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quarta-feira, março 31, 2010

nova arte nova



janelas são duma casa a vida
sua alma na transparência
de quem é querida
na fantasia imaginada e vivida
da arte uma confidência



janelas "arte nova" do café-restaurante "Águias d'Ouro", em Estremoz



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vermelha romã

segredos guardados no rio
O rio guarda os segredos da profunda paixão do velho Marinheiro, barba branca e cabelo desgrenhado, pela mais bela Ninfa do Tejo, olhos profundos e sorriso doce




O velho Marinheiro tem o sentimento, criado na longa vivência de coragem e muito querer que a vida do mar lhe ensinou, que há sempre uma nova oportunidade para quem luta denodadamente por um sonho que muito deseja ver realizado. Sabe, o tempo lhe ensinou, que toda a utopia pode um dia ser transformada em realidade pela força da vontade de transformação e de mudança.

O imobilismo nunca fez parte dos seus valores. O seu corpo e o seu sentir resultam de uma total entrega ao “mar com quem se confunde”. Foi esse o acordo há muito estabelecido nos tempos de navegar. Tal como as ondas, também a vida tem fluxos e refluxos. Tal como as marés, também a vida pode ser cheia de realização... ou vaza de concretização.

Mas existe sempre uma nova oportunidade...

O velho Marinheiro continua a desejar a presença, o conforto, a palavra amiga da mais bela Ninfa do Tejo. A mesma que um dia o encantou: “...e que vontade é esta que tenho de tentar saltar para dentro das tuas visões fixadas na tela... será o querer sair desta realidade? Provavelmente...”.

Sabia bem que dentro das suas visões a mais bela Ninfa do Tejo muito o enriqueceria na passagem pelas terras da magia, onde o mar beija ternamente as doiradas areias e se espraia numa carícia sensual, em acto de amor sentido.

Do bornal colocado à tiracolo retirou o velho Marinheiro uma romã avermelhada, fruto de reis e de princesas, fruto das moiras encantadas. Acariciou-a com mãos calejadas do tempo de marear, fê-la brilhar à intensa luz solar que se coava através das nuvens ligeiras. Uma deliciosa maçã de Roma que ofereceu à mais bela Ninfa do Tejo que dele se havia abeirado quando, debruçado sobre o rio, procurava o seu encontro.

“_Hummmm, acho que meti na cabeça que não gostava de romãs... por ficar com as mãos sujas [da casca]... mas assim com este aspecto de bagos vermelhos... até fiquei com água na boca!”

O velho Marinheiro sorriu... Sentiu o seu coração a vibrar quando vislumbrou uma réstia de felicidade no olhar doce e profundo da mais bela Ninfa do Tejo. Sabia-a pertença do Rio, mas sentiu infinitamente ser capaz de dar a sua própria vida pela felicidade dessa mágica mulher.

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terça-feira, março 30, 2010

lua cheia luminosa



lua de março tão bela
das mil e uma noites trazida
das paixões é sentinela
cúmplice dos amores como ela
não há outra aqui sentida




Lua Cheia, plena às 2horas 25minutos



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as sátiras de elmano sadino

elmano sadino
Apontamentos dos quereres e sentires do poeta de Setúbal, Manuel Maria de Barbosa du Bocage, na procura de uma verdade impossível de encontrar, o rumo da sua vida. Transcrição de sonetos e de poesias eróticas, burlescas e satíricas



As sátiras de Bocage projectam-no para um reconhecimento que nunca antes teria sido pensado. Em 1791 publica o primeiro tomo da Rimas, e é considerado o máximo na má-língua dita de forma única.

O seu reconhecimento vem provocar divisões entre apoiantes e detractores. Do seu lado estão os futuros tertúlios da Tebaida da Mãe de Água, padrinhos literários de Alexandre Herculano. É proclamado o poeta da Europa por um empresário de teatro na rua de S. José na baixa lisboeta.

Contra si estão os que Bocage chama de “corja vil”, no comando do seu inimigo figadal o Padre Caldas.


Retrato de Bocage, Máximo Paulino dos Reis, 1799


A polémica embravece com um nunca mais acabar de sátiras onde Bocage é acusado, provavelmente com razão, de levar uma vida desbragada rodeado de mulheres da vida e com noites mal dormidas e bem bebidas.

Bocage acaba por ser expulso da Nova Arcádia, aliás desde ha muito havia deixado de frequentar a Casa do Conde de Pombeiro. Contudo a guerra é uma guerra de foguetório, com mais canas do que pólvora. Intimidade espiritual tem Bocage com a Marquesa de Alorna que lhe dá motes e protege a sua pobre irmã, Maria Francisca.

Soneto 53

Tenta em vão temerária conjectura
Sondar o abismo do invisível Fado,
Que, de umbrosos mistérios enlutado,
Some aos olhos mortais a luz futura.

Presumia (ai de mim!) vendo a ternura
Daquela, que me trouxe enfeitiçado,
Presumia que Amor tinha guardado
Nos braços do meu Bem minha ventura.

Ó Terra! Ó Céu! Mentiram-me os brilhantes
Olhos seus, onde achei suave abrigo:
Quão fáceis de enganar são os Amantes!

Humanos, que seguis as leis, que sigo,
Vós, corações, que ao meu sois semelhantes,
Ah! Comigo aprendi, chorai comigo.

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segunda-feira, março 29, 2010

magia de cores



frágil ao toque, suave
numa magia de cores
pétalas que são uma ave
em voos de esbelta nave
no sonho de mil amores




orquídeas dos jardins de Vale de Rosal



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lágrimas de sal

Duas lágrimas deslizam

Docemente

Pelo teu rosto

De linhas suaves e belas

Traçam sulcos de prata

Na pele cor de âmbar

Translúcida

Etérea.



Marcas de amor

Profundo

Somente a eternidade

Concede

Plena vivência

Beijo de séculos

Os amantes sentem

Seu.



A cada momento que passa

Duas lágrimas

De sal

Uma pitada

De ser.


São duas lágrimas de sal
As marcas do muito amar

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domingo, março 28, 2010

até onde a vista alcança



até onde a vista alcança
do alto desta penedia
milénios de cultura herança
doutros tempos de romança
de que sentimos energia



capela de S. Gabriel - Vila Nova de Foz Côa



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hora de verão em portugal

Estas coisas da manipulação do tempo que passa tem muito que se lhe diga, daí que muitos de nós defendamos que se deveria viver com base no tempo solar marcado pelo movimento aparente desse grande fornecedor de energia, fundamental para a vida de todos nós. Bem calibrado e naturalmente eficaz deixar-nos-ia tranquilos nesta azáfama bianual de alterar o ritmo dos contadores de tempo.

Os relógios em Portugal Continental e na Região Autónoma da Madeira serão hoje, dia 28 de Março, adiantados de 60 minutos à 1 hora do Tempo Legal (1 hora UTC). Na Região Autónoma dos Açores serão adiantados de 60 minutos às 0 horas do Tempo Legal (1 hora UTC).

A hora legal pode ser calibrada em HORA LEGAL.

No dia 31 de Outubro deste ano a hora voltará a coincidir com o Tempo Legal.

É evidente que o Tempo Legal não coincide com a Hora Solar Aparente, muito embora tivesse sido esta última que orientou os nossos antepassados na sua vivência diária, marcando o tempo e o ritmo das diversas actividades.

O Horário Solar Aparente baseia-se na premissa de que é meio-dia quando o Sol alcança o ponto mais alto no céu, no decurso do seu movimento aparente, isto é, quando cruza o meridiano do lugar, pelo que varia em relação ao lugar geográfico em que nos encontremos a cada momento.

Uma das formas expeditas de determinar a Hora Solar Aparente é aquela que recorre à utilização de um Relógio Solar.

A adopção de uma referência horária global foi decidida pela primeira vez em 1884, na Convenção de Washington, a que Portugal aderiu em Maio de 1911. Só então foi abandonado o uso da hora solar média do meridiano de Lisboa, que estava 36m44,68s atrasado em relação ao Tempo Médio de Greenwich (TMG), ou Tempo Universal (TU), que a convenção consagrou.

Quanto à Hora de Verão, Portugal adoptou-a em 1917, seguindo o exemplo de outros países europeus, e manteve-a sempre desde então com alterações diversas.

É assim que aqui no meu sótão tudo está preparado para registarmos, um ano mais, o tempo ausente de uma hora, visto ser impossível observar e registar o tempo que medeia entre a 1 hora e a 1 hora 59 minutos e 59 segundos. De tal forma é tempo que não existe que já realizámos experiências que nos levam à conclusão de ser impossível postar com esses registos de tempo.

Os computadores, o de mesa e o portátil, que foram registando conhecimentos com o passar do tempo, ou com o tempo que passa, não necessitarão de qualquer intervenção, eles próprios tratarão da sua vida.

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sábado, março 27, 2010

uma flor para... a marley



no alvor da primavera floriu
sentiu-se muito desejada
no seu rosto bonito sorriu
pétalas que o sol abriu
flor vermelha encantada



Marley é uma querida amiga, de bonitas parcerias
no início da publicação da Oficina,
que tem o blogue Segredos de Deméter,
a quem desejo muitas felicidades no dia do seu Aniversário



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dia do meu desaniversário

Ontem, dia de aniversário da minha querida amiga Nour, ofereci-lhe uma rosa, a flor de que mais gosta, e um modesto poema.

Em resposta, noutros caminhos da Internet, deixou-se uma mensagem que não resisti hoje a partilha-la com todos vós.

Meu querido Vicktor, poeta levantino, muito obrigada!
Adorei a flor (como será que adivinhaste ser a minha preferida? :-) e pelas tuas sempre tão doces palavras!

e já agora aproveito para te desejar um FELIZ DIA DE DESANIVERSÁRIO!
Além do meu dia de aniversário, desde há muitos anos, que gosto também de festejar os meus dias de desaniversário!

Aprendi ao ler Lewis Carroll na “Alice no País das Maravilhas”. Há anos que me junto à Alice, ao Chapeleiro Louco, à Lebre de Março, ao furão sem nome, sento-me com eles na mesa cheia de bules e chávenas de chá dançantes para festejar o dia do desaniversário! São tantos que me fazem ter muitos e muitos dias muito mais felizes!

Por isso, desejo-te um feliz dia de desaniversário... todos os dias!... e aparece sempre que quiseres para beber uma chávena de chá connosco e festejar! Aqui fica um cheirinho do quanto é divertido e bom festejar o nosso desaniversário! Beijos


Até já acrescentei ao corrector de texto a palavra “desaniversário” e não deixem de deliciar o vosso olhar AQUI.

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sexta-feira, março 26, 2010

uma rosa para... a nour



com as pétalas de rosa desenhei
teu levantino sorriso de encanto
viajei no arco-íris e sonhei
de lusa sheherazade me enamorei
tendo mil véus como seu manto


"Nour" é a minha querida amiga Maria João,
de tantos caminhos partilhados pelas terras de Sheherazade,
a quem desejo muitas felicidades no dia do seu Aniversário



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lenda dos círios da rosa

Não nos surpreende que tanta devoção acrescida ao misticismo do local onde o Convento de Nossa Senhora da Rosa foi construído, tenha criado um ambiente lendário que a tradição oral e alguns escritos trouxeram até nós.

Muitos foram os religiosos de elevada virtude que viveram neste convento, de entre os quais sobressai pela inocência pura e assombrosa caridade, Fr. Domingos da Caridade, que foi buscar o seu sobrenome à aldeia onde nasceu, na planura alentejana, perto da vila de Monsaraz.

Testemunham os pobres da Caparica, do tempo em que aqui viveu como porteiro do convento, a sua afabilidade e profunda humildade.

Levou uma vida de abstinência no comer e raro beber, em permanente jejum e rigoroso nas mortificações do corpo para glorificação da alma. Alimentou-se, de ordinário, das ervas que colhia nos campos.

Já muito doente, mas rico de virtudes e de merecimentos, foi internado no hospital que a Ordem tinha em Lisboa, onde foi confortado com os divinos Sacramentos e assistido pelos seus irmãos religiosos.

No momento da sua passagem terá citado com fervor o Salmo de David: “Laetatus sumi s His, quae dicta sunt mihi, in domum Domini ibimus” e com estas palavras se finou.

O corpo foi trazido numa embarcação que atravessou o rio Tejo para o Porto Brandão, onde religiosos do Convento da Rosa o aguardavam, acompanhados de muitos populares com círios acesos.

Apesar da noite se apresentar tempestuosa, todas as luzes chegaram acesas ao Convento, sem se apagarem até que lhe foi dada sepultura. Este acontecimento deixou toda a gente assombrada, louvando a Deus, por tamanho milagre.

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quinta-feira, março 25, 2010

energia tão forte



pressinto
mais que vejo em teu olhar
energia tão forte que não desminto
estar faminto
de muito te amar


flor silvestre



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néctar dos deuses

Em minhas mãos
Teu íntimo néctar...

Saboreio licor de rosas
Recolhido em tua concha
Que escorre
Em meus dedos viciosos
Dos caminhos devassos

A lascívia do meu querer
Feito alma e sentir
Refresca na tua fonte
O fogo eterno dos amantes

O ondular intenso
Do teu corpo
Rodopio de prazeres
É mar revolto de paixão

No ponto de não voltar
Minha boca beija e é beijada
Pelo teu âmago
Mel e rosas
Alimento dos amantes
Um sorriso.

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quarta-feira, março 24, 2010

de fumeiro e de escutar



é chaminé de fumeiro
do povo uma tradição
no crepitar do braseiro
murmúrio de tez trigueiro
chaminé de ouvir o coração


Chaminé de fumeiro e de escutar, Alentejo



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o castelo de evoramonte

nos caminhos do património
visitar o património construído, castelos e santuários, duas faces duma mesma verdade, e ouvir as estórias da sua construção e o sentir das pessoas que por o conhecerem tão de perto por vezes esquecem o seu real valor



Ergue-se altaneiro em um dos pontos mais elevados da serra de Ossa desde tempos imemoriais. Na época da Reconquista foi tomado aos mouros pelas tropas do lendário Geraldo Sem Pavor, cerca do ano de 1160.

No tempo de D. João I passou para a posse de D. Nuno Álvares Pereira, senhor de todas as terras ao sul do rio Tejo, que aos domínios da Casa de Bragança viria posteriormente a pertencer.

Castelo da Paz, é designação de merecimento e de turístico cartaz, por na povoação ter sido assinada a “Concessão de Evoramonte”, datada de 26 de Maio de 1834, que pôs termo à guerra fratricida entre as tropas tradicionalistas de D. Miguel I e as tropas liberais de D. Pedro IV.










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terça-feira, março 23, 2010

largo da feira



no quiosque do terreiro da feira
o mata-bicho matinal
cálice de aguardente que se esgueira
ao ritmo da amena cavaqueira
na tradição de um ritual


Quiosque do Largo da Feira, Estremoz



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os alvores da nova arcádia

elmano sadino
Apontamentos dos quereres e sentires do poeta de Setúbal, Manuel Maria de Barbosa du Bocage, na procura de uma verdade impossível de encontrar, o rumo da sua vida. Transcrição de sonetos e de poesias eróticas, burlescas e satíricas



A Nova Arcádia teve a protecção do Intendente da polícia que assim julgava poder melhor controlar os desmandos revolucionários e ímpios que sempre podiam surgir das reuniões de jovens boémios e artistas.

A Academia, a Nova Arcádia que de início se reunia na casa deste e daquele, sempre de gente de nome e de haveres, como eram o Conde de Vimioso e o Conde de Pombeiro, passou a encontrar-se em lugar próprio no desmantelado e abandonado Castelo de S. Jorge, cedido oficialmente pelo Intendente.



crayon de Joe R. (1940)


Viu, assim, a Nova Arcádia formalizada a sua existência oficial ao ponto de serem chamados a abrilhantar as cerimónias do nascimento da Princesa Dona Maria Teresa no Palácio da Ajuda. Nesse evento, o sempre irreverente Bocage improvisou versos que desfizeram o severo protocolo.

Bocage não resistiu muito tempo ao elogio mútuo e ao bem dizer e bem parecer dos árcades. Atira-se satiricamente aos seus companheiros, ao Padre Caldas, ao Conde, às reuniões de quartas-feiras com tal argúcia e má-língua que se celebrizou, a partir daí, dividindo os intelectuais em apoiantes e completamente contra.


Improviso

À meia noite
Saiu de um cano
Cheio de merda
Crispiniano.

Eis que da ronda
Tropel insano
Divisa ao longe
Crispiniano

Capuz o cobre
És franciscano?
- Sou (lhe responde)
Crispiniano.

Chega o alcaide,
Dá-lhe um abano,
Sai da gravata
Crispiniano.

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segunda-feira, março 22, 2010

aroma de mulher



o jasmineiro me segreda
do teu corpo o aroma de mulher
o calor da labareda
a sensualidade de Leda
nos jardins de belveder



jasmineiros dos jardins de Vale de Rosal



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migas de espargos bravos

No mercado semanal de Estremoz adquirimos um molho de espargos bravos, daqueles muito macios em que são aproveitados para cozinhar quase na totalidade.





Aqui partilhamos esta delícia da cozinha tradicional alentejana.


Migas de Espargos Bravos

Ingredientes:
400 gr. Espargos Bravos Verdes
600 gr. Miolo Pão de Almodôvar
1 dl. de azeite suave
4 dentes de Alho
2 folhas de loureiro (louro)
Coentros e sal qb

Confecção:
Cozer os espargos bravos verdes em água, com um pouco de sal; reservar um pouco da água da cozedura.
Cortar os espargos em pedaços pequenos (picado).
Fazer um refogado com o azeite, o alho picado e o louro, quando estiver ligeiramente aloirado, juntar os espargos picados e deixar continuar um pouco mais o refogado.
Embeber o miolo do pão com um pouco de água da cozedura dos espargos que reservámos e esmagar para criar uma massa homogénea.
Juntar um pouco de gordura resultante da confecção da carne que as migas acompanharão, acertar o sal e homogeneizar em lume brando, juntando os coentros picados.
Quando formar uma “bola” descolando das paredes do tacho, fritar ligeiramente para ganhar consistência.




Está pronto a servir acompanhar pianinho de entrecosto frito.


[receita: Chef Maria Thereze]

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domingo, março 21, 2010

a cor das abóboras



amarela verde vermelha
menina chila rasteira
na sopa com segurelha
doce de orelha a orelha
é abóbora festeira



as cores das abóboras na feira semanal de Estremoz



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as andorinhas

O esvoaçar rápido de centenas de andorinhas, em frenética dança, fê-lo parar no cruzamento daquelas duas ruas de tão pouco trânsito e reduzido número de passantes. Olhou à sua volta na procura da razão de tão curiosa situação e deparou-se com a existência de inúmeros ninhos alinhados no rebordo do telhado do velho edifício dos Correios.

As crias já tinham um nível de crescimento significativo, embora os progenitores continuasses em voos de vaivém para lhes levarem alimentos tal como fazem desde que nasceram. Mas agora as pequenas andorinhas já ensaiam os seus primeiros voos, deixando-se “cair” dos ninhos que depois as asas fazem o resto.

É essa mescla de voos com precisão das andorinhas adultas e de atrapalhados voos das mais novas que resulta esta visão de azáfama que não é mais do que cada um a dar os passos que a natureza lhes exige.

Medita então o nosso personagem sobre o equilíbrio natural das vivências, sobre a forma protectoras dos progenitores para com os filhotes, da liberdade de aprender, do crescimento equilibrado... Factores exógenos que a sociedade humana sedenta de poder criar para os seus próprios membros faz com que o mesmo não aconteça com os seres humanos.

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sábado, março 20, 2010

mensageiro dos sentires



conténs em ti doce recordação
que atravessou a invernia
caminhas o arco-íris desde então
esperança de renovação
sorriso aberto de alegria



um hino à Primavera e aos afectos



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festejar os afectos

Inicia-se hoje a Primavera no hemisfério Norte, Equinócio da Primavera, quando o dia tem a mesma duração da noite e em que faltam 287 para labutar até ao final do ano. Às 17 horas e 32 minutos é o início cósmico da Primavera em terras de Portugal. Momento mágico que é tempo de cumplicidade com os prados cobertos de amarelas flores que mais logo tomam os tons de lilás que são colhidas pelas ninfas para enfeitarem seus cabelos.

Rolando nas estradas da Caparica, da “Capa-Rica” da lenda, pude observar e sentir o equilíbrio que a Natureza mostra ter nesse momento. Estamos a viver o Equinócio da Primavera, tempo de renovação, de crescimento a caminho da maturidade, dos frutos saborosos. Época de sementeiras do trigo, da aveia, do centeio e da cevada.

Em termos esotéricos e da tradição este é o início do tempo de procurar a verdade da vida e de nos libertarmos das mentiras acumuladas no ano que passou. É o momento da purificação do corpo e do espírito. É época de recomeçar. É tempo de energia abundante, de intensidade e de persistência para atingirmos os nossos objectivos. É a época da dádiva espiritual e material.

Em astronomia, o equinócio é definido como um dos momentos em que o Astro-Rei, na sua órbita aparente vista da Terra, cruza o equador celeste, a linha do equador terrestre projectada na abóbada celeste.

Os antigos gregos, egípcios, sumérios, babilónios e celtas foram povos que agradeciam à "mãe terra" tudo o que ela lhes oferecia: alimentos, curas e riquezas. E agradeciam com festividades e cerimónias que eram realizadas no início e final de cada estação, ou seja, nos equinócios e solstícios. A Primavera, em quase todas as tradições, é tida como a fase de fertilidade e beleza da Natureza, é quando todos os seres, plantas e animais, acordam de seu repouso (inverno) para um novo ciclo de produtividade.

O Sol vai aproximar-se trazendo consigo o Verão tão desejado na costa lusitana, que os corpos estão sedentos de serem beijados pelo Astro-Rei, dando-lhes tons cobreados que trazem à memória tempos de nomadismo, caminhos percorrido de terra em terra na busca do espaço prometido.

Nesta terra lusitana, vão imperar as tonalidades de verde e amarelo, depois salpicos de lilás e de vermelho. Do outro lado do Atlântico, que é estreito para a vontade indomável de povos que se querem bem, o castanho e o doirado tomam o lugar que há pouco deixaram em Portugal, no eterno ciclo das estações do ano.

É quando tudo se enfeita e se torna belo e fértil, para garantir a frutificação. Não é sem sentido que a Primavera é considerada a mais bela estação do ano.

"Vai-te ao longo da costa discorrendo,
E outra terra acharás de mais verdade,
Lá quase junto donde o Sol ardendo
Iguala o dia e noite em quantidade."
Lusíadas, II, 63.


A Primavera é tempo de afectos...

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sexta-feira, março 19, 2010

pilritos d'areia



expeditas em suas passadas
caminham ao sabor do ondar
são aves encantadas
companheiras das caminhadas
na cumplicidade do mar






pilritos d’areia no espraiar das ondas do Grande Areal,
Costa de Caparica, Almada




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dia do pai... manel

Para mim, o dia de hoje, é o Dia do Pai Manel.

Meu pai, o Manel da drogaria, mais conhecido pelo “pau-preto”, magrinho e muito escuro, cedo começou a contribuir para o rendimento da casa paterna, primeiro como marçano de drogaria, depois como empregado de balcão. Trabalhador e poupado chegou a ter negócio seu.

Sempre foi uma importante referência no desenvolvimento da minha vida, pela sua honradez e pelo seu posicionamento relativamente ao trabalho. Se foi referência de vida representou, igualmente, uma importante memória dos tempos passados.

Inesperadamente, é sempre assim, retirou-se da minha vivência deixando um vazio que nunca mais foi possível preencher. Perdi a sua companhia e o seu aconchego e deixei de contar com o seu insubstituível recurso da memória do passado.

Perdi, eu próprio, parte importante das minhas memórias.

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quinta-feira, março 18, 2010

castelo da paz



do alto da mítica montanha
olho terras do alentejo sem fim
daqui foi tamanha a façanha
que minha alma entranha
ah levantina princesa de mim



"castelo da paz" designação poética (e turística)
dada ao castelo de Évoramonte, Estremoz




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flores de março

flores de jardim
dos jardins de Vale de Rosal "colhemos" estas flores no decorrer do mês de Março do ano da graça de 2010 para com todas vós partilharmos





Clívia (Clivia miniata), origem: África do Sul





Magnólia (Magnolia liliflora), origem: China e Japão





Érica (Leptospermum scoparium), origem: Nova Zelândia e Austrália

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quarta-feira, março 17, 2010

o rapaz da feira



ar mariola, matreiro
chapéu ao lado reguila
foi ardina ou cauteleiro
ladino e certeiro
duma vida intranquila



pela de loiça, na feira de antiguidades, no mercado semanal de Estremoz




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novos cataventos

do património do povo
do espólio fotográfico da oficina publicamos imagens de peças e utensílios que contêm em si saberes, modos de fazer, celebrações e costumes que representam parte importante no nosso património cultural imaterial




CATAVENTOS


Designação dada a um conjunto de equipamentos "que aproveitam a energia dos ventos para produzir trabalho". Incluem nesta designação alguns equipamentos mais engenhosos destinados à moagem de cereais e ao bombeamento de água dos poços. Não concordamos inteiramente com esta definição, preferindo chamar aos primeiros "moinhos de vento" e aos últimos "moinhos de poço" [designação criada na Oficina das Ideias e já aceite em diversos blogues].

Designamos, então, por cataventos os dispositivos constituídos por uma seta - decorada consoante o imaginário popular - que gira sobre um eixo vertical e pela rosa dos ventos que indica a direcção predominante do vento na altura.

#04 - catavento religiosos com "galo" - estremoz - 2010
#05 - catavento "arte nova" - estremoz - 2010
#06 - catavento de "touro" - alcaçovas - 2009











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terça-feira, março 16, 2010

senti teus lábios



senti de teus lábios o aveludado
viagem por oásis desconhecidos
nas palavras dos poetas é rimado
o néctar de teu corpo desenhado
na tela virgem de meus sentidos


"beijo alado", peça escultórica existente na Casa do Alentejo, Lisboa




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uma porta com história

Por esta porta modesta, da casa de Joaquim António Saramago, situada na pacata vila alentejana de Evoramonte, entraram no dia 26 de Maio de 1834, os generais Lemos, em representação do rei D. Miguel I e Saldanha e Terceira, em representação de D. Pedro IV, para numa tosca mesa de pinho assinarem a Concessão de Evoramonte, também designada por “Convenção” ou por “Capitulação”.




Com esta assinatura se pôs termo formal as lutas fratricidas entre tradicionalistas e liberais que vinham dilacerando a nação portuguesa. O Castelo de Evoramonte é hoje designado poética e turisticamente por “Castelo da Paz” em alusão a este acontecimento histórico.

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segunda-feira, março 15, 2010

plantas delicadas



nas pedras amuralhadas
dos tempos a aridez
que protegem praças acasteladas
nascem plantas delicadas
vencendo a timidez


muralha do castelo de Évoramonte, Estremoz, Alentejo




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encantamento da adolescência

- Tu eras um menino da cidade e eu uma moça do campo...
- Em todos estes sempre esperei um dia ver-te na televisão entre toda aquela gente que por lá passa... E agora, aqui!!

Foi um reencontro, passados mais de quarenta anos. As palavras são sempre poucas quando a emoção é muita. Muitas ficam sempre por serem ditas, porque a seu tempo, o tempo de dizê-las já passou e pelo natural recato das pessoas nunca mais serão ditas.

Os olhos têm o brilho de sempre quando diz:
- Esta é a minha filha Isabel...
- És linda Isabel, como lida sempre foi a tua mãe desde que a conheci... não resisti a responder.

Uma lágrima teimosa impede que algo mais seja acrescentado neste diálogo circunstancial. É desnecessário que algo seja acrescentado.

Saído de uma doença pulmonar naquele ano primeiro da década de 60 do século passado, a recomendação do meu médico assistente lá “fui a ares” para o campo pois praia nem dela me aproximar naquelas circunstâncias. Fui encaminhado para uma pequena aldeia nas faldas da Serra de Montachique, Sapataria de seu nome, terra de gente boa e honesta.

Encontrado o quarto de aluguer na casa da Ti Genoveva, foi a ida, acompanhado como sempre acontecia da minha avó materna, a vó Esménia, e o acolhimento como se de família chegada fizéssemos parte.

A casa térrea à boa maneira da tradição saloia dos arrabaldes campesinos de Lisboa, a estrada que já serviu aos exércitos de Junot e de Wellington na batalha das Linhas de Torres e agora do “lá vai um”, os carros de bois com os rodados a rangerem madeira com madeira e as vacas de leite mugidas com arte diariamente, as hortas com leiras imensas de feijão verde encarrapitado.

E as gentes...

Mesmo ao lado num enorme casarão de gente por certo com haveres, vivia a afilhada da Ti Genoveva, mais o marido e o pai, o filho Heitor já na labuta do dia-a-dia e a sua filha Zulmira, moça da minha idade, nos nossos quinze ou dezasseis anos.

- Tu eras o menino da cidade e eu a moça do campo...

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domingo, março 14, 2010

uma flor para... a micá



da paleta de um artista
a natureza escolheu carmim
na magia do alquimista
nasceu alma florista
deu mais alegria ao jardim

A Micá, é a Maria do Carmo, minha comadre do coração,
companheira de uma viagem profissional de mais de 30 anos.
No dia do seu aniversário um beijinho de parabéns




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regresso à vadiagem de lisboa

elmano sadino
Apontamentos dos quereres e sentires do poeta de Setúbal, Manuel Maria de Barbosa du Bocage, na procura de uma verdade impossível de encontrar, o rumo da sua vida. Transcrição de sonetos e de poesias eróticas, burlescas e satíricas



Regressado a Lisboa, entrou de novo numa vivência sem eira nem beira, com a família desavinda e dispersa sabe-se lá por onde. É a vida boémia e vadia que o espera. Foi desertor nas Índias e mendigo na China, tendo sido repatriado para Portugal com o estatuto de indigente.

Os amigos estão ávidos pela sua companhia mais pela carga exótica e aventurosa que traz das terras do Oriente do que pelo desejo puro da sua companhia. Contudo, têm que pagar por ele dormida e comida e, especialmente, bebida, muita bebida.




Bocage paga com o improviso e repentismo dos seus poemas, agora burlescos e satíricos, mas sempre de grande qualidade que só bem mais tarde irão ter o devido reconhecimento, pois na altura só justificavam “mais um copo” na esquina da mesa em que se sentava.

Está na forja a Nova Arcádia, constituída por poetas menores que haviam conhecido Bocage noutros tempos. Bocage é convidado a aderir. Na Nova Arcádia Bocage será o Elmano Sadino. Elmano, porque do seu nome próprio (Manuel), troca-se a última sílaba com a primeira (Elmano) e junta-se como segundo nome um adjectivo correspondente à sua cidade natal, Setúbal na foz do Sado (Sadino).


Um tabelião caduco
Com mulher moça casado,
Vai portar no seu estado
Por fé o sinal de cuco:
Como já não deita suco
Por mais que puxe os atilhos,
Não lhe hão de faltar casquilhos
Para a moça amantes novos,
Que lhe vão galando os ovos,
E ele vá criando os filhos.

Ele diz que assim o quer;
Mas de raiva dará pulos,
Vendo que são atos nulos
Os atos que ele fizer;
Sem ter direito à mulher
Que será deste demónio?
Logo então qualquer bolónio
Lhe desmancha o casamento,
Porque não tem instrumento
Com que prove o matrimónio.

Tenha embora muita renda,
Seja lavrador morgado,
Mas para homem casado
Sempre tem pouca fazenda:
É provável se arrependa
A pobre da rapariga,
Que se agatanhe e maldiga,
Quando na noite da boda
Correr a ceara toda,
E não encontrar espiga.


(três das décimas dedicadas a um tabelião velho, que casou com moça nova)

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sábado, março 13, 2010

homem da beira mar



olhar firme no horizonte
no futuro, no devir
a vida desenhou na fronte
linhas do tempo, da fonte
marcas de chorar e sorrir





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a lenda da moura prisioneira

lendas das terras visitadas
De medos e fantasias, de desejos e imaginação, criaram-se em tempos imemoriais estórias que a razão desconhece. No aconchego da lareira ou na árdua labuta diária, quantas vezes de sol a sol, foram percorrendo os saberes de gerações. O viajante andarilho recolhe e partilha as “lendas das terras visitadas” ouvidas às suas gentes.



Contam os mais antigos…

No tempo de D. Afonso Henriques, aquando da expansão do reino para além do Tejo, travou-se violenta peleja entre os seus soldados comandados por Geraldo Sem Pavor e os mouros que habitavam o termo do que hoje se chama Evoramonte. Daí resultou serem muitos mouros feitos prisioneiros, outros conseguiram refugiar-se nos montes envolventes da Serra d’Ossa.

Entre os mouros aprisionados pelas tropas de Geraldo estava uma bela jovem cujo casamento estava há muito aprazado com o rico e nobre cavaleiro mouro que conseguiu pôr-se em fuga para continuar a lutar valorosamente pelo seu povo. O sonho venturoso entre os dois amantes não foi, assim, realizado, e o tempo passou inexoravelmente.




Sonhou o cavaleiro mouro que um dia voltaria a encontrar a sua amada quando regressasse coberto de louros colhidos no campo da honra e por isso, ele, o jovem guerreiro, com todo o garbo, se arremessou contra as hostes inimigas.

Foi a fortuna da guerra adversa aos mouros e a situação era cada vez mais grave para os desventurados prisioneiros, especialmente para a formosa moura, cujo sofrimento era agravado por não saber novas do seu amado.

Não resistiu a linda moura por muito tempo a tão triste e cruel situação porque o definhamento do seu organismo, cansado por tamanhos desgostos, a tombou bem depressa na sepultura. Assim terminou a vida desta graciosa agarena, que teve por tálamo a terra fria da sepultura e por flores, que simbolizassem a sua virgindade, as lágrimas amargas dos seus compatriotas.

No dia imediato a este triste acontecimento, de madrugada, as vigias que a esta hora estavam nas muralhas, avistaram a meio da ladeira da vila - sitio que hoje é conhecido por Alpedriches - sobre uma rocha em forma de leito, um homem que parecia adormecido. A curiosidade imediatamente os levou lá e viram então que era um jovem mouro, o noivo de bela moura que havia falecido no mesmo momento do desenlace da sua amada.

A desdita do mouro comoveu os cristãos, que lhe deram sepultura junto á de sua linda noiva e assim os dois amantes alcançaram na morte o que a vida lhes negara - a união.




A rocha onde foi encontrado o mouro chama-se desde então, e por esse facto, a “cama do mouro”. Diz-se ainda que a moura, na noite de S. João á meia-noite, aparece no Poço do Clérigo penteando as suas louras tranças e entoando uma triste e dolente canção de amor, e nós encontrámos estas belas flores, quiçá um sorriso destes eternos amantes.



Recreado a partir dos que nos conta o “Almanaque Évoramontense, 1917” e do que no local sentimos e nos contaram os mais velhos.

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sexta-feira, março 12, 2010

uma flor para... a jenny



rosa amarela ternura
ontem menina, hoje mulher
um aroma que perdura
num sorriso de frescura
no sentir de quem bem te quer

A Jenny é a Jennifer, a minha neta mais nova.
A sueca mais portuguesa e a portuguesa mais sueca.
Beijinho de parabéns




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olhos castanhos

*

*

*

Olhos castanhos,

Envolventes

E profundos

Escondem segredos

Das terras quentes,

Sensuais

Iluminam sentires,

Indicam veredas,

Novos mundos

A quem deles se abeira,

Em sublimes rituais

*

*

*

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quinta-feira, março 11, 2010

o azul e a prata



ao ritmo do coração
uma onda outra depois
é uma forte emoção
sentir a revelação
do amor entre os dois




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caminhei o sonho...

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião



Caminhei para lá do mar d’Adiça
Onde a areia acaricia a base da falésia,
Terras de fantasia e rituais
Que transformam grãos de areia
Em pepitas de fulgente metal.
Áurea magia, alquimia.

Caminhei para lá de terras d’Apostiça
Albufeira onde o mar se recolhe e purifica,
Aves nidificam tranquilas
Enriquecem a fauna com beleza
De seus voos e sons de encantar.
Noite e dia, nostalgia.

Caminhei até ao Promontório
Barbárico pela rudeza do oceano agreste.
Na lenda da Pedra Mu
Converge o homem de Alcabideche
Com a devoção da mulher da Caparica.
Mar meu guia, maresia.

Sonho feito realidade no meu sentir
De caminheiro amante do Grande Areal.
Dádiva maior concedida
De ter o enleio de teu belo corpo
Teus seios que se agitam de emoção.
Depois acalmia, magia.

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quarta-feira, março 10, 2010

desalento



barcos em terra é tormento
nestes tempos de penúria
p’ra quem procura sustento
quantas vezes num momento
enfrenta os elementos em fúria




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cumplicidade da lua

Quando me perco longamente a observar a maravilhosa Lua, especialmente, como ainda ontem aconteceu, e hoje mesmo, em todo o seu esplendor de Lua Cheia sinto sempre a magia e o mistério que o satélite da Terra envolve e transmite e quanta ilusão me causa nos sentidos. Quantas vezes vejo nela reflectida a imagem de ente querido na perfeita sensação de que nesse mesmo momento também ela olha a Lua com ternura.

Para além deste sentir que muitos chamarão romântico mas que penso ser muito mais do que isso, interrogo-me amiúde porque razão hoje se me apresenta como um disco enorme quando antes ocupava no firmamento um exíguo espaço.

Encontrei uma explicação científica no sítio do Observatório Astronómico de Lisboa quando aí é afirmado:

“Já presenciou certamente noites em que a Lua parecia ter um tamanho gigantesco. Trata-se de uma ilusão de óptica que ocorre quando a Lua está baixa no horizonte.

Nesta situação o cérebro é enganado porque vê a Lua próxima de objectos na Terra com dimensões que bem conhecemos, como casas, árvores, etc.

Quando a Lua se encontra alta no céu, não há pontos (objectos) de referência para o cérebro poder usá-los na construção de uma imagem (cerebral) em que coloca os objectos-imagem com tamanhos proporcionais e relativos às distâncias percepcionadas, obtidas por sequência de posições sucessivas e tamanhos angulares aparentes. Se esta explicação não o satisfizer, sugerimos que tire as suas dúvidas de uma forma prática. Fotografe a Lua quando esta nascer e tire outra fotografia mais tarde quando já estiver mais alta no céu. Assim poderá comparar o tamanho da Lua nas duas imagens.

Esta ilusão costuma ser mais notada quando na fase de Lua Cheia, porque nessa situação a Lua nasce ao pôr-do-sol e encontra-se completamente iluminada”

Quanto á razão do meu sentir, do diálogo que mantenho com a Lua, da cumplicidade com que ela me transmite imagens do meu desejo mais sublime, para isso não existe explicação científica, por certo.

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terça-feira, março 09, 2010

pôr-do-sol



são tempos de procela
os caranguejos da tempestade
coloridos em aguarela
puxam para o mar aquela
energia da verdade



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sete, um número mágico

segredos guardados no rio
O rio guarda os segredos da profunda paixão do velho Marinheiro, barba branca e cabelo desgrenhado, pela mais bela Tágide, olhos profundos e sorriso doce



Naquele dia, em que o capricho do eterno rodar do tempo criou um número mágico, o velho Marinheiro, quando do alto do miradouro do Convento dos Capuchos olhava o mar profundo, onde este quebra com o Rio Tejo, teve uma maravilhosa visão.

Uma bela jovem, Tágides no dizer dos poetas, que da água do rio buscou suas formas onduladas pela brisa, do pomar da Caparica sua doçura de fruto maduro, pele suave ao tocar, ligeiro rubor do sol poente que logo voltará em toda a sua pujança.

_Tão jovem és nesta visão que me encanta...
_Venho do fundo dos tempos, mas o Tejo me ofertou 26 anos de idade agora cumpridos...
_Este teu velho amigo cumpriu 62 quando tu eras flor em botão...

O velho Marinheiro que intuitivamente “jogava” com números desde o seu tempo de marear, pensou: “26 + 62 = 88 > 16 > 7... SETE!”

_Mas este é um número mágico – murmurou – hoje que é dia 7 deste mês de Verão...
_Que dizes Marinheiro?
_Hoje é dia 7 deste belo mês de Verão... somando a tua idade (que o Rio Tejo te ofertou) mais a deste velho Marinheiro, obtemos o número 7, número mágico no meu sentir...
_Número que para mim tem, igualmente, muita magia...

O velho Marinheiro não resistiu a perguntar:
_Porque vieste até aqui, bela Ninfa do Tejo?
_Procurei encontrar alguém que partilhasse da alegria da Festa e “Encontrei olhares de outros sobre a minha festa, sobre a nossa... Sobre a festa que se quer de todos.Olhares como o teu são preciosos porque a "...questão é transforma-los...".

Ficaram sentados lado-a-lado contemplando esse Mar imenso, ali na quebra do Rio, onde o Tejo beija o Oceano. Sentiram-se companheiros “desta e de tantas outras andanças”.

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segunda-feira, março 08, 2010

bendita sejas, mulher



mulher mãe
mulher mulher
mulher lutadora
mulher companheira
mulher trabalhadora


no Dia Internacional da Mulher

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a primavera na oficina



A Oficina das Ideias está presente na blogosfera de forma continuada há 68 meses, a primeira edição data de 5 de Julho de 2003. Neste período, com publicações diárias regulares, já editou cerca de 4.940 postagens, metade das quais imagens originais da autoria de “Olho de Lince”.

Mantendo o “layout” original, tem variado nos conteúdos, embora obedecendo sempre ao “estatuto editorial” que se propôs respeitar, donde já resultaram cerca de 976.900 visitas oriundas de 161 países.

Épocas houve em que as visitas diárias chegaram a atingir um milhar. Após um desagradável acontecimento em que o servidor internacional onde a Oficina das Ideias tem as imagens alojadas foi “atacado” por um vírus, a Google deixou de rastrear as imagens por nós publicadas, fazendo baixar as vistas diárias para menos de uma centena, nível em que se mantém.

Mantendo-nos fiéis ao “layout” original, agora que caminhamos para o sétimo ano de publicação continuada, vamos procurar inovar nos conteúdos, pelo respeito que os nossos visitantes nos merecem, e disponibilizar as imagens que servem de base à elaboração dos “postais” de que já se encontram publicados 244.

A Primavera está a chegar… desejamos dar mais cor e aroma à Oficina das Ideias com as flores dos jardins de Vale de Rosal.

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domingo, março 07, 2010

lira açoriana



traz no ventre a melodia
de quem nas ilhas tem amores
envolve-nos em sua magia
ao soar da fantasia
são dádivas dos açores

concerto da Orquestra Regional Lira Açoriana
maestro António Melo
no teatro S. Luís

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n'a brasileira do chiado

...Por fim, a conversa que tive oportunidade de escutar, pois quer queiramos quer não, sempre somos levados, numa ou noutra circunstância a ouvir o que se conversa na mesa ao lado ou de quem como nós se "encosta" ao balcão. Especialmente, se ouvimos uma palavra ou uma frase chave de um tema que nos interessa. Foi o caso. E a frase chave “sabes qual a origem do nome bica dado a uma chávena de café?”. Pois fiquei atento. Então ouvi o desenvolver de uma teoria feito por um homem já idoso, talvez nos seus 70 anos. Foi uma explicação quase técnica que vou procurar reproduzir.




“Noutros tempos o café era preparado nas chamadas cafeteiras onde a água fervente dissolvia o café moído, outras vezes a cevada, para o chamado “café de cevada”. Preparava-se, então, uma beberagem onde o café não dissolvido se formava nas chamadas “borras”, tão amargas e tão incómodas. Mais tarde, para resolver esse problema surgiram os “sacos” porosos que serviam para coar o café, evitando, assim as borras. Ainda hoje quem aprecia o designado “café de saco” recorre a esse tipo de aparato, embora, com desenho e funções bem mais avançadas.”

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sábado, março 06, 2010

alegria dos jardins



dia após dia os jardins de Vale de Rosal
cobrem-se de bonitas flores

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o homem e o poeta

elmano sadino
Apontamentos dos quereres e sentires do poeta de Setúbal, Manuel Maria de Barbosa du Bocage, na procura de uma verdade impossível de encontrar, o rumo da sua vida. Transcrição de sonetos e de poesias eróticas, burlescas e satíricas



Devasso mas sofredor, marginalizado por uma sociedade relativamente à qual se encontrava com décadas de avanço, nunca deixou de escrever o seu sentir com o gosto e a antena de escândalos que desde muito jovem o acompanharam.

Representa o expoente máximo pré-romantismo literário em Portugal, que há época vivia ainda a plenitude do classicismo quando há muito na Europa sopravam ventos do romantismo.




Os seus sonetos são sublimes...

Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza, e sem brandura,
Urdidos pela mão da desventura,
Pela baça tristeza envenenados:

Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mundo esquecimento e sepultura:
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados.

Não vos inspire, ó versos, cobardia,
Da sátira mordaz o furor louco,
De maldizente voz a tirania:

Desculpa tendes, se valeis tão pouco,
Que não pode cantar com melodia
Um peito, de gemer cansado, e rouco.”



Nem para ele próprio a sátira foi mais leve...

“Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão n’altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno;

Devoto incensador de mil deidades,
(Digo de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades;

Eis Bocage, em quem luz algum talento:
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.”


Muito menos para os seus versos magníficos:

Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura,
Urdidos pela mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:

Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecimento a sepultura;
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados:

Não vos inspire, ó versos, cobardia
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente voz e tirania:

Desculpa tendes, se valeis tão pouco,
Que não pode cantar com melodia
Um peito de gemer cansado e rouco.

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sexta-feira, março 05, 2010

do verde pino



com a chegada da primavera
intensifica-se a actividade dos corvídeos do pinhal

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faróis e lanternas

do património do povo
do espólio fotográfico da oficina publicamos imagens de peças e utensílios que contêm em si saberes, modos de fazer, celebrações e costumes que representam parte importante no nosso património cultural imaterial




FARÓIS E LANTERNAS


Racham o breu na noite com um facho luminoso cuja cor leva um recado, um alerta, orientação. Uma luz que parece vir do nada e à origem se recolhe logo de seguida, mas que salva o mestre marinheiro mais a companha de se despedaçarem contra um rochedo traiçoeiro. Em noites de neblina o som choroso de uma trompa de ar comprimido, conhecida localmente por “a ronca”, substitui a acção da luminária. São os faróis e lanternas da portuguesa costa atlântica.

#01 - farol do Cabo Espichel, perto do Santuário N. Sª do Cabo - 2004
#02 - farol do Cabo Sardão, na Ponta do Cavaleiro - 2005
#03 - farol de Esposende, junto ao Forte S. João Baptista - 2005











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