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quinta-feira, agosto 31, 2006

um carinho para o meu filho david

Na sua fragilidade encontramos nossa força
Na sua pureza avançamos na vida
Na sua perenidade construímos o Mundo


Flor autóctone da Praia do Sol (Praias da Sereia e da Nova Vaga), Portugal

hoje é o “dia internacional dos blogues”

O Dia Internacional dos Blogues foi criado pela “Technorati” com o objectivo de divulgar e dignificar a comunicação entre as pessoas através da utilização de blogues. Recomendação de visita a blogues de terceiros e incentivar a interactividade, através dos comentários ou com o recurso a correio electrónico.

As recomendações de visita formuladas pela Oficina das Ideias encontra-se, desde sempre, na coluna da direita e muitas vezes durante o ano fazemos recomendações concretas. No entanto, pelo que nos apraz defender a dignificação da blogoesfera, não deixaremos de, hoje também, fazermos algumas recomendações.

Traduzir-se..., de Lualil – A sensibilidade à flor da pele partilhada por uma recifense que dedica muito do seu sentir à formação das crianças em temas de saneamento básico através da actividade artística. Um dia podem com ela cruzarem-se, rodeada de criançada, nas calçadas do Recife.

Bailar das Letras, da Cathy – Poesia inspirada numa partilha maravilhosa que nos conduz em espirais de sentir e de querer. Percorre os caminhos do saber sobre literatura portuguesa, acompanhada por Camões e Bocage, por Pessoa e Saramago. Perde-se na estória, quiçá na lenda, dos amores intensos de Pedro e Inês.

Tudo ou nada, de Claudia Perotti – Sensualidade nas palavras e nas imagens que nos transportam para um espaço de muito querer onde os sentidos despertos e no seu esplendor permitem a comunicação integral sem tabus e sem preconceitos entre as pessoas que procuram o encontro com a beleza.

Com os blogues destas três queridas amigas cheias de talento, comemorem o dia de hoje...


Comemoração vai ser igualmente a passagem do 36º Aniversário do meu filho David.

quarta-feira, agosto 30, 2006

janela virada para a esperança

Na singeleza dos tradicionais materiais
Uma pincelada de cor, trabalho de artista
A esperança que nos inunda o ser


Janela numa casa tradicional construída em granito, Aldeia de Monsanto, Portugal

o filho do velho árabe

Os meus amigos e assíduos leitores sabem bem que raramente reproduzo textos que me são enviados, por razões puramente ligadas ao estatuto editorial desta Oficina das Ideias, abrindo por vezes uma excepção quando a originalidade e o “a propósito” o justificam.

Esta historieta anedótica foi-me enviada pelo meu amigo Victor Pessanha e não resisti a partilhá-la com todos vós:

“Um velho árabe muçulmano iraquiano, a viver há mais de 40 anos nos EUA, quer plantar batatas no seu jardim, mas cavar a terra já é um trabalho demasiado pesado para ele. O seu filho único, Ahmed, está a estudar em França, e o velhote envia-lhe a seguinte mensagem:
«Querido Ahmed: Sinto-me mal porque este ano não vou poder plantar batatas no jardim. Já estou demasiado velho para cavar a terra. Se tu estivesses aqui, todos estes problemas desapareceriam. Sei que tu remexerias e prepararias toda a terra.
Beijos Papá
»

Poucos dias depois, recebe a seguinte mensagem:
«Querido pai: Se fazes favor, não toques na terra desse jardim.
Escondi aí umas coisas.
Beijos Ahmed
»

Na madrugada seguinte, aparecem no local a polícia, agentes do FBI, da CIA, os S.W.A.T., os Rangers, os Marines, e alguns mais da elite estadunidense, bem como representantes do Pentágono, da Secretaria de Estado, do Mayor, etc. Removem toda a terra do jardim procurando bombas, ou material para as construir, antrax, etc... Não encontram nada e vão-se embora, não sem antes interrogarem o velhote, que não fazia a mínima ideia do que eles buscavam.

Nesse mesmo dia, o velhote recebe outra mensagem:
«Querido pai: Certamente a terra já está pronta para plantar as batatas.
Foi o melhor que pude fazer, dadas as circunstâncias.
Beijos Ahmed
»”

Está pequena história que já deve ter corrido Mundo, traduz bem o estado de histerismo generalizado que se vive em muitos países que “têm culpas no cartório...”.

terça-feira, agosto 29, 2006

uma homenagem aos ideais

Gentes empenhadas em ideais
Na defesa do Património Imaterial
Merecem todas as homenagens do mundo
A Aldraba


Aldraba da porta da Torre do Relógio, Aldeia de Monsanto, Portugal

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


O Caminho da Vida

I
Caminhei a vida
Sonho feito realidade, mas sempre sonho
Percorri alegre jardim de esperança
Na Primavera
Senti flores crescerem à minha volta
Eu próprio alegria
Com a cor indiscritível de teus olhos
Tu e eu

II
Felicidade sentida
Viver no querer sempre maior
De ser e possuir; Do viver
Do dar
E também do receber, do receber-te
Por mil perigos
Por muitos sobressaltos caminho percorrido
Docemente.

III
Lado a lado, sempre
No pensamento a ausência fere
No corpo a presença anima
Dá vida
E o caminho por vezes tortuoso
Que conduz ao infinito
É pelo sonho apresentado luminoso
Cor de esperança.

IV
Teu doce corpo
Teu ser é meu ser, é sol
É calor
Construção do sentir sobre o nada
Escolhos vencidos
Em caminho lado a lado percorrido
Ternamente.

V
Ameaças, receio
A sociedade não entende o amor
O querer é atraiçoado, vileza
Indiferença
Seres que são vermes, espreitam
Atenta e traiçoeiramente
No escuro da noite escondidos
Sociedade

VI
Lábios tão vermelhos
No querer são beijados meigamente
Néctar sem igual, doce enleio
Corpo dado
Necessidade mais do que humana
Que une dois entes
No caminho de errantes peregrinos
Carmim.

VII
Seios de menina
Carícia desejada alegremente partilhada
No murmurar das ondas
Do teu corpo; do teu ser
No leve arquear de mulher
Em mar chão
Navegar embalado em teus braços
Eternamente.

VIII
Doirado sol
Festa dos sentidos, do sentir, viver
Esvoaçando ilusões da verdade
De recordações
Deslizam meus lábios em carícias
Sem fim
Por repetidas no gosto dos amantes
Sentidas.

IX
Percorrendo a cidade
Pelas arejadas avenidas, o Sol refulge
O arco-íris é cor
Mãos dadas, alegria
Os dedos tocam levemente
Comunicam
Ternos pensamentos
Que futuro?

X
Conhecemos a cidade
Bairros de lata tristes, soturnos
A sombra esconde pobreza
Olhar trocado, tristeza
Pelos que sofrem
Solidariedade
Entendimento espiritual
Que presente!

XI
Mas um dia
Cavalgando sonhos, imaginação
Vejo-te partir, fico só
Solidão
Não me deixes tão sozinho!
Grito desesperado
... Mas a estrela cor de esperança, ou cor de sangue
Leva-te.

XII
Lá longe
Nas terras donde chega raro caminhante
Pouco sei de ti, desesperado
Delirante
Procuro tua imagem a todo o instante
Busca infrutífera
Imagino teu perfil de menina
Sempre minha.

XIII
A tua ausência
Provoca-me longas noites de vigília
Recordando o passado; próximo
E tão distante
Em que construímos o mundo
Castelo de areia
De felicidade, de ternura, de amor
Agora recordação.

XIV
Voltaste um dia
Mulher feita de menina que foste
Consciente e segura. Bela.
Encantamento
Abracei-te longamente
Sorri-te
Depois foi a tristeza do sonho destruído
Desilusão

XV
Quis-te minha
Fugiste às palavras e aos sentidos
Distante me sorriste. Sorriso.
Doçura
Recusa de reviver o passado
Por tal ser
Ilusão construída pelo querer
Nada mais.

XVI
Flui o tempo
Marcado pelo relógio do pensamento fugaz
Não da vida. Lento.
Rápido
Consoante o sentir do momento
É espaço
De vida vivida por viver
Angústia.

XVII
Homem só
Cansado das desilusões da vida
Olhar triste. Ausente
Distante
Cabeça pousada entre as mãos
Momento de solidão
Pensamento em busca do ente querido
Que não volta.

XVIII
Recordo...
Já não sinto o calor do teu corpo
Junto ao meu. Abraço
Ternura
Já não beijo teus lábios de mel
Como antigamente
Esquecido de tudo e de todos
Feliz.

XIX
O teu cabelo
Cauda de cometa, sol dos sois
Fulgurante estrela. Carícia
Afago
Cascata de brilho em minhas mãos
Fugaz entre os dedos
Carícias mil vezes repetida
Sentimento.

XX
Corpo esbelto
Adorei cada pormenor, encantamento
Cada momento. Lábios
Mãos
Percorrem-no sem descanso
Sem cansaço
Revivendo a cada carícia
O amor.

XXI
Os tormentos da vida
Os viventes na busca da libertação
Olhos cor de esperança. Deuses
Pedintes
Enfraquecidos de lutas tidas por ideais
De bem querer
Rastejando por migalhas de existir
Do nada ter.

XXII
O vazio.

segunda-feira, agosto 28, 2006

e da pedra se fez vida

Por aqui passaram lusitanos, romanos e mouros
terras agrestes onde se erguem naturais santuários
Pedras humanizadas pela história


Maciço de granito que parece uma cabeça humana, Aldeia de Monsanto, Portugal

a pesca do grande areal

A Arte Xávega, também designada por Pesca do Grande Areal, é uma arte piscatória caracterizada pelo arrasto da rede junto à orla costeira, em fundos arenosos, praticada nas zonas de amplos areais.

Esta arte piscatória tem origem na costa norte, tendo-se iniciado no Século XVI, quando os pescadores começaram a ir ao mar largar as redes, lutando contra a rebentação das praias, cercando o peixe com as redes que depois eram puxadas a braços para o areal. Praticada nos períodos de invernia, era a única forma que os pescadores encontravam para conseguirem meios de subsistência, atendendo a que no Inverno, devido às baixas temperaturas da água do mar o peixe se encontrar a maiores profundidades.

Hoje em dia a arte xávega é praticada nas praias da Caparica, nos longos e doirados areais, especialmente, nas zonas da Fonte da Telha, das Acácias e da Frente Praia. É mais frequente nos períodos de mar calmo, sendo já reduzido o número de colónias de pescadores que a praticam como meio de daí retirarem proveito para a sua sobrevivência, antes utilizando esta arte nos períodos estivais, por prazer e tradição.

Desde há alguns anos que as autoridades, pressionadas por decisões da União Europeia, têm vindo a criar dificuldades a esta prática tradicional, evocando o facto de tratando-se de pesca de arrasto destruir os fundos e capturar peixe demasiado miúdo.

domingo, agosto 27, 2006

bagas que são o sol

Nas agrestes encostas da Serra
Bagas vermelhas são o sol
"tempêro" esquisito de uma aguardente única


Bagas de Zimbro, Serra da Estrela, Portugal

a oficina no mundo

São já 87 os países registados como visitantes da Oficina das Ideias, desde 19 de Maio de 2006. É evidente que na maioria das circunstâncias se tratam de visitas esporádica, fortuitas mesmo, não significando, portanto, uma “clientela” certa.

De todos os países visitantes destacam-se, compreensivelmente, o Brasil, Portugal e Espanha, está última já a uma distância significativa. De salientar o facto de que os visitantes dos Brasil continuam a liderar a lista de visitantes. Eu também amo o Brasil...

Ainda uma referência a três amigas que mantém a chama viva das visitas da Venezuela, do Peru e da Argentina.

Brasil - 7.161 visitas
Portugal – 6.551 visitas
Espanha – 477 visitas


México; Estados Unidos; França; Argentina; Alemanha; Chile; Peru; Canadá; Suíça; Reino Unido; Venezuela; Itália; Colómbia; Japão; Holanda; Bélgica; Moçambique; El Salvador; República Dominicana; Luxemburgo; República Checa; Austrália; Angola; Áustria; Turquia; Costa Rica; Suécia; Israel; Panamá; Nicarágua; Equador; Honduras; Hungria; Marrocos; Polónia; Dinamarca; Cabo Verde; Bolívia; Roménia; Emiratos Árabes Unidos; República da Coreia; Guatemala; Uruguai; Porto Rico; Belize; Irlanda; Noruega; Taiwan; Finlândia; Quénia; Suriname; Grécia; Bulgária; Baraine; Nova Zelândia; Irão; Senegal; Ilhas Malvinas; Catar; Macau; Butão; Índia; Eslovénia; Ucrânia; Tailândia; Fidji; Malásia; Lituânia; Paraguaia; Namíbia; Hong Kong; Tunísia; África do Sul; Vietname; Eslováquia; Cuba; Islândia; Croácia; Letónia; Arábia Saudita; Federação Russa; Senegal; Bósnia e Herzegovina; Tanzania.

novos indicadores de leitura

Um dos maiores aliciantes que o pessoal da Oficina das Ideias encontrou na blogoesfera foi a possibilidade de cruzar visitas sobre temas do seu agrado, com blogues preocupados com a partilha do saber, com a defesa dos patrimónios natural e construído, muito em especial, o património imaterial.

Por outro lado existe sempre a preocupação de visitar e recomendar a visita a todos os blogues que além de nos visitarem nos dão a honra de deixar um comentário construtivo, que muito ajuda a nossa inspiração e o enriquecimento do nosso trabalho.

Vamos acrescentar à nossa lista de “indicadores de leitura” os seguintes blogues companheiros desta viagem:

Tudo ou Nada, de Claudia Perotti
Açorda Quântica, de GinjaSilver –“a miscelânea do caos no Arco Íris organizado
Juntando Histórias, de E. Weight – “coisas que surgiram enquanto copos eram esvaziados e mentes eram preenchidas
Blogo Social Português –“alternativus globalis ssp lusitanicus

sábado, agosto 26, 2006

cata-vento de ventos de espanha

sopram os ventos de Espanha. Bons? Maus?
Velozes descem das penhas
As gentes bem os conhecem



Cata-vento com anenmómetro, Aldeia de Penha Garcia, Portugal

rolas turcas de valle do rosal

São minhas companheiras todas as madrugadas, quando na caminhada diária de passeio da minha cadelinha percorro pouco mais de um quilómetro pelas ruas e veredas de Valle do Rosal. Estou a falar das rolas, rolas turcas como lhes chamam por cá, por ser a partir da Turquia que iniciaram há anos a migração para terras de Portugal, particularmente para esta zona da Caparica, desde a orla marítima até aos arvoredos da Mata dos Medos.

Embora nos primeiros tempos seguissem os caminhos normais das migrações de aves, com a vinda para cá e o regresso aos lugares de origem meses mais tarde, estou em crer que tal como acontece com o ser humano quando se sente bem numa terra de acolhimento, também as rolas, as rolas turcas, acabaram por se fixar definitivamente.

Relativamente às rolas autóctones, são de maior dimensão e distinguem-se, especialmente, pelo arrolhar muito característico, muito mais forte e musical, com fortes requebros que dão musicalidade ao ambiente quando iniciam o seu voo.

São aves bastante afoitas no relacionamento com o ser humano, voando normalmente em casais, em voo alegre embora sublinhado com um cantar algo nostálgico, a recordar quão longe estão da sua terra de origem.

A cada ano que passa, procriando num ambiente natural que lhes é propício, as rolas turcas aumentam a dimensão da sua colónia, poisando nos fios de transporte de electricidade e no alto dos pinheiros bravos dando um novo encantamento aos locais que elegeram para viver.

Ainda hoje, a meio da tarde, quando o calor se fazia sentir em toda a sua intensidade, vinda sei lá de onde algumas rolas turcas se acolheram à sombra de um pinheiro aqui nascido há mais de 20 anos, hoje adulto e protector de muitas aves.

E lá cantaram uma canção arrastada, nostálgica mas de enorme musicalidade...

sexta-feira, agosto 25, 2006

convivência no celeiro

Na torre do celeiro na Comporta
As cegonhas nidificam com felicidade
Que partilham com irrequietos pombos


Ninho de cegonha na torre do celeiro em Comporta, Concelho de Alcácer do Sal, Portugal

o pão, esse delicioso alimento

A criançada está animada com a perspectiva de uma viagem prometida ao mundo da magia. Os olhos brilham de uma emoção antecipada, quando lhes é perguntado: “_Digam lá, acham que o pão começa a sua vida na padaria?” A resposta não se faz tardar, da boca daquela menina com ar traquina: “_O pão nasce nos campos quando o trigo é semeado!”

É nos amplos campos expostos ao Sol, fonte de energia e de vida, que começa essa longa aventura dos cereais, do trigo, do milho e do centeio, que de mão em mão, de saber em saber, chegarão um dia à nossa casa transformados no mais importante alimento para muitos milhões de seres humanos.

Ciclo do Pão

1. Lavrar
Com o recurso aos arado puxado pelo Homem, nos primórdios da agricultura, passou mais tarde a ser puxado por animais e, nos tempos recentes, com recurso a máquinas agrícolas. Lavra-se em três volta: Primeiro, desbrava o solo; depois, fragmenta e, finalmente, após a sementeira, endireita o solo.

2. Semear
Rodando o braço direito em semicírculo para a esquerda o Homem lança a semente à terra.

3. Gradar
Com uma grade alisa-se o solo e torna-se o mesmo mais leve para maior facilidade da germinação das sementes.

4. Ceifar
Com a foice se ceifa o trigo. A foice com lâmina curva é muito cortante, pelo que há que proteger os dedos com canudos de cana. Diz-se “segar” o centeio e “colher” o milho.

5. Juntar e Atar
Assim se obtêm os molhos do trigo e do centeio, bem atados para não se perder o preceito das espigas.

6. Debulhar, Malhar e Desfolhar
O trigo e o centeio são debulhados e depois malhados para se separar o cereal do joio. O milho é desfolhado num ritual muito próprio que por si merece uma descrição muito própria.

7. Tratar o grão
O grão do cereal antes de seguir para a moagem deve ser devidamente limpo de impurezas.

8. Moagem
Os cereais esmagados entre duas pedras redondas, as mós, a inferior fixa e a superior móvel. A mó roda accionada por complexos sistemas cuja propulsão poderá ter origem na acção do vento (moinhos) ou da água (azenhas).

9. Trabalho do Moleiro
Separa a farinha do farelo, peneira a farinha e ensaca-a. Outrora, a farinha era levada do moinho para as padarias com a colaboração da força e destreza dos burros.

Nossa Senhora da Conceição faça bom pão
São Mamede te levede
São Vicente te acrescente
Para mim e para toda a Gente


10. Fazer o Pão
Trabalho dos padeiros. Isso é outra estória.


Para saberem tudo sobre o pão visitem o Museu Nacional do Pão, Quinta da Fonte do Marrão, Seia - Na Internet AQUI

quinta-feira, agosto 24, 2006

labirinto da vida

No labirinto da Vida
Caminhos para homens pobres, pescadores do rio
Por migalhas de pão para a família


Porto Palafita da Carrasqueira, pesca no Rio Sado,Freguesia da Comporta, Concelho de Alcácer do Sal

sonhei que era poeta

Sonhei que era poeta, que acertava palavras umas depois das outras formando frases de sentir profundo, criando imagens de uma realidade sonhada e desejada.

As palavras saltitavam na minha mente procurando o lugar próprio na frase a que davam sentido, mas sentido poético.

E sonhei que da arrumação das frases surgiram poemas autêntica homenagem ao corpo de mulher, ao corpo de uma bela mulher.

E para que tudo resultasse perfeito constituíram o número mágico de SETE, de sete poemas. Os olhos, o cabelo, os lábios e os seios. Depois o umbigo, as nádegas e as coxas. Sete poemas de muito encantar, aquém da beleza da mulher sonhada, num sonho as mais das vezes impossível de dominar.

Voar com o sonho e tentar recordar para que o registo tenha lugar e sentido, mantendo perene o que tão fugaz nasceu.

Guardar na memória o percurso infindável por terras e mares, por sentires e quereres, sem idioma nem bandeira.

quarta-feira, agosto 23, 2006

letra perdida

No rodar veloz do carroussel
Lá se foi uma letra do néon
Para espanto da criançada


Feira de Corroios 2006, Seixal, Portugal

corpo de mulher

Teus Seios

Cachos de uva branca, doirada, de tão grande doçura,
Que nascem em teus ombros tão suaves e macios,
São frutos maduros que uma paixão sincera e pura
Deseja colher apreciar amar em lascivos desvarios.

A magia da Natureza esculpiu tamanha obra de arte,
Que representa as mais belas colinas do Universo,
Nelas se espraia a luminosidade do sol de Gaudi que parte
Com destino à sensualidade da mulher que eu verso.

Se flores houvesse que tanta beleza nos oferecessem,
Rosas negras, mamilos de tons que na paleta estão perdidos,
Que o desejo e o muito querer animam e florescem
Para delírio de nossos olhos e de todos os sentidos.

Na praia seriam doiradas dunas, sensuais no sentir,
Onde o mar se espraia e vem beijar com ternura sem fim,
Excitando os amantes que encontram aí o devir
Mesmo quando o pensar diz não, o coração diz sim..

Seios, belos seios de mulher apontam o infinito,
Magníficos de desejo, sensualidade e delicioso sabor,
Que de tão perfeitos, esculpidos por artista que é um mito
Criado pela alegria de viver que nos enchem de amor.


terça-feira, agosto 22, 2006

caminho de esperança

Aqui reside a Esperança de centenas de pescadores de rio
Que movimentam suas barcaças rio adentro
Em porto palafita encontram abrigo



Porto Palafita da Carrasqueira, pesca no Rio Sado,Freguesia da Comporta, Concelho de Alcácer do Sal

hoje recebemos o visitante 100 mil

Foi hoje que recebemos na Oficina das Ideias o visitante 100 mil. Aqui deixamos, de novo, o nosso pedido para que os visitantes 99.999, 100.000 e 100.001 nos deixe a indicação do seu nome. O pessoal da Oficina ficaria encantado com essa informação.

etiquetadas

A minha querida amoramiga Jacky, do Amorizade, lançou-me este desafio a que não resisti. Escrever 6 (seis) etiquetas de mim próprio... Aqui vão...

Sou um “homem sem sono”. Não tenho insónias, pois quando durmo faço-o “como uma pedra”. Simplesmente, repouso física e mentalmente num número reduzido de horas. Nos meus 30 anos vinte horas era tempo repartido entre trabalho, tarefas associativas e relacionadas com o pós-25 de Abril.

Sou um ancião assumido. Não sou sábio, nem conservador. Gosto de aprender todos os dias e lamento muito o tempo que perdi sem nada aprender. Não sou preconceituoso nem afectado de pudor. A vida ensinou-me a ser atrevido e respeitador.

Sou um reformado sem tempo livre. Sempre pensei que a reforma me transformaria num “jogador de sueca no jardim”. Nunca mais parei em milhares de actividades, como hoje se diz, “voluntárias”. Vivo exclusivamente da reforma da Segurança Social.

Sou um apaixonado pela fotografia. Fotografo desde os 12 anos, estou a comemorar os “50 anos de carreira”, e continuo a ser um fotógrafo medíocre. Limito-me a recolher imagens de belas obras pelo homem construídas e, muito em especial, dos “trabalhos” artísticas da Natureza.

Sou amante da obra do arquitecto catalão Gaudi. Visito sempre que possível locais onde a sua obra pode ser apreciada. Perco-me na Sagrada Família, em Barcelona. Tenho tatuado no meu braço esquerdo um desenho que obtive a partir de um azulejo deste arquitecto a que chamo “Sol de Gaudi”.

Sou um “amoramigo” da minha querida Jacky que se lembrou de mim para dar continuidade a uma cadeia de escritos que nos faz “parar” e “pensar” sobre nós próprios e sobre o que andamos a fazer por cá: eternamente a aprender... com afecto.


E que outros seis sigam o desafio...

Traduzir-se...

Sintra-Gare
Bailar das Letras
Des-Encantos
Maçã de Junho
Lobices

segunda-feira, agosto 21, 2006

harmonia a dois tons

no topo da orla dunar primária
magnífico floral branco
em fundo azul celeste



Planta autóctone da Praia da Sereia, Praia do Sol, Portugal

da praia do sol à fonte da telha no transpraia

Custa hoje algumas moedas de Euro ir e voltar de combóio, desde a Praia do Sol, na Frente Praias, até à Fonte da Telha, junto ao Términus, percorrendo este longo e maravilhoso areal da Costa Atlântica. Em 19 de Junho de 1960, para a viagem inaugural do característico Transpraia, o mesmo bilhete custou somente vinte escudos.

No primeiro ano da década de sessenta, quando a Praia do Sol se apresentava como uma muito bela estância balnear - a linda Praia do Sol, o Transpraia era o único transporte ferroviário à beira-mar, sobre um areal. Hoje, mais de quarenta anos passados, em oitocentos quilómetros de Costa Atlântica da zona continental portuguesa, apenas se criou uma imitação pobre nas Pedras d'El Rei, próximo de Tavira.

O Transpraia é um dos símbolos da Praia do Sol. Foi seu criador Casimiro Pinto da Silva, agricultor de Santo António da Charneca, no concelho do Barreiro, apaixonado pela caça e pelo tiro ao alvo, bom viajante que traz a ideia de França, sugerida numa visita a umas minas. E a vinda até à Praia do Sol ficou a dever-se ao médico de família que sugeriu a Praia do Sol como o local indicado para cura das amígdalas de sua filha Ana Maria da Silva, actual proprietária do Transpraia, lado a lado com o seu irmão António Manuel Pinto da Silva.

Hoje, com quatro unidades e duas máquinas alemãs Shoma, a garagem e oficinas implantadas junto à Praia da Riviera, transporta nos quatro meses da época balnear, de 1 de Julho a 30 de Setembro, trezentos mil visitantes.


Praia do Sol, nome tradicional da estância de veraneio que é hoje a cidade de Costa de Caparica, no concelho de Almada, Portugal

domingo, agosto 20, 2006

pôr-do-sol no cruzeiro

luz mística do pôr-do-sol banha o Cruzeiro
ilumina recordações de envangelizadores mártires
que daqui partiram para o Mundo



Pôr-do-Sol no Cruzeiro da Quinta de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada, Portugal

coleccionar com doçura

Coleccionar, juntar e encontrar elos de comunhão entre as peças sempre foi aliciante para o ser humano. O coleccionismo de pacotes de açúcar colocou esse anseio ao alcance de toda a gente. Os pacotes de açúcar dão rosto a pessoas e acontecimentos exemplares na solidariedade, no saber, na afectividade


Adoça a vida de quem precisa

Está fortemente arreigado nos hábitos dos portugueses o cerimonial de “tomar um café”, nas mais variadas designações: um café, um cafézinho, um cimbalino, uma bica; e nas mais diversas formas de apresentação: normal, curto, italiana, bem cheio, em chávena escaldada, cortado, carioca, garoto, pingado, com cheirinho...

Tomamos café como finalizar de uma refeição, para nos descontrair, para obtermos uma maior concentração, para nos mantermos despertos e atentos ou, então, quando não sabemos o que fazer no momento.

Complemento indispensável para um bom café é o pacote de açúcar, salvo para os auto-designados ”connaisseurs” que tomam o café sem açúcar, para melhor apreciarem o sabor do “ouro negro”.

A questão que hoje aqui apresento é “quantos dos milhares de bebedores diários de café vão além do gesto maquinal de abrir o pacote e açucarar o mesmo e apreciam a pequena peça de papel que contém o dulcíssimo ingrediente?”.

Se o fizessem ter-se-iam apercebido do maravilhoso conjunto de seis desenhos impressos em pacotes de açúcar fornecidos pelos Cafés Delta e alusivos ao Ano Europeu das Pessoas com Deficiência, segundo um projecto desenvolvido pelo Governo Civil de Portalegre.

São os próprios deficientes que no âmbito dos trabalhos de desenvolvimento das suas potencialidades, integrados em diversas instituições do Distrito de Portalegre, desenharam e pintaram imagens que dão bem conta da problemática em causa.

O Comendador Rui Nabeiro, empresário sempre atento ao interesse do social, deu a importante contribuição de tornar público o resultado deste projecto com o lançamento da referida série de pacotes de açúcar.


sábado, agosto 19, 2006

força e movimento

no imaginário da força e movimento
a natureza contribui com beleza
de tonalidades pastel



Imagem de um jarro anão rosa, do Jardim do Pinheirinho

100 mil visitantes

O contador de visitantes que se encontra ao fundo da coluna da direita da Oficina das Ideias prepara-se para registar a entrada do visitante 100 mil. Número mágico que vai ter lugar um pouco mais de três anos após a Oficina das Ideias ter entrado na blogoesfera.

Números mágicos...

99.999
100.000
100.001


Os trabalhadores da Oficina das Ideias gostariam de saber quem são os três visitantes que vão ler no contador de visitas estes três mágicos números.

novos indicadores de leitura

Um dos maiores aliciantes que o pessoal da Oficina das Ideias encontrou na blogoesfera foi a possibilidade de cruzar visitas sobre temas do seu agrado, com blogues preocupados com a partilha do saber, com a defesa dos patrimónios natural e construído, muito em especial, o património imaterial.

Por outro lado existe sempre a preocupação de visitar e recomendar a visita a todos os blogues que além de nos visitarem nos dão a honra de deixar um comentário construtivo, que muito ajuda a nossa inspiração e o enriquecimento do nosso trabalho.

Tempos atrás uma deficiente intervenção nos dados de base deste blogue levou a que tivéssemos perdido muitos dos “indicadores de leitura” o que, pouco a pouco, vamos procurando recuperar.

Vamos acrescentar à nossa lista de “indicadores de leitura” os seguintes:

Maçã de Junho, de Maçã de Junho - Desmedidamente minha, irremediavelmente tua
Vento na Praia, de Patrícia
Ponto de Vista, de Claudia Perotti – Minhas fotos, arte, pensamentos...
Poezz Art, de Júlio Mira
EmDirectoEACores, de Reporter - A Natureza criou os prazeres, o Homem criou os excessos (novo endereço)
Encontros do Cotidiano, de Telma Arcoverde
Alentejanando, de Machede – Blogando à bolina na República do Gerúndio

Vamos ter muito prazer em acrescentar à nossa lista os “indicadores de leitura” destes blogues. Bem hajam!

sexta-feira, agosto 18, 2006

zanga da natureza

a natureza dá um sinal de desagrado
pela forma como o ser humano cuida da sua vida
ainda existe a esperança, contudo



Pôr-do-Sol sobre a Praia de Porto Dinheiro, visto de Atalaia (Lourinhã)

ocarinas e flautas

As ocarinas e as flautas são, dentro da classificação geral dos instrumentos, designados instrumentos de vento, que apresentam duas características essenciais: Têm um tubo que encerra uma coluna de ar produzido pelo executante; Têm um elemento que põe em vibração a referida coluna de ar produzindo um som.

A mais antiga ocarina conhecida remonta aos tempos da civilização Maia, estando o seu som relacionado, tal como acontece com o da flauta, com o deus Pan da mitologia grega.

É um instrumento de configuração física muito simples, donde se pressupõe, geralmente, de grande dificuldade de execução. Tal não acontece na realidade, pois a sua utilização rudimentar, como era feita na sua origem, é muito simples.

Embora adoptada pela Europa, tendo sido trazida para Itália há cerca de 500 anos, das civilizações Azteca, Maia e Inca, continua a ter a sua expressão mais original como elemento fundamental da cultura musical andina.

Quanto à flauta, referimos aqui a zampoña, que é uma flauta pânica, em honra ao deus Pan, conhecida igualmente por siku ou por antara. Enquanto a designação zampoña tem origem no grego, siku é de origem aymará e antara de origem quechua. Tal como a ocarina estas duas últimas pertencem à cultura musical andina.




A flauta e a ocarina na lenda

Conta a lenda que deus Pan se enamorou pela ninfa Siringa que passeava nos bosques dançando e caçando com seu arco e flecha. Um dia Pan perseguiu-a até que o rio Ladón lhe cortou o caminho. A ninfa vendo-se ameaçada pediu socorro às naíadas que a transformaram numa cana. Pan, muito desconsolado, verificou que o vento sibilava ao passar pela cana e pensou serem os lamentos da ninfa. Decidiu cortar a cana e uniu vários pedaços com cera, construindo assim a sua siringa (flauta) para a tocar quando a paixão e o desejo o possuíam.

quinta-feira, agosto 17, 2006

só na imensidão

só... um ponto na imensidão do mar
sol poente na linha do horizonte
meditação



Pôr-do-Sol com recorte da linha do horizonte, visto do paredão da Praia do Sol

conversa de palitos

Os palitos são utensílios muito presentes nas refeições de todos nós, independentemente da região do mundo onde a mesma seja degustada. O “pallilo” da língua castelhana, o “toothpick” dos ingleses e o “cure-dent” dos franceses não é, contudo, aceite pacificamente pelos puristas das boas maneiras à mesa.

Aquele pequeno pedaço de madeira, usado de forma dissimulada pela mão ligeiramente colocada para encobrir o seu “trabalho” ou de forma libertina aconchegado no canto da boca “pronto a entrar em acção” sempre foi fruto de controvérsia.

Acontece, que todos nós já sentimos um dia a necessidade imperiosa de retirar de entre os dentes aquele pedaço de bacalhau ou um “bife” que aí se introduziu inadvertidamente, desejando ter à mão o tal malfadado palito.

O fabrico dos palitos socorre-se da madeira, embora já existam algumas tentativas de os fabricar em plástico, bem cada vez mais escasso e que urge poupar, pelo que é curioso comparar um palito português com um palito holandês para nos apercebermos da diferença de preocupações neste campo.

O palito holandês além de ter um comprimento menor, 50mm o holandês contra 70mm do português, o seu formato é mais anatómico havendo menos desperdício de madeira no seu fabrico. Além disso é impregnado de um produto que refresca e desinfecta.



No falar popular o “palito” é muitas vezes utilizado: “palitar os dentes”, “servir de palito”, “pareces um palito”. Não confundir com “pôr os palitos”.

quarta-feira, agosto 16, 2006

daqui a quatro pontos... liberdade

no trenzinho de praia caminhamos
quatro pontos mais além
o contacto total com o mar azul



Paragem 15 do Transpraia, na Praia do Sol. Daqui a quatro paragens (19) fica a zona de prática legal do nudismo

modelo fotográfico

A devassa do belo corpo da modelo perante pela câmera fotográfica provoca nela sentimentos antagónicos que ficam bem patentes nesta descrição tão sentida:

"Corri, corri loucamente rumo ao infinito, tentando libertar-me da objectiva que sempre me persegue, que sempre me encontra, que recolhe sistematicamente a minha imagem que tento preservar.

Mas será esse, efectivamente, o meu querer? Os meus sentidos atraiçoam o meu pensar. Sinto um desejo profundo de que o meu corpo seja devassado, milímetro a milímetro fotografado, partilhado com quem muito o deseja...

Na parede de alvura imaculada encontrei abrigo, protecção, amparo. A objectiva acaricia meu dorso, minhas nádegas, minhas pernas. Mas estou defendida na outra margem do meu corpo. Mantenho o mistério, instigo a imaginação."

terça-feira, agosto 15, 2006

voar rumo ao infinito

em tempo de pôr-do-sol inicia seu voar
no rumo dos afectos vai a gaivota
talvez no infinito ou já ali



Voo de gaivota em tempo de poente na Praia do Sol, Portugal

a minha opinião

O pessoal da Oficina está atento à actualidade política e social de Portugal e do Mundo. Aqui partilham o seu pensar através da minha análise modesta mas interessada


Que protecção civil nós temos?

Faz agora 24 anos um grupo de gente interessada de forma voluntária na temática da protecção de pessoas e bens em relação às situações calamitosas de origem natural escrevia: “As populações absorvidas pela actividade intensa e rotineira imposta pela civilização actual, ignoram ou esquecem a sua enorme vulnerabilidade aos factores naturais adversos e a sistemática ameaça do enquadramento ambiental”.

Um ano depois, em Maio de 1983, o Caparica CB, uma Associação de utentes de radiocomunicações da Banda do Cidadão, que se dedicava prioritariamente às comunicações de emergência publicava a primeira edição do “Plano Global de Emergências (Perímetro da Caparica)”. Um trabalho baseado nos conhecimentos profundos da região por parte dos seus associados e a contribuição técnica dos Bombeiros Voluntários de Almada, Cacilhas e Trafaria, da secção da Cova da Piedade da Cruz Vermelha Portuguesa e das autarquias do Concelho de Almada.

Este documento, com cerca de 170 páginas, fazia o inventário exaustivo das zonas e tipo de risco existente na região, dos meios necessários para acorrer a essas situações e da forma de efectuar o apelo com segurança e eficácia e a disponibilidade de meios de comunicação rádio para os respectivos postos de comando e meios no terreno.

Trabalho precursor em relação aos planos de emergência que anos mais tarde iriam ser elaborados a nível municipal, dos governos civis e nacional, este trabalho teve apresentação pública e serviu de guia a todo o trabalho voluntário de prevenção de calamidades, tais como fogos florestais, inundações e temporais, acidentes rodoviários e muitos outros.

Foram anos de grande tranquilidade e organização no combate às calamidades, tendo como base um serviço eficaz de radiocomunicações de emergência – Banda do Cidadão, aumentando a prevenção e tornando eficaz o alerta, pelos meios existentes e pelo empenhamento popular.

Um ensinamento ficou de todo este trabalho e empenhamento:
O combate aos fogos florestais realiza-se no Inverno (prevenção)
O combate às inundações e temporais realiza-se no Verão (prevenção)

Pasma-se hoje, passados quase 25 anos, com o desnorte total na protecção civil, com a indefinição de responsabilidades, com as dificuldades de comunicação pese os milhões de euros investidos em tecnologia, com a descoordenação do comando.

O País arde a cada ano que passa. As inundações arrasam, cada vez mais o que sobra dos fogos.

Os responsáveis políticos, os próprios ministros não se entendem, enganam todos os dias os portugueses com os seus discursos, sem assumirem responsabilidades e, muito menos, retirarem as normais ilações em situações como estas – DEMISSÃO. Os responsáveis técnicos, especialmente os pertencentes à Protecção Civil Nacional discursam de forma a que o Povo os não entenda.

O que sobra?

Mudança de nome do serviço, agora Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil
Utilização do vocábulo “ignição” em lugar de fogo, baralhando os ouvintes, claro...

Os êxitos que afirmam todos os dias obterem, “a Bem da Nação”, traduzem-se numa calamidade das populações, enquanto os políticos desbundam em férias de nababos.

segunda-feira, agosto 14, 2006

uma flor para... a denise

pétalas luminosas como a tua própria vida
na senda da defesa de ideais
mulher de causas e de afectos


Denise tem o blogue Síndrome de Estocolmo, a não perder

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


Olhos Verdes Esmeraldas de Água Fina

Olhos verdes, esmeraldas de água fina
Que envolvem o sentir de doce querer
Na ondulação dos cílios que o mar ensina
E que as pálpebras tanto lutam por esconder.

Lábios sensuais e dados no beijar
A quem por muito amar deles se abeirou
Quais pétalas que só a Primavera ousa tocar
Cobertas de gotícolas que o Inverno lhes deixou.

E quando acaricio a loira cabeleira
Sentindo que se cumpriu então a sina
Penso ser esta a vez primeira
Em que o coração a mente me domina.

E se para sentir o doce arfar dos seios de menina
Junto a mim em forte abraço o corpo lhe enleio
Invade-me felicidade que jamais termina
No íntimo contacto das coxas, do ventre, do seio.

domingo, agosto 13, 2006

uma flor para... a doce cathy

no caminhar da vida e do querer
te desejo felicidade sem limite
mereces o melhor do que o mundo tem



Flor do Ciclame (Cyclamen persicum), do jardim do Valle do Rosal

simbolismo das conchas de vieira

Nas minhas caminhadas matinais à beira-mar, num trilho imaginário traçado pelo mar na areia dourada da praia, de tempos a tempos, observo a leveza com que as águas depositam na areia ao recuar da maré, bonitas conchas carregadas de simbolismo. São conchas de vieira.

Não muito longe, no alto da arriba, está marcada a passagem de um caminho da rota de Santiago. Que relação terá a existência dessas conchas na praia com o simbolismo que as mesmas têm nos Caminhos de Santiago?

Conta uma lenda da Galiza:

Quando o barco com os restos mortais do apóstolo Tiago chegou à Galiza vindo da Palestina, o mar tempestuoso ameaçava esmagá-lo contra os agrestes rochedos da costa. Um passante que cavalgava junto ao mar ao ver tamanha tragédia avançou com o seu cavalo tentando salvar os navegantes.

Derrubado pelo mar forte que se levantava com muita violência, viu-se perdido tendo evocado os céus para sua salvação. Baixou, então, a calmaria sobre o mar da Galiza, tendo a embarcação e o cavalo sendo empurrados pelo mar para a praia, salvando-se.

Puderam na altura verificar que o cavalo vinha coberto de um tipo de conchas conhecidas por “vieiras”. Quando se começaram a desenvolver as caminhadas das peregrinações a Santiago de Compostela, foi recuperado como símbolo a vieira que a lenda evoca.

Entre as muitas designações que têm sido dadas aos peregrinos, uma muito curiosa relaciona-os com as conchas de vieiras. Os peregrinos que percorriam o Caminho de Santiago designado por “ruta jacobea” eram chamados “Concheros” ou “concheiros” aludindo a um dos principais símbolos da Peregrinação a Santiago de Compostela, a concha da vieira.

No início a concha da vieira era apanhada nas costas galegas pelos peregrinos e levada no regresso às suas terras de origem como prova da concretização da peregrinação e recordação da mesma. Com o tempo e o oportunismo dos comerciantes este símbolo passou a poder ser adquirido logo no início da caminhada, colocando-as os peregrinos durante a caminhada em lugares bem visíveis, como sejam as capas, os chapéus, as mochilas e os bordões.

E aqui estou eu, com uma maravilhosa concha de vieira recolhida nas magníficas águas da Praia do Sol, a centenas de quilómetros da Galiza e de Santiago de Compostela.




Para mais informações consultar:
Curiosidades y Leyendas - Simbolos Jacobeos
Encontros no Caminho com Paulo Coelho

sábado, agosto 12, 2006

mar da tranquilidade

navegar em mar chão tranquilo
à vista da doirada costa
qual gaivota planando numa isobárica

Pequeno veleiro visto da Praia da Sereia - Waikiki (bandeira azul)

hoje o céu está mais bonito com uma “chuva de estrelas”

Na noite de hoje, dia 12 de Agosto, será visível nos céus do hemisfério Norte um fenómeno astronómico, designado muitas vezes por “chuva de estrelas cadentes”. Embora a visibilidade deste fenómeno tenha lugar entre 23 de Julho e 22 de Agosto, é esta noite em que a intensidade será maior, com cerca de 100 meteoros por hora.

As Perseides é uma das chuvas de meteoros mais conhecida, é a que tem lugar nesta época do ano no hemisfério Norte, e resulta da intercepção do planeta Terra com a órbita do cometa Swift-Tuttle que deixa na sua passagem milhões de partículas na sua trajectória que ao entrarem na atmosfera terrestre se tornam encandescentes.

Ainda me recordo nos meus tempos de meninice o medo que existia perante tal fenómeno pois mais parecia que o céu iria cair nas nossas cabeças. As referidas partículas de dimensões muito reduzidas pulverizam-se ao entrar na atmosfera terrestre com a emissão fugaz de forte intensidade luminosa.

Por vezes, alguns blocos de maiores dimensões ultrapassam a massa gasosa chocando com a superfície terrestre, são os meteoritos, alguns dos quais têm deixado marcas assinaláveis na crosta terrestre.

Durante muito tempo as "estrelas cadentes" foram interpretadas como corpos atmosféricos misteriosos e atribuía-se-lhes o prenúncio de eventos maléficos. Os gregos sabiam já que este fenómeno não correspondia à mudança ou queda de estrelas reais, pois estas eram fixas e distantes, mas não encontraram uma explicação para os rastos luminosos do firmamento.

Sabe-se hoje que o conhecido fenómeno das "estrelas cadentes" ou meteoros, como correctamente deve ser designado, é produzido por pequenos corpos, não maiores que uma ervilha, que, gravitando em torno do Sol, ao atingirem em grande velocidade a atmosfera terrestre, tornam-se incandescentes pelo choque com as moléculas de ar, reduzindo-se na maioria a pó antes de alcançarem o solo.

As "chuvas de estrelas" ou enxames de meteoros são geralmente designadas pelo nome da constelação na qual se situa a radiante, ou também pelo nome da estrela brilhante próxima da radiante. Mais raramente emprega-se o nome do cometa com o qual o enxame está relacionado. A "chuva de meteoros" só ocorre quando a órbita do enxame intersecta, ou passa próximo da órbita da Terra e, além disso, o enxame e a Terra chegam ao mesmo tempo à intersecção. A posição deste ponto na órbita da Terra determina a data da "chuva de meteoros".


Hoje serão vistas com intensidade as Perseides que parecem provir da constelação Perseu

sexta-feira, agosto 11, 2006

o dramatismo de um poente

curto momento em que o sol mergulha no mar
o firmamento fulge de doirada coloração
aquece corações inspira amantes


Sol poente visto desde a Mata dos Medos, na zona da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil de Costa de Caparica

número um

Hábito antigo de guardar os “número um” das revistas, quantas vezes o “número zero”, acaba por fazer história do que é publicado, dos êxitos editoriais e, igualmente, dos fracassos, mas é sempre registo dos tempos


Gente e Viagens

Trata-se de mais uma revista publicada durante a grande “explosão” das viagens de turismo e, consequente, expansão editorial sobre o tema. É resultado da renomeação de uma edição técnica com cerca de 14 anos de existência a data desta publicação primeira e designada “Portugal Turismo Actualidade”.

Esta modificação resulta da alteração do público alvo da revista. Antes, dirigida aos profissionais do turismo, portugueses e estrangeiros, aos autarcas, aos hoteleiros e aos profissionais da aviação; agora dirigida aos portugueses em geral que com o produto interno bruto triplicado passaram a viajar mais.

O N.º 1 da revista “Gente e Viagens” foi publicado em Janeiro de 1995, de periodicidade mensal e preço de capa de 500$00, tendo como director Albérico Cardoso e editora Lucidus Publicações.



Do conteúdo do Número Um da revista “Gente e Viagens” salientamos:

Reportagem – Lisboa 94
Destinos – Lapónia
Destinos – Tailândia
Destinos Aventura – Andes
Bolsa de Viagens
Viagens na Nossa Terra
Carros
Zoom
Fins-de-Semana


Pelo que pudemos analisar das leituras realizadas o objectivo desta revista era chegar a viajantes de elite mas, pouco a pouco, pela pressão de muitas outras existentes à época no mercado, teve que tornar-se mais popular.

quinta-feira, agosto 10, 2006

fantasia em vermelho

fantasia de cores e formas
quando o cacto floresce
traz alegria e bem estar


Flor do cacto "Crassula falcata L." do jardim de Valle do Rosal

coleccionar com doçura

Coleccionar, juntar e encontrar elos de comunhão entre as peças sempre foi aliciante para o ser humano. O coleccionismo de pacotes de açúcar colocou esse anseio ao alcance de toda a gente. Os pacotes de açúcar dão rosto a pessoas e acontecimentos exemplares na solidariedade, no saber, na afectividade


Lisboa está em Festa em tempos de Santo António

Alfama será o mais antigo bairro de Lisboa, situado entre o Castelo de S. Jorge e o Rio Tejo, tradicionalmente habitado por gente do mar que embarcavam nas caravelas rumo às descobertas de novos mundos, mais tarde nas artes piscatórias e na estiva do Porto de Lisboa. O nome de Alfama, vem do árabe Al-hamma, que significa banhos ou fontes, que existem em número significativo neste bairro tradicional.

O terramoto de 1755 poupou a zona de Alfama que assim se mantém na traça antiga, labiríntica e de ruas muito estreitas e pequenos largos, com escadinhas garantindo a ligação e o mais fácil acesso entre as diversas zonas do bairro que se desenvolve encosta abaixo até à margem do Rio Tejo.

Gente modesta devota de Santo António nascido no bairro, onde hoje se encontra construída uma igreja a ele dedicada, vive a noite de 13 de Junho de forma intensa, em festa permanente, hoje bastante comercial, mas em tempos idos com as portas franqueadas a todos os forasteiros.

Em noite de Santo António, em cada recanto a sardinha assada é rainha dos afectos e dos paladares. É a festa que nasce em cada porta do bairro. É o sorriso da criançada quando pedem “um tostão para o santo António” que na tradição não entra a modernice de novas moedas que ao santo nada diriam.

Nos tempos presentes uma multidão invade o bairro, engalanado de balões multicoloridos, manjerico bem cheiroso na mão, na procura da bela sardinha assada. Noite fora ouve-se cantar o fado.


quarta-feira, agosto 09, 2006

luar de agosto

em agosto a lua brilha mais forte
alcoviteira dos amores de veraneio
não há nuvem que esconda sua luz


Imagem recolhida a 99% da Lua Cheia, plenitude às 11 horas e 54 minutos

bandos de andorinhas esvoaçantes

Quando pelo meio do dia a canícula é mais intensa e os insectos do acacial são obrigados a voar mais baixo, surgem aos milhares em voos rasantes numa busca frenética de alimentos, cruzando os caminhos que traçam rasgos na mata e por onde se deslocam os veículos na ligação às praias que no seu todo constituem a Praia do Sol.

São milhares de andorinhas, coisa nunca vista na região em anos anteriores, diz quem sabe e quem para ali se desloca há dezenas de anos. Velhos pescadores não se recordam de alguma vez terem visto tantas andorinhas que nos seus voos chegam a encobrir temporariamente a luz do astro rei.

É frequente logo a partir de Fevereiro, quando o Inverno é mais ameno, chegarem bandos de andorinhas na sua migração anual, vindas de milhares de quilómetros de distância, que na região nidificam e se reproduzem, constituindo habitualmente núcleos bem determinados e limitados na sua dimensão.

São acolhidas com agrado e alegria, neste renovar da espécie, pelos habitantes locais que muitas vezes reconhecem o próprio bando que anualmente regressa ao mesmo local, aos mesmos ninhos. É mais um ciclo de vida que se cumpre.

Este ano, contudo, chegaram aos milhares e estabeleceram a sua colónia a poucas dezenas de metros na orla marítima vivendo a sua estadia entre esta e a arriba fóssil implantada um pouco mais para o interior. Caçam nas imediações do acacial e pernoitam em buracos existentes nas rochas da arriba fóssil.

Gentes autóctones, gente do mar, pescadores, camponeses das hortas da Costa interrogam-se sobre a razão deste autêntico fenómeno. E não encontram respostas. Talvez mudanças climatéricas na região de origem das andorinhas. Ou serão mudanças climatérica aqui mesmo, que justificam o acontecido?

A verdade é que cerca do meio dia solar enormes bandos de andorinhas esvoaçam freneticamente sobre a zona do amplo acacial, realizando voos de caça nas estradas empoeiradas e tortuosas onde, por certo, encontram os alimentos procurados.

Os passantes quedam-se estupefactos pelo espectáculo de dança com coreografia inolvidável das negras avezitas, inesperado ao virar uma curva do caminho poeirento, no enquadramento maravilhoso do acacial, da arriba fóssil e do azul celeste.

terça-feira, agosto 08, 2006

surfar ondas de prata

na crista das ondas de prata
equilibrar o corpo e o espírito
adrenalina


Prática de surf nas ondas da Nova Praia, Praia do Sol, Portugal

vida boémia em lisboa

A rota das beberagens da Lisboa boémia situa-se desde há muito no eixo Praça dos Restauradores, Portas de Santo Antão, Rossio e Cais do Sodré, pese as tentativas de desenvolver as ofertas lúdicas nas chamadas “zonas das docas”, quer a Oriente quer na zona ocidental da cidade.

A boémia lisboeta é pacífica e agarrada à tradição, não se envolve nas confusões da vida nocturna da 24 de Julho ou das docas. Desenvolve-se à volta de uma beberagem tradicional, dois dedos de conversa, uma estória que se conta e que se ouve, uma cumplicidade que se aprofunda.

Quem não se recorda e, hoje em dia pode reviver, a passagem ao fim da tarde, de regresso do emprego, pelo Bar Pirata, na Praça dos Restauradores, à beirinha do saudoso Cinema Eden. O refresco, servido em copo cónico, tem a designação do nome do próprio bar “Pirata”, mas para os mais exigentes, em tamanho duplo servem o “Perna de Pau”.

Numa “velha tendinha”, na Rua das portas de Santo Antão, nas imediações do Coliseu dos Recreios e dos cinemas Politeama, Condes e Odeon, serve-se uma excelente ginjinha, mas igualmente, para os abstémios, um “mazagran”, café, água, umas gotas de limão e açúcar, servido em copo alto, refresco de café como muitos lhe chamam.

A dar para o Rossio, no prédio de canto com o Largo de São Domingos e no Arco de Bandeira, impera a ginjinha, com elas ou sem elas ao gosto do freguês, na certeza de que o maior grau alcoólico se encontra “nelas”. Rossio atravessado, duas ou mais ginj1nhas bebidas e pela Rua do Ouro e do Crucifixo vamos até ao Tribunal da Boa Hora.

Nada de tribunais, de julgamentos, de advogados e de juizes. Antes no bar inclinado que muito inclinada é a Rua Nova do Almada, onde nos encontramos, há que refrescar a garganta com o melhor refresco de limão da cidade de Lisboa.

Junto ao Rio Tejo, na Praça Duque de Terceira, que toda a gente conhece como Cais do Sodré, situa-se o final desta digressão de boémia, que é igualmente poesia e afectos, no British Bar, onde entramos “um somente com gelo”, também conhecido por “digestivo”, bebida segredo guardado a “sete chaves” que abre o espírito para voos inesperados.

No British Bar, resistente ao tempo que passa é o “ginger beer”, cerveja de uma infusão fermentada de gengibre, de muito baixo teor alcoólico e que faz parte do património imaterial do botequim e da cidade de Lisboa.

segunda-feira, agosto 07, 2006

navegar é preciso

na tranquilidade do mar chão da Caparica
navegar na brisa do vento amigo
em afectos de muito querer


Pequeno veleiro ao largo da Praia da Sereia, Praia do Sol, Portugal

a maçã (de junho)

Uma querida amiga e camarada desta e de muitas outras andanças visitou a Oficina tendo deixado uma mensagem de afecto. Acontece que o seu nome Maçã de Junho e o facto de nesta data ser aniversariante bem justificam o modesto poema que a seguir fica desenhado com o desejo de muitas felicidades:


A Maçã

Aveludada, doce no tocar
Curvilineamente sensual
Os dedos percorrem-na sem parar
Excitam sua pele sideral (cidral)

O olhar pousa em breve carícia
Reflecte em si a ternura do sentir
Profundo ritual que é malícia
Pensamento fixado no devir

O olfacto, dos deuses privilégio
Deleita-se nos sentidos viciosos
Em sonhos ou será em sortilégio
Embala num alazão dos mais fogosos

O paraíso dos sentidos exacerbados
Na loucura das mais íntimas carícias
Local da vivência dos iniciados
Na sensualidade de infindáveis delícias

domingo, agosto 06, 2006

extravagantemente bela

ultrapassa a imaginação mais fértil
o extravagante desenho
de tão bela flor de cacto


Flor do cacto "Stapelia variegata L." do jardim de Valle do Rosal

mar cúmplice do meu sentir

Mar chão, ondulação suave e compassada, “mar de senhoras” no dizer dos pescadores que da praia fazem porto de abrigo e que estão habituados a enfrentar nas suas “artes” as maresias mais agrestes. Azul com tonalidades de verde forte, a espraiar prateada espuma, é uma tentação a que nele mergulhemos sem hesitar.

Quem alguma vez consegue resistir ao apelo do mar, ao melodioso cantarolar das sereias, feitas Tágides com o rio ali tão perto? A própria temperatura da água parecia contribuir para essa tentação, pois permitia uma entrada sem recuos para equilíbrio térmico. Logo depois, o mergulho...

Passados os primeiros prazeres do contacto de ondas de sal na água diluído, o relaxamento natural, a contemplação de um imenso plano de água, levemente ondulado, que se prolonga até á linha do horizonte sem mácula no espelhado azul que somente altera ligeiramente a tonalidade ao convergir com a mesma cor da abóbada celeste.

Será este mar o mesmo que há dez, vinte, trinta, quarenta, cinquenta anos aqui foi cumprindo este encontro de afectos, quanta inspiração e conselhos, quanta ajuda nos momentos mais difíceis da vida? Com certeza que foi acompanhando o evoluir dos tempos e dos sentires das pessoas que sempre o procuraram, mas é o mesmo com a sabedoria do tempo que passa.

Estranha, por certo, que os meninos e as meninas não construam mais castelos de sonho, efémeros quanto a duração de uma maré a encher, mas tão belos fruto de imaginação e de querer dos mais pequenitos, que tanta dificuldade tinham em talhar na areia as ameias dos castelos. Mas que sempre acabavam por conseguir.

Poucos meninos, hoje em dia, dão valor aquelas peças de plástico fabricadas que fez o encantamento de tantas gerações, baldes, pás, ancinhos. Brinquedos fundamentais para a construção de sonhos plantados à beira do mar, num desafio permanente à imaginação e à criatividade.

Regressados aos afazeres escolares passado que fora o tempo de veraneio, essas mesmas construções na areia serviam de tema aos desenhos que relembravam tempos vividos sem o risco da maré os levar docemente. Para o ano seguinte ficara, desde logo, aprazado novo encontro com esse mar que tranquilamente aguardava o regressos dos meninos a que sempre encantava.

Anos mais tarde voltariam para com ele desabafar as suas dores de amores nascentes, uma ou outra desilusão da vida. Um pedido de conselho uma lágrima que ajudava a que se mantivesse salgado e acolhedor a quem nele deseje mergulhar.

Agora, tantos anos passados sobre o nosso primeiro encontro, o mar azul e tão belo, mais do que confidente é cúmplice dos meus sentires de tal forma que logo à minha aproximação reconhece, de imediato, o que a ele me leva.

Hoje sinto-me tranquilo com o seu amplexo amigo.

sábado, agosto 05, 2006

sol poente no mar atlântico

curto momento em que o sol mergulha no mar
o firmamento fulge de doirada coloração
aquece corações inspira amantes


Sol poente visto desde a Mata dos Medos, na zona da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil de Costa de Caparica

mar eterno

Oceano, mar eterno, que te espraias no doirado areal
Festejas em espuma branca e leve o vigor da Natureza
Inspirada bailação ao ritmo do sentir e do querer
Crias obras de arte, desenhos, esculturas, qual artista genial
Inventas novas formas, cores e traços que aplicas com firmeza
Na tela da vida, no devir, que do sonho se faz viver.
A transparência da água é como a alma do músico ou do poeta

De mansinho vem beijar as areias que o Sol aquece e ilumina
Amando cada momento do tempo que passa veloz sem parar
Só medido pelo fluxo de areia fugidia da velha ampulheta.

Inebriantes melodias enchem o ar com sons de ocarina
Dando companhia a palavras certas da arte de versejar
E o mar, sábio pela vivência e pelo muito observar
Indica a rota a percorrer para o sonho atingir
Amizade, que amor mais forte não há , na certeza do pensar
Solidariedade o sublime sentimento de quem melhor sabe sentir.

sexta-feira, agosto 04, 2006

uma porta de tradição

sobressai do plano de uma parede sem história
vigia de espreitar quem vem por bem
pegadeira para duas alimárias


Porta em casa de morar na vila de Óbidos

as conchinas da maré baixa

Acontece na época de Verão a terminar, quando o equinócio se anuncia e as chamadas “marés vivas” antecipam a sua actividade, fazermos grandes caminhadas à beira-mar, na maré vasa que o mar havia “batido” forte na noite anterior, deixando a doirada areia dura, plana e a fulgir intensamente de doirado.

A maré realiza nesse tempo as suas maiores amplitudes, que em tempos de maré viva a distância entre a preia-mar e a baixa-mar é imensa, recuando as águas azuis transparente desse mar tão belo até locais onde no restante do ano a areia se não vê.

Nesse amplo espaço, tapete doirado e macio é bom caminhar, observando os marisqueiros com seus apetrechos próprios a recolher enormes conquilhas amarelas de sua cor e as gentes mais idosas a deliciarem-se na procura do “tesouro” entre a gandaia que o mar da noite depositou na areia.

Na expectativa de encontrarem um fio de oiro ou um anel de precioso metal que alguém mais distraído ou na refrega de um amor vivido tenha perdido em tempo de veraneio, sempre acabam por encontrar uma moeda de prata que resistiu escondida na areia, embaciada pela erosão da areia e pela acção do salitre do mar, outras vezes moeda de cobre completamente corroída pois o mar não respeita metais não preciosos.

Nessas caminhadas, na tranquilidade dos passos dados, na musicalidade do “bru-à-à” das ondas no seu eterno namoro com a areia, pequenas conchas, sobras de bivalves há muito perdidos e a quem serviam de casa e de protecção, quase pedem para serem recolhidas pelos passantes.

E que belas elas são...

De tamanho reduzido, dos poucos milímetros até aos dois centímetros na sua maior dimensão, são raiadas em linhas arqueadas em diversas tonalidades de castanho e ocre que convergem para o ponto de união das duas conchas que constituem o bivalve.

São em si mesmas obras de arte, com o traço único da Natureza, e quando colocadas lado a lado transformam-se num testemunho fantástico duma caminhada de encantamento pelas doiradas areias, acompanhada do lado do Nascente por uma bela arriba que o passar do tempo e o recuo definitivo do mar fossilizou e do lado do Poente esse mar imenso, pintado em laivos de azul e de verde, prateado no constante espraiar da ondulação.

No regresso desta caminhada de vai e vem o acenar dos marisqueiros, que a manhã correu bem e recolheram uma teca de conquilhas que irá render bom dinheiro junto dos restaurantes da vila, importante para a subsistência da sua família, e outro acenar dos caçadores de tesouros que amanhã voltarão, se de feição estiver a maré, pois um dia encontrarão as moedas de oiro que pairam no seu imaginário.


quinta-feira, agosto 03, 2006

serra de devoção

subir a serra em tempo de romaria
junta o sentir religioso ao pagão
mas sempre com devoção


Serra do Socorro, região Oeste, com capela da santa com o mesmo nome, local de devoção popular

deuses da lusitânia

Muito antes da invasão romana da Península Ibérica foi esta região do Mundo onde hoje se desenha a Nação Portuguesa, ocupada sucessivamente por diversas tribos guerreiras, entre as quais a de Viriato, que assumiram a designação de Lusitanos, origem do vocábulo “Lusitanos” que hoje é uma designação dada aos Portugueses.

Adoravam essas tribos divindades pagãs, com poderes específicos a quem dirigiam as suas preces e que ainda hoje existem no imaginário de muitos de nós.

Aernus – Deus dos céus, dos ventos e das montanhas

Ategina – Deusa mãe, feiticeira e dos partos

Arantia – Deusa mãe, guerreira e dos partos

Bandonga – Deusa dos caminhos

Bormanico – Deus das fontes, das curas e da sabedoria

Brigantes – Deusa mãe, guerreira e dos partos

Endovellico – Deus da cura e da morte, e da sabedoria

Herne – Senhor das florestas e dos animais selvagens

Iovi – Deus dos céus e do Sol

Nabia – Deusa das fontes, das florestas e dos rios

Lugus – Deus das florestas, senhor dos ofícios e da magia

Runesco Cesio – Deus guerreiro, protector do clã e deus dos cavalos

Tangoe Nabiago – Pai das nascentes, fertilizador e das chuvas

Trabaruna – Deusa guerreira, protectora do clã

Turiaco – Deus das florestas, das montanhas e protector dos rebanhos

quarta-feira, agosto 02, 2006

varandinhas sobre o mar

assim lhes chamam o povo
que o turismo adoptou
onde olhar o infinito é inspirador

Miradouro com varandinhas na Praia de Santa Cruz, Costa Oeste de Portugal

a suavidade do erotismo

São eróticos os mais belos textos escritos pelo homem, pois o erotismo faz parte do sentir mais profundo do ser humano. Em prosa, em verso ou em imagem toda a suavidade do sentir e do querer


Fim de Tarde

Deitado no tapete de relva fresca que bordeja a piscina do Zoomarine, deixei que um doce torpor me invadisse os sentidos quando, de súbito, pressenti, quase que por intuição, algum movimento à minha volta que me alertou os sentidos e me fez ficar mais atento.

Após meia dúzia de mergulhos e algumas braçadas dadas nas águas translúcidas da piscina, retirara-me para a zona envolvente, relvada e ampla, onde toda a gente, nas mais diversas posturas e actividades, usufruía dos raios solares propiciados pelas agradáveis condições climatéricas daquele sereno fim de tarde.

Como habitualmente fazia para melhor usufruir dos raios solares, puxei a tanga de banho tigrada bem para o corpo, transformando-a em pouco mais do que um “cache-sex”, cobrindo o estritamente necessário, deixando as nádegas a completo descoberto, com a intenção de expor ao Sol a maior área possível de pele

Quando, pouco tempo antes, me dirigira para o local, onde havia deixada estendida a toalha de banho, reparei vagamente numa jovem mulher dos seus trinta anos, envergando um biquini vermelho, que cuidava com ternura da filha de tenra idade. Um biquini vermelho de corte tradicional, embora curto, uma mulher bonita cuidando da sua filha, foi o quadro que o meu subconsciente fixou.

Entreabri, então, os olhos cerrados pela sonolência que me havia invadido e apercebi-se que a movimentação à minha volta tinha origem, precisamente, na referida mulher que protegendo a sua filha dos raios solares que se intensificavam com o meio-dia, colocara a sua toalha na sombra dos arbustos que bordejavam aquele maravilhoso espaço, ficando mais perto de onde eu me encontrava.

A jovem deitou-se, primeiro de barriga para o ar, enrolando o tecido da parte de baixo do biquini, deixando-o reduzido ao mínimo, podendo, de tão perto que me encontrava, aperceber-me de um tufo de pêlos púbicos que atrevidamente afloravam do, agora, reduzidíssimo biquini.

Rolei sobre mim próprio, olhando-a, primeiro bem fundo nos olhos e depois para todo o seu corpo de modo que não evidenciando publicamente o que estava a ver, a própria se apercebesse de que estava a ser devidamente apreciada.

Muito embora não me fosse de todo possível evitar a evidência que a reacção fisiológica ao acontecimento me provocava por debaixo do calção de banho, procurei ser discreto, pelo que tornei a rodar o meu corpo ficando ligeiramente voltado para a jovem...

Esta mostrou claramente, com o olhar e o sorriso maroto, que se apercebera do efeito que em mim provocara.

Passados alguns minutos, a jovem rolou sobre si, colocando-se de costas dando-me a possibilidade de apreciar as suas torneadas nádegas separadas unicamente por uma fina tira de tecido vermelho, em que transformara o calção do biquini após o ter enrolado.

Pouco depois, esticou os braços para as costas, desfez o laço do “soutien”, rolou ligeiramente para o meu lado deixando-me atónito ao ver os seus seios de bicos muito negros e extraordinariamente erectos, ao mesmo tempo que dirigiu uma das mãos na direcção da frente do seu biquini acariciando-se no tufo de pêlos púbicos e depois um pouco mais abaixo.

terça-feira, agosto 01, 2006

uma flor de alegria

uma gaivota atravessou o mar
segredou-me uma alegria
viver a vida é preciso


Coroas Imperiais do jardim de Valle do Rosal
Imagem dedicada a uma Amiga vencedora

em julho de 2006 a oficina das ideias publicou:

Textos
Dia 1 – Em Junho de 2006 a Oficina das Ideias publicou
Dia 2 – Um brilho no olhar [sentir o povo que vive]
Dia 3 – Um café de califas e outros clientes [coleccionar com doçura]
Dia 4 – Um belo sonho [espaço de poetar]
Dia 5 – Mil novecentos e seis dias na Blogoesfera
Dia 6 – O Malho [número um]
Dia 7 – Onde estão “senhores ministros)? [a minha opinião]
Dia 8 – Uma caldeirada em Porto Dinheiro [...gostámos]
Dia 9 – Na feira franca [sentir o povo que vive]
Dia 10 – Só é meu aquilo que dou a outrém [coleccionar com doçura]
Dia 11 – Escrever à desgarrada
Dia 12 – Deixar fluir o pensamento [espaço de poetar]
Dia 13 – A Oficina das Ideias no Mundo
Dia 14 – Espaço & Design [número um]
Dia 15 – Mais uma canalhice de Bush [a minha opinião]
Dia 16 – De volta ao “artesanear” [sentir o povo que vive]
Dia 17 – Um café no Gerbeaud [coleccionar com doçura]
Dia 18 – O tesouro dos sentires [espaço de poetar]
Dia 19 – O Cruzeiro da Quinta dos Quarenta Mártires [minha terra é meu sentir]
Dia 20 – Um café e um claudino; Opel nunca mais!
Dia 21 – Elogio da Ginja e La Cantina [leituras e audições]
Dia 22 – Tempus medievais
Dia 23 – Elogio da Ginja, Elogio da Amizade
Dia 24 – NO Chez Léon [coleccionar com doçura]
Dia 25 – Doçura [espaço de poetar]
Dia 26 – Novos indicadores de leitura
Dia 27 – Na Atalaia degustámos frutos de mar
Dia 28 – Teste Saúde [número um]
Dia 29 – Santa Cruz, praia de charme [caminhando se faz caminho]
Dia 30 – O boteco do Sô Zézinho
Dia 31 – Açúcar mais açúcar... [coleccionar com doçura]

Imagens
Dia 1 – As cores dos tecelões
Dia 2 – Parabéns amigo Ricardo
Dia 3 – Máscara veneziana
Dia 4 – Sinfonia em doirado
Dia 5 – Flores... eternas companheiras
Dia 6 – Campos floridos do Alentejo
Dia 8 – A fotogenia da romã
Dia 9 – Devoção a Santo António
Dia 10 – Coroas do império da fantasia
Dia 11 – Lua de Julho
Dia 12 – O poente que antecede a alvorada
Dia 13 – relógio de sol ou bebedouro?
Dia 14 – Talhar e retalhar
Dia 15 – Ondas de cor pastel
Dia 16 – Nossa Senhora do Carmo
Dia 17 – Luz cor encantamento
Dia 18 – Vencer é preciso
Dia 19 – Receptor de energia
Dia 20 – Acrobacias da vida
Dia 21 – Alegria no jardim
Dia 23 – “Entre o Sono e o Sonho”
Dia 24 – Entrada florida
Dia 25 – Os telhados de Óbidos
Dia 26 – No Ibn Errik Rex
Dia 27 – Ondulações
Dia 28 – Depois do poente vem a aurora
Dia 30 – Cata-Vento
Dia 31 – O evoluir dos tempos

Uma flor para...
Dia 07 - ...a São, “para uma princesa do estar na blogoesfera”

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