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sexta-feira, julho 31, 2009

o bico do teu seio




"Amoras Silvestres", dos campos de Valle do Rosal

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mares da comunicação

Desde os tempos em que o registo da memória me permite saber que tenho navegado nos mares da comunicação, comunicação bidireccional ou comunicação multidireccional, aquela que proporciona mais interactividade, aquela que não distingue o emissor de receptor.

Os mares por onde tenho andado, umas vezes azul, outras não tanto, mais para o acinzentado, têm sido fundamentais para o meu crescimento como ser humano, pois tenho encontrado nessas águas ricas o local ideal para a partilha do saber.

Percorri as rádiocomunicações, populares e livres, que quebraram fronteiras na Europa muito antes da existência da União Europeia, aliás derrubando fronteiras no Mundo inteiro, independentemente da religião, da política, do estatuto social das gentes que comunicavam entre si.

Percorri os caminhos da aprendizagem mais do que do ensino, aprendizagem, quantas vezes feita à distância, com o recurso às tecnologias da informação emergentes, percorrendo as auto-estradas do saber partilhado.

Rejeito ou utilizo com cautela a comunicação em que me “obrigam” a funcionar exclusivamente como receptor, especialmente quando detecto intenções de intoxicação, o que acontece amiúde nos debates televisivos, nos discursos dos políticos, nas conferências de imprensa.

Não quero com isto dizer que numa comunicação dialogante não aprenda mais com o que oiço do que com o que digo, mas não invalida que não aceite ser forçado a ouvir quem nada tem para partilhar, antes pretende impor a sua “verdade” como dogma, logo, sem discussão.

Como há dias dizia um popular entrevistado por uma cadeia de televisão “eles falam muito mas nós não percebemos nada”. E quando o Povo não entende não sou eu suficientemente iluminado para aceitar ouvir.

Revejo na blogosfera esse mundo maravilhoso da verdadeira comunicação, da partilha do saber, da permuta de afectos, da interactividade enriquecedora do ser humano. Também ela muito azul, muito luminosa em que o cinzento surge como em tudo na vida, mas logo é afastado pela força do muito querer.

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quinta-feira, julho 30, 2009

coroas imperiais




"Coroas Imperiais", dos Jardins de Valle do Rosal

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olhos castanhos

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião




Olhos castanhos, envolventes e profundos
Escondem segredos das terras quentes, sensuais
Iluminam sentires, indicam veredas, novos mundos
A quem deles se abeira, em sublimes rituais

Teu sorriso acolhe meus doces pensamentos
Lábios carmim de pétalas de rosa desenhados
Calam promessas de inolvidáveis encantamentos
Onde as virtudes se confundem com pecados.

Pele trigueira daquele maravilhoso pigmento
Que de doirado culmina em negro nos mamilos
Entumecidos pela forte excitação do momento
Em que orgulhosos se erguem belos, tranquilos.

A ondulação erótica de teu dorso moreno e belo
É promessa de sensual desejo no ventre que oculta
Acolhe minhas carícias com ternura e desvelo
Carícias da boca que o beija em ansiedade adulta.

E quando em tua intimidade meu corpo aconchego
Um frémito de afecto, de desejo e de querer
Impelem minha boca minha língua meu desassossego
Numa desejada carícia que é sentir e que é viver.

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quarta-feira, julho 29, 2009

o farol de cacilhas

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contrabandistas de afectos

tradição e cultura popular
A tradição resulta da memória colectiva de um Povo, autêntico património invisível que se transmite entre gerações e representa o mais elevado expoente da cultura popular. Aqui se deseja dar conta desse repositório




Em tempos idos, os lobos e os contrabandistas atravessavam o rio Guadiana de um só pulo.

Percorriam veredas e carreiros, quantas vezes com a ajuda de um jerico, para “passarem” de um lado da fronteira para o outro os géneros alimentícios e outros bens que faziam falta no destino.

Mas ajudaram, do mesmo modo, homens solidários que pretendiam ajudar as populações em defesa da sua Liberdade, contra ditadores que pretendiam impor grilhetas ao Povo em luta pela sobrevivência. Outros homens que pretendiam fugir à ditadura, a guerras sem sentido, na procura de melhores condições de vida.

Ainda hoje se confundem as origens das gentes de ambos os lados da raia, por exemplo na região de Alcoutim, no Baixo Alentejo raiano, onde se desenvolveram e consolidaram intensos laços de amizade e de solidariedade, por conta do contrabando, que se intensificou a partir da década de 30, dos trabalhos agrícolas nos campos da raia e das constantes debandadas para o lado português, ao longo dos três duros anos da Guerra Civil Espanhola, entre 1936 e 1939.

Nas rotas dos contrabandistas, trocavam-se cumplicidades e afectos, para Espanha seguiam o café e o açúcar. De Espanha vinham os perfumes e os tecidos. Mas, mais do que tudo, a afectividade que levava a muitos “casamentos” trans-fronteiriços.

O anedotário popular registou uma curiosa estória, já ouvida noutros contextos sociais e laborais: “Todos os dias, o velho Joaquim (ou seria o velho Paco?) atravessava de bote o rio Guadiana em direcção a San Lucar, aldeia em frente a Alcoutim. E todos os dias, o velho Joaquim trazia a sua inseparável bicicleta pasteleira consigo. Todos os dias também o velho Joaquim era revistado pela Guarda Fiscal (do lado de cá) e pelos “guardiñas” (do lado de lá), para todos os dias nada de ilegal ser encontrado. O velho Joaquim (ou seria o velho Paco?) contrabandeava bicicletas!”



“Viva a malta, trema a terra
Daqui ninguém arredou.
Quem há-de tremer na guerra
Sendo homem como eu sou.”



Agradecimentos:
Diário do Alentejo
El Periodico Extremadura
Concelho de Mértola

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terça-feira, julho 28, 2009

chama eterna





Flor do cacto "Crassula falcata", jardins de Valle do Rosal

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o vendedor de alfaias

Chega sempre ao nascer da aurora, quando os primeiros raios de sol aclaram o firmamento lá para os lados da Azoia, a horas em que o amplo arraial ainda se encontra sem viva alma.

Estaciona a velha carrinha, cansada de tanto andar para aqui e para ali, a chapa carcomida pela exposição continuada às intempéries, no local habitual, um ponto onde se cruzam as linha imaginárias que ligam a entrada do Santuário ao mar e a Capela da memória à torre de farol.

Recorda-se que sempre foi esse o local escolhido para instalar a sua venda domingueira, tal como o fazia seu pai e, se a memória não o atraiçoa, o próprio avô paterno.

A razão da escolha deste local não tem não a tem na sua memória. Sempre assim foi, é o hábito, a tradição, um costume enraizado que não ousa, sequer, questionar, quanto mais alterar.

Para a venda leva cópias de antigas alfaias agrícolas construídas em madeira, arados, malhos e pás de eirar, gadanhas, gradadoras... Algumas das peças são quase em tamanho real, muito embora a maior procura seja para aquelas que reduzidas à escala vão servir mais para decoração do que para utilidade. Mas, o que mais vende são as miniaturas colocadas em artefactos e que irão servir como porta-chaves.

Quando os visitantes começam a chegar ao Cabo, em grupos excursionistas ou em carros próprios que em pouco tempo saturam os estacionamentos, já os artigos estão expostos em enormes mantas de trapinho que se houver comprador interessado também elas mudam de mão.

Nessa altura a fazer-lhe companhia já estão as bancas de conchas do mar, na maioria vindas da Indonésia e do Suriname, as “roulottes” dos cachorros quentes e das farturas, e até o vendedor das queijadas de Sintra, que da Caçapa já não são.

Está montado o arraial, a festa está animada, a tradição de visitar o Cabo Espichel, onde o mar da costa portuguesa é mais perigoso, e o Santuário da Senhora do Cabo, ou da Pedra Mu, onde a lenda diz terem-se encontrado “o velho de Alcabideche e a velha da Caparica”, mantém-se, perdida para muitos a memória da razão de ser da peregrinação que para esses lados se realizava.

Também o vendedor de artesanato das alfaias agrícolas que todos os domingos se desloca ao cabo Espichel em negócio perdeu a memória da origem da ida dos seus antepassados com essa mesma venda. Como refere o Professor Victor Manuel Adrião, em “O Giro do Círio dos Saloios”, no final dos três dias do Círio ao Santuário de Nossa Senhora do Cabo “...sucedia-se a entrega das alfaias, lavrando-se acta do sucedido, assinada por todos os presentes”.

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segunda-feira, julho 27, 2009

de regresso a esta margem





Cacilheiro no Rio Tejo, travessia de Lisboa para Cacilhas (Almada)

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agostinho de grinzing (revisitado)

Grinzing é a mais famosa aldeia heuriger dos arredores de Viena e do mesmo modo a mais genuína e respeitadora dos ritos tradicionais. Aqui se situavam e mantém as estalagens onde além de permitirem pernoitas para os viajantes e os animais que se deslocavam com destino a Viena, forneciam refeições frugais e muito vinho.

Heuriger tanto significa vinho da última colheita da região como os próprios locais onde esse vinho é vendido a copo. Até ao dia de São Martinho, 11 de Novembro de cada ano, o vinho do ano é heuriger. O vinho a copo é, em geral, servido acompanhado de um bom pedaço de carne ou de toucinho grelhado ao momento e à vista do cliente.

Para os mais farristas, uma visita a Grinzing, a um dos tradicionais heuriger dos arredores de Viena, é uma ida a não perder. Que o diga o Agostinho...


“Agostinho” dos tempos modernos (2001)


Agostinho era um músico de Grinzing que além fazer música apanhava tremendas bebedeiras nos heuriger onde tocava. Conta-se que no tempo da peste negra, época em que as pessoas já não conseguiam enterrar os seus mortos, pondo-os às portas para serem recolhidos por uma carroça que os levava para uma vala comum, o Agostinho com uma bebedeira de “caixão à cova” caiu à saída de um heuriger e ali ficou até alta madrugada.

Quando a carroça de levar os cadáveres passou, considerou-o mais um morto da peste negra e lá o levou para o destino final. O Agostinho ainda esbracejou e esperneou mas já os coveiros se haviam afastado às pressas não fosse caso de serem contagiados por tão terrível doença. O Agostinho lá ficou junto dos cadáveres até ter forças para sair pelos seus próprios meios.

Quando o sol da manhã lhe bateu nos olhos, passado o efeito do vinho bebido fartamente no heuriger, lá se conseguiu levantar afastando-se a toda a pressa.

Consta que nunca foi tocado pela peste negra. Daí que alguém mais esclarecido deduza que quem bebe, e bebe bem, vinho de Grinzing, não apanha doença nem mesmo que seja a peste negra.


Passados cerca de oito anos sobre a vista a Grinzing, nos arrabaldes de Viena, uma feliz pesquisa no Google levou-me até ao vídeo que aqui convosco partilho.




Music in Grinzing @ Yahoo!7 Video

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domingo, julho 26, 2009

coração levantino




Lua de 26 de Julho de 2009

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minha terra é meu sentir

Vivo na terra para onde desejei vir viver e não naquela onde nasci. Aliás a terra onde nasci nada tem, hoje em dia, a ver com a aldeia onde vi a luz do dia. Como já tenho escrito na Oficina das Ideias sou saloio, com as origens lá para as longínquas paragens do Egipto donde imigraram os meus antepassados por parte da minha mãe. Do lado do meu pai sobra em mim o sentir nómada dos magiares.

Na minha terra, adoptiva podem muitos dizer, que eu afirmo ser do coração, habituei-me a conhecer os sítios e as gentes. Como os sítios se desenvolveram ao ritmo das civilizações, tantas vezes contrariando aquilo que sentimos ser o desígnio telúrico, mas seguindo o ritmo dos tempos. As gentes, conhecendo as suas origens, os seus anseios, a evolução do pensamento, tantas vezes com falta de genuinidade.

Resulta tudo isto de uma globalização que muito tem de financeira e económica e tão pouco de solidariedade; Duma pressão constante dos “média” que formatam os pensares ao jeito das classes dominantes; Dum permanente apelo à competitividade que destrói, muitas das vezes, os mais profundos laços de amizade e de fraternidade.

Tenho uma paixão pela minha terra somente comparada à que tenho pelas mulheres “tous les femmes sont belles”, pelas flores silvestres e de jardim e pelos meus entes mais queridos. Admito que tal sentir por vezes me tolde a razão e me leve a perdoar alguns defeitos que tem e que eu não encontro.

Mas esta paixão de mais de 30 anos pela minha terra é fruto de a ter sentido crescer, evoluir, ser cada vez mais bela, por dentro e por fora, alegrando o meu olhar a cada pormenor que todos os dias descubro no seu todo.

A minha terra tem o mais belo céu azul de todos o universo, o mar mais cúmplice que do azul água ao mais profundo esverdeado, já lhe encontrei tonalidades de lilás, deixa transparecer todos os seus sentimentos, um rio de sonho que traça esses no seu caminhar até se diluir no mar adoçando-o, tem uma frondosa mata de verde pintada que extasiou reis e rainhas, príncipes e princesas, e o Povo que nela encontrou o seu sustento.

E tem a Lua… crescente, levantina como hoje está e que me traz das terras do sul olhares profundos de moiras encantadas e afecto em açafate de aromas de cores de sabores no braço da Sherazade dos tempos modernos que caminha com requebros sensuais músicas de magia.

Sou nómada dos caminhares e sentires, percorro veredas do mundo sem parar, pisco o olho aos saberes e também ao sabores mas não troco a minha terra por nenhuma outra, porque a minha terra tem GENTE! Que soube construir um património ímpar, a cultura da solidariedade...



[vivo na Charneca de Caparica, concelho de Almada, à beira do Mar Atlântico, com o Monte da Lua à minha direita e o Barbárico Promontório à minha esquerda]

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sábado, julho 25, 2009

lilás da alfazema




Herdade do Monte da Cal, Fronteira

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no british bar no outono

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião





Fim de tarde de Outono
Mas o sol brilha ainda!!!
Entrei no bar
Portas de batente vai-e-vém
Encostei-me ao balcão
Pedi uma cerveja
Guiness como é costume
O Silva piscou o olho
Uma empada de galinha
P’ra fazer “papo” à bebida
Para lhe dar companhia
Duas palavras de amigo
Cumplicidade sem fim
Mais um rissol de camarão
Os sapatos “c’roa-ó-graxa”
Uma aventura vivida
Com javalis e com lobos
Nas terras serranas do norte
Conta o engraxa mil vezes
Sapatos com muito brilho
O estômago aconchegado
Para finalizar o repasto
Uma especial só com gelo
Até logo que se faz tarde
O relógio marca as horas
Mas caminha ao contrário
Ou é o Mundo que o faz?

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sexta-feira, julho 24, 2009

ritual de amar




Castelo de Penela, ameias

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estado de loucura

Acordei estremunhado na certeza de que ouvira segredar-me uma voz, que me pareceu ter sonoridades adivinhadas, uma frase que me deixou inquieto, agitado mesmo:
“Estou a aprender a ver-me, em vez de me olhar simplesmente, lembras-te? Grande sabedoria essa, a que tu me ensinas...”

Mas que fizera ou dissera eu de tão importante para a dona desta maviosa voz proferir uma frase de tanta doçura? Limitara-me a dar muita atenção ao que me dizia, responder-lhe da forma que julguei mais adequada, sentir o que ela sentia…

Recordei quando a olhava em seus olhos doces e vislumbrei, por instantes, ficarem marejados, brilhantes, luminosos mesmo, fugaz pensamento que lhe varreu o sentir, para depois chisparem de alegria, prata ouro e diamante, num ganho caminhar de vida plena de luar.

A tranquilidade de novo me invadiu espraiar de uma suave ondulação que me conduzia de novo ao reparador sono desejado. “Obrigada pelo carinho”, ouvi ainda.


Pareceu-me que uma eternidade havia passado, recuperação de outros sonos perdidos nas agruras de noites que foram madrugadas, mas a intranquilidade dava de novo sinal de que o corpo de não sentia bem… Um cruzar de sentires díspares próprios de uma vigília persistente…

Uma voz dizia: “nunca serás poeta… nem a sério nem a brincar…
Depois outra: “Não tenho palavras para te dizer quão grata fiquei, quão sensibilizada estou
Retornava a primeira: “Se nem com as palavras sabes brincar…
Insistia a outra: “Quanto honrada fico por me teres entre os amigos

Estou louco pensei. Pensei? Que pensar coerente poderá ter um louco em estado de incompreensão para o mundo que o rodeia?

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quinta-feira, julho 23, 2009

mil histórias brilham




Nascente de água junto à albufeira da Barragem do Cabril

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diamantes de felicidade

Neste confluir de sentires entre dois amigos de todos os tempos, um que gosta de recolher imagens que são pormenores de vida, outro que escrevinha umas palavras a seguira às outras na procura de algum sentido, a cumplicidade é tão grande que se confundem e confundem quem os conhece.

Acresce, neste mundo encantado da blogosfera, comentários são deixados com tanto afecto e com tanto significado, uns publicamente nos “comments” outros pelas vias electrónica e pessoal das conversas, que formam no seu conjunto uma nova estória que merece ser contada.



Há muito que se encostara ao muro que servia de vedação a observar a tranquilidade do momento em que um fiozinho de água cristalina que corria desde a nascente no topo da serra ali chegava e se perdia entre fetos e outras plantas silvestres que o acolhiam docemente.

Vinda dos lados do amplo lago, albufeira criada pela barragem construída nos anos 50 do século passado, uma bonita mulher, sorriso aberto, cabelos esvoaçantes pelo vento fino que soprava junto à água, comentou:
“…até apetece estar aqui… molhar as mãos no fiozinho de água fresca…

O homem sorriu. Quem seria este homem? Seria poeta ou artista? Fotógrafo ou escritor? Tinha consigo uma máquina fotográfica à tiracolo e um pequeno livrinho onde tomava algumas notas.
“…mil histórias nos trazem estes teus versos sempre acompanhados de uma excelente fotografia…”

Sentiu-se reconhecido pelas palavras que ouvira. O sorriso agora era para a vida que lhe concedera a ventura de conhecer esta bonita mulher. Olhou o seu rosto e apercebeu-se de um brilho muito especial no seu olhar. Sentiu que eram lágrimas de felicidade que teimavam em parecer diamantes.
“Obrigada pelo carinho. Estou a aprender a ver-me, em vez de me olhar simplesmente, lembras-te? Grande sabedoria essa, a que tu me ensinas...”



A minha homenagem a três mulheres excepcionais: Leonor, Isabel e Margarida

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quarta-feira, julho 22, 2009

brilhante olhar





Castelo de Penela - ameias e seteira

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a partida

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião




A partida
É o início do regresso,
Tal como o silêncio
Que permite
A conversa imensa,
Como imenso é o mar.

A partida
É o soprar do vento suão,
Nas doiradas searas
Que curva as espigas
Amadurece,
E exacerba o desejo.

A partida
É o doce odor da maresia,
Quando o mar espraia
Na suave areia
E a beija,
Em carícia de amantes.

A partida
É mavioso som do violino,
Que vibra com o arco
Com sensibilidade
Desliza,
Sons de encantamento.

Sim!
Porque a partida
É o renovar
É a Primavera
É a esperança
No regresso desejado.

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terça-feira, julho 21, 2009

o lilás que me inspira

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lenda de nossa senhora de brotas

lendas das terras visitadas
De medos e fantasias, de desejos e imaginação, criaram-se em tempos imemoriais estórias que a razão desconhece. No aconchego da lareira ou na árdua labuta diária, quantas vezes de sol a sol, foram percorrendo os saberes de gerações. O viajante andarilho recolhe e partilha as “lendas das terras visitadas” ouvidas às suas gentes




No Alentejo Central, numa zona montanhosa com vales cavados, onde correm riachos de águas cristalinas, existe um santuário do culto mariano com quase seiscentos anos de existência, comenda da Ordem de São Bento de Aviz que patrocinou a sua construção cerca do ano de 1424.



Trata-se do Santuário de Nossa Senhora de Brotas cuja importância do seu culto se reflecte no facto de não só se ter expandido em Portugal, de norte a sul, como também ao Brasil e à Índia. No Brasil existe mesmo uma cidade com o nome de Brotas e em Goa, na ilha de Angediva, os franciscanos edificaram uma igreja em honra de Nª Sª de Brotas, hoje lamentavelmente abandonada e em ruínas.

Dos pouco mais de 500 habitantes actuais da povoação de Brotas muitos ainda lamentam o brilho perdido das peregrinações anuais ao Santuário de Brotas, em resultado da propaganda efectuada pelo governo e pela igreja do tempo do Estado Novo, que à época se confundiam, sobre as aparições da Cova da Iria, desviando deliberadamente o centenário culto mariano de Brotas para a então recém-criada “Fátima, terra de fé”.

No “altar das almas” do Santuário de Nossa Senhora de Brotas existe uma imagem da Virgem, talhada em marfim, com cerca de um palmo de tamanho. O imaginário popular vê nela a imagem talhada em osso de vaca, que segundo a lenda que a tradição e o saber dos mais velhos adoptaram terá dado origem à construção do Santuário.



Conta a lenda que andando um guardador de vacas nos pastos com a sua manada uma das vacas caiu ao ribeiro partindo uma perna. Preparava-se o jovem pastor para abater a vaca, pois esta deixara de ter qualquer valor quando lhe apareceu a Virgem que lhe disse: “Constrói neste local uma ermida em minha devoção que a tua vaca será curada”. Logo ali o guardador de vacas talhou a canivete a imagem da sua devoção e quando foi pela vaca esta estava viva e saudável.

Logo ali chamou o povo que ao deparar com este milagre se reuniu para construir a igreja, depois transformada em Santuário pela devoção popular. Foi também o povo que exigiu que na representação iconográfica de Nossa Senhora de Brotas passasse igualmente a figurar uma vaca, a vaca que a lenda evoca.

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segunda-feira, julho 20, 2009

a tua valentia desperta

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as rolas turcas

São minhas companheiras todas as madrugadas, quando na caminhada diária de passeio da minha cadelinha percorro pouco mais de um quilómetro pelas ruas e veredas de Valle do Rosal. Estou a falar das rolas, rolas turcas como lhes chamam por cá, por ser a partir da Turquia que iniciaram há anos a migração para terras de Portugal, particularmente para esta zona da Caparica, desde a orla marítima até aos arvoredos da Mata dos Medos.

Embora nos primeiros tempos seguissem os caminhos normais das migrações de aves, com a vinda para cá e o regresso aos lugares de origem meses mais tarde, estou em crer que tal como acontece com o ser humano quando se sente bem numa terra de acolhimento, também as rolas, as rolas turcas, acabaram por se fixar definitivamente.

Relativamente às rolas autóctones, são de maior dimensão e distinguem-se, especialmente, pelo arrolhar muito característico, muito mais forte e musical, com fortes requebros que dão musicalidade ao ambiente quando iniciam o seu voo.

São aves bastante afoitas no relacionamento com o ser humano, voando normalmente em casais, em voo alegre embora sublinhado com um cantar algo nostálgico, a recordar quão longe estão da sua terra de origem.

A cada ano que passa, procriando num ambiente natural que lhes é propício, as rolas turcas aumentam a dimensão da sua colónia, poisando nos fios de transporte de electricidade e no alto dos pinheiros bravos dando um novo encantamento aos locais que elegeram para viver.

Ainda hoje, a meio da tarde, quando o calor se fazia sentir em toda a sua intensidade, vinda sei lá de onde algumas rolas turcas se acolheram à sombra de um pinheiro aqui nascido há mais de 20 anos, hoje adulto e protector de muitas aves.

E lá cantaram uma canção arrastada, nostálgica mas de enorme musicalidade...

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domingo, julho 19, 2009

baila de roda

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a "minha inspiração"

Não sou poeta inspirado, uma análise mais profunda aos escritos poemados que publico chegará a essa mesma conclusão, além de que muitas vezes utilizo as chamadas “rimas fáceis” o que nunca permitirá que digam de mim: “É um bom poeta!”.

Contudo, continuo a escrever, fruto de um impulso que não ouso contrariar.

Vem isto a propósito de um correio electrónico recebido recentemente de uma “velha” amiga e que me questiona sobre a “fonte de inspiração” de um concreto poema publicado na Oficina das Ideias em 2005.

Inspiraste-te em alguém teu conhecido?

Foi uma simples palavra, ou nome, a fonte de inspiração?

Não sei responder...

Quando escrevo, no momento exato de sobre o papel alinhar letras e palavras, dando-lhes alguma coerência, terá havido alguma inspiração cuja origem logo se perde no impulso de escrever. Depois o poema é escrito praticamente de seguida, de uma só vez. Costumo dizer tratar-se de “um improviso”.

Passado algum tempo, perdido o rasto da eventual original inspiração, publicado o poema, por vezes olvidado no canto de uma gaveta da memória, fico com a nítida sensação de que não terá sido escrito por mim. Chego a pensar “que belo poema”, sem imodéstia antes com a ideia de que não tenha sido eu a escrevê-lo.

Daí a minha dificuldade em responder à questão desta minha amiga.

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sábado, julho 18, 2009

na amizade um mundo novo

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na galé dos manos

Eles são sempre os mesmos…

imagem gentilmente cedida por VictorN

Um ano e dez dias depois voltaram ao “local do crime” com a mesma intenção de sempre: degustarem na tranquilidade duma casa de comeres - localizada naquela franja de território alfacinha onde outrora as “hortas” estavam paredes meias com os palácios senhorias – um arroz de peixe, já aprazado do dia anterior.

Às entradas os comensais não se fizeram rogados a umas tacinhas de manteiga batida com salsa e alho na consistência esperada para espalhar nas tostas que as acompanhavam e um queijo especial aquecido em azeite com orégão de “comer e chorar por mais”. E ainda… uns mexilhões em vinagreta exclusiva com um sabor de “truz”.


O prato de substância, Arroz de Cherne, veio para a mesa num tacho de quatro doses, quantidade abastada para os seis comensais, que ao retirar da tampa se transformou numa fonte de cheiros de mar e de maresia e nos surpreendeu pela cobertura que trazia de muita alegria para os olhos, pleno de rosados camarões.

Os aromas do mar eram devidamente sublinhados com as ervinhas aromáticas que ajudam a condimentar o arroz, a salsa, os centros e muitas outras que pouco a pouco o palato ia identificando e que só uma cozinha séria e competente pode conseguir.


No final, depois de os mais gulosos terem degustado uma das diversas “sobremesas da casa”, e a acompanhar o café que na tradição portuguesa “encerra” o majestoso repasto, o senhor Jaime serviu-nos um “chiripiti” ou outro nomeado “…piti”, ajuda de uma digestão perfeita.


À vossa saúde na

A Galé dos Manos
Estrada do Calhariz de Benfica, 182 – Lisboa
Marcações: 217 742 817
Encerra Sábado de tarde e Domingo

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sexta-feira, julho 17, 2009

olhos são diamantes

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as mulheres de barcelona

As mulheres de Barcelona, as barcelonesas, são bonitas, interessantes e interessadas, vivas, inteligentes, vistosas, vibrantes, atrevidas até.

Os olhos, castanhos, verdes, azuis, mesmo cinzentos, são amplos, transparentes e profundos.

Têm um olhar ímpar, somente comparável ao das mulheres das vastas estepes da Hungria, ganhando-lhes naquilo que muitos designam por “salero”, misto de nostalgia, ingenuidade, ironia e muito querer.

Olham profundamente nos olhos de quem as aprecia, reconhecendo dessa forma o louvor que é feito à sua beleza.

O olhar de um fugaz cruzar na rua, na “carrera”, leva-nos a mundos insuspeitos de uma beleza e cor indiscritíveis. Vogamos nesse olhar tempos infinitos, muito próximos da eternidade, em sensações orgásticas, vibrantes, totais.

O corpo esguio, mas bem torneado das barcelonesas, conduzem-nos por caminhos e veredas de sonho, elevam-nos ao mais alto píncaro da “Sagrada Família”, inspiraram Gaudí, não temos quaisquer dúvidas, nos seus desvarios arquitectónicos para os quais não se encontra outra explicação que não seja o turbilhão de sonho e sentimentos que as Barcelonesas lhe provocaram.

O espírito e a sensibilidade das barcelonesas acompanharão para a Eternidade aqueles que tiveram o privilégio, a ventura, a felicidade de algum dia com elas se cruzarem, nem que tenha sido num fugaz cruzar de olhares.

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quinta-feira, julho 16, 2009

perfume de jacarandá

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sonho feito sensibilidade

Passaram seis meses, quando a 16 de Janeiro deste ano mágico, o sonho se fez realidade. Eu diria mais: o sonho de fez sensibilidade.

Uma cor que os poetas teimam em não considerar nas referências ao arco-íris, mas que os eleitos têm capacidade de ver e amar, deu origem a um cantinho na blogosfera, lugar de tranquilo bem-estar, de sensibilidade sem fim, de passagem obrigatória para o pessoal desta Oficina das Ideias.

Belas flores de um jardim encantado, palavras em prosa mostradas que são verdadeiros poemas, são-nos diariamente ofertados com a simplicidade e o afecto que somente pessoas excepcionais podem conseguir fazer.

A 16 de Janeiro de 2009 líamos com encanto o poema “Jacarandá” de Matilde Rosa Araújo e estava dado o sinal do que iriam ser os tempos que lhe seguiriam. Temas intimistas, aromas incomparáveis, cores retiradas da paleta do mais inspirado artista do Universo, a Natureza, os aromas de Primavera e do cálido Verão, os vapores inebriantes que da terra-mãe emanam no Outono e no Inverno…

Quantas vezes os trabalhadores da Oficina das Ideias, olheiras fundas de noites perdidas (ganhas), transpirados das caminhadas de nómadas dos sentidos, não foram por lá encontrar a inspiração matinal e o repouso (repouso de guerreiro, até) retemperador…

Por tudo isso… pelas partilhas magníficas… pela inspiração constante… pelos aromas e sabores… pelas cores e sensibilidade das palavras…

…dizemos OBRIGADO ao “Perfume de Jacarandá”! Obrigado à querida Amiga LILÁ(S) por seres quem és…

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quarta-feira, julho 15, 2009

humano de linhagem

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Tulipa Negra

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião




Mulher de muito querer, Shirin se apaixonou.
Seu príncipe de encantamento, seu eleito,
Ferhad rejeitou tamanho enleio. Desgostou
Mulher desamada no deserto procurou seu leito.

Chorou copiosamente sua saudade, com tristeza
As lágrimas rolaram por seu belo rosto em sofrimento
Cada uma tocou a escaldante areia de profunda pureza
Transformando-se em linda tulipa de negro pigmento.

Das terras do crescente viajou no sonho de um amante
Até à Europa, à Holanda a terra dos “polders” e dos canais,
Onde inspirou artistas e simbolizou o amor eterno e galante
Depois no Brasil, símbolo do muito querer e sentires reais.

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terça-feira, julho 14, 2009

a cor da música

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por onde andamos

Ainda hoje num grupo de amigos conversávamos acerca das vantagens e desvantagens dos conhecimentos estabelecidos via Internet, tantas vezes designados por amizades virtuais, e a importância de ao conversarmos estarmos “olhos nos olhos” com o nosso interlocutor.

Não há dúvida de que é muito agradável, estabelece-se uma grande cumplicidade, naquela conversa em que estamos bem presentes fisicamente, quantas vezes na permuta do “cheiro da pele”, no toque físico que é amizade e cumplicidade.

Não é menos verdade, que com o advento das tecnologias emergentes, novos espaços de conhecimento, formas inovadoras de contactar, levaram à constituição de amizades, de parcerias, de permutas de saberes e de sentires como nunca, antes, se pensou ser possível.

Vem esta conversa a propósito duma situação interessante que aqui convosco partilho. Situação desencadeada quando em Fevereiro de 2008 encontrei uma fotografia do Olho de Lince - que retratava o interior do British Bar, no Cais do Sodré, em Lisboa – a ilustrar um poema de Jesús Jiménez Dominguez e publicado por uma blogueira a residir no Afeganistão no blogue Pandeoro em 17 de Dezembro de 2007. Essa referência e o poema foram reproduzidos na Oficina das Ideias em 7 de Fevereiro de 2008.

Mais tarde, em 26 de Abril de 2009, publicamos o mesmo poema vertido para português na Oficina das Ideias, poema aliás dito em diversas tertúlias de poesia em que participamos. Qual não é a nossa agradável surpresa ao recebermos ontem um agradável correio electrónico assinado pelo próprio autor do poema que dizia:

Hola, Victor.
Me llamo Jesús Jiménez Domínguez y vivo en Zaragoza (España). He visto la magnífica traducción que has hecho de mi poema "Los relojes del British Bar de Lisboa" y estoy muy contento de ello: ha sido una gran sorpresa encontrármelo en internet. Quería darte las gracias porque suena incluso mejor que el original.
Como la lengua portuguesa no se me da demasiado bien, sólo puedo decir: OBRIGADO. Espero que no te importe que ponga tu traducción en mi blog:
http://jesusjimenezdominguez.blogspot.com
Te envío dos poemas que también aparecen en mi libro Fundido en negro y que tienen que ver con Lisboa, ciudad donde he estado ya varias veces y a la que siempre acabo volviendo.
A modo de agradecimiento, si te parece bien y me das tu dirección en Portugal, me gustaría enviarte un ejemplar del libro.
Un saludo y gracias de nuevo, Victor.
Jesús Jiménez Domínguez


Este é um dos encantos da Internet em geral e da blogosfera em particular.

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segunda-feira, julho 13, 2009

gostas de amoras?

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hoje há amoras…

Amoras silvestres, claro.

São os frutos mais bonitos e saborosos de toda a família das rosáceas “Rubus”, vulgarmente designadas por silvas. A silva é uma planta muito invasiva “liquidando” todas as outras ao seu redor, pelo que é muito desejada como vedação de terrenos e pouco querida nas zonas ajardinadas.

A flor da silva é uma flor muito sedosa e suave contrastando com a envolvente de caules e folhas, tendo os primeiros muitos espinhos curtos, levemente encurvados e aguçados.



As amoras silvestres são um fruto do tipo pseudobaga, assim designado pelo facto de ser um fruto que agrega em si uma quantidade significativa de drupas. Tem um sabor característico, de certa acidez, muito apreciado na confecção de doçaria e de licores.



Existem dezenas de receitas de doçaria que utilizam como base as amoras silvestres. Apresentamos aqui uma, a título de exemplo, recolhida no sítio “Doces & Sobremesas”, na qual introduzimos ligeiras alterações de forma a adequá-la ao nosso paladar pessoal e evidenciar as características específicas do fruto.

Compota de Amoras Silvestres



Ingredientes
Q.b. de amoras
Q.b. de açúcar
1 casca de limão
1 pauzinho de canela

Confecção
Para o peso de amoras use 0,75 do peso de açúcar. Lave bem as amoras. Num tacho de ir ao lume deite as amoras, o açúcar, a casca de limão e o pau de canela e leve ao lume brando. Mexa sempre com uma colher de pau para não pegar, sobretudo ao fundo. Assim que atingir a consistência de doce, retire do lume, deixe arrefecer e deite em frascos próprios de compota, previamente esterilizados.

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domingo, julho 12, 2009

alegria do meu sentir

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lenda dos ferreiros do espinhal

lendas das terras visitadas
De medos e fantasias, de desejos e imaginação, criaram-se em tempos imemoriais estórias que a razão desconhece. No aconchego da lareira ou na árdua labuta diária, quantas vezes de sol a sol, foram percorrendo os saberes de gerações. O viajante andarilho recolhe e partilha as “lendas das terras visitadas” ouvidas às suas gentes.


No termo de Penela, em plena serra do Espinhal, existem dois montes de forma cónica que sobressaem da paisagem serrana, quer pela forma quer pela altura, distando entre si não mais do que dois quilómetros – o monte do Pinoco e o da vigia de incêndios.

Conta a lenda, essa “arte” milenar de transmitir, de geração em geração, o saber e o património imaterial de um Povo, terem sido habitados por dois irmão, ferreiros de profissão, o Melo e o Jer.

Vivendo cada um em seu monte, possuíam ambos a sua própria forja, embora o martelo, ou o malho como na época se chamava, ser único, pelo que era por eles usado alternadamente.

Quando um dos irmãos necessitava de utilizar o malho, pedia-o com o seu vozeirão que ecoava de monte em monte, e logo o outro o atirava com a sua força de gigante, compleição física de que ambos eram possuidores.

Um dia Jer zangou-se com o irmão e atirou o malho com tanta força que este se desconjuntou: o cabo de madeira de zambujo para um lado, o ferro do malho para o outro, caindo na encosta do monte Melo com tanta força que fez brotar uma fonte de água férrea. O cabo de madeira foi espetar-se na encosta do monte, donde nasceu um zambujo, ou zambujeiro, cuja proliferação terá dado origem ao lugar de Zambujal.

Ainda hoje, para dar algum fundo de verdade a esta lenda tão regional, são visíveis as ruínas de uma forja no cimo do monte Melo. Também em Jermelo ainda hoje trabalha na sua arte o único fazedor tradicional de tesouras de tosquia.




Esta lenda, a lenda dos ferreiros da serra do Espinhal, foi-me contada, dentro das ameias do Castelo de Penela, pela historiadora Palmira Pedro, amante da sua terra e das suas gentes e extraordinária “contadora de estórias”.

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sábado, julho 11, 2009

sinal de esperança

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a penitência da cerveja preta

Conta a tradição que os monges de Munique, em plena Idade Média, nas suas divagações alquimistas, criaram uma beberagem com origem nos grãos de cevada torrados que não era, nem mais nem menos, que a cerveja preta, a que chamavam pomposamente “pão líquido”. Escusado será escrever o quanto “abusavam” desta deliciosa bebida de forte travo mas ao mesmo tempo borbulhante e refrescante.

O facto assaz curioso, eram notórias as tremendas bebedeiras que os monges apanhavam com frequência, chegou ao conhecimento do Papa que, de pronto, quis saber que bebida seria essa. Enviou mesmo a região bavárica uma delegação de clericais cientistas para avaliarem da razão e dimensão deste tão estranho acontecimento.

Pouco resultou dos relatos dos membros desta delegação, atabalhoados nas conclusões, contaminados pelos efeitos desta tão exótica beberagem. Ao ponto de o Papa ter enviado uma intimação para que transportassem para Roma amostras deste líquido castanho onde seria analisado pelos maiores especialistas.

Com os transportes demorados da época, a longa distância entre Munique e Roma foi percorrida em muitos dias, quiçá, longos meses, o que levou a que quando a cerveja preta chegou à prova do Papa estava tão azeda e intragável que este decretou que aquela beberagem passasse a ser tomada como penitência.

Para os mais pecadores, o castigo era logo ministrado ao pequeno-almoço. E repetia-se algumas vezes ao dia. Donde ficou o hábito nesta cidade da Baviera de que as primeiras cervejas do dia fossem logo tomadas pela manhã. Há mesmo locais em que até ao meio-dia a cerveja é tomada como penitência pelo que somente servem cerveja preta.

Loura, preta ou ruiva a cerveja bem gelada mais do que uma bebida para refrescar ou acompanhar uma refeição, é uma verdadeira companhia. Há mesmo quem mantenha dois dedos de conversa com uma “loirinha” bem gelada.


Mas... “estupidamente gelada” é um mito. O seu paladar único e esquisito é alterado pelas temperaturas demasiadamente baixas.

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sexta-feira, julho 10, 2009

tua cor fulgente

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a lenda do colibri

Conta a lenda, melhor, a tradição que passa de geração em geração, que no tempo em que os animais falavam havia uma terra muito bonita, coberta de denso arvoredo, onde os animais e as coloridas aves viviam em harmonia.

Um dia, sabe-se lá por que razão, enormes labaredas começaram a devastar o arvoredo, provocando muito fumo e calor, fazendo com que os animais, mesmo os de maiores dimensões, debandassem em fuga.

No meio de tamanha desgraça um pequeno pássaro de mil cores, um colibri, voava rápido desde um charco das redondezas até á zona onde o fogo destruía rapidamente as árvores e arbustos. Levava no longo bico uma gota de água que deixava cair sobre o fogo. E logo regressava ao charco para ir buscar uma outra gota.

Os outros animais olhavam-no com um sorriso irónico enquanto abanavam as cabeças.

_Colibri! Vem cá! O que estás a fazer? Não vês que com essa pequena gota que deitas no fogo nunca o apagarás?

_Eu estou a fazer a minha parte..., respondeu o colibri.

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quinta-feira, julho 09, 2009

roda, roda sem parar

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terra plana e monte cal

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião





No norte do Alentejo
Já no termo de Fronteira
A magia que revejo
Como fosse vês primeira

Traz-nos equilíbrio ao palato
Direi mesmo harmonia
Ao degustar com recato
Um vinho de fidalguia
Produzido com afecto
Ganha sabor divinal
Do mundo o arquitecto
Em terras de Monte da Cal

O sol do Terra Plana
Aragonês e alfrocheiro
Belos odores que emana
Nos sabores é o primeiro.




O meu amigo António Sousa (ex-Megera TV e outras cenas que tais) andou de mesa em mesa, qual trovador romanesco, a recitar este "poema vínico" enquanto os comensais degustavam os vinhos nele citados

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quarta-feira, julho 08, 2009

suavidade do teu sentir

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tinta permanente

A mão insiste
Em pegar na caneta,
Como em tempos idos
Acariciava a pena
Na ânsia de passar para o papel
Sentires furtivos,
De imateriais,
Que dessa forma
Seriam feitos prisioneiros
De uma folha de papel,
Há poucos instantes
Sem mácula,
Agora colorida de turquesa,
Sim,
Porque é essa a cor
Da tinta
Permanente,
Como permanentes,
Materiais,
Ficarão
Os sentires
Assim vertidos
Na folha de papel.

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terça-feira, julho 07, 2009

luar de verão


lua brilhante, de verão
nas noites cálidas confidente
do bater do coração
daqueles que por paixão
vivem a vida intensamente




Lua Cheia de Julho, às 9 horas e 23 minutos

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uma flor para... a são


nesta caminhada blogosférica, uma amiga
boa disposição à flor da pele
tem sempre um dito, uma cantiga
leoa com o verde nos fustiga
mas é total afecto que a impele




A São é uma querida blogueira do "velhinho" Espectacológicas, hoje a escrever e a encantar no "O que eu quero..."

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o misticismo de um vinho

Quando falamos do vinho “Vinha de Saturno” e, em especial, quando o provamos a nossa reacção imediata é de que se trata de “um néctar divinal”. Deveríamos, contudo, ser mais precisos. Será porventura um “néctar telúrico”, talvez mesmo um “néctar místico”…

Conheçamos este vinho, topo de gama da Herdade do Monte da Cal, de produção restrita a cerca de 3.600 garrafas ano, algo como cerca de 2.800 litros, e que tem as características seguintes:
Castas: Trincadeira, Alicante Boushet, Aragonez e um pouco de Baga
Teor alcoólico: 14,5% do vol.
Estágio: em madeira de carvalho cerca de 6 meses



Mas, o porquê de “néctar telúrico”?
“A qualidade do vinho vem do campo, vem da terra onde as uvas são produzidas”, afirmação peremptória que reserva para o enólogo a arte de harmonizar os aromas e os sabores, numa carícia, verdadeiro acto de amor até chegarmos ao produto final.

E a razão de “néctar místico”?
As uvas de onde este vinho é obtido são produzidas na freguesia de São Saturnino (no nordeste alentejano), santo da devoção visigótica e de culto muito raro em Portugal. Produzido nas terras de Saturno, deus da mitologia romana, deus da agricultura e das colheitas. Saturno é o nome de sábado (“dies Saturni”) e foi também a um sábado que a Herdade do Monte da Cal foi inaugurada.

A garrafa deste néctar, de vidro mais grosso que o habitua o que lhe dá um volume e robustez superior, tem um interessante rótulo onde podemos ler:
O Saturno é o sexto planeta do Sistema Solar e antes da invenção do telescópio era o mais distante dos planetas conhecidos. A olho nu não parecia ser luminoso. O primeiro a observar os seus anéis foi Galileu em 1610; porém a baixa resolução do seu telescópio fizeram-no pensar que se tratava de grandes luas.

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segunda-feira, julho 06, 2009

milagre dos sentidos


na devoção dos caminhos percorridos
íngremes serranias de sacrifício
a quem se erguem os corações perdidos
na procura do milagre dos sentidos
que vão do equinócio ao solstício




Capela do Santuário de Nª Sª da Piedade, Lousã - Portugal

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um dia com o deus baco

O nordeste alentejano é terra de altas temperaturas no Verão, quantas vezes agreste, que cresta o rosto das gentes que trabalham sol-a-sol e que greta as amplas planícies onde predominam os solos argilosos em mistura “explosiva” com o xisto. São solos vinicamente interessantes mas onde a magia do homem tem que intervir de forma a criar harmonia e equilíbrio.

Nestas imensas planuras está situada a Herdade do Monte da Cal onde o afecto dos enólogos residentes cria vinhos de intensa concentração de cor, de aroma frutado vigoroso que exuberantemente excitam os nosso sensores olfactivos e deliciam as papilas gustativas.

Aqui se casam as castas Trincadeira, Syrah, Alicante, Alfrocheiro, Aragonez e, muito recentemente, a casta Viognier…

“O sol do Terra Plana
Aragonez e alfrocheiro
Belos aromas que emana
Nos sabores é o primeiro”


Mas vamos às provas… nos brancos: Terra Plana, 2008; Monte da Cal, 2008 – e nos tintos: Terra Plana, 2007; Monte da Cal, 2006; monocasta Syrah; monocasta Aragonez; e por último, o topo de gama desta adega, o Vinha de Saturno, 2006…



Fomos “acordar” os vinhos que repousavam em seu leito num estágio sempre importante. Têm todos a classificação de “Vinho Regional Alentejano”.



Notas de Prova

Brancos

Terra Plana, branco, 2008
Castas: Arinto, Antão Vaz e Viogner
Graduação: 13% do vol.
Servir: à temperatura de 10°C
Muito fresco e frutado basta ser acompanhado com uma boa conversa de fim-de-tarde num pôr-do-sol à beira do Grande Areal.

Monte da Cal, branco, 2008
Castas: Antão Vaz e Viognier
Graduação: 13% do vol.
Servir: à temperatura de 10°C
Muito aromático, com cor de mais palha e citrino, podemos escolher uma sopa de tomate com cheirinhos para o acompanhar.



Tintos

Terra Plana, tinto, 2007
Castas: Aragonez, Alfrocheiro, Alicante Bouschet e Trincadeira
Graduação: 13,5% do vol.
Servir: à temperatura de 16 a 18°C (meia hora na porta do frigorífico)
Estágio: 2 meses na garrafa
Deixa cor no copo de prova como os vinhos mais tradicionais e é muito bem acompanhado por uma carne de porco preto estufada.

Monte da Cal, tinto, 2007
Castas: Aragonez, Alfrocheiro e Alicante Bouschet
Graduação: 13,5% do vol.
Servir: à temperatura de 16 a 18°C (meia hora na porta do frigorífico)
Estágio: 2 meses na garrafa



Topo de Gama

Vinha de Saturno, tinto, 2006
Castas: Trincadeira, Alicante Bouschet, Aragonez e Baga
Graduação: 14,5% do vol.
Servir: à temperatura de 16 a 18°C (meia hora na porta do frigorífico)
Estágio: 6 meses em barricas de carvalho francês de 125 Lt.
Tem muito corpo e aromas de baunilha e madeira suave. Pode ser guardado até cerca dos anos de 2012/2014 sem perca de características. Foi usada, embora em percentagem reduzida, a casta Baga, tradicional da região da Anadia, com excelentes resultados.



Seguiu-se um “emocionante” repasto onde fizemos acompanhar alguns dos vinhos provados com uma degustação adequada aos mesmos e onde o azeite foi "rei".



Vinho Branco Terra Plana 2008, acompanhado de Sopa de Tomate com Manjericão
Vinho Tinto Terra Plana, 2008 e Vinho Tinto Monte da Cal 2006, acompanhado de Bochecha de Porco Preto

Vinho do Porto LBV Sá de Baixo 2001, acompanhado de Sericaia.

Um “salve!” para a Sandra Leite, da Quinta do Cabriz que se esmerou na preparação das vitualhas.



O passeio vínico à Quinta do Monte da Cal foi realizado em 4 de Julho de 2009
Agradecimentos
à Garrafeira Jumbo Almada Fórum, António Sousa
à Vinalda, Mário Pereira – Rui Pinto – Joana e Maria
à Dão Sul, João Carvalho – Gonçalo Fialho – Marco Fagundes

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domingo, julho 05, 2009

caminhar no sonho


no sonho dos caminhos percorridos
voar montanhas e mares desejados
na busca duma carícia olhares perdidos
nas pétalas duma rosa consentidos
nos afectos de amores imaginados




Rosa lilás dos jardins do Pinheirinho, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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oficina das ideias - sexto aniversário 5

é uma honra… ter este “quadro de honra”

As visitas atingiram a cifra de 661.598 (segundo o “SiteMeter”) e de 868.967 (de acordo com o “NeoCounter”), com origem em 156 países dos 199 existentes. A média de visitas na última semana deste período foi de 266/dia.

No âmbito da interactividade foram feitos na Oficina das Ideias 195 comentários com a contribuição de 32 dos nossos leitores e amigos.

Um agradecimento especial a Blogger.com/Blogspot.com onde editamos e alojamos a Oficina das Ideias desde a primeira hora.


Quadro de Honra

Isamar, do Cata-Vento (Portugal)
Lilá(s), do Perfume de Jacarandá (Portugal)
Gaivota, do MarETerra (Portugal)
Milu, do Miluzinha-Blog (Portugal)
Mariazita, do A Casa da Mariquinhas (Portugal)
AnaReis, do Interessante para Todos (Brasil)
Tulipa, do Momentos Perfeitos (Portugal)[*]
Observador, do Reflexos (Portugal)
Victor, do Des-Encantos (Portugal)
Lualil, do Traduzir-se… (Brasil)
MagyMay, do Trivialidades e Croquetes (Portugal)
Gasolina, do Árvore das Palavras (Portugal)
Nocturna, do Perdida na Noite (Portugal)[*]
Ponto e Vírgula (Portugal)
Verônica, do Momentos de Vida (Brasil)
A Casa da Buganvília, do A Casa da Buganvília (Portugal)[*]
Mdsol, do Branco no Branco (Portugal)
Victor e Rita Reino (Portugal)
Chyntia (Brasil)
Alfonsina (Venezuela)
Gwendolin, do A Cantora (Brasil)
Lisette Costa, do Flor de Lis (Brasil)
Fatyly, do Uma Nova Cubata (Portugal)
Maria João, do My Travel Secrets (Portugal)
Gisele (Brasil)
Paula Raposo, do As Minha Romãs (Portugal)[*]
Regina Coeli, do Deusa Odoyá! (Brasil)[*]
Elvira Carvalho, do Coisas Minhas (Portugal)[*]
São, do São (Portugal)
João, do Espaço do João (Portugal)
Amigona, do Instantes da Vida (Portugal)
Maria Clarinda, do Sombras de Mim (Portugal)[*]
Sara, do Carpe Diem (Portugal)[*]


A TODOS o nosso MUITO OBRIGADO



[*] em breve nos Indicadores de Leitura

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o sonho da terra plana

Na tranquilidade de um entardecer que tempos de estio demoram a deixar chegar, da ampla varanda da Herdade do Monte da Cal, olhamos a imensa paisagem do norte alentejano até à linha do horizonte recortada pela serra de S. Mamede e apetece-nos estar, desejamos ficar…



O dia, este magnífico “passeio vínico”, tivera o seu início muitas horas antes quando um grupo de gente amante destas coisas que os bons vinhos sempre reúnem, a convite da Garrafeira do Jumbo Almada Fórum, “embarcou” num moderno e confortável autocarro rumo a terras do sul…



Chegada à Herdade do Monte Cal, na freguesia de S. Saturnino, no concelho de Fronteira, fomos afectuosamente recebidos pela gente da casa, com as sonoridades da música cálida do norte de África: João Carvalho, responsável pelo enoturismo da Quinta, Gonçalo Fialho, o enólogo residente e Marco Fagundes, o “terceiro homem” trajado a rigor.



A chegada a um santuário vínico faz sentido tomar a forma de uma “bebida de boas-vindas” (ou “wellcome drink”) o que foi realizado com um Espumante Quinta de Cabriz – bruto, um espumante de excelência, como por todos os presentes foi reconhecido.



Seguiu-se uma visita cuidada à adega, onde todos os dispositivos de vinificação são construídos em aço inoxidável de impecável aspecto, com controlo total da fermentação dos mostos através da refrigeração das cubas e dos circuitos, possibilitando a vinificação quer de vinhos brancos (segundo o método de “bica aberta”), quer dos tintos mais lenta garantindo o perfeito contacto dos mostos com as respectivas películas.



No programa da nossa visita está ainda inscrito uma prova de vinhos, um repasto de degustação de produtos da região e uma visita (caminhar é preciso!) às vinhas. A passagem pelas varandas da Quinta tornou-se quase um ritual do dia. Sempre fomos acompanhados pelos aromas únicos da planura alentejana, pelos cálidos sons da música do norte de África, pelo esvoaçar das andorinhas e dos bandos de estorninhos e lá mais ao longe pela amplitude das asas de uma águia-real.




[continua]


O passeio vínico à Quinta do Monte da Cal foi realizado em 4 de Julho de 2009
Agradecimentos
à Garrafeira Jumbo Almada Fórum, António Sousa
à Vinalda, Mário Pereira – Rui Pinto – Joana e Maria
à Dão Sul, João Carvalho – Gonçalo Fialho – Marco Fagundes

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