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segunda-feira, janeiro 31, 2005

capela da memória


a minha opinião

O pessoal desta Oficina optou por, de um modo geral, deixar os comentários políticos e as opiniões sobre a actualidade nacional e internacional a outros blogues, cujos autores estão mais vocacionados para isso ou retêm em si mais saber sobre a temática. Não invalida esta posição que procuremos andar informados e, muito em especial, sermos participativos com as totais faculdades de cidadania.

Tem acontecido que de uma forma esporádica, não fazendo disso nossa linha editorial, deixemos aqui algum comentário ou façamos mesmo uma modesta e despretensiosa análise aos tempos que passam e aos factos que acontecem. Utilizamos, então, o espaço “a minha opinião” tal como hoje o fazemos.

O País agita-se com as eleições à porta. Agora as eleições para deputados à Assembleia da República, as Eleições Legislativas, que parece mas não são para Primeiro Ministro, logo depois, as Eleições Autárquicas. As forças políticas estão na rua tentando, cada uma delas, conquistar votos ao eleitorado que sempre esgota a sua participação “pondo o papelinho nas urnas”.

O número de indecisos é cada vez maior o que deixa amplo campo para a conquista. Felizmente aqui na Oficina a dúvida nunca nos assaltou. Em época alguma.

Sem que nada fizéssemos para isso, tivemos a oportunidade de passar os olhos sobre algumas folhas de apoio aos discursos e intervenções políticas de candidatos de diversos partidos políticos e ficámos estupefactos com as mesmas. Além do texto escrito pelos profissionais da preparação de discursos constavam anotações manuscritas dos próprios candidatos.

Quanto embuste, quanta mentira, quanta manipulação. São os “bit sounds” tão do gosto dos órgãos da comunicação social, são as frases feitas, bombásticas mas sem conteúdo, são as palavras destinadas a ter efeitos subliminares. São usados os mais baixos estratagemas para conquistar uma maioria absoluta.

Enquanto o número de indecisos aumenta, aumenta também as certezas do pessoal desta Oficina.

domingo, janeiro 30, 2005

emissor receptor de poesia

O escultor José Aurélio inspirou-se na obra do poeta chileno Pablo Neruda para criar esta importante obra escultórica que se encontra implantada bem perto da Arriba Fóssil da Caparica em perfeita comunhão com a imensidão do mar Atlântico inspirador de tantos feitos das gentes portuguesas.

Semicírculos juntos formam uma estrela de cinco pontas em aço corten e inox que assenta no solo em três únicos pontos de contacto, dando-lhe uma leveza muito pouco compatível com o seu peso real de seis toneladas.



A estrela de cinco pontos, símbolo com conotações libertárias, dá-nos a imagem da liberdade em que as linhas de fuga se dirigem ao céu azul, sem perder o seu apego telúrico com o amplo mar, que se vê até à linha do horizonte, a completar a trilogia de elementos: ar, terra e mar.

O simbolismo da estrela de cinco pontas é inquestionável, encontrando-se também na bandeira da República Democrática do Chile e na boina de Che Guevara.



Todo este conjunto escultórico tem no centro uma espécie de esfera armilar, que a própria brisa marítima se encarrega de lhe imprimir movimento, representando a nação portuguesa, mas também a universalidade e a intemporalidade dos valores que guiaram a vida do poeta chileno Pablo Neruda, Nobel da Literatura.

Estabilidade, mas ao mesmo tempo leveza e movimento, caracterizam esta escultura de rua que imortaliza a obra do poeta.



sábado, janeiro 29, 2005

o debicar do passarinho


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


No “caminhar pela calçada recifense”, a minha querida amiga Lualil, do Traduzir-se..., leva-nos ao coração do frevo, à agitação de um Carnaval que na rua se vive intensamente. Colombina e Pierrô são clássicos da animação carnavalesca. Mas Lualil dá-lhes aqui uma dimensão tamanha de querer e de sentir como antes nunca vi ser escrito.

Depois é aquela fronteira ténue entre o sonho e a realidade que nos faz meditar qual desses aspectos traduz a verdadeira vivência. Magnífico escrito este que a Oficina acolhe num afectuoso abraço.


A Colombina e o Pierrô
por LuaLil

Andavam os dois pela Rua do Bom Jesus, repleta de história da cidade do Recife, o Fotógrafo registrava todos os momentos que apesar de revelar a Escritora um espectáculo conhecido, seus olhos brilhavam como nunca, parecia o coração bater mais forte. Abraçada ao Fotógrafo. Mostrava-lhe tudo tal criança em parque de diversão.

Passavam por eles blocos, maracatus evoluindo com seu rei e sua rainha, caboclinhos em passos marcados pelo arco e flecha, as mais variadas fantasias, rostos cobertos por máscaras e rostos e olhos abertos para todos... Corpos suados e muita música e alegria no ar.

Sentiu vontade de seguir o povo na rua como gostava de fazer e gritou ao Fotografo que fotografasse. No meio da multidão via os olhos dele a acompanharem com seu sorriso. Ele resolveu segui-la e aos poucos se ia aproximando dela. Até gritar-lhe:
_ Olha-me e sorri!!

Ela virou. Olhava em sua direcção. Quando o avistou, sentiu uma tontura e ainda com um sorriso no rosto caiu no chão. Fez-se no momento um silencio apavorante. O Fotógrafo tomou-lhe nos braços e a tirou do meio da multidão...A festa continuou... A música voltou a tocar e o bloco seguiu seu caminho.

Vestida de Colombina, dançava alegremente. Ao que se lhe aproximou o primeiro Pierrô.
_ Já não nos conhecemos? Disse ele.
_Foi no carnaval que passou? Riu. Lembrando a música.
_No carnaval passado era apenas eu um simples operário e buscava incansavelmente realizar meus sonhos...
_Já os realizaste então?
_Alguns deles... Beijou-a no rosto, abraçou-lhe como se matasse a saudade e sumiu.

Passava já agora pela rua animada, os caboclos de lança. Eles fascinavam os olhos da Colombina que se pôs a dançar com eles. Rodava e rodava até cair misteriosamente nos braços de um segundo Pierrô. Olharam-se como se enfim tivessem se encontrado. Ela não o conhecia, mas, sentia como se isso não fosse verdade.
_Já não nos conhecemos? Disse ela.
_Sim... Acompanhas-me há muito! Estás em meus sonhos, nos meus voos. Sorriu e a beijou. A Colombina imaginou coisas de amor. E antes que voltasse a suspirar, seu Pierrô já se tinha ido. Sentiu-se triste e só.

Seguiu calçada acima, sabia que o Fotógrafo devia estar em algum lugar... Procurou por ele. Sentia sua falta. Mas, de repente um grupo de ciganas a puxou para sua roda! Elas dançavam, rodavam e riam gargalhadas fortes, expressivas. A Colombina, que antes parecia assustada, aos poucos, estava a sorrir e dançar junto as ciganas na roda. Por trás da cigana de lenço vermelho, olhos castanhos claros, viu aparecer um Pierrô. Ele a olhou e foi em sua direcção. Ela parou de dançar. Estava imóvel. Ele a puxou para fora da roda, para mais distante da agitação. Disse-lhe:

_ Então já agora estamos juntos outra vez... Temos nos encontrado em vários momentos, em vários locais e tempos. E tu, és sempre a mesma em qualquer fantasia que usares, pois teus olhos, estes eu os reconheceria em qualquer parte do mundo.

Ela sentiu uma vontade enorme de abraçar-lhe. Beijar-lhe o rosto, sentir o seu cheiro. Mas estava tonta... Tonta.

_Querida... Querida! O Fotografo tocava-lhe suavemente o rosto.

A Escritora abriu os olhos e com um sorriso imenso nos olhos. Abraçou-o fortemente.


sexta-feira, janeiro 28, 2005

rosinhas amarelas de valle do rosal


espaço de poetar

Não sou poeta afamado nem sequer sei construir rimas de maravilhar. Juntando algumas palavras, dando-lhe algum sentido procuro nelas o encantamento. Perdoem a ousadia, mas cá vou eu poetar.


Palavras que se dizem

As palavras que se dizem, aquelas que não são ditas
Os silêncios que se calam, que são gritos de revolta
A esperança que se realiza, no sonho de que se solta
Um futuro construído, nas palavras que são escritas.

As palavras que se escrevem mais aquelas que são ditas
Formam frases de sentires, em sentimentos de revolta
Na luta pela igualdade que da solidariedade se solta
No rumo certo das verdades que no pensar ficam escritas.

A força do nosso âmago que se exterioriza em revolta
É solidariedade sentida nas palavras que são escritas
É a força de um sonho que a esperança liberta e solta

É o querer que vem da alma nas palavras que são ditas
É o cavalo alazão liberto, que em forte galopar se solta
Rumo à justiça e à verdade que nas palavras estão escritas.

quinta-feira, janeiro 27, 2005

o homem do realejo


leituras e audições

Procuraremos neste espaço dar nota semanalmente de um livro e de um CD que de alguma forma nos tenha sensibilizado. Poderá não ser uma novidade editorial, mas será com certeza ao nosso gosto.


Livro
Ensaio sobre a Lucidez
Autor: José Saramago
Editora: Caminho, Lisboa, Março de 2004

Este é o mais recente romance de José Saramago, Prémio Nobel da Literatura, anunciando-se já a publicação de mais duas obras suas no decorrer do ano de 2005. Obra polémica, por muitos críticos e analistas lhe atribuírem o apelo ao “voto em branco” é mais, na nossa opinião, um apelo à cidadania que se não deve restringir ao acto de votar. Segundo Saramago o “voto nunca poderá ser um cheque em branco”. Dá bem conta da falta de qualidade política dos governantes de um modo geral, atendendo a que os mais capazes não querem pactuar com governações corruptas. Actual no Portugal de 2004, com actualidade redobrada no Portugal de 2005.


CD
A Tribute to Bessie Smith
Voz: Jacinta
Editora: EMI Valentim de Carvalho

Com uma dicção impecável e com um balanço extraordinário a voz de Jacinta encanta-nos na interpretação de arranjos pouco ortodoxos relativamente à obra de Bessie Smith. Ouvir Jacinta dá-nos uma vontade irresistível de entrar no balanço em ambiente de belas sonoridades.



quarta-feira, janeiro 26, 2005

acácias de janeiro


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Por está época do ano, tal como acontece em muitas outras cidades brasileiras, começa a grande transformação. O Povo já naturalmente alegre e optimista, parece entrar numa transe de boa disposição que contagia os forasteiros que ficam logo com “o samba no pé”. Também o Fotógrafo tem esse sentimento quando calçada recifense acima se encontra com a Escritora.

Contudo, o Recife é diferente. A multiculturalidade das suas gentes, o encontro permanente de povos e de raças, de saberes e de culturas, dá-lhe um “toque” único que se reflecte no “ferver” das gentes. O autêntico Frevo que vai invadir a zona antiga da cidade e dela se expandir para as restantes zonas, para o Mundo.

O Fotógrafo, que hoje veste a rigor, qual Príncipe de um reino de sonho, mal entra na calçada, depois de um cafézinho retemperador tomado no boteco da esquina, propõe à Escritora um jogo no mínimo estranho:

_Querida Amiga, agora que o Carnaval está aí, vou tirar a minha máscara de todo o ano. Continua a tua caminhada, que já nos encontramos.

Dito isto some-se no primeiro cruzamento.

A Escritora continua a sua caminhada, agora só, mas cheia de curiosidade. Logo na esquina seguinte surge-lhe um jovem, algo ingénuo, com ar de novato nestas andanças do Carnaval que se dirige à Escritora apresentando-lhe um papel escrito que ela lê:
_ ...me encantei com a docilidade que escreves a cerca de todos os temas, infelizmente não há muitos assim, e particularmente pela forma carinhosa que se refere ao Brasil, pátria minha.
_Quem és tu?
_Um simples operário, com vontade de sonhar...

Tal como subitamente tinha aparecido assim se esfumou na multidão que já a essa hora se dirigia aos seus trabalhos.

Pouco depois a Escritora foi abordada por um homem, cabelo farto, mais para o lado do branco, algo desgrenhado. Poeta, artista... que sei eu!
Dirigiu-se nestes termos à Escritora:
_Sinto que faz parte dos meus sonhos recorrente. Sonho voar, leveza total, na direcção das terras do longe. Penso que sempre o seu rosto e sua silhueta me acompanham...
_Nesse estranho enlevo eu me encontro quando escrevo “Entre o Sono e o Sonho”, faríamos uma parceria frutuosa...

Aquele idoso, algo louco, que abordou a Escritora perdeu-se na multidão que já entoava cantares de Carnaval. A Escritora ficou pensativa. Seriam más caras que a abordavam ou gente real? Por onde andaria o Fotógrafo, que hoje mais parecia um Príncipe?

Dos verdejantes canteiros de flores que tão bem ficavam na decoração da calçada, saltou um sapo que se postou a seus pés. Estupefacta a Escritora procurou apanhá-lo. Com algum esforço conseguiu o seu intento. Como lera nos contos da sua meninice aproximou seus lábios e beijou-o.

Do Príncipe, melhor do Fotógrafo, nem sinal. O ar ficou perfumado com o odor dos jasmineiros.

terça-feira, janeiro 25, 2005

lua de janeiro


estórias de outros tempos

Já aqui tenho escrito a importância que tem na nossa vida e na nossa formação integral, o PAI. Este facto só é, realmente, valorizado quando o PAI parte fisicamente, mantenha-se, embora, sempre no nosso pensar e sentir. Vem isto a propósito do hábito que meu PAI tinha de contar estórias. Estórias singelas, como eram os tempos de então. Tempos duros, mas eivados de alguma ingenuidade e singeleza que se tem vindo a perder.


Contava o meu Pai:

Meu Pai foi durante muitos anos desde a sua meninice, pelo menos até aos doze da minha vida, empregado de drogaria. Comércio tradicional, hoje abrangido pelos artigos de limpeza doméstica e de higiene pessoal das grandes superfícies, era muito mais do que isso. Começou como marçano, que ia de porta em porta, recolher os pedidos dos clientes a quem iria fazer as entregas horas depois.

Caixote às costas, chovesse ou fizesse sol lá ia de porta em porta recolhendo no rol os pedidos dos clientes. O livrinho de papel manteiga e o lápis eram os seus instrumentos de trabalho. A entrega, essa era mais dura. Caixote com os artigos derreavam as costas das crianças ainda que já trabalhavam no duro.

Depois, foi empregado de balcão, com um trabalho já mais protegido. Mais tarde ascenderia ao lugar de encarregado, o que representava já um certo estatuto. O trabalho era duro, mas o humor simples, quase ingénuo, estava sempre presente. Claro que, como era da tradição, os marçanos, muitos vindos das lonjuras do País eram os “bobos da festa”.

Certo dia um dos marçanos que já tinha conseguido fazer um pé de meia com o qual tinha comprado umas botas que desejava mandar para a terra, falou para o meu Pai:

_Oh Sô Manel queria mandar estas botas para a terra, lá para o meu pai, mas não sei como fazer...
_Então de longe em longe não falar pelo telefone com o teu pai?
_Falo sim...
_Então e por onde vai a tua voz?
_Vai por aqueles fios que estão lá fora... de poste em poste...
_Então, sobes a um desse postes, penduras lá as botas e dizes que são para o teu pai.

E assim fez o “Negus”, alcunha do marçano, devido a ser bem escuro. Subiu muito a custo ao cimo do poste telefónico, pendurou as botas e lá deu indicação para que seguissem para Trás-os-Montes, terra de seu pai.

segunda-feira, janeiro 24, 2005

2005 – ano inesiano

Destaques da programação das comemorações

No decorrer do ano de 2005 comemora-se os 650 anos sobre a morte de Inês de Castro, um dos maiores mitos românticos da História de Portugal, ainda hoje inspirador de poetas e artistas, de músicos e investigadores históricos. Deixamos aqui alguns destaques de eventos integrados nestas comemorações, na certeza de que no momento próprio lhes daremos o merecido relevo.

Cortejo histórico de evocação da figura de Inês de Castro, baseado nos Doze Sonetos por Várias Acções. Na Morte da Senhora Dona Inês de Castro, Mulher do Monarca Dom Pedro de Portugal, de D. Francisco Manuel de Melo.
Última quinzena de Junho de 2005, no Castelo de Montemor-o-Novo

Exposições – Arte de Rua: Périplo da escultura Relicário, de José Aurélio, a realizar-se em espaço ao ar livre, uma peça de 2,85 m de altura por 1,21 m de largura.
De 1 de Junho a 1 de Julho, na Praça da República em Montemor-o-Velho

Dança – Falas de Castro, de Lídia Martinez, a partir de um texto de Eduardo Dionísio, espectáculo a solo por Lídia Martinez.
9 de Abril de 2005, na Igreja de Santa Maria de Alcáçova, Castelo de Montemor-o-Velho

Música - Ay, que dolor! (cinco trovas para Inês e cordas emocionadas), de Eurico Carrapatoso e Suite Aeminium, de José Firmino, pela Orquestra de Câmara de Coimbra. O concerto será composto por duas partes distintas: a primeira parte irá ser executada por uma orquestra de cordas, interpretando Ay, que dolor!, cinco trovas para Inês e cordas emocionadas, da autoria de Eurico Carrapatoso e inspirada em trovas inesianas de Garcia de Resende; a segunda parte, sendo da autoria de José Firmino e sendo executada pela Orquestra Clássica, aborda sete paisagens sonoras de Coimbra.
25 de Abril de 2005, na Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, em Montemor-o-Velho

Teatro – Respirações de Inês, de Eurico Lopes e Maria Emília Correia
Formulação Teatral para um actor, uma cantora lírica, um narrador/ organizador e um DJ, inspirada no texto La Reine Morte, de Henry de Montherland, tragédia criada e representada no Théâtre-Français (Comédie Française), em 1942. Apresentado pelos actores Maria Emília Correia e Eurico Lopes. Concepção de Eurico Lopes e Maria Emília Correia; Dramaturgia e encenação de Maria Emília Correia; Espaço cénico de Eurico Lopes; Composição original de Rodrigo Leão; Figurinos de Olga Rêgo; Desenho de luz de João Paulo Xavier; Técnico de som Rui Dâmaso; Técnico de luz António Oliveira; Interpretações de Eurico Lopes e Ana Ester; Narração de Maria Emília Correia; DJ José Pedro Manso; Contra-regra de Ana Gouveia; Cabelos de Sanno.
10 de Setembro de 2005, no Teatro Esther de Carvalho, em Montemor-o-Velho

Voltaremos ao tema com mais destaques e, sempre que possível, com notas sobre as realizações.

um "piercing" para o umbigo da oficina das ideias

Com estas palavras:

“Parabéns seu blog é destaque na Gazeta do Blogueiro passa lá para pegar seu trofeu caso vc queira. Bjinss”

Quis a Gazeta do Blogueiro destinguir o modesto trabalho desta Oficina, considerando-o “Destaque do Dia, 24 de Janeiro de 2005”. Não somos pobres e mal agradecidos, reconhecendo a modéstia e a singelez do nosso trabalho, não poderemos deixar de ficar reconhecidos à querida amiga Sabrina que nos deu tamanha distinção.



domingo, janeiro 23, 2005

esta baiana me "agarrou" ao senhor do bonfim


meu brasil brasileiro

Nos anos 60 do século passado, mais concretamente na segunda metade dessa década tão rica socialmente, era eu “menino e moço” tive os primeiros contactos com a cultura brasileira pela qual me deixei encantar. Em Portugal, vivíamos os últimos anos da ditadura, que então já se mostrava socialmente débil, mas ainda assim, agressiva e violenta, recebíamos os odores de Paris no ano de 1968, desejávamos a mudança.

Foram, então, meus livros de cabeceira, a maioria deles adquiridos “por debaixo do balcão”, a trilogia “Subterrâneos da Liberdade” e outras obras de Jorge Amado, “As Memórias do Cárcere” e outros livros do Graciliano Ramos e algumas obras de Erico Veríssimo e José Lins do Rego.

Ligado a um projecto universitário de “Humanidades e Subsistências” devorei a obra de Josué de Castro, especialmente, “Sete Palmos de Terra e um Caixão”, de 1964, um ensaio sobre o Nordeste do Brasil, uma área explosiva. Sobre a vivência dos índios brasileiros, apogeu e destruição, tive oportunidade de ouvir o antropólogo Egon Schade.

Os anos 60 do século passado representou época de grande enriquecimento no amor pelas gentes do Brasil. Depois veio a Revolução de Abril em Portugal. A fuga de portugueses envolvidos com o regime anterior para o Brasil, o acolhimento que tiveram dos governos brasileiros de então, fizeram afastar-me desse Povo tão belo.

Na minha memória sempre ficou o “Cavaleiro da Esperança” e a certeza de que o Brasil ainda viria a ser o farol do Mundo, a “luz ao fundo do túnel” para uma civilização melhor. E esperei... Um dia chegou a notícia de que, por vontade do Povo, Lula chegou a presidente. Valeu a pena esperar... a Esperança se renovou!!

A blogoesfera trouxe-me a visão actual e afectuosa desse Brasil com um Povo que eu amo. Contactos sem fim, uma partilha e permute permanente de saberes e de afectos, trouxe-me de novo o sentir do tropicalismo. Este ano, uma vez mais, não resisti a ligar-me ao Senhor do Bonfim...


sábado, janeiro 22, 2005

o carnaval não tarda


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


A minha querida Amiga Lualil, do Traduzir-se..., leu assim, como só ela o sabe fazer, a mais recente "caminhada" do Fotógrafo e da Escritora, pela calçada recifense...

E o coraçao dela sentiu-se apertado... o que teria contribuído para aquela mágoa visível em seu rosto?

Mais uma vez olhou ao fotografo, disse:
_ Sinto, as vezes, que quando algo me deixa triste, mesmo que eu esqueça por momentos, meus olhos aos outros brilham menos. E sei que isso é verdade. Assim como sei que nao vale a pena deixar de brilhar nos olhos de outros.

Certa vez tive uma mágoa profunda... e ainda sinto, por vezes, uma certa dor. Sei que nesta altura, nos momentos mais difíceis, tentei com dificuldade esconder a dor para que nem eu, nem ninguém sentíssemos mais nada e para que meus olhos, inocentes, brilhassem com toda a sua força. Muitas vezes nao consegui... e numa dessas vezes, voltei minha atençao sobre mim e minha vida. Sobre as dificuldades que atravessava assim como e principalmente pelas alegrias de batalhas ganhas, pelos sorrisos soltos, dados e recebidos, pela beleza que a vida insiste em me mostrar fazendo-me nova a cada instante e... fiz comigo um pacto. Chorar profundamente minhas dores. Para que as minhas lágrimas fossem alívio na alma e regando-me, fizesse em mim nascer um novo sorriso e uma nova esperança.

O tempo corria e ela continuava a falar, sua voz ficava mais baixa e suas palavras mais sentidas, olhava fixamente o mar e o fotógrafo se perdeu no som significativo, no sentido daquelas palavras. Pareceu em alguns momentos uma melodia. Uma melodia de amor a vida.

Parou de repente e sorriu um sorriso desajeitado e sentiu-se envergonhada. Abraçou com uma ternura imensa seu grande amigo. Ela sabia o quanto de esperança sempre viu nos olhos do fotógrafo e sabia que aquelas palavras nao era estranhas para ele. Admirava-o por isso. Viu, orgulhosa, ele vencer momentos difíceis. Superar algumas mágoas.

E olhando nos olhos outra vez, disse-lhe:
_ Esta mágoa em teu rosto...
Sentia dificuldade, agora, em lhe falar palavras. Tentou outra vez.
_ Esta mágoa em teu rosto... contribui de alguma maneira para que ela existisse?
Outra vez abraçaram-se. E as palavras pareciam já nao ter tanta importância naquele momento.

Algumas crianças que brincavam por perto, reconhecendo os amigos que juntos caminhavam calçada acima, correram ao encontro deles.


sexta-feira, janeiro 21, 2005

flor de madrugar


espaço de poetar

Madrugar

Quando a noite chegou ao fim
E foi madrugada,
Pousei meus olhos em teus lábios
De carmim.
E da minha mente cansada
Brotaram sábios pensamentos.

Sem palavras entendi teu ser,
Beijei teu rosto docemente
E com a loucura que nos dá
O muito querer,
Beijei teus olhos, tua boca,
Teu corpo meigo e fremente.

Nossos seres se uniram
Em doce enleio.
Senti teu peito ardente
Em profundo respirar.
Desejámos estar assim eternamente,
Mas logo findou o madrugar.

Foi alvorada.
O sol alevantou o seu esplendor.
Sentimos a força de estar juntos
Perante o mundo hostil,
Máquinas, ruído, poluição,
Que já não entende o amor.

Lado a lado caminhamos o futuro.

E com sol a pino
Do dia meado,
Amadurecemos ideais na noite concebidos.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

realejo a la veneziana


leituras e audições

Procuraremos neste espaço dar nota semanalmente de um livro e de um CD que de alguma forma nos tenha sensibilizado. Poderá não ser uma novidade editorial, mas será com certeza ao nosso gosto.


Livro
Roteiro de Leitura: Poesia de Manuel Bandeira
Autor: José Carlos Garbuglio
Editora: Ática, São Paulo – BR, 1998

É uma “viagem cheia de encantos” que nos leva pelo sonho ao sentir do poeta e dos seus poemas. Este é um guia de viagem, gratificante e enriquecedora, à obra de um dos mais importantes poetas de língua portuguesa. Podemos criar saber, com a leitura desta obra, sobre os “contextos”, “estrutura poética” e “temas” da sua saga poética. Este livro que veio do Brasil por mão amiga está guardado no espaço de afectos da minha modesta biblioteca.


CD
A Alegria de um Brasileiro
Autores: Tau Brasil (Música) Gonzaga Medeiros e Outros (Letras)
Editora: CIS

Música sertaneja na sua versão mais “pura e dura. Mas também o “forró”, “músicas de garimpar” que sempre podemos dedicar ao “meu bem”, ao “meu anjo”, ao “meu xodó”.
O Tau Brasil ao vivo é um espectáculo, em gravação perde o seu ar prazenteiro mas ficam as melodias.


quarta-feira, janeiro 19, 2005

actividade intensa


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Mágoa no semblante

As noites eram passadas com o ar condicionado, com a refrigeração a funcionarem a um ritmo intenso pois as temperaturas continuavam a não querer descer dos 25 graus. O apelo era permanente para praiar, mas compromissos são compromissos e quando a isso se junta o grande prazer de encontro, então não há apelos de lazer que desviem o Fotógrafo da calçada recifense.

A Escritora, empenhada desde há algum tempo num projecto de sensibilização da blogoesfera para os problemas ecológicos que põem em risco o equilíbrio da Natureza, sempre encontrou algum tempo para acompanhar o Fotógrafo em mais uma caminhada calçada acima. Ele sempre lhe fica grato pela companhia.

Quando pela manhã, bem sedo, o Fotógrafo abriu de par em par as janelas do seu quarto, todo o ambiente foi invadido pelo cheiro dos jasmineiros dos quintais próximos, dando-lhe de imediato vontade forte de sair para a rua. Pouco tempo depois, lá seguiu ele ao encontro da Escritora.

Caminhar e conversar. Olhar com olhos de ver as gentes que os rodeiam na sua caminhada matinal para os afazeres diários. A garotada já brinca na calçada, muitos deles sabedores de “artes” e de “saneamentos”, orgulho da Escritora que muito contribuiu para a sua formação integral. Muitos deles ainda a vêm cumprimentar com um sorriso aberto. Sentem que passaram a ser mais importantes para a Sociedade.

As conversas saltitam do que vão observando nas gentes com quem se cruzam para os projectos que a Escritora desenvolve para sensibilização ecológica. Trabalho cuidado efectuado em colaboração com uma amigo português, Fernando de seu nome, pretende chegar ao coração das gentes para lutarem pela defesa do meio ambiente como forma de minorar as catástrofes naturais.

O sol a pique já queima. Procuram a sombra das árvores para tornar a caminhada mais suave. As horas são segundos nestas caminhadas pelo sentir do Povo recifense. É hora das despedidas, a Escritora observa:
_Caro Fotógrafo, sinto mágoa no seu semblante...

terça-feira, janeiro 18, 2005

papoila azul


estórias de outros tempos

Já aqui tenho escrito a importância que tem na nossa vida e na nossa formação integral, o PAI. Este facto só é, realmente, valorizado quando o PAI parte fisicamente, mantenha-se, embora, sempre no nosso pensar e sentir. Vem isto a propósito do hábito que meu PAI tinha de contar estórias. Estórias singelas, como eram os tempos de então. Tempos duros, mas eivados de alguma ingenuidade e singeleza que se tem vindo a perder.


Contava o meu PAI:

O meu avô, mestre Humberto, sapateiro de oficina montada, vindo para a Amadora dos lados de Campolide, de origem cigana, talvez, remendava e fazia de novo, sandálias e sapatos, para o que contava com cerca de quinze colaboradores, entre oficiais e aprendizes. Num parêntesis dizer que todos jantavam (hoje almoço) à mesma mesa onde se reuniam cerca de 35 pessoas por refeição, incluindo a minha avó e os filhos que trabalhavam noutras artes.

Então sempre que entrava para o grupo um novo aprendiz, tinha lugar um ritual de iniciação para gáudio dos que por lá já se encontravam. Era a praxe de recepção, fundamental para a entrosão com a equipa de trabalho.

Dizia então o mestre Humberto ao novato:
_Oh Zé... vai ali ao mestre Manuel (colega de profissão com oficina aberta a quase um quilómetro) e diz-lhe que o mestre Humberto lhe pede emprestada a pedra de afiar cerdas (pequenas pontas de pelo de cavalo, que serviam de guia ao pontear manual das peças de couro).

E lá ia o Zé em passo de corrida que havia que mostrar trabalho ao seu mestre e guia a partir de agora. Quando chegava esbaforido à oficina do mestre Manuel e fazia o pedido, este, matreiro, já sabia a resposta a dar.

_Leva lá esta pedra de afiar cerdas ao mestre Humberto, mas diz-lhe que ma devolva logo que possa, pois muita falta me faz. E colocava-lhe nas mãos um enorme calhau, sei lá de quantos quilos, que o Zé teria que levar ao seu mestre, agora em passo lento e arrastado.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

praia da bela vista


2005 ano inesiano

O Ano de 2005 promete ser um ano de grande actividade intelectual, especialmente, por coincidirem neste ano inúmeras comemorações de âmbito cultural, que vão movimentar em todo o mundo os mais diversos programadores de eventos por forma a lhes dar resposta adequada. No mês corrente, estão já a decorrer as primeiras iniciativas relacionadas com a comemoração dos 400 anos da publicação do primeiro volume da obra Dom Quixote, do imortal Miguel Cervantes.

Em Março comemora-se os 100 anos da morte de Júlio Verne e em Abril os 200 anos do nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, autor de contos infantis que fazem parte do nosso imaginário. Em Junho faz 100 anos que Einstein formulou a sua Teoria da Relatividade, que modificou todo o pensamento científico e somente posta em causa muito recentemente.

Para os portugueses o ano de 2005 vai ser o “Ano Inesiano” para assinalar os 650 anos sobre a morte de Inês de Castro, assassinada em Coimbra a 7 de Janeiro de 1355. Inês de Castro é um dos maiores mitos da História de Portugal, inspiração de poetas, músicos, pintores e escultores.

A paixão de Dom Pedro e de Dona Inês é o mote das comemorações vão ser repartidas pelos municípios de Coimbra, Alcobaça e Montemor-o-Velho e contam ainda com o apoio do Ministério da Cultura e da Quinta das Lágrimas, que juntos na Fundação Inês de Castro irão promover um vasto programa de que iremos dando conhecimento aos nossos amigos leitores.

Esta Oficina vai procurar durante o “Ano Inesiano” dar espaço às iniciativas destas comemorações e toma a liberdade de dedicar este tema à querida amiga Cathy, do Bailar das Letras e Bailar das Letras 2, amante e estudiosa do tema “Dom Pedro e Dona Inês”, uma verdadeira “Inesiana”.

domingo, janeiro 16, 2005

apelo para a humanidade

Numa meritória iniciativa de Lualil, do Traduzir-se..., e de Fernando, do Fraternidade, foi elaborado um texto de "Apelo à Humanidade" que os blogues subscritores hoje publicam:

Tivemos a tristeza de ver recentemente o tsunami, causando uma grande destruição e vitimando um número inconcebível de pessoas em sete países da Ásia. Sabemos que esse tipo de facto é um acontecimento natural, porém havemos de analisar e acrescentar que a intensidade desse tsunami mostra-nos claramente que o desequilíbrio ambiental é, incontestavelmente, potenciador de forças naturais deste porte. Cabe a nós, definitivamente, uma reflexão séria sobre o assunto e buscarmos maneiras mais correctas de lidarmos com o espaço que vivemos, para que não sejamos nós os responsáveis por catástrofes desta natureza.

Nós blogueiros, propomos desde já, unirmo-nos em um alerta para a humanidade, e implantarmos cada um de nós, a nosso modo e em nosso ambiente, medidas práticas de mudanças!

É tempo de se falar abertamente. É tempo de se abordarem as questões em profundidade e não de forma restritiva. É tempo enfim, de se falar a sério sobre a questão ambiental e ecológica. Sobre a humanidade! E com razão. É que cada vez mais se toma consciência de que o combate pela preservação, não tem fronteiras, não é regionalizável e de que a resposta ou é global ou não será resposta.

As chuvas ácidas, o efeito de estufa, a poluição dos rios e dos mares, a destruição das florestas, não têm azimute nem pátria, nem região. Ou se combatem a nível global ou ninguém se exime dos seus efeitos.

As pessoas ainda respiram. Mas por quanto tempo?

Os desertos ainda deixam que reverdejem alguns espaços estuantes de vida. Mas vão avançando sempre.

Ainda há manchas florestais não decepadas nem ardidas. Mas é cada vez mais grave o déficit florestal.

Ainda há saldos de crude por extrair, de urânio e cobre por desenterrar, de carvão e ferro para alimentar as grandes metalúrgicas do mundo. Mas à custa de sucessivas reduções de reservas naturais não renováveis.

Na sua singeleza, o caso é este:

Até agora temos assistido a um modelo de desenvolvimento que resolve as suas crises crescendo cada vez mais. Só que quanto mais se consome, mais apelo se faz à delapidação de recursos naturais finitos e não renováveis, o que vale por dizer que não é essa uma solução durável, mas ela mesma finita em si e no tempo que dura. Por outras palavras: é ela mesmo uma solução a prazo.

Significa isto que, ou arrepiamos caminho, ou a vida sobre a terra está condenada a durar apenas o que durar o consumo dos recursos naturais de que depende.

Não nos iludamos. A ciência não contém todas as respostas. Antes é portadora das mais dramáticas apreensões.

O que há de novo e preocupante nos dias de hoje, é um modelo de desenvolvimento meramente crescimentista – pior do que isso, cegamente crescimentista – que gasta o capital finito de preciosos recursos naturais não renováveis, que de relativamente escassos tendem a sê-lo absolutamente. E se podemos continuar a viver sem urânio, sem ferro, sem carvão e sem petróleo, não subsistiremos sem ar e sem água, para não ir além dos exemplos mais frisantes.

Daí a necessidade absoluta de uma resposta global. Tão só esta necessidade de globalização das respostas, dá-nos a real dimensão do problema e a medida das dificuldades das soluções. Lêem-se o Tratado de Roma, o Acto Único Europeu e mais recentemente as conclusões da Conferência de Quioto, do Rio de Janeiro e Joanesburgo, onde ficou bem patente a relutância dos países mais industrializados, particularmente dos Estados Unidos, em aceitar a redução do nível de emissões. Regista-se a falta de empenhamento ecológico e ambiental das comunidades internacionais e dos respectivos governos, que persistem nas teses neoliberais onde uma economia cega desumanizada e sem rosto acabará por nos conduzir para um beco sem saída.

Por outro lado todos temos sido incapazes de uma visão mais ampla e intemporal. Se houver ar puro até ao fim dos nossos dias, quem vier depois que se cuide!... e continuamos alegremente a esbanjar a água do cantil.

Será que o empresário que projectou a fábrica está psicológica ou culturalmente preparado para aceitar sem sofismas nem reservas as conclusões de uma avaliação séria do respectivo impacto ambiental?

Mesmo sem sacrificar os padrões de crescimento perverso a que temos ligados os nossos hábitos, há medidas a tomar que não se tomam, como por exemplo:
- Levar até ao limite do seu relativo potencial o uso da energia solar e da energia eólica.
- Levar até ao limite a preferência da energia hidráulica sobre a energia térmica.
- Regressar à preferência dos adubos orgânicos sobre os adubos químicos.
- Corrigir o excessivo uso dos pesticidas.
- Travar enquanto é tempo a fúria do descartável, da embalagem de plástico, dos artigos de intencional duração.
- Regressar ao domínio do transporte ferroviário sobre o rodoviário.
- Repensar a dimensão irracional do transporte urbano em geral e do automóvel em particular.
- Repensar, aliás, a loucura em que se está tornando o próprio fenómeno do urbanismo.
- Reformular a concepção das cidades e das orlas costeiras

Dito de outro modo: a moda política tende a ser, um constante apelo às terapêuticas de crescimento pelo crescimento. È tarde demais para desconhecermos que, quando a produção cresce, as reservas naturais diminuem.

Há porém um fenómeno que nem sempre se associa ás preocupações da humanidade. Refiro-me à explosão demográfica.

Com mais ou menos rigor matemático, é sabido que a população cresce em progressão geométrica e os alimentos em progressão aritmética. Assim, em menos de meio século, a população do globo cresceu duas vezes e meia !...
Nos últimos dez anos, crescemos mil milhões!... Sem grande esforço mental, compreendemos aonde nos levará esta situação.

Se é de um homem mais sensato e responsável que se precisa, um homem que olhe amorosamente para este belo planeta que recebeu em excelentes condições de conservação e está metodicamente destruindo; de um homem que jure a si mesmo em cadeia com os seus semelhantes, fazer o que for preciso para que o ar permaneça respirável, que a água seja instrumento de vida e dela portadora, e os equilíbrios naturais retomem o ciclo da auto sustentação, empenhemo-nos desde já nessa tarefa, com persistência e determinação.

Se é a continuação da vida sobre a terra que está em causa, e em segunda linha a qualidade de vida, para quê perder mais tempo?...

Por isso apelamos a todos quantos se queiram associar a este movimento pela preservação Natureza, pela Paz e pelo desenvolvimento harmonioso da Humanidade, para subscreverem este Apelo.

Ao fazê-lo estamos a afirmar a nossa cidadania, enquanto pessoas livres, que olham com preocupação o futuro da Humanidade, o futuro dos nossos filhos!


Lista de subscritores

sábado, janeiro 15, 2005

mar doirado


a luta contra as intempéries naturais é uma opção política

Todos os anos a zona do Caribe é fortemente fustigada por intempéries naturais no decorrer da chamada temporada dos furacões e tempestades que se estende nos meses de Junho a Novembro, provocando número elevado de mortes e vultuosos prejuízos materiais. O ano de 2004 foi um ano especialmente penoso para as populações locais.

Haiti, Granada e Republica Dominicana foram particularmente afectados pelos tufões, para os quais já em Maio haviam surgido os primeiros alertas com chuvadas muito fortes, onde se vieram a verificar milhares de mortos. No Haiti e somente em dois dias, 23 e 24 de Maio, segundo dados governamentais, morreram cerca de 1.700 pessoas devidos às violentas bátegas de água.

O furacão Charley chegou logo no início de agosto, com ventos de mais de 175 quilómetros por hora e categoria 3 na escala de intensidade Saffir-Simpson, que vai até 5. O seu percurso foi praticamente directo para o litoral americano na Flórida, mas antes passou por Cuba, a única ilha do Caribe atingida, onde causou a morte de quatro pessoas e deixou danos materiais incalculáveis. Na Flórida, Charley matou 23 pessoas e as perdas materiais foram avaliadas em cerca de 17 mil milhões de dólares.

Outros furacões, designados por Frances, Ivan e Jeanne causaram estragos importantes para as economias da região e milhares de pessoas mortas. Os furacões representam na zona do Caribe uma força altamente destruidora a que não resistem as populações, independentemente da riqueza e do desenvolvimento dos respectivos países.

Salvador Briceno, do Instituto para a Redução de Desastres da ONU, considera ser Cuba um exemplo na prevenção de riscos por furacões e que o seu modelo pode ser aplicado a outros países com condições económicas similares ou melhores que não conseguem, mesmo assim, proteger sua população com tanta eficácia como a Ilha.

Acrescentou que o caso cubano mostra como a vulnerabilidade pode ser reduzida com medidas de baixo custo, mas precisa-se de uma dose significativa de determinação política.

Este funcionário da ONU expressou que a baixa taxa de mortalidade causada pelos furacões em Cuba em relação a seus vizinhos, deve-se a que a população é informada e preparada nas escolas, universidades e centros de trabalho e sabe como enfrentar os desastres naturais.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

fim de tarde na caparica


espaço de poetar

Na Procura

Caminhar no arco-íris para as terras de Gaudi
Na procura do ente querido, mulher bela e sensual
Meu vício, na ausência mais sentido, doçura angelical
Olhos cor de mel por quem um dia me perdi

Na outra ponta do celeste arco encontrei tesouro real
Passados que foram mares, montanhas e tormentos
Explosão de maravilhosos quereres e sentimentos
Encontro-te no amplo espaço do doirado areal

Qual pérola ofertada pelo mar azul e profundo
Rolou entre os meus dedos, aninhou-se em meus braços
Empolgou meu sentir em tão amplos espaços
Maior felicidade sentida nas passagens deste mundo

Tua melodiosa voz me encanta, qual sereia
Murmuras ternas palavras de muito querer
Fico maravilhado com a beleza total do teu ser
Entrego-me em teu corpo que com carinho me enleia

quinta-feira, janeiro 13, 2005

mata dos medos 2005


leituras e audições

Procuraremos neste espaço dar nota semanalmente de um livro e de um CD que de alguma forma nos tenha sensibilizado. Poderá não ser uma novidade editorial, mas será com certeza ao nosso gosto.


Livro
A Chuva Pasmada
Autor: Mia Couto, com ilustrações de Danuta Wojjciechowska
Editora: Caminho, Novembro de 2004

Um romance cheio de saberes transmitidos de pais para filhos, ou serão lendas? Um enriquecimento constante da língua portuguesa com novas palavras e sentidos. Magníficas gravuras ilustram e sublinham os escritos.


CD
Tralha
Autores: Maria João(letras) e Mário Laginha (músicas)
Editora: Universal

Das tralhas arrecadadas durante largos anos de colaboração frutífera, surge agora um magnífico conjunto de temas, cuja interpretação de Maria João é valorizada pela participação de músicos de primeira água, além de Mário Laginha ao piano, e pela contribuição de uma orquestra de cordas.



quarta-feira, janeiro 12, 2005

daqui meu olhar chega ao infinito


sentir o povo que vive

O Frevo está no ar

A noite mal dormida fizera com que o despertar do Fotógrafo fosse feito com alguma dificuldade. Fora aquele dormir desassossegado, aquele sentir como se acordado estivesse, mas era mais um estado de vigília. Não havia razão especial para que tal acontecesse, mas as temperaturas elevadas e especialmente não se verificar qualquer arrefecimento nocturno poderia ser uma explicação.

Com os termómetros da rua a marcarem já temperaturas muito perto dos 30 graus centígrados, respirar já se tornava um pouco difícil. O caminhar um pouco mais lento e o procurar das sombras das frondosas árvores que ladeavam a calçada era uma forma de contornar a situação.

O encontro com a Escritora foi efusivo, três meses de ausência que mais pareciam uma vida e tantos projectos ainda por terminar. Muitos deles, aliás, ainda por começar. Já eram 11 horas quando se encontraram, o sol já subia para o pique, mais do que nunca se justificava partilharem uma Skol bem gelada.

No boteco da esquina entraram com uma lufada de ar que trazia o odor dos jasmineiros. Lá dentro o fresco era uma dádiva dos deuses. Respiraram fundo, beberam a cervejinha e conversaram muito actualizando os seus saberes e sentires afastados durante estes meses a que o Fotógrafo se viu forçado a estar ausente por motivos de saúde.

A Escritora está animada com os novos desafios que se lhe apresentam, depois de alguns sobressaltos provocados por algumas indefinições acerca da continuidade da sua actividade profissional que tanto a encanta. O Fotógrafo está desejosos de registar imagens únicas da zona histórica da cidade. Vão lançar mãos à obra com todo o afinco.

Seguem de novo calçada acima. Além do odor dos jasmineiros que impregna o ar ficam encantados com os sons único que se ouvem, qual música de fundo. O Carnaval está à porta e os grupos já se organizam para descer à rua. O frevo está já intensamente no coração do Povo.

terça-feira, janeiro 11, 2005

cores de inverno


a minha opinião

Depois de desgovernado por um Governo incompetente e golpista o País, agora que o Governo foi demitido mas que continua em funções, está entregue à pouca vergonha de um grupo de mulherengos, homenregos, boxeurs e outros desportistas que se estão a aproveitar destes tempos de indecisão. E o Povo, solidário que é, vai dando ajudas do seu bolsos para os seus irmãos em grande sofrimento, enquanto é “comido” em sua própria casa. E o Povo cala-se...

Autêntica campanha política e partidária a custas de todos nós contribuintes é feita com a maior “cara de pau” pelo Primeiro Ministro demitido que viaja, não estabelece acordos com interesse para Portugal, mas faz campanha eleitoral junto dos emigrantes. E sorri, com o sorriso sacana de quem está a enganar o Povo. E o Povo cala-se...

Um Ministro intocável já demitido viaja para São Tomé, sem dar contas a ninguém, nem ao Primeiro Ministro demitido ele também, mente com quantos dentes lhe deixaram outros combates, ri do Povo com ar sacana e gasta mais de 60 mil euros. E o Povo cala-se...

Sobre o mesmo tema, por exemplo as ligações de S. Tomé à Galp petroleira, cada ministro já demitido tem a sua versão, o Primeiro Ministro demitido tem outra diferente, mas tudo está a correr de acordo com o programado. Há que garantir não ficarem no desemprego se no Governo não ficarem. E o Povo cala-se...

O Povo português é, na verdade, facilmente governável.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

arvoredo


porto alegre, na rota da esperança

Porto Alegre, no Brasil, continua na rota da esperança por um futuro melhor, na rota da verdadeira globalização da solidariedade, ao reunir no corrente mês de Janeiro, entre os dias 26 e 31, cerca de 150 mil pessoas, no decorrer do Fórum Social Mundial. Onde serão debatidos assuntos e produzidos documentos de grande importância para o desenvolvimento sustentável da economia mundial.

Não são objectivos deste Fórum a mudança radical e imediata da actual situação da sociedade universal, pelo que de impossível seria pelas forças em presença. Mas tem logrado mudar, sobre muitos aspectos, as tendências ideológicas que os “senhores do mundo” fazem acerca de sectores e de forças com as quais pretendem “pilotar” os destinos da Humanidade.

Discussões que põem em questão as tecnologias transgénicas na agricultura, o direito humano à água e a luta mundial contra a sua privatização, a ameaça da independência dos estados por parte das grandes multinacionais, têm sido temas recorrentes nos Fóruns anteriormente realizados e têm tido resultados importantes junto dos estados, da comunicação social e das populações.

Têm sido emitidas decisões importantes sobre a legitimidade da dívida externa dos países em desenvolvimento, do direito aos recursos naturais e aos conhecimentos ancestrais de comunidades nativas, contra as guerras e as bases militares agressivas das populações. Tratados de livre comércio têm sido conseguidos no âmbito dos seus trabalhos, com destaque para o Alca, o Nafta, o TLCAM e o Mercosul-União Europeia. A opinião pública apoia declaradamente estas decisões.

O Fórum Social Mundial tem-se desdobrado nas temáticas mais importantes, criando novos movimentos ou unificando sectores de âmbito global em torno de questões específicas, como sejam, a educação, a administração pública, a saúde, a justiça. Nesse sentido, além da quarta edição do Fórum Social Pan-Amazónico, que acontece de 18 a 22 de Janeiro, em Manaus e reúne os nove países da região, em Janeiro também se realizam outros sete eventos temáticos ligados ao processo do Fundo Social Mundial em Porto Alegre: o Fórum Mundial de Teologia e Libertação, de 21 a 25; o Fórum Social das Migrações, dias 23 e 24; o I Fórum Social Mundial da Saúde, de 23 a 25; o IV Fórum Mundial de Juizes, de 23 a 25; o Fórum de Autoridades Locais pela Inclusão Social (FAL) e a Reunião da Rede FAL, dia 25; o I Fórum Mundial da Informação e Comunicação, também no dia 25; e o Fórum Parlamentar Mundial, nos dias 29 e 30.

domingo, janeiro 09, 2005

vamos cantar as janeiras

Numa quadra festiva marcada principalmente por eventos religiosos, Cantar as Janeiras dá um cunho pagão e de intervenção social onde o Povo tem a palavra. As Janeiras são cantadas, de porta a porta, especialmente para os ricos e os senhores do poder a quem são dirigidos, em tom festivo, críticas e pedidos que procuram encontrar bom eco e respostas adequadas.



Tradição à parte, hoje em dia, são visitadas igualmente entidades associativas e de apoio social, numa perspectiva de prestar homenagem ao seu trabalho e, igualmente, animar os mais velhos que se encontram em lares, nesta fase da vida com grandes dificuldades de se deslocarem. Assim, os Cantares vão até eles dar-lhes um pouco de animação.

Supõe-se que as Janeiras estejam relacionadas com os cultos pagãos, desenrolando-se no mês do deus romano Jano, de Janua que significa porta, entrada. Esta figura da mitologia romana, representada com duas caras, encontra-se fortemente ligada à ideia de entrada mas, muito em especial, à noção de transição, de conhecimento do passado e do futuro. Cantadas do Ano Novo até aos Reis, em muitas localidades se prolonga a sua realização no decorrer de todo o mês de Janeiro.

A origem da tradição de cantar as Janeiras não se pode, contudo, dissociar da penúria em que as pessoas, de um modo geral, viviam, encontrando nesta e noutras manifestações semelhantes um meio de obterem alguma dádiva, principalmente, vinho e alimentos, dos senhores abastados, sem que, com isso, se sentissem humilhadas. Para isso, cantavam as Janeiras, num misto de religiosidade, atendendo à época em que são cantadas, e de ironia e mordacidade sempre com um apelo à dádiva de comes e bebes.



A tradição de cantar as Janeiras na Charneca de Caparica perde-se nos fumos dos tempos e da memória, mas estabelece sempre uma estreita ligação entre o mar, ali tão perto, e a actividade das pessoas, mais ligada aos campos, actividade rural, pois o mar era difícil de domar, era mar macho, na grande maioria dos meses do ano, facto agravado pela fragilidade das embarcações de então.



António Bizarro, musicólogo há muito radicado na Charneca de Caparica, recolheu da tradição e adaptou à realidade contemporânea singelos cantares que ainda hoje se fazem ouvir em diversos locais desta povoação, que tão bem faz a união entre o campo e o mar. As cantorias são feitas por um grupo do “Cantar as Janeiras” a que este ano se juntou o artista popular Alex. Aqui fica a letra de um cantar que foi dedicado no decorrer do “Cantar as Janeiras” à povoação de Charneca de Caparica, de que aqui deixamos nota.



Charneca linda Charneca
Charneca de Caparica
Um jardim em cada casa
Mas que bem que te fica.
Charneca, linda Charneca
Charneca de Caparica
Tens p’ra todos um abraço
De amizade muito rica.


Quem passar p’ra outra margem
Seguindo a via do Monte
Tendo atenção à rodagem
Há-de encontrar uma ponte.
Se virar p’ro lado esquerdo
Não tem nada que enganar
O caminho +e sempre em frente
E vai mesmo lá parar.

Há quem chame a esta Vila
O lugar da felicidade
Porque o ar que cá se inspira
Tem sabor a liberdade.
Mesmo juntinho à praia
Continua a ser rural
Conserva em toda a raia
Um belo e extenso pinhal.

sábado, janeiro 08, 2005

...de cartolinha

Numa das muitas visitas que faço ao Vemos, Ouvimos e Lemos, da minha querida amiga Guida Alves, veio a luzinha, veio a inspiração. O post O Menino Jesus da Cartolinha fez-me pensar: _Será que tenho cá pela Oficina alguma cartolinha? Fui ver...

Menino Jesus da Cartolinha

Efectivamente, aqui na “tulha” das recordações cá tenho uma imagem desse célebre “menino” vestido de casaca e calça verde e com a faixa da condecoração a vermelho. Diz quem sabe que ele é vestido de acordo com a estação do ano ou com a época festiva do momento. Na frente da base a letra manuscrita dourada “menino Jesus DA CARTOLINHA” e, na face contrária escrito na mesma tinta “Mª DOURO”, Miranda do Douro, claro.

Esta imagem encontra-se na Igreja de Miranda - Matriz de Miranda do Douro e é devoção regional, tendo-lhe sido atribuídas honras e ordenado de capitão do exército português por vontade popular. Possui o mais importante guarda-roupa do imaginário português do qual faz parte uma inusitada cartolinha.

Traz à cintura uma espada que diz a lenda remontar aos tempos da Guerra da Restauração. Estando Miranda cercada pelos castelhanos, sem alimentos nem água, à beira da rendição se ouviu um grito galvanizador que agitou a turba mirandesa, que de espadas, lanças, espingardas e enxadas, machados e outros utensílios de trabalho caiu sobre os castelhanos que perante tamanha avalanche de gente e de força bateram em retirada. Quem tinha dado tão determinante grito? O Menino Jesus da Cartolinha, claro.

Promovido a capitão das tropas portuguesas, com direito a condecoração e a ordenado, sai à rua em procissão no Dia de Santa Bárbara, sim, a mesma de que nos lembramos quando troveja.


O Homem da Cartolinha

Mas encontrei uma outra “cartolinha” aqui na Oficina. O Homem da Cartolinha é o Borda d’Água, é o homem dos saberes da natureza, da sua influência nas culturas e que nos disponibiliza “todos os dados astronómicos e religiosos e muitas indicações úteis de interesse geral”. Pelo menos, desde 1812.

Os actuais editores, a Editorial Minerva, apela a todos os leitores e alfarrabistas que tenham conhecimento de edições do Borda d'Água, quer em Lisboa quer no Porto, com data anterior a 1812 que de tal dêem conhecimento, pois o mistério da sua origem é merecedor de profunda investigação.


sexta-feira, janeiro 07, 2005

do natal aos reis


dezoito meses na blogosesfera

Com a viragem do ano o blogue Oficina das Ideias atinge o seu décimo oitavo mês de publicação diária e regular, precisamente hoje, fazendo parte do seu “estatuto editorial” uma forte preocupação social e o ênfase dado aos afectos, que se preocupa em destacar da restante temática.

Incentivado pelo João Carvalho Fernandes, do Fumaças, a transformar-me em blogueiro, usando da embalagem na escrita que o Pedro Gomes, mais tarde também ele lançado nestas lides blogueiras com o Sintra-Gare, me havia incutido com um desafio de “cronicar” o dia-a-dia, entrei neste mundo da blogoesfera. O João Tunes, companheiro da solidariedade activa, avançou também com o Bota Acima e, recentemente, com o Água Lisa.

O tempo, esse passou sem que de tal nos apercebêssemos. Tempo de uma riqueza ímpar, com o fomento de amizades firmes, de entrega e de reconhecimento mútuo, de construção. Quando 2004 já se despediu e o 2005 nos acena com promessas e esperanças esta Oficina ira relembrar todos esses operários e operárias das letras e dos afectos que nos têm vindo a acompanhar, a inspirar, a mimar com uma mão cheia de ternura e de afecto.

O projecto do “Ideotário”, detentor dos direitos da Oficina das Ideias e do Olho de Lince, recebeu até final do décimo oitavo mês de existência mais de 30.300 visitas, tendo a visita número 30.000 ficado registada por um anónimo do passado dia 3 do mês corrente.

Com o recurso a uma nova ferramenta que, entretanto, instalamos na Oficina concluímos que nos últimos tempos fomos visitados por amigos dos seguintes países, além de Portugal: Brasil, EUA, Argentina, Canadá, Reino Unido, Itália, Gana, Bélgica, Venezuela, Espanha, Austrália, Angola, Suíça, França, Singapura, Costa Rica, Chile, Rússia, Bangladesh, Quénia, Luxemburgo, Peru, Alemanha, Colômbia e Moçambique.

Até hoje já foram publicados na Oficina mais de 1160 posts, incluindo cerca de 500 fotografias originais, muitas delas especialmente obtidas para a Oficina das Ideias pelo “Olho de Lince”. Também os comentários são de grande importância para esta Oficina, embora no último mês o seu número se tenha reduzido acentuadamente.

QUADRO DE HONRA

Lila
Francisco Nunes, do Planície Heróica
MFC, do Pé de Meia...
Jacky, do Amorizade
Nat, do O Expresso dos Pneus
Sónia, do ao_Sul
António Dias
LuaLil, do Traduzir-se...
Amiga Teatro, do O Mundo à Janela *
João, do Surdez do Papel *
Pedro, do Sintra-Gare
Fernando, do Fraternidade
Dora, do Atrás da Porta
Carlos a. A., do Ideias Soltas
Vmar, do A Verdade da Mentira
João Espinho, do Praça da República em Beja
Ana, do Letras para enSonar
Sanunes e Lila, do Des-encantos
Jacky, do Linguagem das Flores
João Carvalho Fernandes, do Fumaças
Gotinha, do BloGotinha
Carlos Gil, do Xicuembo 2 *
Yonara, do Templo de Hecate
Alfredo, do Santa Cita *
Cathy, do Bailar das Letras
Paula Morgado

(*) a acrescentar aos indicadores de visita


A TODOS o muito obrigado do pessoal da Oficina das Ideias.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

noite de reis


dia de reis

Do Natal aos Reis marca um percurso de tradição de que fazem parte festividades religiosas e pagãs e cujas origens se perdem nas brumas do tempo que passa. Na verdade, muitas das tradições religiosas cristãs já as encontramos nos usos e costumes dos romanos, conforme ficou explicitado no texto que esta Oficina publicou a propósito do Solestício de Inverno.

Primeiro, são as festas natalinas tão ligadas à família, a Missa do Galo, a Consoada, a magia do Menino Jesus, comercializada recentemente com o cola-coleiro Pai Natal, adaptação americana do São Nicolau, cultura e tradição feitos à pressa por quem tem dinheiro mas não tem verdadeiramente passado, ou destruiu com a destruição da cultura índia.

Depois, a Passagem do Ano, feito festa de fartas comezainas e não menores beberagens, o Revevillon. Para muitos o momento de meditação, de paragem para continuar com mais força. Para o comércio tradicional, o momento de balanço, o saber instantâneo dos teres e haveres.

De seguida, caminha-se para o Dia de Reis. Bolo-Rei, rabanadas e a romã de que se guarda para o ano a respectiva coroa acompanhada de meio-tostão, agora 10 cêntimos do euro, na perspectiva de um ano feliz e afortunado, um Ano Novo cheio de prosperidade, muitos diziam noutros tempos “cheio de propriedades”.

Este é, igualmente o percurso do Presépio: o nascimento de Jesus, do Menino Jesus; a Boa Nova ao Mundo; e a chegada dos reis magos, Belchior, Gaspar e Baltazar com as oferendas simbólicas de ouro, incenso e mirra, representando a realeza, a divindade e a imortalidade do Menino Jesus, para muitos o Rei dos reis.

Entretanto, o Povo aproveita a época para dar aso à sua versatilidade, muitas vezes ao seu dizer irónico e à necessidade de dizer algumas verdades, e Canta as Janeiras e os Cânticos dos Reis, de tamanha riqueza e conteúdo social que bem merecem um estudo profundo por quem para isso tem saberes.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

uma flor para a... gracinha


que teu sorriso continue a ser poesia

sentir o povo que vive

O regresso do Fotógrafo

O Fotógrafo regressou à calçada recifense, passado que foi algum tempo e muitos acontecimentos, com a mesma vontade de sentir o Povo que luta por uma vida melhor, de reencontrar a Escritora com olhar de pema e com a boca de pétalas de rosa desenhada.

Debruçou-se no miradouro sobranceiro ao mar, donde tantas vezes tinha olhado o infinito na procura de inspiração e onde, sentado no banco do jardim, aguardou pela manhã a chegada da Escritora para mais uma caminhada calçada acima. Hoje o jardim estava deserto e não tinha tido oportunidade de avisar a Escritora da sua chegada.

Estivera ausente alguns meses somente, mas sentiu-se estranho e só. Talvez porque o miradouro estivesse agora deserto, não tivera o acolhimento dos habituais sorrisos de cumplicidade. Talvez porque a Escritora lá não estivesse o miradouro pareceu-lhe mais sombrio e triste. Decidiu, então, encetar a caminhada calçada acima.

No primeiro boteco da esquina tomou um café bem quente, era quase um ritual, e deixou o líquido escuro aquecer-lhe lentamente o estômago e a alma. Sentiu um novo ânimo, foi ao encontro da multidão que se deslocava para os empregos ou ao mercado para as compras matinais.

Como é possível alguém se sentir tão só no meio de tamanha multidão? Pareceu-lhe vislumbrar a silhueta da Escritora naquele aglomerado de gente. Estugou o passo na sua direcção, ainda fez o gesto de lhe tocar no ombro, de lhe chamar a sua atenção. Contudo, não passava de uma mera ilusão. De outra pessoa se tratava.

Na sua caminhada, parou junto à vidraça de uma loja e viu-se nela espelhado pelo efeito da luz matinal. Estava, na verdade, um pouco mais curvado e o branco ocupava quase totalmente o seu cabelo, agora cortado um pouco mais curto.

Temeu que o passar do tempo o tornasse estranho para a Escritora. Mas os projectos de “escrever com a câmera fotográfica” e de “fotografar com os olhos de poeta” ainda estavam incompletas. O Fotógrafo continuou a subir a calçada com esperança no olhar.

terça-feira, janeiro 04, 2005

uma flor para... a cathy


Festejar o seu desejado regresso à blogosfera

a minha opinião

Solidariedade, palavra usada, hoje em dia, até à exaustão, especialmente em momentos de grande crise com impacto mediático, nunca nas situações de grande carência crónica que existem em muitas regiões do nosso planeta e que os senhores do mundo sempre procuram escamotear e mesmo olvidar.

Sempre entendi a Solidariedade como dádiva sem espera de retribuição, como entrega total, como ombro amigo que ouve um desabafar, como a dádiva de uma peça de roupa usada a quem precisa quando não há dinheiro para oferecer uma nova, a dádiva de uma embalagem de açúcar ou de bolachas mesmo que de marca branca.

Solidariedade sempre a entendi como entrega pessoal em missões onde sejamos úteis, sem olhar a retribuição, sem esperar protagonismo, sem esperar retirar qualquer vantagem pelo facto de ser solidário, de ser voluntário.

Começa a confusão

Foi rejeitado pela Directora do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, entidade oficial que está a coordenar o apoio português às catástrofes recentes do continente asiático, o transporte de 25 toneladas de bens recolhidos por um grupo de cidadão da Lousã, designado “Saúde em Português”.

A revolta dos promotores desta iniciativa é bem evidente nas suas palavras quando se propõem recorrer ao apoio das entidades oficiais espanholas e substituir a bandeira portuguesa pela espanhola nos volumes que vão ser enviados. A razão evocada para o não envio é de que muitas das peças de roupa são já usadas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros diz ir tentar resolver a situação...


Os chacais da comunicação

Os vários canais de televisão entraram em feroz competição procurando cada um emitir as imagens mais chocantes, as entrevistas com histórias mais dramática, entrevistas “ao vivo” nos estúdios com as pessoas mais “expressivas”. Deslocaram para a região equipas fabulosas com equipamento sofisticado e pagas a peso de oiro. Tudo para garantirem as melhores audiências. Um “reality show” mesmo a propósito para este tempo morno pré-eleitoral.

Agora vão seguir-se espectáculos de solidariedade, em que os artistas vão uma vez mais sacrificados a dar “borlas”, com entradas gratuitas, mas na expectativa de conseguirem boas audiências e chorudas dádivas, em dinheiro claro.

De informação interessante e contida no estatuto de informar, ninguém se preocupa.


O que é isso de valor? Interessa é euros e dólares

Evocando critérios economicistas as entidades oficiais portuguesas estão a fazer o apelo para que as gentes solidárias não ofereçam bens de consumo e roupas mas sim dinheiro. Esta gente sabe o preço de tudo e o valor de nada. É uma terrível ofensa ao espírito solidário dos portugueses. Então porque a roupa se vende mais barata na região não se envia a portuguesa? É esta gente que alguma vez poderá defender os interesses dos portugueses?

As entidades oficiais prometem “milhões” de euros, ou talvez de dólares, e afinam no diapasão dos senhores do mundo que organizam acordos (políticos) para conseguirem dinheiro para enviar para a Ásia. Ou irão enviar empresas para a reconstrução sacando o dinheiro que os outros enviam.

A propósito de promessas. Já foram pagas todas as promessas feitas às gentes algarvias aquando dos últimos incêndios de Verão?

segunda-feira, janeiro 03, 2005

mata dos medos 2005


a respeito da amazónia

Como sabem os meus leitores dedicados não usamos muito nesta Oficina a transcrição de escritos alheios salvo em excepcionais situações. É o que hoje acontece, relativamente a um discurso do Ministro Brasileiro da Educação, Cristovam Buarque, proferido nos EUA na sequência de uma questão apresentada por um estudante universitário norte-americano em estilo provocatório e de acordo com o pensar do deu governo:

_O que pensa sobre a internacionalização da Amazónia, o humanista e não o brasileiro?

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.

Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.

Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza
específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa! "


Este discurso foi sonegado da informação das grandes cadeias internacionais dos média, inclusive em Portugal, e onde foi tornado público foi feito com grandes cortes censóricos.

contacto 30 mil com a oficina

Teve lugar hoje, depois das 13:00. Embora o pedido estivesse formulado online, não conseguimos saber aqui na Oficina quem nos tinha dado essa honra. De qualquer forma, aqui vamos a caminho dos 40 mil. Caminho longo, claro está.

Obrigado a todos os amigos que nos honraram com as suas visitas e comentários.

domingo, janeiro 02, 2005

flor de inverno - a azêda


oh mar eterno

Que fique bem claro o meu lamento profundo pela perca de milhares de vidas e pelo sofrimento de povos tão desprotegidos e ignorados pelas civilizações ditas ocidentais. O ser humano que ponha a mão na consciência e avalie a sua verdadeira responsabilidade no acontecido nas terras do longe.


Ontem fui ao encontro do Mar, como desde há muito acontece no primeiro dia de cada ano. O mar azul e profundo que banha a orla marítima da Caparica é meu confidente e, igualmente, conselheiro. Nesta cumplicidade antiga banho meu corpo e meu sentir na expectativa de sempre melhorar a minha passagem por este Mundo e a minha forma de me relacionar com os meus entes queridos e amigos.

O meu olhar percorre para lá da linha do horizonte, até ao infinito, este mar imenso, azul e cristalino que une continentes e gentes, que faz a ponte do sonho e da esperança.

Conversámos longamente...

Não resisti, em determinado ponto da conversa, a questionar:
_Agora tão belo, tranquilo, azul de verde esperança, como foi possível participares em tão tremenda devastação em terras do tão longe?
_Eu sou energia, sou fonte de bem estar, existo para servir o ser humano, para lhe dar vida, mas repara à tua volta, aqui bem perto, nas doiradas areias da Caparica...


Toda a longa orla marítima, com mais de vinte quilómetros de extensão, entre a Trafaria e a Fonte da Telha e a lagoa de Albufeira, era constituída por um areal de mais de uma centena de metros até ao mar. Culminava com altas dunas primárias que faziam o encanto da garotada quando por elas rebolava algumas dezenas de metros. As dunas primárias são factor preponderante da protecção da orla marítima.

O egoísmo do ser humano levou a que fossem retirados milhares de toneladas de areia das praias e dos fundos do mar para serem depositadas nas praias de elite social da margem Norte do Rio Tejo, Estoris, Cascais...

As duas primárias foram ocupadas com parques de campismo, com a consequente pressão poluidora e com construções em altura, especulativa do seu posicionamento junto ao areal mas de elevado custo social.

A pressão demográfica sobre esta zona é incomportável. É uma zona utilizada anualmente por mais de 10 milhões de forasteiros, veraneantes, domingueiros, turistas que aqui abandonam toneladas de lixo, muitas das quais não degradáveis.


Continuei a insistir com o mar:
_Meu mar eterno, tens razão nas tuas observações, mas... tamanha tragédia?
_Meu amigo, pensa nestes factores que da responsabilidade humana me agridem sistematicamente:


Milhares de explosões nucleares realizadas experimentalmente no fundo dos oceanos;
A poluição tremenda das águas do mar provocada por petroleiros e outras embarcações;
O desequilíbrio total do sistema ecológico provocado pela emanação de poluentes para a atmosfera;
O não respeito, por parte dos senhores do Mundo, das decisões de Quioto, dos protocolos de Porto Alegre;
A ganância, a ânsia do poder, o egoísmo.


_Mar azul, mas reages assim por vingança?
_Não meu amigo, os deuses não são vingativos, o mar também o não é. Sou simplesmente energia.


sábado, janeiro 01, 2005

o mar da caparica em 1 de janeiro


em dezembro de 2004 a oficina das ideias publicou:

Textos
Dia 1 – Da Venezuela “Feliz Navidad”; Em Novembro de 2004 a Oficina das Ideias publicou
Dia 2 – Lenda da Capa-Rica, o seu a seu dono
Dia 3 – A Maçã [espaço de poetar]
Dia 4 – As Rolas Turcas [coisas da minha terra]
Dia 5 – Moscatel de Setúbal
Dia 6 – Vamos Salvar o Lobo Ibérico
Dia 7 – Transparências [espaço de poetar]
Dia 8 – Santo António de Budapeste
Dia 9 – Blogoesfera é tema de Tese Universitária
Dia 10 – Pelos Mares da Comunicação
Dia 11 – En La Búsqueda [espaço de poetar]
Dia 12 – Tempo de Aniversário
Dia 13 – A Loba Murta
Dia 14 – Os Amigos são assim mesmo
Dia 15 – Vai um Cafézinho?
Dia 16 – Contadores de Tempo
Dia 17 – O Livrinho “Moleskine”
Dia 18 – Por Terras da Infanta Planura
Dia 19 – Degustar Afectos na Sulitânia
Dia 20 – Convenção da Paparoca
Dia 21 – Solestício de Inverno
Dia 22 – Banhas Teu Corpo [espaço de poetar]
Dia 23 – “Piercings” para o Umbigo da Oficina
Dia 24 – Água e Luz no Sapatinho [conto de natal]
Dia 25 – A Consoada [tradições portuguesas]
Dia 26 – Bañas Tu Cuerpo... [poema]
Dia 27 – Curiosidades
Dia 28 – Fátima Terra de Fé
Dia 29 – Ano Novo com Amizade
Dia 30 – Curiosidades 2
Dia 31 – Tempo de Balanço

Uma flor para...
Dia 7 - ... a Dora, Parabéns minha querida Amiga
Dia 12 – ... a Teresinha, Parabéns à Companheira de 35 anos
Dia 14 - ... a Paulinha, pela Luminosidade do seu Espírito
Dia 25 - ...a Zinda, Parabéns minha querida Amiga
Dia 28 - ...a Alfonsina, Parabéns minha querida Amiga

Imagens
Dia 2 – Doiradas Flores de Acácia
Dia 3 – Estrelícia do Paraíso
Dia 4 – Rosa Choque
Dia 5 – Brincos de Princesa
Dia 6 – A Loba Murta
Dia 8 – Mar
Dia 9 – Artes em Mar Alteroso
Dia 10 – Gaivotas em Pescaria
Dia 11 – Trabalho Árduo
Dia 13 – Olhar de Loba
Dia 13 – Singeleza dos jasmineiros
Dia 15 – Mistérios Invernais
Dia 18 – Estas Mãos são Mágicas
Dia 19 – Estas Mãos são Mágicas 2
Dia 21 – Regresso
Dia 22 – Banhas Teu Corpo
Dia 23 – Da Rua do Laranjal
Dia 24 – Uma Flor Natalina
Dia 25 – Feliz Natal
Dia 26 – Lua Natalina
Dia 27 – Costa Alentejana
Dia 29 – Santuário de Fátima
Dia 30 – Louvação
Dia 31 – O Mar da Caparica no final do ano

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