mas sim a resposta que dá a uma tua pergunta. (Italo Calvino), As Cidades Invisíveis”
Agrupalvalade, de Piloto – “A Oficina de Eventos da Oficina do Pensamento”
A Corte d’El-Rei, de Rui Diniz – “Arte e Devaneios na Corte do Rei Carmesim...”
Casario do Ginjal, de Luís Milheiro – “Espaço de opinião, informação e divulgação de tudo aquilo que vive ou sobrevive nas proximidades do Ginjal.”
Mi and Taty Imagination, de Mi e Taty – “Todos os artigos apresentados são originais e feitos artesanalmente. Esperamos que gostem!”
100 papas na Língua, de Ecoólico – “Este blogue foi inaugurado oficialmente no dia 1 de Dezembro por Sua Excelência o Professor Doutor Cavaco Silva.”
Palavras Previamente Ensaiadas, de Tiago – “Eu sou como a água, tenho três estados, feliz, triste ou furioso...”
Blog dos Poetas Almadenses – “A poesia é o espelho da cultura de cada país e nela se reflectem os estados de alma, anseios e aspirações... tudo o que diz respeito ao mais íntimo das pessoas, dos povos e da humanidade... que seja dita e cantada, que sirva para conectar para além do espaço das ideologias e dos sistemas, porque a Poesia é, fundamentalmente, um espaço de Liberdade”

a oficina no mundo

São já 99 os países que temos registados como visitantes da Oficina das Ideias, desde 19 de Maio de 2006. É evidente que na maioria das circunstâncias se tratam de visitas esporádicas, fortuitas mesmo, não significando, portanto, uma “clientela” certa.

Apresentamos uma lista dos “dez +”:

Portugal (26.453); Brasil (22.937); Espanha (2.061); Estados Unidos (1.123); México (923); França (462); Peru (439); Venezuela (343); Alemanha (342); Chile (306)

E a lista dos restantes 89 países:

Argentina; Canadá; Suíça; Reino Unido; Itália; Colómbia; Japão; Holanda; Bélgica; Moçambique; El Salvador; República Dominicana; Luxemburgo; República Checa; Austrália; Angola; Áustria; Turquia; Costa Rica; Suécia; Israel; Panamá; Nicarágua; Equador; Honduras; Hungria; Marrocos; Polónia; Dinamarca; Cabo Verde; Bolívia; Roménia; Emiratos Árabes Unidos; Coreia do Sul; Guatemala; Uruguai; Porto Rico; Belize; Irlanda; Noruega; Taiwan; Finlândia; Quénia; Suriname; Grécia; Bulgária; Baraine; Nova Zelândia; Irão; Senegal; Ilhas Malvinas; Catar; Macau; Butão; Índia; Eslovénia; Ucrânia; Tailândia; Fidji; Malásia; Lituânia; Paraguai; Namíbia; Hong Kong; Tunísia; África do Sul; Vietname; Eslováquia; Cuba; Islândia; Croácia; Letónia; Arábia Saudita; Federação Russa; Bósnia e Herzegovina; Tanzânia; Indonésia; Andorra; Singapura; Estónia; Gana; Antilhas Holandesas; Egipto; Lienchenstein; Macedónia; Afganistão; Nepal; Barbados; Filipinas

sexta-feira, janeiro 05, 2007

mar forte de janeiro

Na crista das ondas navego
Tempos de atribulados sentires
Para onde me levas, mar tão meu?


Mar Atlântico em Costa de Caparica (Praia do Sol) - Portugal

42 meses na blogoesfera

Quarenta e dois meses de presença continuada na blogoesfera. Três anos e meio, em que os meus queridos amigos vão tendo, umas vezes mais outras menos, paciência para serem, igualmente, meus leitores.

Compreendemos aqui na Oficina das Ideias que muitas vezes a inspiração não é a mais frutuosa, donde resultam textos pouco aliciantes, pouco inovadores, pouco apelativos. É o resultado desta “paranóia” de publicação diária.

Nos momentos de maior desalento já nos tem passado pelo pensamento “parar”. Ao escrevermos isto não estamos de forma alguma, nem queremos, receber mensagens de apelo a que continuemos nem, tão pouco, receber palmas de satisfação “já não era sem tempo....”. É uma constatação de um sentir.

Temos, ainda, muitas dívidas para serem saldadas. Amizades criadas e desejadas; Partilhas a fazer e a receber; Parcerias que representam a força da construção colectiva.

Visitas – 131.450, a uma média de 200/dia e com origem em 100 países diferentes
Comentários no mês - 74, de 18 comentadores
Total de posts – 2.597, onde cerca de metade são fotografias da autoria do nosso amigo Olho de Lince
Um agradecimento especial a Blogger.com onde editamos e alojamos a Oficina das Ideias desde a primeira hora.


Quadro de Honra

Sónia Ferreira, do ao_Sul
Cristina, do Contra Capa
Maçã, do Maçã de Junho
Lenore, do Verdades Cruéis
Lígia
João Ferreira Dias, do Kontrastes
Reporter, do EmDirectoEACores
Lila
Karlitus
CláudiaP, do Tudo ou Nada
Luz Branca, do La Petite Vie
Nuno Cavaco, do O Banheirense
As Velas Ardem Sempre até ao Fim
Blushell, do Blue Shell
Jacky, do Amorizade
Gotinha, do Blogotinha
Rui Manhente, do Viandante
Piloto, do Agrupalvalade


A TODOS o nosso Muito Obrigado

quinta-feira, janeiro 04, 2007

flor de alegria

flor de inverno colorida
sinal de muita alegria
pelo exito da minha amiga Lualil

Ciclame dos jardins do Convento dos Capuchos

um sorriso para lualil

A minha querida amiga Lualil, do Traduzir-se..., tem uma qualidade de escrita excepcional aliada à sua profunda inspiração que no decorrer dos tempos tem tido a sensibilidade de partilhar no seu blogue.

Tem sido uma companheira assídua nas regulares “caminhadas calçada acima” que na cidade pernambucana do Recife, a Veneza do Brasil, tem possibilitado “Sentir o Povo que Vive” ao Fotógrafo que muito encantamento tem encontrado nessas paragens do nordeste brasileiro mercê desta parceria muito conseguida.

O Fotógrafo e a Escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios”.

A notícia há muito desejada e porque não dizê-lo? igualmente esperada chegou ontem através de um singelo correio electrónico:

O Sindicato dos Bancários de Pernambuco divulga as 65 poesias pré-selecionadas para a final do seu II Concurso de Poesias “Mostre seu Talento”. Foram 1.750 poesias e 636 inscritos no certame poético. ...... O anúncio e premiação dos vencedores do “Mostre Seu Talento” será no dia 5 de Janeiro de 2007, na primeira sexta-feira do ano. Todos estão convidados para participar da cerimónia de premiação.

O evento acontecerá no auditório Marcelo Ferreira da sede da entidade. Os três vencedores da categoria bancários e os três da não-bancários serão conhecidos no momento da cerimónia. Na oportunidade serão distribuídos o material das vinte melhores poesias – com as poesias e cédula de votação – para a escolha do prémio júri popular.

Este II Concurso homenageia o poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto. A Comissão Julgadora é formada pelos poetas: Delmo Montenegro, bancário e vencedor do I Concurso de Poesia dos Bancários; Marcelo Mário Melo, escritor e jornalista; Cida Pedrosa, advogada, Jota de Souza, professor; e Varela Cavalcanti, bancário.

Fazendo parte dos 65 poemas seleccionados encontra-se “Capibaribe” da autoria da minha querida Amiga Lualil, o que me encheu de contentamento, assim como a todo o pessoal aqui da Oficina.

CAPIBARIBE
(caapiuar-y-be / capibara-ybe)

Chamo-te Capibaribe
És Tupi entre capivaras
E porcos selvagens
Desde o agreste à zona da mata
Tua beleza espalhas
Ao longo de dez cidades

Hoje, olho para ti
Parece que te matam um pouco a cada dia
Mas resistes... és teimoso

Alimentas tantas barrigas e tantas almas
E segues tu, junto a uma gente caranguejo
Arrastando-se, sobrevivendo

Mas outrora foste mais
Hidrovia para pessoas e ouro branco
Tuas águas, terapia

Hoje, olho para ti
Parece que te matam um pouco a cada dia
Mas resistes... és teimoso

Porém não escuto os teus murmúrios
A quem segredas a tua dor?
É às pontes que falas baixinho teus lamentos?

Só vejo a tua beleza,
Hipnotizo-me no reflexo brilhante
Que mostras os casarios da aurora,
Na tua força que brota nos verdes dos manguezais
E nos beijos e carícias que trocas com as garças.

Aqui estou, ao teu lado
Traduzindo o que sentes e o que nos fazes sentir.


Parabéns minha Querida Amiga! Felicidades para a próxima sexta-feira!


Capibaribe = Rio pernambucano que na sua foz recorta a cidade do Recife dando-lhe a designação de "Veneza do Brasil"

quarta-feira, janeiro 03, 2007

lua de janeiro, o mês primeiro

lua primeira do ano mágico
sinal de temperança e felicidade
desejo de muito sentir


Lua Cheia a 100% foi às 13 horas e 57 minutos

olhares

A primeira imagem obtida neste ano de 2007 pelo meu querido amigo Olho de Lince foi a do memorial a Pablo Neruda que foi erigido nos jardins do Convento dos Capuchos, em local sobranceiro ao mar Atlântico.

Imagem obtida a partir do miradouro dos Capuchos, enquadrado pela Serra de Sintra, a Norte e pelo Cabo Espichel, a Sul, onde bem cedo no primeiro dia do ano o Fotógrafo que tantas vezes percorreu a calçada recifense na companhia da Escritora se encontrou com o velho Marinheiro que aí procurava o encontro com a mais bela Ninfa do Tejo.



Estava de partida para as terras do longe e não desejava fazê-lo sem que primeiro pudesse deixar um aceno de adeus que fosse à mulher do seu encantamento. Contudo, nem sempre os sonhos se tornam realidade, embora, no infinito que seja, sempre a utopia se vem a concretizar.

Desta vez, como em muitos outros portos aconteceu ao velho Marinheiro, ele vai partir na incógnita do regresso, nesse eterno caminhar na procura da luminosidade do sentir, nessa constante aproximação e afastamento que a vida induz, sem ver o sorriso da sua musa.

Estas situações não são estranhas ao Fotógrafo . Também ele tem tido a vivência marcada por encontros e desencontros, por amores e desamores. São seres que vivem a paixão com a intensidade que lhe é própria. Não têm meio termo na sua total entrega, dão-se desmediavelmente sem a preocupação do que recebem. Para eles é suficiente receberam um sorriso.

Mas hoje... esse sorriso não esteve presente!

O Fotógrafo e o Marinheiro apertaram fortemente as mãos. Os dois iriam partir, destinos diversos mas na igual procura de afectos. Olharam uma vez mais para o memorial a Pablo Neruda e reviram-se no “seu olhar” muito mais valioso que quaisquer palavras que pudessem partilhar.



Imagens do Memorial a Pablo Neruda, Convento dos Capuchos, Almada - Portugal

terça-feira, janeiro 02, 2007

viva neruda!

Tira-me o pão se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso

(Pablo Neruda)




Monumento a Pablo Neruda, Alto dos Capuchos, Almada, Portugal

em dezembro de 2006 a oficina das ideias publicou

Textos
Dia 1 – Em Novembro de 2006 a Oficina das Ideias publicou
Dia 2 – Lengalenga
Dia 3 – O pequeno morcego
Dia 4 – Não me deixes tão sozinho
Dia 5 – O Sol e a Lua [segredos guardados no rio]
Dia 6 – Quarenta e um meses na blogoesfera
Dia 7 – Companheira
Dia 8 – O Agostinho de Grinzing
Dia 9 – Bulhão Pato na Caparica
Dia 10 – Frutos do Alentejo
Dia 11 – Olha que três!... o Paulo, o Pedro e o Victor
Dia 12 – A partilha da Lua Setembrina [segredos guardados no rio]
Dia 13 – Reviver
Dia 14 – Meu vício maior
Dia 15 – Navego na procura
Dia 16 – No Atelier com In Tempus
Dia 17 – O aproveitar da água
Dia 18 – Cante ao Menino em Peroguarda
Dia 19 – Há sempre uma nova oportunidade [segredos guardados no rio]
Dia 20 – Belarmino
Dia 21 – Duas lágrimas de sal
Dia 22 – Solstício de Inverno [o mistério e a fantasia]
Dia 23 – Ao mundo que já não entende o amor
Dia 24 – O Menino que viu a esperança nas estrelas
Dia 25 – Uma hipótese de origem do Natal [mistério e fantasia]
Dia 26 – Muito só e a multidão
Dia 27 – Homenagem ao Escritor Desconhecido
Dia 28 – Vermelha Romã [segredos guardados no rio]
Dia 29 – Embriaguez
Dia 30 – As rolas turcas
Dia 31 – Esse instante de um suspiro

Imagens
Dia 1 – Castelo de Portel
Dia 2 – Misterioso local
Dia 3 – Contrastes
Dia 5 – Lua desejada
Dia 6 – Raios de luz
Dia 7 – Vinho da tradição
Dia 8 – Este céu...
Dia 9 – Um batente, dois leões
Dia 10 – Na bailação do amor
Dia 11 – Presépio da tradição
Dia 13 – Auto-retrato de partida? Ou de chegada?
Dia 14 – Meu mar, meu refúgio
Dia 15 – Uma galinha no cata-vento
Dia 16 – Uma fé nas religiões
Dia 19 – Simples
Dia 20 – Tranquilidade em fim de tarde
Dia 21 – São pérolas...
Dia 22 – Redes coloridas
Dia 23 – Pulo do lobo
Dia 24 – Dão cor à invernia
Dia 25 – Festas Felizes
Dia 26 – Estado de espírito
Dia 27 – Aldraba de prata
Dia 29 – Vereda de cor
Dia 30 – Mil cores, energia
Dia 31 – Feliz Ano Novo

Uma flor para...
Dia 4 - ...a Jacky
Dia 12 - ...a Teresa
Dia 25 - ...a Adosinda
Dia 28 - ...a Alfonsina

segunda-feira, janeiro 01, 2007

mar do dia primeiro

"meu" mar a ti entrego
meu querer e meu sentir
protege meus entes queridos


mar da Praia do Sol, em 1 de Janeiro de 2007

olho de lince

É o Meu Amigo incondicional das caminhadas da Vida, com quem tenho partilhado todas as minhas alegrias e algumas das minhas maiores preocupações. Sempre está ao meu lado nos momentos de maior aflição. Vibra mais do que eu com os meus modestos êxitos que na vida tenho conseguido. Estou a referir-me ao meu querido amigo “Olho de Lince”.

Conheci-o quando tinha 12 anos de idade, na pequena povoação onde, então, vivia. Hoje a imensa cidade da Amadora. Recordo-me de como os seus olhos brilhavam quando brincava com um “carrinho” de metal, semelhante aos carrinhos de linhas, que era suporte do chamado rolo fotográfico.

Um dia, corriam os anos 50 do Século passado, sua mãe ofereceu-lhe uma pequenina máquina fotográfica, muito simples, construída em plástico. Terá sido o melhor presente de sempre. E que esforço sua mãe terá feito nos seus parcos recursos financeiros... Vida difícil nessa época do pós-guerra!!!

Sempre o conheci acompanhado da sua máquina fotográfica, diferente com o correr dos tempos. Sempre modesto, procurou recolher as imagens que a Natureza lhe ofertava, sendo nela que sempre encontra o mérito das bonitas colorações que connosco partilha. Muito se preocupa, igualmente, com a preservação do património construído e com o património imaterial.

Viveu alguns anos na cidade do Recife, a Veneza do Brasil, no estado de Pernambuco, onde partilhou longas “caminhadas calçada acima” com a Escritora. Grande amizade fizeram, mas nunca olvidou este Amigo que deixou nas terras lusas.

O pessoal aqui da Oficina das Ideias, da mesma forma eu próprio, resolvemos escrever este modesto texto dedicado ao Olho de Lince, publicá-lo no dia primeiro deste mágico Ano de 2007 e oferecer um miminho a este meu querido Amigo, como prova de Amizade partilhada.


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