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domingo, agosto 31, 2008

uma flor para... o david


mais um ano na vida de um filhos
íntegro, trabalhador, dedicado
é motivo de orglho triplicado




Rosa vermelha dos jardins do Pinheirinho, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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devir sonhado

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


Viver marés de medos e tormentos
Nas ondas do mar encapeladas
Procurar que seja por momentos
O doce espraiar das madrugadas

Na silhueta dos tempos já passados
Olhar perdido no mar, no horizonte
São memórias dos caminhos já andados
Deste eterno navegar, desta ponte.

Marinheiro que se queda em terra firme
Sem o acre sabor do mar salgado
É solidão profunda, há quem afirme

Preferir a crispação do barco alado
De pé à popa com o olhar firme
Continuar a luta pelo devir sonhado.

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sábado, agosto 30, 2008

matiz da vida


no suave matiz das tonalidades
está a promessa de um outono já aí
feito primavera da vida




Rosa matizada dos jardins do Pinheirinho, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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na senda do "tempo de pedra" - 1

na senda do “Tempo de Pedra”
O adro da igreja é o centro do universo nas pequenas aldeias. Lugar de conversa, de passar notícias e de aumentar um ponto a um conto, é sítio de mercar a jorna e de adquirir alguns pertences. É no adro da igreja que o tempo passa. Para contar o tempo que passa e para marcar o ritmo da vida existe o relógio de sol à vista de todo o Povo.


na Igreja de São João Decolado, em Terrugem –Sintra

Em 1807 o tempo deixou de ser contado com uma pedra para passar a sê-lo através de um relógio mecânico implantado na torre sineira única da igreja de traça manuelina e maneirista votiva de São João Degolado, que tem no altar alusiva escultura policromada que representa a cabeça de São João Baptista. Quis a memória dos homens que o relógio de sol se mantivesse em suporte apropriado no cunhal direito da referida igreja.



Este relógio de sol esta colocado numa colunata de pedra que se ergue, especialmente quando observado de ângulo adequado, na direcção do firmamento entre a torre da igreja e fogaréus que além de coroarem a torre dão encanto ao próprio telhado da igreja que teve o seu início de construção provavelmente ainda no século XVI.



O relógio de sol é do tipo vertical talhado em pedra, a região é rica em calcários de excelente qualidade, tem as marcações horárias em numeração romana e o gnómon encontra-se ausente, por certo perdido com o rolar dos tempos. No mostrador do relógio de sol está gravada uma data incompleta “17 4?” e no corpo vertical do mesmo, de baixo para cima: “TE I X R A . ”, “. P . N . A . V . ” e “I M I”.




Para saber mais:
As Sombras do Tempo
Wikipédia
Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa
Relógios de Sol, de Nuno Crato, Suzana Metello de Nápoles e Fernando Correia de Oliveira – edição CTTCorreios

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sexta-feira, agosto 29, 2008

um mar de flores


doiradas pela energia do astro-rei
bordam a passadeira que recebe os amantes
desse tão belo mar azul




Floral junto ao Grande Areal, Praia do Sol, Almada - Portugal

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simples palavras simples

As palavras que se dizem, aquelas que não são ditas
Os silêncios que se calam, que são gritos de revolta
A esperança que se realiza, no sonho de que se solta
Um futuro construído, nas palavras que são escritas.

As palavras que se escrevem mais aquelas que são ditas
Formam frases de sentires, em sentimentos de revolta
Na luta pela igualdade que da solidariedade se solta
No rumo certo das verdades que no pensar ficam escritas.

A força do nosso âmago que se exterioriza em revolta
É solidariedade sentida nas palavras que são escritas
É a força de um sonho que a esperança liberta e solta

É o querer que vem da alma nas palavras que são ditas
É o cavalo alazão liberto, que em forte galopar se solta
Rumo à justiça e à verdade que nas palavras estão escritas.

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quinta-feira, agosto 28, 2008

beleza e vivacidade


beleza cândida e atrevida
será possível simultaneamente?
eis a prova natural




hibisco branco e carmim do jardim de Belas, Sintra - Portugal

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amar um relógio de sol

De como Shakespeare não teve a inspiração dada pela musa do Tejo... muito mais bela teria sido a sua obra se tivesse conseguido juntar a sua genialidade à suavidade lusa. Mas a musa do Tejo apaixonou-se por um relógio do sol nas terras da gente gália e no seu sonho seguiu.

Musa de poetas, escritores
Fonte de inspiração
Rimas soltas e flores
São sua grande paixão
Em sublime emoção.

O gálio poeta maior
Não teve a musa do Tejo
Profícuo de grande valor
Teria cantado o desejo
Na melodia de um beijo.

Em terras de gália gente
Uma lusa encantada
Sentiu atracção pungente
Sensação inusitada
Um querer e ser amada.

Vivaz como um girassol
De amarelo se vestiu
Amar um relógio de sol
No sonho que então sentiu
O seu destino seguiu.

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quarta-feira, agosto 27, 2008

matar a sede


esvoaçam animados brincalhões
na procura da água fresca sempre a correr
no bebedouro que tomaram como seu




Pombos no bebedouro do jardim de Belas, Sintra - Portugal

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a praia de setembro na caparica é assim: tranquila

O mês de Agosto aproxima-se rapidamente do seu fila e os veraneantes já regressaram às suas casas, pois está no tempo da criançada voltar para as escolas, alguns irão pela primeira vez, e ainda há que fazer as limpezas mais profundas reservadas para o fim do Verão.

No mês de Setembro, aquele que anuncia os outonais tempos, no grande e doirado areal já não existe a agitação dos dias de Agosto, nem os autênticos desfiles de moda de banho que os mais atentos sempre acompanham. Agora o areal encontra-se salpicado de um ou outro colorido chapéu de sol que dá sombra a um casal mais idoso, a uma família incompleta pois um dos cônjuges já regressou entretanto à rotina diária do emprego ou a um par de namorados sedento dos últimos raios de sol de um Verão que em breve irá terminar.

A temperatura é agora mais amena, corre até uma ligeira brisa vinda do mar carregada de gotículas de água salgada. Algumas nuvens já decoram o azul do céu, dando-lhe uma beleza diferente, mais fotogénico sem dúvida. Já não chegam autocarros carregados de pessoas que vêm usufruir de uma praia “aqui tão perto”.

E o mar? O mar está belo como nunca. Batido, agitado, salpica o azul verde com o prateado da rebentação forte das ondas. Mas está silencioso. Lá mais perto do equinócio o seu troar ouvir-se-á muito para lá da arriba. As gaivotas que ainda patinham a areia molhada retirar-se-ão para a segurança do interior. Substituirão a dieta de peixe por aquilo que encontrarem.

É agora o tempo da mudança. Então o mar espraia-se docemente no areal num último carinho estival.

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terça-feira, agosto 26, 2008

à moda antiga


era assim à moda antiga
os utensílios, a forma de trabalhar
quanta evolução, quanto avanço em poucas dezenas de anos




"Velharias" na Feira Internacional do Artesanato 2008, F.I.L., Lisboa - Portugal

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a penitência da cerveja preta

Conta a tradição que os monges de Munique, em plena Idade Média, nas suas divagações alquimistas, criaram uma beberagem com origem nos grãos de cevada torrados que não era, nem mais nem menos, que a cerveja preta, a que chamavam pomposamente “pão líquido”. Escusado será escrever o quanto “abusavam” desta deliciosa bebida de forte travo mas ao mesmo tempo borbulhante e refrescante.

O facto assaz curioso, eram notórias as tremendas bebedeiras que os monges apanhavam com frequência, chegou ao conhecimento do Papa que, de pronto, quis saber que bebida seria essa. Enviou mesmo a região bavárica uma delegação de clericais cientistas para avaliarem da razão e dimensão deste tão estranho acontecimento.

Pouco resultou dos relatos dos membros desta delegação, atabalhoados nas conclusões, contaminados pelos efeitos desta tão exótica beberagem. Ao ponto de o Papa ter enviado uma intimação para que transportassem para Roma amostras deste líquido castanho onde seria analisado pelos maiores especialistas.

Com os transportes demorados da época, a longa distância entre Munique e Roma foi percorrida em muitos dias, quiçá, longos meses, o que levou a que quando a cerveja preta chegou à prova do Papa estava tão azeda e intragável que este decretou que aquela beberagem passasse a ser tomada como penitência.

Para os mais pecadores, o castigo era logo ministrado ao pequeno-almoço. E repetia-se algumas vezes ao dia. Donde ficou o hábito nesta cidade da Baviera de que as primeiras cervejas do dia fossem logo tomadas pela manhã. Há mesmo locais em que até ao meio-dia a cerveja é tomada como penitência pelo que somente servem cerveja preta.

Loura, preta ou ruiva a cerveja bem gelada mais do que uma bebida para refrescar ou acompanhar uma refeição, é uma verdadeira companhia. Há mesmo quem mantenha dois dedos de conversa com uma “loirinha” bem gelada.


Mas... “estupidamente gelada” é um mito. O seu paladar único e esquisito é alterado pelas temperaturas demasiadamente baixas.

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segunda-feira, agosto 25, 2008

saltei da moldura


saltei da moldura e fugi
ganhei vida, caminhei
e sorri




Artesanato Urbano, Feira Internacional do Artesanato 2008, F.I.L., Lisboa - Portugal

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sorriso

Então...
Sempre que sorris meus olhos brilham
Não importa o que dizes
Pois o teu sentir
Vai muito além das palavras
Das frases, do romance.
Teu sorriso é o sonho
É a magia
Que no cruzar da vida
Do querer
Dois sorrisos num só, são o caminho
Sorriso.

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domingo, agosto 24, 2008

para ti que és uma princesa


recebe estes brincos que colhi
entre os mais belos do meu jardim
em teu grande merecimento




"Brincos de Primcesa" dos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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um papel em branco

Naquele dia, vindo das terras do longe, chegou à povoação um homem velho, tez crestada pelo sol, andrajoso, amparado a um bordão seu companheiro de longas caminhadas. Só dele se abeiravam os cães que na sua liberdade de vaguear pelas ruas pareciam reconhecê-lo. Aproximavam-se com a cauda a dar a dar de contentamento. Não lhe ladravam tampouco.

As pessoas, essas evitavam com ele cruzar-se, temendo serem importunadas por esse homem velho que tinha todo o aspecto de ter realizado longa caminhada, embora não fizesse qualquer gesto que indicasse que procurava repousar. Antes, o seu olhar percorria o espaço que o rodeava, na procura sabe-se lá do quê.

A mulher que descia a rua pelo mesmo passeio e que não se desviou do velho homem, ficou surpreendida, ao cruzar-se com ele, com o brilho do seu olhar e com o odor a jasmineiros que de sua figura suja e andrajosa emanava. A mulher sentiu-se, por momentos, estonteada e teve que procurar apoio na parede mais próxima.

No boteco da esquina o velho entrou e tomou uma cerveja, bebida mesmo pela garrafa. Pagou com uma moeda que foi buscar lá bem no fundo do bolso das calças e junto com a qual vinha um pedaço de papel. Estendeu-o ao empregado do boteco, dizendo-lhe:

“_Algum dia uma bela mulher entrará aqui com as lágrimas nos olhos. Entregue-lhe este pedaço de papel.

Logo que o velho homem saiu do boteco, o empregado, roído de curiosidade, desdobrou o papel para poder ler o que lá estaria escrito. Grande decepção. O pedaço de papel estava completamente em branco. Contudo, seguindo as indicações do velho homem, guardou-o.

....................

Quando um dia entregar o mesmo pedaço de papel a uma bela mulher que entre no boteco com as lágrimas nos olhos, ela poderá ler:

Caminha! Ultrapassa vales e montes, mares e continentes... Vais sentir dificuldades, escolhos, traições... Com a tua força interior continua a caminhar que encontrarás a merecida tranquilidade... o bem estar”.

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sábado, agosto 23, 2008

são joão de terrugem


local de culto e devoção
na rota dos círios dos saloios
a tradição do povo que é crente



Igreja de São João Degolado, Terrugem, Sintra - Portugal

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os sinos já haviam tocado as ave-marias

Os sinos já haviam tocado as “ave-marias” há algum tempo, no chamamento dos fiéis para o ofício do fim de tarde, e o sol caminhava já para o ocaso, na direcção da Adraga e do mítico Cabo da Roca, embora em tempo de verão só viesse a “mergulhar” definitivamente no oceano lá para mais próximo das vinte e uma horas, quando cheguei ao adro da igreja.

O adro é murado, tem ali uma barreira bem marcada entre o religioso e o profano, embora coabitem, pois logo bem perto está o velho coreto onde a banda de música tem assento para animar as gentes com música clássica tocada de forma muito popular.

Mas nesta hora de final de dia a musicalidade é diferente. A missa é missa cantada e ouvem-se cá fora os cânticos religiosos que se vão intercalando com os dizeres do pároco e nas redondezas o silêncio respeitador somente interrompido pelo ruído do motor de uma ou outra motocicleta que passa na estrada principal.

No adro, dois homens e uma criança mantêm-se sem entrar na igreja. Os adultos talvez por não serem dados a coisas da religião, aguardam o regresso das suas consortes, a criança por traquina que se mostra não iria garantir a tranquilidade do culto.

Estamos junto à Igreja de São João Degolado, em Terrugem, no concelho de Sintra.

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sexta-feira, agosto 22, 2008

nos campos de alentejo


campos de flores lilazes
leito de amores furtivos
na primavera da vida



Sobreiro e flores lilazes, campos do Alentejo - Portugal

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comunicar livremente

É tema recorrente. Sempre que uma actividade humana mobiliza muita gente, “agarra” essas pessoas a uma participação activa, a questão volta a colocar-se. Debate-se, hoje em dia, amplamente e com muita acuidade o tema “Será que o uso da blogoesfera é viciante e afasta os utilizadores de um contacto mais directo e pessoal tão necessário à vida humana?”. Neste momento é tema de meditação em mais de uma vintena de blogues somente em Portugal. E não se trata, obviamente, de uma preocupação localizada.

Desde sempre o ser humano sentiu necessidade de comunicar. E não só no âmbito do seu seio familiar ou comunitário. Logo que a imaginação, a arte e o saber o permitiu quis levar esse acto de comunicar mais longe. Recordemo-nos, a título de exemplo, o grande avanço civilizacional que representou a capacidade (depois da sua invenção) de comunicar à distância através de sinais de fumo. E estamos a recuar à pré-história dos tempos.

A evolução foi constante neste campo da vida social, como em tantos outros, avanços técnicos e sociais, a ansiedade de chegar mais longe e mais rápido, a importância da comunicação, o alargamento cada vez maior dos canais de permuta de conhecimentos e de saber. Em plena “revolução industrial” surgiu a possibilidade de comunicar a longa distância sem qualquer suporte físico, nem a dependência da linha do horizonte. Que grande salto civilizacional representou a invenção e a generalização do uso da telegrafia sem fios.

O ser humano continuava no seu caminho de ampliação da capacidade de comunicar. Comunicação de cariz bidireccional, do diálogo, da permuta e da partilha, da troca de informações e da discussão de opiniões. O ser humano no seu expoente máximo do desenvolvimento social. Este desenvolvimento não agradava, contudo, a toda a gente. Não agradava, como não agrada ainda hoje, aos governos das nações, às elites que pretendem tudo controlar, até o pensamento humano.

O que lhes agrada e defendem é a existência de cada vez mais largos canais de comunicação mas que a sua utilização seja feita num único sentido, mantendo a maioria das pessoas como simples ouvintes sem capacidade de resposta. As televisões, as rádios, os meios de comunicação escrita valorizam cada vez menos a interactividade.

Rejeito ou utilizo com cautela a comunicação em que me “obrigam” a funcionar exclusivamente como receptor, especialmente quando detecto intenções de intoxicação, o que acontece amiúde nos debates televisivos, nos discursos dos políticos, nas conferências de imprensa. Não quero com isto dizer que numa comunicação dialogante não aprenda mais com o que oiço do que com o que digo, mas não invalida que não aceite ser forçado a ouvir quem nada tem para partilhar, antes pretende impor a sua “verdade” como dogma, logo, sem discussão.

Como há dias dizia um popular entrevistado por uma cadeia de televisão “eles falam muito mas nós não percebemos nada”. E quando o Povo não entende não sou eu suficientemente iluminado para aceitar ouvir.

O grande êxito dos meios de comunicação livres e populares, como é o caso da blogoesfera, como já foi nos anos 80 e 90 do século passado a Banda do Cidadão (comunicações rádio), é precisamente a capacidade que nos dão de formularmos a nossa opinião, de discutir as formas de pensar, de enriquecer, construindo, o nosso saber.

Não admira, pois, que este facto nos afaste da intoxicação permanente veiculada pelas televisões, que os sistemas no poder conseguiram transformar no local de reunião das famílias, antes durante e depois das refeições, onde a conversa e o diálogo estão afastados, “cala-te... deixa ouvir o que estão a dizer na tv!". Privilegiamos durante algum tempo da nossa vida este espaço de diálogo que não tem, forçosamente, de continuar permanentemente virtual.

É evidente que os psicólogos “de serviço aos poderes instituídos” já levantam a questão dos malefícios que este tipo de ocupação de tempos livres têm para a evolução social. Já o mesmo aconteceu com a Banda do Cidadão. Já o mesmo aconteceu nos tempos de ditadura “é proibido o ajuntamento de mais de três pessoas...”, acontecerá sempre em relação à necessidade e ao querer de utilização dos canais de comunicação cada vez mais tecnicamente evoluídos de uma forma livre e popular.

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quinta-feira, agosto 21, 2008

festejar


nos tempos da festa da vida
celebrar a vitória engalanada
com bagas vermelhas da mata



Bagas vermelhas, Mata dos Medos, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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número de oiro

17,67


saravá Nelson Évora

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quarta-feira, agosto 20, 2008

tchim tchim


no calor do tempo de estio
sabe bem a frescura de um copo de rosé
tchim tchim à saúde de todos nós



Degustação de rosé Vinha do Padre Pedro, adegas da Casa Cadaval, Muge - Portugal

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qualidade e moderação

Quando falamos de vinhos, numa roda de amigos interessados no assunto, é frequente vir à conversa o facto de ser mais importante a qualidade do que a quantidade do néctar degustado, sabendo-se à partida que haverá forçosamente diferenças nos preços da respectiva aquisição.

Vale mais beber um copo de vinho excelente do que ingerir uma maior quantidade de vinho de mais fraca qualidade”.

Beber um vinho de excelência é um acto de bom gosto, desde que feito com moderação, apreciando todas as suas características de aroma, de sabor, de cor e de brilho. Quanto importante é um “final de boca” agradável, por vezes com uma certa adstringência que, sem dúvida, muito irá contribuir para uma boa refeição.

Aliás, há entendidos nestas coisas de vinhos, nós não passamos de modestos amadores, que defendem que o primeiro acto de uma refeição será a escolha do vinho e, só depois, a selecção das vitualhas que melhor “casem” com esse vinho.

A preocupação sobre a qualidade dos vinhos não é coisa nova nem sequer o seu controlo uma “invenção” das entidades de segurança alimentar hoje tão em evidência nos meios de comunicação social. A “nobreza” assim o exige.

Em posturas da Câmara Municipal de Almada datadas do século XVIII, mais concretamente de 1750 [1] fomos encontrar:

“[190]
Postura que toda a taberneira ou qualquer outra pessoa que comprar vinho para tornar a vender a pipa que ahy receber o vinho será afillada e marcada pello juiz do officio desta villa.

Acordaram os ditos officiais e homens bons e puzerão por postura que toda a taberneira ou /fl. 67 v./ qualquer outra pessoa asim desta villa como do seu termo que vinho comprar para vender, a pipa com que mercar o vinho será marcada pello juiz do officio desta villa, e o que o contrario fizer, ou lhe for achada a tal pipa sem a dita marca pagará mil reis e da cadeya e metade para o concelho e a outra metade para quem o accuzar, e a pipa será queimada”
.

A propósito do vinho e do beber vinho gosto de retirar sempre do meu baú de memórias uma história simples que para mim foi muito marcante, ao ponte de a recordar quando já passaram sobre ela quase sessenta anos.

Um dia, como acontecia com frequência, fui fazer um recado à minha mãe. Fui à Cova Funda, designação dada à taberna do senhor Silva que ficava a cerca de duas ou três dezenas de metros da nossa casa, comprar uma garrafa de vinho para a refeição dos adultos da casa.

Um cliente habitual do copo de vinho encostado ao balcão corrido de pedra mármore pedia: “Ó Silva, dá-me um copo de três!” Acto contínuo após ser servido deitou a mão ao copo que de seguida caiu e se estilhaçou em mil pedaços espalhando o vinho pelo chão de pedra da taberna.

“Então ó Silva pedi-te um copo de três, deste-me um copo de dois... já tenho a mão feita para a medida, este foi parar ao chão...”

Foi gargalhada geral. O que acontece é que este cliente não seguia a recomendação de que “vale mais beber um copo de bom vinho do que muitos de zurrapa”.


Saber mais:
[1] Posturas da Câmara Municipal de Almada, em 1750, in Almada na História, Boletim de Fontes Documentais, 7-8

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terça-feira, agosto 19, 2008

um jarro especial


um jarro de cor amarela
o sol concentrado numa flor
encanta quem tem o prazer de a encontrar



Jarro amarelo, Góis - Portugal

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a maçã

Aveludada, doce no tocar
Curvilineamente sensual
Os dedos percorrem-na sem parar
Excitam sua pele sideral (cidral)

O olhar pousa em breve carícia
Reflecte em si a ternura do sentir
Profundo ritual que é malícia
Pensamento fixado no devir

O olfacto, dos deuses privilégio
Deleita-se nos sentidos viciosos
Em sonhos ou será em sortilégio
Embala num alazão dos mais fogosos

O paraíso dos sentidos exacerbados
Na loucura das mais íntimas carícias
Local da vivência dos iniciados
Na sensualidade de infindáveis delícias

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segunda-feira, agosto 18, 2008

pena de góis


maciço rochoso, mítico
encerra em si todo o mistério dos tempos passados
Pena de Góis lhe chamaram



Rochedo da Pena de Góis, Góis - Portugal

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nocturnos sentires

Depois da hora do pôr-do-sol, quando o negro da noite começa a invadir o espaço de Vale do Rosal, o ambiente anima-se com novos movimentos e sons que à luz do dia se não verificavam. As aves nocturnas animam o tempo a partir daí e até alta madrugada com os seus piares agudos e frequentes voos de caça.

Em tempo de lua cheia é um encantamento fazer a contagem das silhuetas das aves que nos seus voos contrastam com a luminosidade lunar. Podem, inclusive, ser vislumbrados bandos migratórios que usam as horas nocturnas para efectuarem as suas deslocações de maior distância.

Os olhos das aves nocturnas, colocados na posição frontal, são redondos e amplos e contém em si muito mais células foto-sensíveis do que qualquer outra ave. O desenho característico das faces ajuda a conduzir mais som aos canais auditivos: Têm uma visão e uma audição extraordinárias.

Ligados, desde sempre, ao mistério, ao extrasensorial e ao sobrenatural estas aves incomparáveis continuam com forte presença no nosso imaginário. Não raro damos por nós a idealizar como serão as suas secretas vivências e que conhecimentos profundos terão acumulado no decorrer dos tempos.

Quando os oiço piar na tranquilidade das noites sinto um desejo profundo de melhor os conhecer, de decifrar o sentido do seu misterioso olhar. De conhecer o significado dos seus voos e dos seus piares.

Piuuuuu! Piuuuu! Piuuuu!

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domingo, agosto 17, 2008

livros de saramago


os livros de saramago
editados em todo o mundo
são tanto obra literária como percurso de vida



Parede com a totalidade da sua obra literária na exposição "A Consistência dos Sonhos", Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa - Portugal

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um "piercing" para o umbigo da oficina

De surpresa em surpresa


Com alguma frequência somos surpreendidos com o alcance que o modesto trabalho que vamos desenvolvendo na Oficina das Ideias, com o apoio e inspiração dados pelos nossos amigos leitores, atinge, chegando a esferas do saber e da investigação que nunca pensámos pudesse acontecer.

Os académicos brasileiros Elisa Vidal, Patrícia Azevedo e Gláucio Aranha, de Niterói, Rio de Janeiro, têm vindo a desenvolver um trabalho de pesquisa sobre “Das telas para o papel, blogs como fonte para a Literatura de Massa” de que agora tivemos conhecimento e que resumem da seguinte forma:

Novas formas de produção textual vêm sendo desenvolvidas com o avanço das novas tecnologias, dentre elas destaca-se no presente ensaio os blogs. A princípio considerados, principalmente, como diários virtuais de adolescentes, esta forma ganhou novos contornos a partir da agregação de recursos específicos que incrementavam seu grau de interactividade. O presente ensaio estabelece uma reflexão sobre o desenvolvimento dos blogs e a contribuição desta tecnologia para a formação de novos espaços literários, bem como para a consolidação de campos de experimentação e selecção para a indústria editorial brasileira.

No capítulo Blogs e Literatura referem:
Um efeito que merece ser destacado diz respeito à ampliação das fronteiras da língua. Muitas vezes utilizado por adolescentes ou usuários sem o domínio de outras línguas, os sistemas de busca conduzem os usuários para blogs de outros falantes da língua portuguesa. Fato este que pode ser notado, por exemplo, em “A Lâmpada Mágica”, “Local e Blogal”, “Escrita Ibérica” e “Oficina das Ideias”, espaços dedicados ao viés literário dos blogs, mas que transcendem as barreiras geográficas pela natureza do ciberespaço e do idioma comum aos brasileiros.

Uma vez mais, ficámos surpreendidos e sem palavras...


Saber mais:
Mídia e Literatura – Gláucio Aranha
Estudos de mídia, literatura comparada, literatura de massa, teorias da narrativa e novas tecnologias

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sábado, agosto 16, 2008

cúmplice luar


luar de agosto, o mais belo
cúmplice dos namorados e amantes
ofereceu-lhes este ano a protecção da penumbra



Lua Cheia (100%) ás 21.16 horas; eclipse parcial (na Europa) com início às 20:36 horas

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namoro de agosto

Abeirou-se do doirado areal enquanto descalçava os sapatos e as meias finas e arregaçava as calças de ganga já coçadas pelo uso mas que para este homem tisnado de rosto e cabelos desgrenhados de prata tinham quase um sentir mítico. Um prazer imenso percorreu-lhe o corpo quando os pés foram envolvidos pela fina areia no caminhar na direcção da suave rebentação do mar.

Sentou-se naquela zona em que o sol forte da tarde que terminava já secara a areia mas que ainda tem a consistência forte que o espraiar das ondas lhe tinha dado. Na linha do horizonte o sol mergulhava no mar, devorado pelos caranguejos como é uso os pescadores afirmarem enquanto o céu ainda há pouco azul forte ganhava laivos de doirado numa concorrência secular com a cor do Grande Areal.

No tempo em que o doirado do céu se foi atenuando e pareceu emergir do mar esverdeado tonalidades de lilás que dão novas cores ao firmamento este homem que pousava o olhar castanho nas lonjuras do horizonte sabia que não tardaria dos lados de sueste a surgir a maravilhosa Lua de Agosto, neste dia na sua plenitude de Lua Cheia.

Os seus pensamentos voltaram-se para a sua amada, a sua musa inspiradora, que sempre via reflectida na Lua em tempos de plenitude num namoro que durava até que a própria deusa do amor se perdesse na linha do infinito, no cíclico movimento em torno do planeta mãe. Hoje seria um namoro especial, com o sortilégio do Agosto, na memória das noites cálidas passadas a eirar cereais.

Ainda a Lua não surgira por cima dos penhascos da Arriba Fóssil e já o prateado da sua luminosidade se reflectia nas águas do oceano retirando-lhe fulgores de estranhos coloridos. Pouco depois, o tempo que passa, passa, passa sem parar, o prateado foi perdendo luz como se lhe reduzissem a intensidade.

Quando a Lua finalmente se mostrou ao seu olhar trazia consigo a sombra da própria Terra desenhada, um maravilhoso eclipse que lhe reservava espaço de intimidade para que o namoro fosse mais tranquilo e prolongado. O homem sorrio...

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sexta-feira, agosto 15, 2008

uma flor para... a rita


muitas felicidades e venturas
bem mereces em teu afecto
caminhar a vida tranquila



A Rita é uma querida Amiga, com uma voz cristalina de encantar, na partilha que faz no grupo de música tradicional portuguesa Maio Moço.

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imagens originais

De acordo com o “estatuto editorial” que norteia as publicações feitas na Oficina das Ideias já lá vão mais de cinco anos, procuramos sempre que os textos e as imagens sejam originais, fruto das nossas próprias experiências de vida ou baseados em trabalhos de investigação e pesquisa temática que realizamos em permanência.

Os textos publicados resultam, assim, de pura inspiração (e muita transpiração) no que concerne a poesias e contos (contos da praia, contos do pinhal) e estórias (pequenas estórias vividas) e de pesquisa quando relacionados com usos e costumes, com a tradição, com as terras e as gentes que visitamos.

As imagens, trabalho sistemático de recolha, são obra do nosso amigo e companheiro de estrada Olho de Lince que até tem o ombro esquerdo descaído da carregar diariamente o equipamento fotográfico. Umas vezes trabalhos de inspiração artística, outros, a maioria, na constituição de um portefólio temático de apoio aos trabalhos oficinais escritos.

Raramente, somente por excepção, são utilizados trabalhos alheios e sempre que isso se justifica e acontece temos o cuidado de indicar as fontes e realizar os respectivos “créditos morais” como a mais básica ética aconselha.

As imagens originais da Oficina das ideias, e são mais de 4 mil as que se encontram disponíveis nesta grande auto-estrada da comunicação, não têm protecção alguma (e seria fácil de conseguir) pois no nosso amplo espírito de partilha não vemos qualquer problema em que sejam utilizadas por terceiros. Confessamos que disso até sentimos um certo orgulho. Mas no mínimo seria interessante que fosse feito o reconhecimento do nosso trabalho com a indicação da origem das imagens. E nem sempre acontece.

Um dos temas que ultimamente tem absorvido a atenção dos trabalhadores desta Oficina é o que diz respeito a RELÓGIOS DE SOL. Sendo um tema sobejamente tratado por especialistas e até como projectos escolares, não deixa por isso de ser aliciante pela magia e mistério que envolve. O TEMPO QUE PASSA é de todas as eras, desde que o ser humano existe.

O nosso registo fotográfico sobre este tema é ainda reduzido e em breve sofrerá um incremento significativo. No entanto, nos trabalhos de pesquisa que temos realizado chegamos à conclusão que muitas das imagens que já recolhemos sobre o tema estão a ser profusamente utilizadas na blogoesfera. Estamos vaidosos, pois claro!

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quinta-feira, agosto 14, 2008

batente de leão


significa força e razão
dos donos desta casa
a carranca afasta os indesejáveis



Batente de Leão com carranca, Góis - Portugal

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a lenda do colibri

Conta a lenda, melhor, a tradição que passa de geração em geração, que no tempo em que os animais falavam havia uma terra muito bonita, coberta de denso arvoredo, onde os animais e as coloridas aves viviam em harmonia.

Um dia, sabe-se lá por que razão, enormes labaredas começaram a devastar o arvoredo, provocando muito fumo e calor, fazendo com que os animais, mesmo os de maiores dimensões, debandassem em fuga.

No meio de tamanha desgraça um pequeno pássaro de mil cores, um colibri, voava rápido desde um charco das redondezas até á zona onde o fogo destruía rapidamente as árvores e arbustos. Levava no longo bico uma gota de água que deixava cair sobre o fogo. E logo regressava ao charco para ir buscar uma outra gota.

Os outros animais olhavam-no com um sorriso irónico enquanto abanavam as cabeças.

_Colibri! Vem cá! O que estás a fazer? Não vês que com essa pequena gota que deitas no fogo nunca o apagarás?

_Eu, estou a fazer a minha parte..., respondeu o colibri.

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quarta-feira, agosto 13, 2008

uma flor para... a cathy


muitas felicidades querida amiga
de andanças partilhadas
neste enorme espaço da blogoesfera



A Cathy tem o blogue "Bailar das Letras" e muitas parcerias literárias com esta Oficina; estudou profundamente Camões, Bocage, Fernando Pessoa e José Saramago e aprecia a "Lenda de Inês e D. Pedro"

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no british bar

Fim de tarde de Outono
Mas o sol brilha ainda!!!
Entrei no bar
Portas de batente vai-e-vém
Encostei-me ao balcão
Pedi uma cerveja
Guiness como é costume
O Silva piscou o olho
Uma empada de galinha
P’ra fazer “papo” à bebida
Para lhe dar companhia
Duas palavras de amigo
Cumplicidade sem fim
Mais um rissol de camarão
Os sapatos “c’roa-ó-graxa”
Uma aventura vivida
Com javalis e com lobos
Nas terras serranas do norte
Conta o engraxa mil vezes
Sapatos com muito brilho
O estômago aconchegado
Para finalizar o repasto
Uma especial só com gelo
Até logo que se faz tarde
O relógio marca as horas
Mas caminha ao contrário
Ou é o Mundo que o faz?

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terça-feira, agosto 12, 2008

estranha flor


existe na Europa desde o século XVII
é estranha a sua floração
cativa os insectos pelo seu odor



Flor do cacto "Stapelia variegata" dos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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os nossos amigos palitos

tradição e cultura popular
A tradição resulta da memória colectiva de um Povo, autêntico património invisível que se transmite entre gerações e representa o mais elevado expoente da cultura popular. Aqui se deseja dar conta desse repositório



Os palitos são utensílios muito presentes nas refeições de todos nós, independentemente da região do mundo onde as mesmas sejam degustadas. O “pallilo” da língua castelhana, o “toothpick” dos ingleses e o “cure-dent” dos franceses não é, contudo, aceite pacificamente pelos puristas das boas maneiras à mesa.

Aquele pequeno pedaço de madeira, usado de forma dissimulada pela mão ligeiramente colocada para encobrir o seu “trabalho” ou de forma libertina aconchegado no canto da boca “pronto a entrar em acção” sempre foi fruto de controvérsia.

Acontece, que todos nós já sentimos um dia a necessidade imperiosa de retirar de entre os dentes aquele pedaço de bacalhau ou um “bife” que aí se introduziu inadvertidamente, desejando ter à mão o tal malfadado palito.

O fabrico dos palitos socorre-se da madeira, embora já existam algumas tentativas de os fabricar em plástico, bem cada vez mais escasso e que urge poupar, pelo que é curioso comparar um palito português com um palito holandês para nos apercebermos da diferença de preocupações neste campo.




O palito holandês além de ter um comprimento menor, 50mm o holandês contra 70mm do português, o seu formato é mais anatómico havendo menos desperdício de madeira no seu fabrico. Além disso é impregnado de um produto que refresca e desinfecta.

No falar popular o “palito” é muitas vezes utilizado com significados diversos mais adequados ao seu formato do que à sua utilização: “palitar os dentes”, “servir de palito”, “pareces um palito”. Não confundir com: “pôr os palitos”.

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segunda-feira, agosto 11, 2008

bazar levantino


entrar no bazar levantino
entre artigos de bric-a-brac
obter a imagem ambiente



Olho de Lince na XIV Feira de Artesanato de Costa de Caparica, Almada - Portugal

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o nome que lhes dão

minha terra é meu sentir
Caparica mais do que uma terra é um Povo. Gente que construiu vida entre o mar e a floresta em diversificado labor. Da sua vivência aqui se regista testemunho




Quando, em meados dos anos 60 do século passado, nos deslocávamos para sul da praia da Costa de Caparica, que à época muita gente designava por Praia do Sol, designação que tem vindo a ser esquecida pelos milhares de pessoas que anualmente a utilizam como zona de veraneio, alguns quilómetros andados por piso asfaltado e de súbito, cerca da cortada para a Praia do Rei aí tínhamos estrada de terra batida, estrada de macadame.

Subida íngreme que vinha cruzar com a então designada “estrada militar” e a que os populares chamavam “descida das vacas” designação que ganhou raízes, foi oficializada, fazendo hoje parte das designações encontradas na cartografia mais pormenorizada. As também muito perto está uma vereda a que chamam o “caminho das figueiras” e mais além o local conhecido por “mina”, de uma mina de oiro, “Adiça” aí referenciada no tempo do Império Romano.

É curioso de analisar o facto que as gentes davam nomes a sítios e coisas de uma forma sentida e forte, telúrica mesmo, coisas que a terra continha, que nasciam da terra, que viviam da terra, enriquecendo-a. Quantos milhares de vacas não terão descido (e mais difícil, subido) por aquela íngreme ladeira até delas recolher o nome? Era pura transumância de gado e gentes na procura de alimento e de algum rendimento.

Uma ligação estreita entre as gentes que trabalhavam os campos, agricultores, pastores, proprietários, rendeiros e aqueles que diariamente se afoitavam mar adentro nas artes piscatórias que haviam para a região trazido de regiões do norte, como Ílhavo por exemplo, ou do sul, das costas algarvias e do sudoeste alentejano.

Estes caminhos foram estradas romanas, quando os imperiais invasores se deslocavam para a pesca e para a exploração das minas auríferas; Foram caminhos reais, D. João V mandou plantar pinheiros mansos na zona dos medos por forma a segurar as areias e D. João VI percorreu estes caminhos para degustar uma saborosa caldeirada; Foram caminhos de peregrinos que anualmente os percorriam integrados nos Círios a Nossa Senhora do Cabo Espichel, que se realizavam no promontório barbárico.

São caminhos da tradição, são rotas do nosso imaginário cultural.

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domingo, agosto 10, 2008

árvores da solidariedade


cada uma contém mensagem
de protecção do nosso planeta
da sua venda resultará solidariedade



"Tree Parade", margens do rio Mondego, Coimbra - Portugal

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as “vozes” das aves

Mão amiga de pessoa que gosta de curiosidades, sabendo que partilho de gosto semelhante, fez-me chegar já há algum tempo uma lista de palavras que tenta enumerar aquilo a que chamou com muita graça “as vozes das aves”.

É mais uma prova, se tal fosse necessário, da riqueza da língua portuguesa e, especialmente, como é reduzido o uso vocabular que dela fazemos não só na oralidade dos contactos como, principalmente, nos escritos que muito valorizados ficariam com a utilização de um maior número de palavras, sem cair no extremo de pedantismo literário.

Por curiosidade, e no seguimento de uma pesquisa que temos andado a realizar na Oficina das Ideias por razões diversas deste tema, aqui vos apresentamos a referida listagem e a indicação de algumas correspondências entra as “vozes” e as aves que as emitem.


A listagem das “vozes”

aflautar, agloterar, amiudar, apitar, arensar, arremedar, arrolar, arrulhar, assobiar, atitar, bufar, cacarejar, caquerejar, carcarear, carcarejar, chalrar, chalrear, chiar, chilrar, chilrear, chirrear, chirriar, clarinar, cocoriar, cocoricar, corruchiar, corujar, corvejar, crocitar, crujar, cuarlar, cucar, cucular, cucuricar, cucuritar, dobrar, engabrichar, estalar, estralhar, estribilhar, falar, fraquejar, gaguear, galhear, galrear, galrejar, ganizar, gargalhar, gargantear, garrir, garzear, gazear, gazilar, gazinar, gazular, gemer, gloterar, glotorar, gorgolejar, gorjear, gracitar, gralhar, gralhear, grasnar, grasnir, grassitar, grazinar, grinfar, gritar, grugrujar, grugrulejar, grugrulhar, grugrurejar, grugulejar, grugulhar, grugurejar, gruir, grulhar, guinchar, ladrar, matraquear, modular, palrar, papear, piar, picuinhar, pipiar, pipilar, pissitar, pistar, pupilar, redobrar, regorjear, remedar, restridular, retinir, rir, roncar, rouxinolar, rouxinolear, serrar, soar, suspirar, sussurrar, taralhar, taramelar, taramelear, tartarear, tentenar, tinir, trilar, trinar, trinfar, trissar, trucilar, turturejar, turturinar, turturinhar, ulular, vozear, zinzilular


Alguns exemplos de vozes e respectivas aves (sempre em construção)

arrulhar = pombo
assobiar = corvo marinho
estalar = fulmar glacial
gazear = íbis preto
gemer = pato, em época de reprodução
gritar = milhafre preto
grasnar = pato
grassitar = pato branco
ladrar = mergulhão de crista
matraquear = marreco
roncar = grifo
chilrear = andorinha das rochas
gorgear = melro azul
trinar = felosa

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sábado, agosto 09, 2008

moinho de água do rio


tanta água por ele passou
fazendo-o rodar sem descanso
velho ajudante do ser humano



Moinho de Água no rio Ceira, Góis - Portugal

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a rosa de shakespeare

Cito Shakespeare:

“O meu corpo é um jardim, a minha vontade o seu jardineiro”

Jardinagem, não é temática muito tratada pelo célebre dramaturgo e poeta inglês nascido em Stratford-upon-Avon supostamente em 23 de Abril de 1564, segundo o Calendário Juliano e na mesma localidade falecido depois de seis anos em lugar incerto e prolongada vivência em Londres. A forma dramática que deu aos seus escritos não deixava, igualmente, lugar à suavidade de uma rosa.

No entanto, quantas vezes os grandes escritores mantêm ausentes da sua obra gostos que têm profundamente enraizados no seu sentir. Williame Shakespeare nunca poderia ter sido insensível a esta bela rosa...



Esta rosa foi fotografada dos jardins da casa de família onde hoje está patente o seu espólio literário e enviada pelos meus queridos amigos Lila e VictorN, do Des-Encantos.

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sexta-feira, agosto 08, 2008

batente de cordame


memórias dos descobrimentos
viagens náuticas, coragem
no batente duma porta



Batente de Cordame, porta de uma residência, Góis - Portugal

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oito

Na China, como em muitos outros países do Extremo Oriente, o número OITO é considerado um “número de sorte”. Na China, em concreto, porque o vocálico é “8” muito semelhante ao de “felicidade”.

Não admira, pois, que o início dos Jogos Olímpicos deste ano, realizados em Pequim, na República da China tenham tido início no dia 8 de Agosto de 2008, leia-se 080808. Contudo, se aprofundarmos um pouco mais, concluímos que o número correspondente a esta sexta-feira é ele também o “8“. Dia 8, do mês 8, do ano de 2008 implica 8+8+2+8=26 > 8.

Curioso, que nem para todos, mesmo para os mais elevados espíritos, como é o caso do aviador e inventor brasileiro Santos Dumont, tenha o mesmo significado, pois o verdadeiro “pai” da aeronáutica tinha a superstição contra o número 8. Na numeração que atribuiu às aeronaves de sua invenção saltou do número 7 para o número 9. Resultou esta superstição, segundo alguns biógrafos seus, de um acidente aéreo que quase o vitimou e que teve lugar no dia 8 de Agosto... de 1901.

Na Numerologia, o número oito significa poder, magia e força, mas também pode significar destruição, morte e fim. Essa variação entre os extremos ocorre pela formação de uma figura fechada, onde as energias estão em pleno movimento. Por outro lado, quando o número 8 roda 90 graus transforma-se no símbolo do infinito e parece ganhar estabilidade.

No Baralho Cigano, representa a Carta da Morte, que indica transformações, fim de um ciclo. Mas o fim de um ciclo é sempre o início de outro e aqui também se vislumbra a característica dual do número 8. Morte no fim de um ciclo, a Vida no início do seguinte.

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quinta-feira, agosto 07, 2008

uma flor para... a ana margarida


que vivas intensamente este dia
na construção do teu futuro
que desejo muito feliz



Ana Margarida, a "Maçãzinha", tem o blogue Maçã de Junho e trabalha no projecto biográfico do seu avô Eduardo Luna de Carvalho

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viva alberti

Hoje senti um profundo apelo para cantar "los poetas andaluces". Que Viva Alberti, Rafael Alberti!!!!


Qué cantan los poetas andaluces de ahora?
Qué miran los poetas andaluces de ahora?
Qué sienten los poetas andaluces de ahora?

Cantan con voz de hombre
pero, dónde los hombres?
Con ojos de hombre miran
pero, dónde los hombres?
Con pecho de hombre sienten
pero, dónde los hombres?

Cantan, y cuando cantan parece que están solos
Miran, y cuando miran parece que están solos
Sienten, y cuando sienten parece que están solos
Qué cantan los poetas, poetas andaluces de ahora?
Qué miran los poetas, poetas andaluces de ahora?
Qué sienten los poetas, poetas andaluces de ahora?

Y cuando cantan, parece que están solos
Y cuando miran , parece que están solos
Y cuando sienten, parece que están solos

Y cuando cantan, parece que están solos
Y cuando miran , parece que están solos
Y cuando sienten, parece que están solos
Pero, dónde los hombres?

Es que ya Andalucía se ha quedado sin nadie?
Es que acaso en los montes andaluces no hay nadie?
Que en los campos y mares andaluces no hay nadie?

No habrá ya quien responda a la voz del poeta,
Quien mire al corazón sin muro del poeta?
Tantas cosas han muerto, que no hay más que el poeta

Cantad alto, oireis que oyen otros oidos
Mirad alto, vereis que miran otros ojos
Latid alto, sabreis que palpita otra sangre

No es más hondo el poeta en su oscuro subsuelo encerrado
Su canto asciende a más profundo, cuando abierto en el aire
ya es de todos los hombres

Y ya tu canto es de todos los hombres
Y ya tu canto es de todos los hombres
Y ya tu canto es de todos los hombres
Y ya tu canto es de todos los hombres

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quarta-feira, agosto 06, 2008

batente e porta castanhos


pintados da mesma tinta
tinta castanha como a terra
para chamar "os da casa"



Batente "mão de Fátima com anel", Góis - Portugal

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vendedor de alfaias

Chega sempre ao nascer da aurora, quando os primeiros raios de sol aclaram o firmamento lá para os lados da Azoia, a horas em que o amplo arraial ainda se encontra sem viva alma.

Estaciona a velha carrinha, cansada de tanto andar para aqui e para ali, a chapa carcomida pela exposição continuada às intempéries, no local habitual, um ponto onde se cruzam as linha imaginárias que ligam a entrada do Santuário ao mar e a Capela da memória à torre de farol.

Recorda-se que sempre foi esse o local escolhido para instalar a sua venda domingueira, tal como o fazia seu pai e, se a memória não o atraiçoa, o próprio avô paterno.

A razão da escolha deste local não tem não a tem na sua memória. Sempre assim foi, é o hábito, a tradição, um costume enraizado que não ousa, sequer, questionar, quanto mais alterar.

Para a venda leva cópias de antigas alfaias agrícolas construídas em madeira, arados, malhos e pás de eirar, gadanhas, gradadoras... Algumas das peças são quase em tamanho real, muito embora a maior procura seja para aquelas que reduzidas à escala vão servir mais para decoração do que para utilidade. Mas, o que mais vende são as miniaturas colocadas em artefactos e que irão servir como porta-chaves.

Quando os visitantes começam a chegar ao Cabo, em grupos excursionistas ou em carros próprios que em pouco tempo saturam os estacionamentos, já os artigos estão expostos em enormes mantas de trapinho que se houver comprador interessado também elas mudam de mão.

Nessa altura a fazer-lhe companhia já estão as bancas de conchas do mar, na maioria vindas da Indonésia e do Suriname, as “roulottes” dos cachorros quentes e das farturas, e até o vendedor das queijadas de Sintra, que da Caçapa já não são.

Está montado o arraial, a festa está animada, a tradição de visitar o Cabo Espichel, onde o mar da costa portuguesa é mais perigoso, e o Santuário da Senhora do Cabo, ou da Pedra Mu, onde a lenda diz terem-se encontrado “o velho de Alcabideche e a velha da Caparica”, mantém-se, perdida para muitos a memória da razão de ser da peregrinação que para esses lados se realizava.

Também o vendedor de artesanato das alfaias agrícolas que todos os domingos se desloca ao cabo Espichel em negócio perdeu a memória da origem da ida dos seus antepassados com essa mesma venda. Como refere o Professor Victor Manuel Adrião, em “O Giro do Círio dos Saloios”, no final dos três dias do Círio ao Santuário de Nossa Senhora do Cabo “...sucedia-se a entrega das alfaias, lavrando-se acta do sucedido, assinada por todos os presentes”.

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terça-feira, agosto 05, 2008

multidão


vem uma multidão à oficina
lêem, comentam, fomentam amizade
outros muitos procuram imagens originais



Multidão, instalação artística, Feira Internacional de Artesanato, F.I.L., Parque das Nações, Lisboa - Portugal

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há 61 meses nos caminhos da blogoesfera

O quinto aniversário da presença da Oficina das Ideias já lá vai e cumprimos hoje os 61 meses de permanência continuada nos caminhos, casa vez mais amplos, da blogoesfera. Como contava o tempo um amigo e colega destas andanças da informática, desde os idos tempos de 1968, este espaço já faz parte do restrito número de blogues que já passaram os “cinco séculos” de existência.

Reafirmamos sempre a razão desta nossa estadia com o estatuto editorial da primeira hora: “textos e imagens próprios e originais, a temática da cultura de um Povo e da defesa da região da Praia do Sol e desenvolvimento dos afectos e do muito querer”. Continuamos a contar com o empenhamento do nosso “irmão fotógrafo” Olho de Lince que sempre vai com as suas imagens animando os nossos textos, muitas das vezes bem modestos.

Quanto a visitas atingimos a cifra de 551.220 (segundo o “SiteMeter”) e de 632.800 (de acordo com o “NeoCounter”), aplicada a correcção resultante dos dados dos registos anteriores, com origem em 152 países dos 199 existentes, a média de visitas na última semana foi de 260/dia. No “top 5” estão o Brasil com 259.213, Portugal com 225.644, a Espanha com 9.933, os EUA com 8.537 e a França com 4.650 visitas.

Total de postagens – 3.761, onde cerca de metade são fotografias da autoria do nosso amigo Olho de Lince.

Um agradecimento especial a Blogger.com/Blogspot.com onde editamos e alojamos a Oficina das Ideias desde a primeira hora.


Quadro de Honra

São, do EspectacológicaS (Portugal)
Lualil, do Traduzir-se... (Brasil)
Lila (Portugal)
Pedro G (Portugal)
Gasolina, do Árvore da Palavra (Portugal)
Claudia P, do Cor de Dentro (Brasil)
Victor, do Des-Encantos (Portugal)
Menina do Rio, do Momentos de Vida (Brasil)
Ivone, do Um Silêncio de Paixão (Portugal)
Giullia P, do Menina de Cristal (Brasil)
Karlitus (Portugal)
Júlia C, do As Causas da Júlia (Portugal)
Sónia R, do Caty, a fera... em palco (Portugal)



A TODOS o nosso MUITO OBRIGADO!

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segunda-feira, agosto 04, 2008

uma rosa para... a gasolina


o odor das suas pétalas
refesca-nos na calícula do estio
é paixão nas noites de invernia



Gasolina é uma querida amiga que tem o blogue Árvore das Palavras

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permitam que hoje sejamos vaidosos

A minha querida Amiga Gasolina, do blogue Árvore das Palavras, teve o carinho de nos distinguir no mês de Agosto de uma forma extraordinariamente gratificante e impulsionadora de continuarmos a melhorar o nosso trabalho.

Escreve a querida Gasolina a propósito desta distinção que criou no seu magnífico blogue:

Há blogs que pela sua qualidade me merecem destaque.
Seja pelas palavras ou pela imagem, pela constância do nível e empenho do seu autor, pela inovação dos temas, pela simplicidade com que me fazem viajar. Pelo tanto que me dão.
Assim, resolvi publicamente nomeá-los, sendo certo que a regra única é o meu gosto pessoal pelo blog.
Não é um prémio nem um meme.
Não é uma corrente e logo não é transmissível a mais ninguém pelo que só a Árvore das Palavras tem o direito sobre o registo de os indicar e o indicado não o pode oferecer.
Todos os meses, aos primeiros dias, revelarei a minha escolha. Publicarei aqui o selo Distinção Árvore das Palavras com a identificação do meu seleccionado de cada mês e gostaria que o blog distinguido também o exibisse. Mas isso já fica por decisão do visado.”


“Em Agosto aponto para a OFICINA DAS IDEIAS, do Victor e Olho de Lince”

Este é o magnífico selo Distinção Árvore das Palavras que nos coube. Além da honra que nos foi atribuída dá-nos oportunidade de publicar na Oficina das Ideias uma magnífica imagem de profundo simbolismo.




A querida Gasolina acrescentou, ainda, estas palavras que muito nos sensibilizaram:

Porque neste mês de infernos de temperaturas elevadas e muitos incêndios há sempre flores frescas e belas. Porque a sabedoria e tranquilidade andam a par com a simplicidade das palavras na variedade dos temas abordados.
Uma visita à Oficina vale por um passeio encantado.”

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domingo, agosto 03, 2008

campo de girassóis


de amarelo se vestiu
vivaz como o girassol
no sonho que então sentiu



Campo de girassóis, Herdade de Muge, Muge - Portugal

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senhora da pedra mu

Lenda que se perde na bruma dos tempos e da utopia
Fez em sonhos convergentes um homem e uma mulher
Caminharem rumo ao barbárico promontório por haver
Na procura da Senhora da Pedra de Mu que aí luzia.

Soube o Povo dos poderes de tanto sortilégio e querer
Que em turba agitada ao Espichel se dirigiu em correria
Dos campos, pedindo para o gado e as colheitas bonomia
Da praia, protecção aos mareantes que afoitos usam ser.

Erigiram sobre penhascos e arribas em memória a capela
Por esmola e dádiva daqueles que mais nela encontraram
No querer, no sentir de séculos numa prece que se revela

Na memória das gentes que há muito sentiam e desejaram
Verdadeiro milagre resultante do labor e da luta que eleva
O Povo que agora aqui renova as tradições que perduraram.

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sábado, agosto 02, 2008

"o centro do mundo"


daqui se parte para o polo norte
mas também para a lota do pescado
e para o lançamento dos parapente



Poste com indicações de orientações geográficas e outras, Fonte da Telha, Almada - Portugal

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o chilreio das andorinhas

No meu matinal caminhar, dar a volta ao bairro com a minha cadelita Joice, oportunidade para fazer algum exercício ao binómio homem/cão, ainda distante já oiço o intenso chilreio do que tenho a certeza ser um bando de andorinhas que este ano, como em tantos outros anteriores, tinham decidido passar a época de veraneio nas terras de Valle do Rosal.

São andorinhas-das-chaminés com a característica de terem a garganta coberta de penugem vermelha que este ano bem cedo chegaram por cá, já nidificaram, já viram nascer os seus filhotes que já voam atrevida e correctamente, prol aumentada, que regressarão a terras quentes na invernia portuguesa sempre com a promessa de voltarem no próximo ano.

Também as há por cá, as conhecidas andorinhas-dos-beirais, sem a penugem vermelha e com um vocálico mais áspero e de garganta branca, mas o som que eu oiço não deixa qualquer dúvida, são mesmo das “das chaminés” que se acoitam nas quintas e nos jardins das redondezas e que nidificam nalgum celeiro ou barracão protegido das intempéries.

É um enlevo ouvir os seus cantos variados, chilreios, gorjeios, trinfas e trissas e somente em voo de caça lança agudos “vit-vit-vit”. Algum caminho feito e aí estão elas, são cinco, deveriam ter andado na caça de insectos com seus voos rasantes e agora descansam e cantam e encantam pousadas nos fios telefónicos que fazem a ligação entre dois postes de madeira de eucalipto já muito ressequidos e corcomidos.

A minha presença não altera pouco que seja a função que desempenham, parece que ainda as incentiva mais às cantorias. Julgo encontrar explicação para tanta alegria em pequenos voos que à vez vão executando. Parece terem encontrado um local ideal para a construção de novos ninhos que a família está a aumentar.

Ainda antes de partirem, ao cair das primeiras chuvas de Outono, irão ao lamaçal mais próximo buscar pequenas bicadas de lama com as quais farão no mínimo a marcação do local do ninho a construir. Se o tempo que antecede a viagem ainda o permitir iniciarão mesmo a construção que será completada no regresso na próxima Primavera.

É um ciclo interessante, com alguma explicação científica, mas que sempre me encanta pelo mistério que envolve. Irão realizar milhares de quilómetros na viagem de ida e outros tantos na de volta, na certeza que terão olhos atentos a registar a chegada da que mais rápida for na viagem e que as espera a muita amizade para todas elas, que ano após ano vão aumentando em população e que parecem reconhecerem essa amizade.

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sexta-feira, agosto 01, 2008

de vermelho me vesti


com o calor do mês de agosto
vestem-se de vermelho, de paixão
florescem na sua plenitude



Flor do cacto "Crassula falcata", dos jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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em julho de 2008 a oficina das ideias publicou:

Textos
Dia 1 – Em Junho de 2008 a Oficina publicou [oficina]
Dia 2 – Uma caldeirada na Costa [gastronomia]
Dia 3 – Tulipa Negra [poesia]
Dia 4 – Sonhar é ir mais além [poesia]
Dia 5 – Cinco anos [oficina]
Dia 6 – Góis, capital do rio Ceira [caderno de viagens]
Dia 7 – Na Galé dos Manos [gastronomia]
Dia 8 – A nobreza e o clero [poesia]
Dia 9 – O fogo da vida [a nossa opinião]
Dia 10 – De muito amar e querer [poesia]
Dia 11 – Banda do Cidadão, 30 anos em Portugal [banda do cidadão]
Dia 12 – Uma adega com nobreza [viagem vínica]
Dia 13 – A chave da igreja [pequenas estórias]
Dia 14 – Padre Pedro foi a provas [viagem vínica]
Dia 15 – Bendito vinho tinto [viagem vínica]
Dia 16 – Vento Suão [poesia]
Dia 17 – Lua de Verão [poesia]
Dia 18 – O colapso [a nossa opinião]
Dia 19 – Lua de pedra [museus]
Dia 20 – Um belo cântico de amor [contos da praia]
Dia 21 – Navego [poesia]
Dia 22 – Alerta numa colónia naturista [cb em acção]
Dia 23 – Regresso [poesia]
Dia 24 – A Oficina no mundo [oficina]
Dia 25 – Na senda do tempo de pedra [relógios de sol]
Dia 26 – O desafio [runas]
Dia 27 – Mar cúmplice e confidente [contos da praia]
Dia 28 – Pôr-do-Sol, depois virá a alvorada [pôr-do-sol]
Dia 29 – O tempo de Stroud [relógios de sol]
Dia 30 – Preguiçar à beira mar [praia do sol]
Dia 31 – Chamaste-me marinheiro... [poesia]


Imagens
Dia 1 – As cores do rosmaninho
Dia 2 – Belos e altaneiros
Dia 3 – Trovadores
Dia 4 – Cheiros e sabores exóticos
Dia 5 – A flor da Oficina
Dia 6 – À beira rio
Dia 8 – A Primavera e a Paz
Dia 9 – Energia que é vida
Dia 10 – Círculos de amor
Dia 11 – Uma doce e saborosa flor
Dia 12 – Palavras de Saramago
Dia 13 – O bazar
Dia 14 – Receptores de energia
Dia 15 – O respirar da concertina
Dia 16 – Nossa Senhora do Cabo
Dia 17 – Floral cristalino
Dia 18 – Sétima Lua
Dia 19 – Amor maternal
Dia 20 – O teu merecimento
Dia 21 – Um salto lusitano
Dia 22 – Velas ao vento
Dia 23 – Horas de pedra
Dia 24 – Mãe e filho
Dia 25 – Moinho de poço
Dia 26 – A magia do pôr-do-sol
Dia 27 – Jogar a malha
Dia 28 – Pífaro e tambor
Dia 29 – Corvídeos do pinhal
Dia 30 – “O nosso sonho”
Dia 31 – Raios de sol


Uma flor para...
Dia 7 – Uma flor para... a São, do EspectacológicaS

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