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segunda-feira, maio 31, 2004

imagens com memória

Do meu arquivo de fotografias a "preto e branco" selecionei e comentei imagens cuja memória desejo partilhar com quem visita a Oficina. Trata-se de uma outra forma de vasculhar o meu baú de recordações

Assador de frangos



Na entrada para os restaurantes da feira, a par com o pregoeiro que anunciava os deliciosos petiscos do dia, o assador de frangos era um verdadeiro chamariz para aliciar a clientela a escolher o local da refeição.

Além do atractivo visual que sempre representava , ali à vista de todos e a um palmo de distância, o frango bem tostado, era o cheiro o grande responsável pela entrada da clientela.

Impregnava-se nas vestimentas, é certo, mas da mesma forma excitava os sentidos. _Este cheirinho que até faz crescer a água na boca!

E lá entrava no restaurante mais uma família, com a miudagem já com o menu escolhido, pois comer frango assado fazia parte do ritual da ida à feira.

Os mais atentos reparariam que este assador de frangos, que possivelmente jantaria um prato de feijão com massa, também não alimentava a alma, pois trabalhava duro em tempos de ir à escola.

Local: Feira das Mercês
Data: Anos 60, do Século passado

domingo, maio 30, 2004

caminhando se faz caminho

Alguns apontamentos sobre pequenos percursos em que os sentidos são despertos para o Património Natural e Construído através das cores e dos odores, das estórias e das tradições, dos saberes e dos sentires. Venham connosco fazer este caminho...


na Mata do Bussaco até à Cruz Alta

O edifício onde actualmente se encontra instalado o Palace Hotel do Bussaco, considerado um dos mais belos hotéis do mundo, foi mandado construir pela casa real de Portugal ao estilo pseudo-Manuelino, construção que foi dada por concluída cerca de 1906. Terá sido a última obra de vulto até à Implantação da República, em 1910.


Está situado no interior da Mata Nacional do Bussaco, onde no primeiro quartel do século XVII viviam as freiras da Ordem das Carmelitas Descalças que mandaram florestar toda a região. Nesta ordem religiosa os seus membros vivem despojados de todos os bens materiais o que se confirma na visita às celas do Convento.


São maravilhosos os jardins envolventes do Palácio, onde cada recanto é uma visão de encantar. Um circuito botânico, devidamente assinalado, permite ao visitante contactar com espécies botânicas do mundo inteiro e, algumas delas, únicas em todo o Mundo. Árvores gigantescas coabitam com espécies arbóreas de pequeno porte em ambiente ímpar.


Pequenos lagos com água que corre Serra do Bussaco abaixo, água fria e cristalina, constituem um paraíso para diversas espécies piscícolas e onde, igualmente, o elegante cisne espalha todo o seu charme e beleza. Num ambiente de perfeita tranquilidade aproxima-se do visitante na expectativa da dádiva de um pequeno pedaço de pão.


A Cruz Alta, situada no topo da Serra do Bussaco, é local de incontornável visita. Dali se avista até onde a vista alcança uma imensidão de serras e vales, uma variedade maravilhosa de tonalidades de verde. Lá mais abaixo o Palácio e bem no fundo da encosta a zona termal do Luso, com as Festas do Senhor Santo Cristo a decorrerem.


Duma das nascentes da Serra do Bussaco a água gelada e cristalina brota abundantemente para uma escadaria monumental, ao mais puro estilo oriental, constituindo com as lagoas naturais e a arborização circundante um aprazível local de descanso e merenda designado por Fonte Fria. A não perder na despedida do Bussaco.


sábado, maio 29, 2004

uma flor para... a lualil


Muitas Felicidades Querida Amiga

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Assim o quis a Natureza

Toda a noite chovera forte como, aliás, as previsões meteorológicas previra. Fortes bátegas de água cujos pingos enormes tamborilavam nos beirais dos telhados transformaram-se em caudais volumosos que corriam rua abaixo na direcção dos sumidouros.

As notícias que a televisão transmitira à noite sobre as tempestades e até um tremor de terra que haviam assolado a zona do Caribe não deixavam as gentes tranquilas. Sono agitado, o aflorar de um olhar à janela para ver “como estava o tempo”, o retomar o sono para pouco depois o ciclo se repetir.

Quando os primeiros raios da aurora iluminaram os pontos mais altos da cidade o “mau tempo” aparentava ter passado. As aves ensaiavam os primeiros voos do dia, ouvia-se no ar um chilrear de sons variados, a Natureza quisera iluminar e festejar o nascer deste dia com uma especial afectividade.

Os preparos matinais realizados e o Fotógrafo saiu à rua festejar, ele também, com a Natureza esta transformação climatérica tão profunda. E ao mesmo tempo que mentalmente se interrogava dos desígnios da Natureza, sorria pela resposta de pronto encontrada.

Daqui a mais um pouco encontrar-se-ia, como habitualmente, com a Escritora com quem encetaria a sua diária caminhada calçada acima ao encontro deste Povo que vive. Que labuta pelo melhor viver no dia-a-dia que sorri à esperança que cada vez mais ilumina o seu rosto.

Caminhou na direcção do jardim, máquina fotográfica à tiracolo, olhar atento as pessoas que caminhavam para os seus afazeres diários, olhando os seus semelhantes com ternura, olhando o Mundo com um misto de preocupação e esperança.

O braço colocado atrás das costas, escondendo a mão, ou o que ela continha, era a postura do caminhas do Fotógrafo, algo diversa do habitual. Lá mais abaixo, caminhando na sua direcção, ao seu encontro, vinha a Escritora com ar prazenteiro de dia bem começado.

_ Muitas Felicidades Querida Amiga! _Aqui tem para si...

Na mão que se mantivera escondida atrás das costas, algo que só os dois conseguiam vislumbrar: Uma rosa única, em tonalidades de rosa e laranja, bela rosa como belo era aquele dia. Assim o quis a Natureza.

sexta-feira, maio 28, 2004

vestido azul, cor de mar

Primeiro Tempo

Vestido bonito azul cor do mar, curto e ondulante, atrevido e sensual. De verdade, a sensualidade está no corpo de mulher que envolve, rosto e corpo angelicais, mas que resplandecem de beleza. Corpo que é uma nota musical encarcerada numa pauta de onde se pretende libertar, criando melodia.

Os requebros melodiosos da música executada por uma orquestra de admiradores exacerbam os sentidos e aumentam o erotismo. Meus olhos deliciam-se com umas belas pernas de mulher, imagem fugaz mas inesquecível.

Num requebro atrevido das ancas e num puxar da saia bem para cima, vi a maravilhosa curvatura de suas nádegas. Um afastar e aproximar constante, em passos reservados aos mais conceituados modelos, num tapa e destapa provocador, seu belo corpo desperta a minha imaginação para paraísos que pensava não existirem.

Notas musicais juntas por mãos mágicas criam melodias onde aquele belo corpo de mulher coberto somente por um vestido azul executa passos de dança carregadas de sensualidade e erotismo. Desejo tocar-lhe, desejo aproximar-me, desejo falar-lhe mas estou completamente paralisado com tamanho encantamento.

Ela muito excitada por se saber vista e apreciada não resiste. Sentou-se no banco do piano, puxou o vestido azul bem para cima onde as belas coxas terminam e num cruzar e descruzar das pernas bem torneadas deixou antever o tosão doirado da sua bonita intimidade.


Segundo Tempo

Vestido bonito azul cor do mar, curto e ondulante, atrevido e sensual. De verdade, a sensualidade está no corpo de mulher que envolve, rosto e corpo angelicais, mas que resplandecem de beleza. Corpo que é doirada areia que deseja ser ternamente beijado pelo rolar do mar profundo, ali tão perto.

A cálida brisa mediterrânea, o lento espraiar do mar salgado exacerbam os sentidos e aumentam o erotismo. Meus olhos deliciam-se com umas belas pernas de mulher, imagem fugaz mas inesquecível.

Num requebro atrevido das ancas e num puxar da saia bem para cima, vi a maravilhosa curvatura de suas nádegas. Um afastar e aproximar constante, em passos reservados aos mais conceituados modelos, num tapa e destapa provocador, seu belo corpo desperta a minha imaginação para paraísos que pensava não existirem.

Pequena praia recanto do paraíso, mar muito azul e doiradas areias onde aquele belo corpo de mulher coberto somente por um vestido azul executa passos de dança carregadas de sensualidade e erotismo. Desejo tocar-lhe, desejo aproximar-me, desejo falar-lhe mas estou completamente paralisado com tamanho encantamento.

Ela muito excitada por se saber vista e apreciada não resiste. Sentou-se num tronco de árvore na praia abandonado, puxou o vestido azul bem para cima onde as belas coxas terminam e num cruzar e descruzar das pernas bem torneadas deixou antever o tosão doirado da sua bonita intimidade.

quinta-feira, maio 27, 2004

coroas imperiais


coleccionar... pacotes de açúcar

Uma vez por semana a Oficina vai dedicar um espaço ao coleccionismo de pacotes de açúcar. Esta colecção integra-se no espírito geral da Oficina “para todos” atendendo a quantidade e diversidade de peças existentes, a um custo reduzido, sem perder o interesse lúdico de coleccionar e aprender coleccionando.


Exposição Viagens do Açúcar

Este é o título da exposição itinerante que o Clube Português de Coleccionadores de Pacotes de Açúcar tem patente no átrio do Centro Comercial Fonte Nova, em Benfica, até ao próximo dia 30 de Maio.

A exposição apresenta um painel com uma breve história do açúcar em Portugal e mais dezasseis painéis temáticos com pacotes de açúcar de todo o Mundo, numa compilação digna do maior apreço levada a cabo pelo coleccionador Rui Colaço.



Além dos paineis com pacotes de açócar, podem ainda ser apreciadas diversas peças de coleccionismo alusivas ao tema, o que demonstra a atenção que as açucareiras, especialmente estrangeiras, dão a este assunt.

Os coleccionadores apreciam e os não coleccionadores sentem um desejo grande de dar mais atenção aos pequenos rectângulos de papel que diariamente lhes passam pela mão qunado rotineiramente pedem uma bica. Beber um café pode passar a ser, além do culto que representa em si mesmo, o juntar mais uma peça de colecção.

quarta-feira, maio 26, 2004

imagens da praia do sol


Importância e significado dos apontadores de leitura (links)

Os apontadores de leitura colocados nos blogues constituem, eles próprios no seu conjunto, uma rede de interesses, de afectos, de comunhões e de cumplicidades, que se sobrepõe, completa e enriquece a importante rede internacional de comunicações que tem como suporte a Internet, como muitos chamam, “a mais ampla auto-estrada da informação”

Se analisarmos com algum cuidado e sistematização os apontadores de leitura colocados em cada um dos blogues poderemos tirar importantes conclusões sobre a motivação de estar na blogoesfera, muito embora esse trabalho seja algo de uma dimensão extraordinária, quem sabe a merecer uma tese de doutoramento em Tecnologia da Informação, atendendo ao cariz pluridisciplinar das matérias envolvidas.

Não poderá ser, pois, o âmbito deste post que os modestos operários desta Oficina se propõem escrever. Aliás, irão trabalhar com “a prata da casa”, clarificando um pouco o caminho seguido para constituir parte importante da coluna da direita da Oficina.

Inicialmente, como a maioria dos blogueiros faz, fomos a um dos blogues chamados “de referência” e copiámos a lista dos apontadores de leitura. Posteriormente, excluímos aqueles com cujo conteúdo não nos ligava qualquer afecto ou, mesmo, já estavam inactivos e incluímos alguns que íamos lendo e apreciando o respectivo conteúdo.

Numa fase seguinte, passámos a incluir todos aqueles que tinham a amizade de ir deixando os seus comentários ou que se dirigiam à Oficina dizendo que iriam colocar um apontador de leitura como apreço aos nossos conteúdos. Tratava-se, pois, de um justo reconhecimento ao interesse mostrado pela Oficina.

De há uns meses a esta parte temos vindo a dar realce, em negrito com a utilização do comando strong, aos blogues com quem permutamos a utilização dos referidos apontadores de leitura. Tudo muito simples e muito transparente.

Alguns blogs apresentam estas indicações devidamente classificadas ou adjectivadas o que enriquece, ainda mais, o critério utilizado. Para a preparação deste post procurámos analisar algumas destas permutas, somente nesta fase até à letra E, e publicamos de seguida os resultados.

Abre Latas, no Sem Discriminar
Adufe, na Sopa de Blogs
Arte de Opinar, nos Obrigatórios
Bota Acima, nas Visitas Diárias
Casa de Boneca, nos Amigos
Dentro do Entre, nos Links
Desabafos, nos Blogs Simpáticos
Despenseiros da Palavra, nos Links
Des-encantos, nos Blogs/Afins
Elogio da Ginja, na Blogoesfera da Ginja
Entre o Sono e o Sonho, nos Blogs que lemos
EspectacologicaS, nos Blogs com alma fotogénica, temáticos e isso...

Continuaremos a publicação deste trabalho de encantar. Como nos “chamam” neste mundo da blogoesfera. Resta-nos também uma mágoa: Neste quase um ano de permanência da blogoesfera quatro blogs decidiram retirar o apontador de leitura para a Oficina das Ideias, por certo por lhes termos deixar de agradar. Claro que vamos manter o nosso para eles e vamos tentar melhorar o trabalho que realizamos!


terça-feira, maio 25, 2004

uma flor do jardim do pinheirinho


a banda do cidadão em acção

Vivências reais, contadas ao estilo de contos curtos, onde é posta a evidência a utilidade pública de um meio de comunicação rádio, muito em voga nas décadas de 80 e 90 do século passado. Chegaram a ser constituídas redes internacionais de emergência rádio com muitas acções humanitárias realizadas. Os governos dos diversos países do Mundo nunca viram com "bons olhos" este sistema, pois era um sistema de comunicações para todos, sem quaisquer tipo de fronteiras.


Os pescadores de Sesimbra e a Banda do Cidadão

Todas as madrugadas são dezenas as traineiras que deixam o porto de abrigo de Sesimbra, fazendo-se ao mar para a faina da recolha das redes, anteriormente lançadas, na expectativa de que seja um bom dia de pescaria, estando aí, obviamente, o sustento do "mestre" e da sua "companha".

Desde há muito que os "mestres" se habituaram a utilizar a Banda do Cidadão como meio de comunicação, pois o seu preço é mais adequado às suas capacidades financeiras e a operacionalidade é suficiente.

Através destes equipamentos as traineiras mantêm contacto com terra, muitos dos mestres têm também equipamentos nas suas casas, e de igual forma entre si, ajudando-se mutuamente, quer na detecção de cardumes, quer em situação de aflição.

São inúmeras as situações em que o rádio CB se tem mostrado fundamental para resolver problemas que noutras circunstâncias teriam, inclusive, custado vidas, já não falando do apoio a tantas e tantas situações aflitivas.

É evidente que muitos dos contactos escutados entre os pescadores são no mais puro vernáculo, fruto não de qualquer sentido mal intencionado, mas resultante da singeleza das suas vidas e da dureza da labuta. Contudo, estão sempre prontos numa abnegação sem par a entreajudarem-se, formando uma forte cadeia de solidariedade.

As designações das traineiras, essas são as mais diversas, correspondendo também ao nome de estação com que se identificam quando falam para terra, muitas das vezes com cebeístas que com eles mantém um diálogo, tantas vezes interessante. É o "José Pirocas", o "Arcanzil", o "Pedra Nova", o "Cascais Baía", o "Estrela do Sul" e tantos outros...

Quem sintonizar o canal 18, um pouco depois das 7 horas ouvirá as conversações entre os pescadores, mas aperceber-se-á, de igual forma, de que em contacto com terra um "mestre de pescarias" estará a dar informações de como se encontra o estado do mar. Houve tempo em que tais informações eram veiculadas, de seguida, para todos os ouvintes da Rádio Almada, Rede A, que garantia este serviço em colaboração com o CAPARICA CB.

É sem dúvida mais uma forma de mostrar a grande utilidade da Banda do Cidadão e a constante procura de a valorizar junto das populações em geral.

segunda-feira, maio 24, 2004

imagens com memória

Do meu arquivo de fotografias a "preto e branco" selecionei e comentei imagens cuja memória desejo partilhar com quem visita a Oficina. Trata-se de uma outra forma de vasculhar o meu baú de recordações

A Espera



O título desta imagem "A Espera" é recente e resultou de uma primeira análise que foi feita à fotografia pela minha amiga Alfonsina, da Venezuela, que lhe chamou no seu idioma de origem "La espera".

Na realidade, esta fotografia pouca encenação envolveu. Limitei-me a pedir à minha "Ti Conceição", tia-avó, que repetisse para a fotografia uma atitude que tomava amiúde. Sentar-se no banco do poço de água enquanto ganhava força para içar um balde cheio dele fresquinha.

Trata-se de um poço construído à moda antiga donde se retirava água para a alimentação, para o fabrico do pão e também para a higiene pessoal, utilizando-se para o efeito um balde de folha de Flandres, uma corda e a roldana, que não aparecendo na imagem bem o merecia pois reduzia a força necessária para esta tarefa em metade.

O poço situava-se num terreno entre a casa de habitação e a eira construída em terra batida. A água para beber era mantida fresca numa enorme talha de barro. A para os banhos, depois de amornada, era deitada numa celha de madeira, a banheira de então. Aquela que era utilizada para o fabrico do pão era previamente aquecida numa panela de ferro colocada na lareira.

Esta posição da Ti Conceição era muito característica nela: Mãos pousadas nos joelhos, cruzando ligeiramente uma com a outra, demonstrando tranquilidade que nada se coadunava com a energia com que desempenhava as tarefas do campo.

Local: Fernandinho, Torres Vedras
Data: Anos 60 do século passado

domingo, maio 23, 2004

caminhando se faz caminho

Alguns apontamentos sobre pequenos percursos em que os sentidos são despertos para o Património Natural e Construído através das cores e dos odores, das estórias e das tradições, dos saberes e dos sentires. Venham connosco fazer este caminho...


Santuário de Nossa Senhora do Cabo (Espichel)

O Santuário de nossa Senhora da Pedra Mu é um valioso agregado arquitectónico constituído pela Igreja seiscentista, rústicas hospedarias, nas alas esquerda e direita da igreja e onde pernoitavam os peregrinos, um cruzeiro voltado a Norte e, no exterior, a designada “Casa da Água” e a Ermida da Memória.


A “Casa da Água” recebia a água trazida por um aqueduto, com cerca de 2 quilómetros de extensão, vinda desde a povoação vizinha da Azóia. Era constituída por um poço para reserva de água e por dois tanques para dar de beber aos animais que conduziam o círio até este local de culto.


A poente da Igreja do Culto de Nossa senhora do Cabo situa-se, numa escarpa com o oceano ao fundo, a Ermida da Memória mandada erigir em 1410, local onde a tradição diz ter-se dado a aparição da Virgem a dois velhos por dois velhos, ele de Alcabideche e ela da Caparica, que em sonhos coincidentes teriam sido avisados pelo Céu.


Esta Ermida tem planta quadrada, coberta por cúpula boleada, com o interior revestido por silhar de azulejos setecentistas em azul e branco, representando o milagre de Nossa Senhora do Cabo. Na parede exterior dois painéis de azulejos azuis e brancos datados de 1750 representam dois peregrinos e onde se pode ler "Século non est auditum".


O local onde este conjunto arquitectónico religioso se encontra implantado é carregado de esoterismo, respirando-se mistério e tradição. Escarpas rochosa e íngremes constituem a zona da costa portuguesa de mais difícil navegação estando registados inúmeros naufrágios de embarcações mais afoitas.


Um pôr-do-sol envolto em mistério e em romantismo completa este quadro que somente a pródiga Natureza e a crença do ser humano em factores que fogem à sua vontade e determinação teriam capacidade para pintar. Uma pintura que ao anoitecer toma tonalidades ímpares de pastel.

sábado, maio 22, 2004

uma flor para... a são


"colhida" especialmente para quem tanto gosta de amores perfeitos

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


O pequenino morcego

Por vezes, quando o Fotógrafo e a Escritora se encontram, mais do que meditarem e conversarem sobre as preocupações da actualidade, agrada-lhes contarem um ao outro pequenas histórias de encantar. Melhor, histórias de encantamento.

_Hoje sinto-me ouvinte desejosa de te escutar... escutar uma dessas realidades feita estória de afectos e quereres.
_Sim? Então escuta...

“Solitário no seu voar irregular, na permanente actividade de alimentação com base em pequenos insectos, procura na minha companhia diária mitigar esse seu estado de vida.

Acompanha-me nas minhas caminhadas nocturnas no passeio das cadelinhas ou quando vou colocar o lixo no respectivo latão, em voos rasantes, em círculos, que são uma forma muito própria de comunicação.

Pequenino mamífero, por muitos hostilizado, sente que gosto dele e da sua companhia e, portanto, gosta “igualmente de mim”. Companhia habitual ao longo dos meses e meses, uma noite fez-me uma surpresa.

Apresentou-me a companheira. A partir daí as minhas caminhadas nocturnas passaram a ser acompanhadas por dois pequenos mamíferos voadores.”

Haviam aproveitado estes momentos de “contar estórias” para se sentarem naquele banco de jardim sobranceiro ao mar azul. Levantaram-se, agora, e lá caminharam calçada acima.

sexta-feira, maio 21, 2004

flores do jardim do pinheirinho


ganda maluco lança livro de exito seguro

O “ganda maluco” é considerado por muitos o “ícone da juventude”, situação que ele próprio fomenta e aceita, sabendo como sabe o quanto os jovens vibram com a sua “maluqueira”. O que o mais surpreendeu, portanto, foi saber que este operário da Oficina aprecia o seu trabalho e não perde um programa de televisão dos que ele produz e apresenta.

Estou a falar, pois, de RUI UNAS que além de ter crescido e estudado na margem Sul do Tejo por aqui também iniciou a sua carreira radiofónica que o levaria depois até à televisão, onde mantém desde 2002 um programa de referência humorística e de “loucura”, o Cabaret da Coxa.

O Rui Unas deu agora um pulo para os livros. Na sequência do trabalho que realiza na Sic Radical, mantendo o mesmo humor e espírito crítico viu editado pela Texto editora o seu “A minha vida é um Cabaret”. Acreditam que está já na 2ª tiragem da 1ª edição e que já estão na rua 7 mil exemplares? Pois podem acreditar que é verdade.



Crónicas e croniquetas. Histórias da vida real mas também aquelas que ele desejava que lhe acontecessem. Simpático, extrovertido e “menino de copo de leite”. Será isso tudo e muito mais.

O seu programa, e agora o livro, descontraído desinibido, perverso até, com laivos de libertinagem encerra em si uma análise afiada e certeira à sociedade actual. Daí ser apreciado pelos jovens de todas as idades, incluindo os menos jovens.



A minha vida é um Cabaret
Rui Unas
Texto Editora, 2004
127 páginas


quinta-feira, maio 20, 2004

limos verdes na beira-mar


coleccionar... pacotes de açúcar

Uma vez por semana a Oficina vai dedicar um espaço ao coleccionismo de pacotes de açúcar. Esta colecção integra-se no espírito geral da Oficina “para todos” atendendo a quantidade e diversidade de peças existentes, a um custo reduzido, sem perder o interesse lúdico de coleccionar e aprender coleccionando.


Que designação dar aos coleccionadores de pacotes de açúcar?

Com base num estudo feito por Ribeiro de Abreu, do Clube Português de Coleccionadores de Pacotes de Açúcar, CLUPAC e baseado na opinião de grande crédito de José Manuel Pereira, podemos apresentar as seguintes pistas:

1)Pacote + Açúcar + Colecção
2)Filo + Pacote + Glicose

o que daria Glicopacofilia, Pacoglicofilia ou, simplesmente, Glicofilia.

As duas primeiras expressões traduzem com mais correcção a composição pretendida, enquanto a última é mais bonita, é doce e de melhor dicção e memorização.

Glicofilia, diz que somos amigos do açúcar, quando o que gostamos de coleccionar são os respectivos pacotinhos. Pedaços de papel que servem para acondicionar, proteger e dar higiene ao açúcar com que adoçamos o café ou o chá.

Fiquemos, então, por GLICOFILIA com os nossos agradecimentos ao José Manuel Pereira e ao José António Ribeiro de Abreu.



quarta-feira, maio 19, 2004

brincos... para uma princesa


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.

Hoje a Escritora delicia-nos com este texto:


Fazer um brinde à esperança

Caminharam ainda por um bom tempo em silêncio... certamente ainda a pensarem nas palavras um do outro.
Mas um grito vindo de mais longe rompeu o silêncio.
_ Ei... esperem!! Esperem!!
Viramo-nos. Correndo, vinha um jovem, quase ainda uma criança, o reconheci logo que meus olhos definiram os contornos daquele rosto já um pouco sofrido. Era uma das tantas, que um dia esteve comigo em uma Oficina de Arte, das tantas que desenvolvemos em comunidades menos afortunadas. Havia, naquele momento, um sorrido naqueles olhos... isso também logo pude perceber.
Antes que ele chegasse perto de nós olhei para o meu amigo fotógrafo e sorri... retribuiu-me o sorriso ao mesmo tempo que me fez ver um olhar de ternura.. eu o fotografei com o piscar dos meus olhos.
_ Até que enfim cheguei... vi quando passaram por perto da minha casa, queria muito dar um abraço na senhora e dizer que hoje estou vivendo aqui neste lugar.. consegui ajudar meus pais a comprarem uma casinha aqui com o trabalho que faço hoje depois que tive a oportunidade de aprender em nossa oficina. Faço trabalhos bonitos, muitas pessoas gostam e compram minhas peças.
Percebi a felicidade e a dignidade em seus olhos... a minha felicidade era ainda maior que a dele... fiquei visivelmente emocionada.
Dei nele um longo abraço e apresentei-lhe meu amigo.
Abraçaram-se também.
Seguimos ainda alguns minutos juntos a conversar. Meu amigo lhe fazia algumas perguntas ao que ele respondia com enorme empolgação. Falei pouco. Estava pensativa... feliz e pensativa.
_ Vou ficando por aqui disse ele. Nos despedimos.
Olhei para o meu amigo e não pude conter minhas lágrimas... chorei.
Ele me abraçou, sabia o que eu estava sentindo.
_ Mesmo que só uma entre tantas crianças consiga o que este conseguiu, ainda assim vale a pena acreditar em mudanças, vale a pena ter esperança. Ele, possivelmente levará a outras pessoas o seu exemplo como estímulo. É uma corrente. Agora já um leve sorriso estava em meus lábios.
Continuei...
_ Um dia, uma criança como esta que vimos, acreditou que seria possível mudar sua vida, o país, talvez mudar o mundo, e hoje ele conseguiu mais fortemente iniciar esta mudança, mesmo que apareçam outros que o tendem desestimular de várias maneiras, denegrindo, humilhando.
Meu amigo, tinha ainda um olhar de ternura ao me ouvir falar. Sabia que falava de alguém que dividíamos a nossa admiração... a quem ele tão sabiamente chamava de “Cavaleiro da Esperança”
_O Cavaleiro da Esperança. Disse ele.
Não precisava dizer mais nada. Demo-nos as mãos, descemos mais próximo ao mar, tão grande, atlântico sem fim... sentamo-nos em uma mesa com uma visão extraordinária.
Disse-me:
_ Podemos fazer um brinde à esperança?
_Devemos, devemos.


terça-feira, maio 18, 2004

encontro de blogs expo-guadiana


a banda do cidadão em acção

Vivências reais, contadas ao estilo de contos curtos, onde é posta a evidência a utilidade pública de um meio de comunicação rádio, muito em voga nas décadas de 80 e 90 do século passado. Chegaram a ser constituídas redes internacionais de emergência rádio com muitas acções humanitárias realizadas. Os governos dos diversos países do Mundo nunca viram com "bons olhos" este sistema, pois era um sistema de comunicações para todos, sem quaisquer tipo de fronteiras.


Os cebeístas colaboraram no "alerta ovni"

Desde o princípio da noite daquele sábado de Outubro que diversos "moveis" equipados com rádio CB se foram concentrando no aparcamento EL Cruce, junto à praia de Punta Umbria, muito perto de Huelva.

O seu objectivo era acompanhar mais de duzentas pessoas, amantes da ovniologia, que iam iniciar uma jornada de observação que designaram como "Alerta OVNI".

Montada para o efeito uma rede de comunicação rádio CB por forma que a partir de vários pontos dispersos pela região fossem transmitidas as informações resultantes da observação para bases que se encontravam atentas aos acontecimentos.

Uma das bases funcionava na própria praia de El Cruce, enquanto outra tinha sido montada no topo do "Cerro del Aguila" e tinha como finalidade estabelecer o controlo de todos os "moveis" que dispersos por vários pontos da serra procediam às observações.

Dezenas de dados foram recolhidos durante esta noite de observação, cuja análise ficou a cargo da delegação de Huelva do GEIFO, Grupo Espanhol de Investigação do Fenómeno OVNI.

segunda-feira, maio 17, 2004

amor perfeito


espaço de poetar

Mar Eterno

Oceano, mar eterno, que te espraias no doirado areal
Festejas em espuma branca e leve o vigor da Natureza
Inspirada bailação ao ritmo do sentir e do querer
Crias obras de arte, desenhos, esculturas, qual artista genial
Inventas novas formas, cores e traços que aplicas com firmeza
Na tela da vida, no devir, que do sonho se faz viver.
A transparência da água é como a alma do músico ou do poeta

De mansinho vem beijar as areias que o Sol aquece e ilumina
Amando cada momento do tempo que passa veloz sem parar
Só medido pelo fluxo de areia fugidia da velha ampulheta.

Inebriantes melodias enchem o ar com sons de ocarina
Dando companhia a palavras certas da arte de versejar
E o mar, sábio pela vivência e pelo muito observar
Indica a rota a percorrer para o sonho atingir
Amizade, que amor mais forte não há , na certeza do pensar
Solidariedade o sublime sentimento de quem melhor sabe sentir.

domingo, maio 16, 2004

caminhando se faz caminho

Alguns apontamentos sobre pequenos percursos em que os sentidos são despertos para o Património Natural e Construído através das cores e dos odores, das estórias e das tradições, dos saberes e dos sentires. Venham connosco fazer este caminho...


da Exposição de Arte até ao Portinho, pela Arrábida

Uma exposição de obras de arte é sempre um bom começo de uma caminhada. Tal aconteceu nas instalações da JP Vinhos onde se encontra patente ao público a exposição “Arte Vinho Paixão” com obras do acervo de Joe Berardo. Na impossibilidade de fotografar as obras expostas aqui fica uma não menos preciosa oliveira milenar.



O jardim envolvente merece, por si só, uma visita cuidada tantos são os pontos de interesse. Além de uma vegetação luxuriante e de apontamentos escultóricos dispersos um pouco por todo o espaço ajardinado, podemos ser surpreendidos a cada momento pelo surgir de uma imagem extraordinária.



Antes de iniciarmos a subida para a Serra da Arrábida, logo a seguir a Vila Nogueira de Azeitão, uma paragem no salão de chá da Cerâmica Lampadário. Pasteis de leite, pão com manteiga de ovelha ou com queijo de Azeitão é reconfortante. Antes do reinício da viagem a visita ao atelier das ceramistas.



Depois de subir a Arrábida, Casal da Serra passado e o Convento dos Monges Arrabidinos lá ao longe, a descida para o nível do mar pela curva bem apertada junto à casa onde viveu Sebastião da Gama, o professor da sala 20 do meu baú de memórias, e logo estamos no Portinho da Arrábida.



Vigilantes e atentas, as gaivotas preparam cada voo que efectuam para um objectivo bem determinado. Ou rodopiam saltitando de rocha em rocha debicando os pedaços de pão que lhes atiram do restaurante mais próximo, ou ensaiam longos voos ao horizonte do oceano na procura de um barco que traga o peixe de que tanto gostam.



Tranquilidade. O voo da gaivota confunde-se com as “asas” do mar azul no fim-de-tarde que se aproxima. Com as voltas que a costa dá o pôr-do-sol não está do lado do mar, mas para lá da montanha que esconde sonhos e esperanças.




sábado, maio 15, 2004

campo de rosmaninhos


Serra da Arrábida

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Defender a ética jornalística

O reencontro foi no jardim sobranceiro àquele amplo mar, àquele Atlântico sem fim, que ali à beira da Terra Verde-e-Amarela deixa que as embarcações desenhem imagem de prata no seu fundo muito azul. Foi um amanhecer agradável para o Fotógrafo e para a Escritora, sem que esta, boa observadora, não comentasse: _Que se passa consigo, caro amigo? _Vejo-lhe sombra no olhar...

O Fotógrafo não resistiu muito tempo antes de desabafar: _O poder, o poder financeiro que quer dominar o Mundo, não dá tréguas. _Veja a campanha que estão a fazer contra o Cavaleiro da Esperança. O Fotógrafo que sempre afirma considerá-lo o herdeiro digno do saudoso Prestes.

A Escritora acrescentou: _É verdade... caro amigo, Que dignidade têm os homens que escrevem para os órgãos de informação, quando recorrem à difamação para justificarem as sua teses políticas. E mais grave. As teses políticas dos seus patrões, que quando eles deixarem de servir os espezinham.

_E se isso não bastasse, esse tipo de notícias serve para achincalhar, serve para denegrir em coro, serve para tentar humilhar. _Ao fim e ao cabo de nada ajuda o progresso que pretendemos para o nosso País.

O caminho ia sendo feito, calçada acima. Era fácil observar no rosto das pessoas, no rosto do “povão”, laivos de esperança que há muitos anos não seria possível vislumbrar. Uma coisa é a fantasia e a alegria fantasiada para Carnaval ver e tristezas esquecer, outra, era o ar leve afectuoso que as pessoas mostravam, até mesmo os “meninos da rua”, hoje com mais esperança no futuro do que nunca.

O Fotógrafo acrescentou, interrompendo os pensamentos que se atravessaram entre os dois ao verem tanta gente a caminhar para os seus empregos com a esperança estampada no rosto: _Resta, querida amiga, haver gente que vai mais fundo nas suas análises e observações. _ Reconhecer que a reportagem do NYT foi somente baseada em fofocas, boatos e piadinhas, deixa ver perfeitamente a envergadura moral do jornalista que escreveu o artigo. _Olhe só lhe digo, esta matéria poderia perfeitamente ser utilizada na faculdade da comunicação como exemplo de jornalismo vagabundo, quem sabe, politicamente motivado.

A Escritora sorriu. Tinha guardado uma surpresa para o Fotógrafo depois de lhe ter dado tempo suficiente para que ele desenvolvesse o seu pensamento. _Você tem toda a razão. _Tem mais razão do que pensa que tem! Veja esta notícia que aqui tenho... “Governo aceita desculpas e Rother (o jornalista do NYT) pode ficar no Brasil”.

_O Presidente Lula tem grande apreço pela liberdade de imprensa, mas não pode pactuar com actos de má fé. _Teve capacidade de reagir duramente perante o facto e de recuar no momento adequado, perante a retractação do jornalista.

O semblante do Fotógrafo estava mais leve quando reataram a caminhada calçada acima.

sexta-feira, maio 14, 2004

A tortura da lavagem automática

A tortura da lavagem automática

Não se trata de qualquer fobia das gentes da Oficina, nem tão pouco uma posição negativista relativamente à lavagem automática dos veículos automóveis. Tão somente de um exercício de tortura e tormenta da vida do dia-a-dia. Esta ideia foi cedida à Oficina pelo pavilhão da Alemanha da Expo'98.


Água e espuma transformam um solarengo dia de Primavera num túnel de escuridão, com aceleração da batida cardíaca e os primeiros sentires de claustrofobia emergente.




A primeira passagem dos rolos de limpeza é uma ameaça de esmagamento por um cilindro rotativo que mesmo na retirada é tenebroso.




A escuridão quase total antecede o lançar de um banho de cera quente que apresentando-se com a promessa de uma maior protecção pode resultar em um arrancar de pele pela força do calor.




Se a cor fosse outra, talvez para os tons do verde esperança, poderíamos esperar tempos melhores. Assim...




Fase final, a secagem, sempre me faz lembrar a estória em que por falha dos sensores das células foto-eléctricas o tejadilho do automóvel foi totalmente destruído.



quinta-feira, maio 13, 2004

gaivota


a minha opinião

Ainda a polémica "A Anacom quer silenciar a blogoesfera"

Antes de tecer novos comentários sobre a preocupante situação de uma possível intervenção da Anacom no âmbito do controlo de conteúdos da blogoesfera vou transcrever os comentários de alguns leitores que entenderam por bem fazer os seus sublinhados a este tema.

O António Dias escreveu: “Da intenção à acção não lhes vai ser fácil percorrer um caminho cheio de dificuldades. Viu-se o que foi, há uns anos, com a Banda do Cidadão. Ver-se-á o que (não) vai ser com a blogoesfera.”

Eu entendo que a grande força da Banda do Cidadão quando a Direcção dos Serviços de Comunicações pretendeu no início dos anos 80 do século passado silenciá-la, foi a sua organização. A força das associações e especialmente a força da Federação do Sul e Ilhas foi determinante para o êxito dos utentes. Ninguém consegue fazer ouvir individualmente a sua razão perante as instituições. Agora como já li algures nas discussões na blogoesfera sobre este assunto é importante que os blogueiros se unam para esta ou outra luta qualquer que seja necessário vir a travar.

A Whitebaal, do O Mocho, escreveu: “É uma vergonha! De facto tem de ser um assunto discutido por todos quantos defendem a liberdade de expressão!”

Quem há muitos anos acompanha a actuação das diversas entidades que têm tido a seu cargo a tutela das comunicações, no seu âmbito mais lato, não estranha esse tipo de decisão, mesmo que neste momento possa ser desmentido. Têm sido cometidos autênticos atropelos contra a possibilidade das pessoas comunicarem livremente entre si.

The Old Man, do The Old Man, escreveu: “A nós vão ter que nos apagar dos "States"...”

Uma das formas de “censurar” mesmo quando há a certeza de que tecnicamente é impossível de impedir uma situação, é legislar, proibindo. Sabemos por experiência de situações semelhantes anteriores que o facto de haver legislação proibindo é factor de desmotivação, mesmo sabendo-se que a fiscalização não é actuante.

O Eduardo, do Bloguices, escreveu: “A Anacom já se retractou. Mas pergunto eu: como é que eles conseguiriam?”

Do meu ponto de vista o jurista Pedro Amorim não trouxe este assunto à colação ingenuamente. Como diz o ditado “Não há fumo sem fogo”. Daí que o facto de haver um desmentido da Anacom não pode induzir a que os utentes da blogoesfera baixem a guarda.

Na conclusão do singelo escrito de hoje julgo ser importante deixar a mensagem da necessidade de os blogueiros se organizarem, independentemente do estilo e sentido do seu blog, mas no objectivo da defesa de algo que todos muito prezam: o gosto pela expressão livre das ideias, dos saberes e dos sentires.

quarta-feira, maio 12, 2004

uma flor para... a lina


Com o desejo de um Feliz Aniversário

a minha opinião

A Anacon pretende “silenciar” a Blogoesfera

Cabe à Anacom, Autoridade Nacional das Comunicações, as funções de normalização, gestão, regulamentação e fiscalização, cobrindo as diversas áreas que utilizam o espectro radioeléctrico: Comunicações, Radiocomunicações, Serviço Fixo de Telefones, Redes e Serviços Móveis, Acesso a Internet e tantos outros serviços.

A Anacom é a “herdeira” das funções desempenhadas pelos Correios Telégrafos e Telefones, nos anos 70 do século passado, pela Direcção dos Serviços de Comunicações, e depois pelo Instituto das Comunicações de Portugal.

Uma das grandes preocupações destes serviços públicos, especialmente quando dependentes de governos mais conservadores é, na verdade, as chamadas “comunicações de todos”. São aquelas a que é mais difícil efectuar fiscalização e onde o acesso não pergunta: _Qual a religião; _Qual o partido?; _Qual a cor da pele?; _Qual o extracto social?

São também as formas mais livres de comunicar, pois os conteúdos das mensagens dependem do saber e do querer de cada um. É a verdadeira imagem da comunicação não censurada. Essa imagem nunca nos é dada, na realidade, pelos órgãos da comunicação social, onde o poder financeiro dá ordens, nem sequer pelo nosso telemóvel, onde as escutas representam uma outra forma de censura, ou de auto-censura.

Pois as designadas “comunicações de todos” sempre representaram uma forte preocupação dos governantes que por todos os meios têm tentado intervir e determinar o rumo e os conteúdos das mesmas. Contudo, a necessidade imperiosa que o ser humano tem em comunicar livremente sempre tem encontrado caminhos alternativos a esta tentativa de prepotência por parte do poder instituído.

Mas concretamente do que estou a falar? Estou a falar da Banda do Cidadão, no Brasil Faixa do Cidadão, internacionalmente conhecida por Citizen’s Band, e que continua a movimentar milhões de pessoas em todo o Mundo.

Estou a falar da blogoesfera que encontra cada dia que passa mais aderentes e que neste momento representará a existência de um blogue em cada 50 famílias portuguesas. Número importante, sem dúvida, representando já algum impacto em termos estatísticos de pessoas votantes.

Assim como nos finais dos anos 80 do século passado a então entidade da tutela, Instituto das Comunicações de Portugal, tudo fez relativamente à Banda do Cidadão, para a silenciar, também hoje a Anacon, evocando os argumentos de então pretende silenciar a blogoesfera.

Não vamos permitir que tal aconteça. Voltarei a este assunto...

terça-feira, maio 11, 2004

na asa de um qualquer sonho


a banda do cidadão em acção

Vivências reais, contadas ao estilo de contos curtos, onde é posta a evidência a utilidade pública de um meio de comunicação rádio, muito em voga nas décadas de 80 e 90 do século passado. Chegaram a ser constituídas redes internacionais de emergência rádio com muitas acções humanitárias realizadas. Os governos dos diversos países do Mundo nunca viram com "bons olhos" este sistema, pois era um sistema de comunicações para todos, sem quaisquer tipo de fronteiras.


A CB de San Roque em “alerta vermelho”

Com grande abnegação, numa entrega total os cebeístas de San Roque, na província de Cádiz participaram empenhadamente nas acções de salvamento, aquando das grandes inundações que afectaram a zona sul da Andaluzia, concretamente os Campos de Gibraltar, nos finais do ano de 1989.

Uma vez mais os utentes da Banda do Cidadão usando as potencialidades técnicas que as autoridades espanholas acabaram por conceder prestaram ajuda nas tarefas de auxílio e controlo da rodovia em estreita colaboração com a Guardia Civil, o Ayuntamento e a protecção civil de Cádiz.

Ao alarme de "alerta vermelho" na zona dado pelo Governo Civil grande número de cebeístas pertencentes à associação local Asociación Radio Aficionados San Roque avançaram para as estradas com seus "barras moveis" para ajudar no que fosse necessário, pesasse a grande quantidade de água que caía no momento.

Outros cebeístas mantiveram se nas respectivas residências, nos QTH na expectativa da necessidade de retransmissões para maiores distâncias, onde fosse necessário fazer chegar as mensagens.

Tendo em conta a saída do leito do rio Guadarranque, grande parte dos cebeístas afluíram para essa zona, muito embora outros se mantivessem em San Roque, Campamento e Puente Mayorga.

Facto curioso, a presença do alcalde Andrés Melchán Cotos, que através da banda dos 11 metros, saudou e incentivou todos os cebeístas intervenientes nesta acção de emergência o que calou profundamente a sensibilidade daqueles que desinteressadamente deitaram mãos à tarefa.

A alerta prolongou se por diversos dias, na expectativa que felizmente não veio a concretizar se da necessidade de evacuar parte da zona afectada se a situação se viesse a agravar.

segunda-feira, maio 10, 2004

rosa vermelha... paixão


do fundo do baú das memórias

Relembrar algumas das memórias que se encontram bem lá no fundo do baú onde guardamos recordações de situações vividas há muito ou que nos foram contadas pelos mais velhos


A espera

Escrevinhava eu singelos textos para colocar na Oficina das Ideias quando, sem saber de razões, se me apresentou à curiosidade o “meu baú de memórias”. Pediu-me que o abrisse e assim o fiz.

Fiquei, então, deveras surpreendido por, passado meio século sobre os acontecimentos, os mesmos se apresentarem ali com toda a frescura original, avivando-me memórias há muito perdidas. Na verdade, vasculhando alçapão após alçapão, destapando mais uma caixa que dentro de outra se encontrava, fui libertando recordações e tendo a felicidade de as partilhar neste espaço.

Numa caixinha, factos passados nos meus primeiros anos de vida, dois anos? Quatro anos de idade? Depois a ida para a escola primária e o mundo que na época me rodeava que ao levantar uma tampa me surgiram claramente na lembrança. A seguir as primeiras saídas da aldeia, sim da aldeia da Amadora, para a escola da Cruz da Pedra. Noutro espaço do baú encontravam-se os factos dos meus doze anos e alguns tempos depois.

Dei, por essa altura, comigo a tentar abrir novas portas ou mesmo janelas que fosse das minhas memórias e a não conseguir fazê-lo. Um bom conselheiro segredou-me: _Dá tempo ao tempo! Verás que outras lembranças virão...

E aqui estou eu a dar tempo ao tempo. Esse tempo que passa tão fugidio, por vezes tão lento no seu eterno caminhar. Vou esperar. Se a oportunidade surgir, continuarei a minha partilha com quem me quiser ouvir.

domingo, maio 09, 2004

a arte de sublinhar

Quando numa simples folha branca junto letras e palavras, procuro formar frases e dar-lhe algum sentido, quer se trate de prosa ou de poesia, deixo correr a pena ao sabor da inspiração e, muito raramente, corrijo o que saiu à primeira espontaneamente.

Por vezes efectuo um retoque ou outro, mais em termos de harmonia da frase do que do seu real conteúdo. Mas o escrito só ganha efectivamente vida quando um leitor atento e amigo o lê.

Acontece, então, que num texto em que todas as frases têm para mim a mesma importância, o leitor encontra necessidade de efectuar um sublinhado, pois algo o sensibilizou de forma mais profunda. Recebi nota de dois sublinhados que considero esplendorosos, pois valorizaram de forma sublime duas frases que escrevi algures.

Da Montse, minha querida amiga da Catalunha recebi este sublinhado:
As pétalas das mais belas rosas do meu jardim
Juntaram-se em harmonia para desenhar tão bela boca


Por seu lado, a Alfonsina, querida amiga que na Venezuela vive sublinhou:
Guardar na memória o percurso infindável por terras e mares, por sentires e quereres, sem idioma nem bandeira

Que melhor reconhecimento eu poderia desejar?

caminhando se faz caminho

Alguns apontamentos sobre pequenos percursos em que os sentidos são despertos para o Património Natural e Construído através das cores e dos odores, das estórias e das tradições, dos saberes e dos sentires. Venham connosco fazer este caminho...


de S. Torpes até Porto Covo e Ilha do Pessegueiro

Porque tomou S. Torpes esta designação não fui investigar, mas sempre me lembra St. Tropez, na Reviera Francesa. Daqui iniciámos a caminhada de hoje, após um delicioso repasto no restaurante Bom Petisco, sobranceiro ao mar, com saudades do velho “Mano Zé e Mana Bia”.



Percorrer a estrada municipal que vai sempre junto à costa, com acesso às praias por pequenos atalhos. Descobrem-se, então, recantos paradisíacos e de encantar. Aqui a Praia da Vieirinha, também conhecida por Pedra da Casca. Mais adiante outro recanto que os namorados procuram.



Local tranquilo, paradisíaco mesmo, é muito procurado por quem aprecia o contacto total com a Natureza. O mar azul e o prateado do espraiar das ondas na areia fazem esquecer a zona industrial existente ali tão perto.



As falésias dunares protegem as pequenas praias dos ventos dominantes, mas são igualmente lugares privilegiados para as flores campestres se desenvolverem em todo o seu esplendor. Grandes mantos florais ou pequenas flores isoladas deslumbram o nosso olhar e animam os nossos restantes sentires.



A Praia do Burrinho, de mar muito batido, “mar macho” como lhe chamam os pescadores, é o ideal para a pesca e para a prática do mergulho. Mas apela, igualmente, à meditação e à tranquila observação. Aqui e ali, o silêncio é cortado pelo som agudo dos guinchos das gaivotas nos seus voos rasantes à falésia.



Cantada e celebrizada pelo cantor rock português Rui Veloso, a Ilha do Pessegueiro, constitui com o castelo fronteiro situado na praia do mesmo nome um importante conjunto de arqueologia militar, cujas instalações defendiam em tempos idos as proximidades da costa portuguesa.



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