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terça-feira, janeiro 04, 2005

a minha opinião

Solidariedade, palavra usada, hoje em dia, até à exaustão, especialmente em momentos de grande crise com impacto mediático, nunca nas situações de grande carência crónica que existem em muitas regiões do nosso planeta e que os senhores do mundo sempre procuram escamotear e mesmo olvidar.

Sempre entendi a Solidariedade como dádiva sem espera de retribuição, como entrega total, como ombro amigo que ouve um desabafar, como a dádiva de uma peça de roupa usada a quem precisa quando não há dinheiro para oferecer uma nova, a dádiva de uma embalagem de açúcar ou de bolachas mesmo que de marca branca.

Solidariedade sempre a entendi como entrega pessoal em missões onde sejamos úteis, sem olhar a retribuição, sem esperar protagonismo, sem esperar retirar qualquer vantagem pelo facto de ser solidário, de ser voluntário.

Começa a confusão

Foi rejeitado pela Directora do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, entidade oficial que está a coordenar o apoio português às catástrofes recentes do continente asiático, o transporte de 25 toneladas de bens recolhidos por um grupo de cidadão da Lousã, designado “Saúde em Português”.

A revolta dos promotores desta iniciativa é bem evidente nas suas palavras quando se propõem recorrer ao apoio das entidades oficiais espanholas e substituir a bandeira portuguesa pela espanhola nos volumes que vão ser enviados. A razão evocada para o não envio é de que muitas das peças de roupa são já usadas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros diz ir tentar resolver a situação...


Os chacais da comunicação

Os vários canais de televisão entraram em feroz competição procurando cada um emitir as imagens mais chocantes, as entrevistas com histórias mais dramática, entrevistas “ao vivo” nos estúdios com as pessoas mais “expressivas”. Deslocaram para a região equipas fabulosas com equipamento sofisticado e pagas a peso de oiro. Tudo para garantirem as melhores audiências. Um “reality show” mesmo a propósito para este tempo morno pré-eleitoral.

Agora vão seguir-se espectáculos de solidariedade, em que os artistas vão uma vez mais sacrificados a dar “borlas”, com entradas gratuitas, mas na expectativa de conseguirem boas audiências e chorudas dádivas, em dinheiro claro.

De informação interessante e contida no estatuto de informar, ninguém se preocupa.


O que é isso de valor? Interessa é euros e dólares

Evocando critérios economicistas as entidades oficiais portuguesas estão a fazer o apelo para que as gentes solidárias não ofereçam bens de consumo e roupas mas sim dinheiro. Esta gente sabe o preço de tudo e o valor de nada. É uma terrível ofensa ao espírito solidário dos portugueses. Então porque a roupa se vende mais barata na região não se envia a portuguesa? É esta gente que alguma vez poderá defender os interesses dos portugueses?

As entidades oficiais prometem “milhões” de euros, ou talvez de dólares, e afinam no diapasão dos senhores do mundo que organizam acordos (políticos) para conseguirem dinheiro para enviar para a Ásia. Ou irão enviar empresas para a reconstrução sacando o dinheiro que os outros enviam.

A propósito de promessas. Já foram pagas todas as promessas feitas às gentes algarvias aquando dos últimos incêndios de Verão?

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