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quarta-feira, agosto 09, 2006

bandos de andorinhas esvoaçantes

Quando pelo meio do dia a canícula é mais intensa e os insectos do acacial são obrigados a voar mais baixo, surgem aos milhares em voos rasantes numa busca frenética de alimentos, cruzando os caminhos que traçam rasgos na mata e por onde se deslocam os veículos na ligação às praias que no seu todo constituem a Praia do Sol.

São milhares de andorinhas, coisa nunca vista na região em anos anteriores, diz quem sabe e quem para ali se desloca há dezenas de anos. Velhos pescadores não se recordam de alguma vez terem visto tantas andorinhas que nos seus voos chegam a encobrir temporariamente a luz do astro rei.

É frequente logo a partir de Fevereiro, quando o Inverno é mais ameno, chegarem bandos de andorinhas na sua migração anual, vindas de milhares de quilómetros de distância, que na região nidificam e se reproduzem, constituindo habitualmente núcleos bem determinados e limitados na sua dimensão.

São acolhidas com agrado e alegria, neste renovar da espécie, pelos habitantes locais que muitas vezes reconhecem o próprio bando que anualmente regressa ao mesmo local, aos mesmos ninhos. É mais um ciclo de vida que se cumpre.

Este ano, contudo, chegaram aos milhares e estabeleceram a sua colónia a poucas dezenas de metros na orla marítima vivendo a sua estadia entre esta e a arriba fóssil implantada um pouco mais para o interior. Caçam nas imediações do acacial e pernoitam em buracos existentes nas rochas da arriba fóssil.

Gentes autóctones, gente do mar, pescadores, camponeses das hortas da Costa interrogam-se sobre a razão deste autêntico fenómeno. E não encontram respostas. Talvez mudanças climatéricas na região de origem das andorinhas. Ou serão mudanças climatérica aqui mesmo, que justificam o acontecido?

A verdade é que cerca do meio dia solar enormes bandos de andorinhas esvoaçam freneticamente sobre a zona do amplo acacial, realizando voos de caça nas estradas empoeiradas e tortuosas onde, por certo, encontram os alimentos procurados.

Os passantes quedam-se estupefactos pelo espectáculo de dança com coreografia inolvidável das negras avezitas, inesperado ao virar uma curva do caminho poeirento, no enquadramento maravilhoso do acacial, da arriba fóssil e do azul celeste.

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