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sábado, dezembro 31, 2005

final de ano

trinta e um dia último do mês de dzembro e do ano de 2005 com a esperança de luz e cor

no mítico "british bar"

Fora esse o dia aprazado para, viajando de barco que atravessa o rio Tejo, irmos ver apreciar sentir a enorme árvore de Natal, anualmente crescente, que se encontra implantada no local que muitos chamam a “sala de visitas de Lisboa”, o amplo Terreiro do Paço que se deseja ver totalmente aberto para o rio.

Porque os acontecimentos se escrevem e descrevem por desígnios nem sempre muito lineares o barco deixou-nos no Cais do Sodré, a pouco mais do que 100 metros do local para onde nos dirigíamos, pelo que no percurso de regresso o mesmo caminho seguimos.

Acontece que tal facto levou-nos a passar à porta to mítico bar o “British Bar” bar de espiões do tempo da Guerra Mundial, Não resistimos ao apelo e entrámos já em hora tardia. Foi a festa. O contentamento do Nuno e do Rui que do lado de lá do balcão se atarefavam a servir “guiness” e outras que tais beberagens.



Para mim, sai “um com gelo” à saúde do meu querido amigo Pedro Gomes, do Sintra-Gare.

sexta-feira, dezembro 30, 2005

o encantamento da geometria

o equilíbrio das formas e das cores

querida montse

hola querida Montse
hola Ojos de Miel
hola sol de Gaudi
hola mi vicio mayor
hola princesa de Cataluña
hola guapísima AMIGA



quinta-feira, dezembro 29, 2005

à beira rio

à beira do Rio Tejo viver espaços amplos respirar a pureza do ar em odores de madressilvas

na quadra natalícia

Mensagens de Natal

Na quadra natalícia muitas são as mensagens de desejos de felicidades que chegam pelos diversos meios que hoje temos à nossa disposição para manter uma comunicação interactiva, por isso mesmo rica e enriquecedora dos sentires e dos quereres.

Transcrevo aqui duas delas, não escolhidas ao acaso, mas representativas de muitas outra:

“Os verdadeiros amigos são como as estrelas. Nem sempre os vês, mas estão sempre lá. Feliz Natal e fantástico Ano de 2006. Beijinhos da Sónia”

Querida Sonyah. As estrelas brilham tanto mais quanto maiores forem os afecto que os seres humanos trocam entre si. Mil beijinhos de felicidades. Vicktor.


“Deixa-te levar pelo espírito natalício. Inspira-te na sua magia, partilha a tua alegria e vive o Natal dia-a-dia. Desejo-vos a todos Boas Festas. Adosinda”

Querida Zinda. Teu ser é inspirador dos afectos e dos sentires. Sempre será Natal com o teu sorriso. Neste dia mil parabéns, muita felicidade. Um beijinho. Vicktor.

“Porque viver é assim. Uma busca eterna de renascimento. Lembrou da sua mãe que já não mais brindava com taças de champanhe e olhou uma estrela que neste instante brilhou mais forte e intensamente no céu e ouviu a sua filhinha dizer:_ Mãe, deixa eu dar um gole de champanhe hoje? Sorriu entre lágrimas e disse:_ Claro que sim meu amor! Feliz Ano Novo!”, escreveu Lualil.

Querida Lualil. Os nossos entes mais queridos nunca morrem. Vivem sempre no nosso sentir, são cúmplices nos nossos pensamentos, são ajuda nos momentos mais difíceis da nossa vida. Um beijinho de felicidades. Vicktor.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

uma flor para... a alfonsina

muchas felicidades para mi querida amiga con quien en Venezuela divido el arte de los afectos

a importância dos afectos

Um amigo de longa data, das caminhadas comuns pelos trilhos das radiocomunicações de lazer, a chamada Banda do Cidadão (CB), que tantas alegrias nos trouxe no campo do diálogo e da permuta de saberes e de afectos, falou-me um dia que mantinha contacto, agora via Internet, com um amante da CB lá pelas terras da Venezuela.

Utilizando um sistema de mensageiro pôs-me em contacto com esse amigo, José Ricardo de seu nome. Filho de portugueses naturais da ilha da Madeira, tornou-se num contacto agradável e muito interessante. Casado com Alfonsina, de origem em família italiana, conversadora de muita erudição, foi fácil manter um contacto quase diário que se mantém até hoje.

Com essa mulher inteligente, “hermosa” e boa conversadora, partilhámos afectos na permuta de saberes sobre a situação política e social da Venezuela, sobre as tradições dos nossos países, sobre a vivência do viver, passe o pleonasmo, sobre as palavras e as imagens.

Partilhámos o gosto pelas imagens de flores. A Alfonsina levou as “minhas” rosas e outras flores aos quatro cantos do Mundo e muito me inspirou a continuar a fotografar. Nos muitos contactos que mantém com diversas regiões do Mundo fez seguir uma flor de Portugal.

Hoje a Alfonsina comemora o seu Aniversário. Os nossos corações estão em festa.

terça-feira, dezembro 27, 2005

arco-íris em valle do rosal

aproximou-se de mansinho, com ele as gotícolas de água, ele mesmo, um encantamento de cores

o mistério e a fantasia

Mitos e lendas, ou simplesmente uma curiosidade, a que o Povo dá dimensão de universal sentir e a Ciência procura a explicação que nem sempre é conseguida


O Arco-Íris visitou Valle do Rosal

Hoje estava a tarde meada, naquele tempo de tão depressa brilhar o Sol, para logo depois escurecer até parecer estar já noite, quando ao longe vislumbrei o colorido arco-íris que parecia deslocar-se na minha direcção, no rumo de Valle do Rosal.

Quase que hipnotizado pelo maravilhoso arco das sete cores, quedei-me a observá-lo no extasiado dos sentires. E ele cada vez mais se aproximava. O contraste no firmamento entre o azul fortíssimo e o negro das nuvens era cada vez maior.

Poucos segundos volvidos o arco-íris já se encontrava sobre Valle do Rosal e já caiam gotas e água em profusão, logo depois transformadas em forte bátega de água. Assim como chegou partiu, deixando o seu rasto de luz e de cor.

O Arco-Íris é a ponte entre o real e o imaginário. O Arco-Íris é como uma ponte gigantesca que liga a Terra ao Céu ou como um enorme portão que se abre para o infinito. Representa, por um lado, a magia de um momento tão efémero como a sua própria visibilidade; por outro lado, representa o inacessível, pois, tal como o Povo diz, a construção do Arco-Íris é um projecto maravilhoso, deveras desejado, mas inatingível.

Conhecido no saber popular por Arco-da-Velha. A chuva é a "velha" das pernas compridas. Não admira que o Arco-da-Velha, quando surge o arco das sete cores da refracção do Sol na atmosfera da Terra, tenha provocado íntima relação explicativa com o mito maléfico da "velha".

O arco bebe água dos rios e das fontes e pode secá-los para dar chuva. A "velha" penteia-se e come pão mole no local onde o arco poisa.

Do outro lado do arco há quem diga existir um pote com moedas de oiro.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

sonhos de natal

estes sonhos de Natal, sonhos de abóbora doirada, fofos e saborosos na boa tradição portuguesa

ontem foi dia de natal

A luminosidade dos primeiros momentos da alvorada inundou-lhe o rosto marcado pelas noites agrestes mal dormidas e pelas falhas de alimentação que são cada vez mais frequentes desde que a vida e a sociedade o empurraram para a incerteza de quem não tem família nem abrigo. Saiu do torpor em que o desânimo o lançara, levantou-se com dificuldade provocada pelas artroses cada vez mais vorazes e caminhou no seu andrajoso vestir, abandonando os cartões da sua cama por uma noite aos desígnios da ventania. Ergueu o rosto e caminhou na direcção dos luminosos raios matinais.

Por essa altura, na vidraça dum moderno e luxuoso apartamento da zona alta da cidade bateram os primeiros raios de um sol que muitos chamariam de Inverno, por hesitante na sua força mas nem por isso menos luminoso. Lá dentro sentado num cadeirão, não tivera coragem sequer de se deitar na confortável cama, um homem sofria, sofreu noite fora, um desgosto que lhe batera fundo na alma, que a vida tem destas coisas mesmo para quem parece viver desafogadamente. O homem desceu os poucos degraus da escada do elegante prédio em que reside e caminhou, caminhou na procura da luz da aurora que a noite lhe havia negado.

O contador do tempo, do tempo que passa, marcaria a mesma hora da manhã no seu alvor quando a ainda ontem donzela despertou do seu sentimento de honra perdida, na sua inocência mas também na volúpia dum momento traiçoeiro, a que se seguiu o abandono às suas próprias forças que lhe faltavam. Ainda ontem flor dos olhos de seus pais, enamorada de namorado a quem sua vida confiou. Hoje, embora o hoje só agora comece a dar os seus primeiros sinais, entregue a si própria, abandonada pela família repudiada pelo ente querido... A luminosidade da invernosa madrugada deu-lhe uma réstia de sentir e de querer e movimentou-se saindo da inacção em que o desespero da solidão a lançara.

Sempre lhe pareceu não haver grandes diferenças entre a noite e o dia a partir do momento em que a doença o atacou inexoravelmente e a dor passou a ser mais forte a cada dia que passa. Tinha consigo a família e entes queridos, até quando? Mas por muito que o quisessem ajudar a dor não se partilha, pelo menos a dor física. Hoje alguém levantou o estore da janela virada a nascente e um raio de luz poisou furtivamente sobre a imaculada colcha da cama. A dose matinal de morfina pareceu retirar-lhe completamente a dor. Pediu à enfermeira uma cadeira de rodas e alguém se prontificou a acompanhá-lo num passeio matinal. Há quanto tempo que tal não acontecia.

Por entre tijolos e outros materiais de construção, as madeiras já utilizadas e algumas ferramentas dispersas o engenheiro bioquímico imigrado em país de emigrantes olhou fixamente as mãos calejadas do violento trabalho de pedreiro e sentiu-se só. A mulher e a filha de tenra idade ficaram nas terras do longe onde até o alfabeto é diferente, aguardando a boa notícia de que havia encontrado trabalho digno e dignidade pessoal. Os parcos resultados que obteve em seis meses de árduo trabalho não criaram expectativas de um vida melhor tanto mais que nem aqui se conseguiu libertar das máfias sugadoras dos ganhos e da vida. Nesta manhã, no entanto, decidiu deixar por alguns momentos a obra e ir até à cidade.

Rosto e corpo angelicais, olhar de mel fixado nos longos espaços do infinito constituem, sem dúvida, uma imagem do amor, amor sentido mas ausente, logo amor sofrido. A jovem deixou o seu olhar percorrer lentamente espaços sem fim, muito para além do seu recatado quarto de dormir. Assim, passou a noite em atroz sofrimento que mais não é do que uma forte paixão por alguém que o espaço e o tempo teimam em manter afastado. A aurora aflorava já à janela de seu quarto quando, finalmente, sentiu alguma tranquilidade, esboçando um ténue sorriso nos belos lábios de carmim. Deixou os braços do sonho, ou do pesadelo?, em doce enleio vestiu roupa simples mas aconchegante como a época do ano recomenda e saiu, saiu aos primeiros raios de sol deste dia esplendoroso.

Anos e anos de estudo e aplicação numa ânsia imensa de saber, consumiram os mais belos tempos do seu viver na luta por um futuro melhor do que a vida dos seus progenitores que tantos esforços fizeram para o manter na universidade. Este jovem agora doutor, ou engenheiro, prepara-se para enfrentar o mundo do trabalho mas as dificuldades são tantas que o mantêm em permanente aflição, a responsabilidade de passar a contribuir para o rendimento familiar e, por que não, pensar em organizar a sua própria vivência. Arranjar emprego está difícil, isso já ele antes se tinha apercebido mas sempre esperava que as promessas dos políticos, mais cedo ou mais tarde, viessem a surtir efeito. Mas nada. O desânimo abateu-se sobre as suas interrogações tornando as noites cada vez mais negras. Agora com a claridade primeira da aurora resolve sair recolher um pouco de energia que pressente haver no ar.

Caminha na noite e sem rumo procurando que não reparem na sua tez escura, duma coloração que vem dos lados do oriente, este refugiado sem refúgio, que se viu obrigado a sair da sua terra e não encontrou neste país de brandos costumes o menor sinal de acolhimento. Olha furtivamente para as pessoas com quem se cruza, na expectativa, a cada momento, de sentir sobre si o dedo acusador, terrorista, árabe, que sei eu. Porque defende a paz teve que abandonar há muito a sua terra de nascimento refugiando-se num país tranquilo da Europa. Mas na verdade não encontrou refúgio e continua uma vida ilegal e sem destino porque transporta consigo o estigma do nascimento. Vive do fruto do pouco trabalho que lhe dão, que isto está mau mesmo para os que de cá são, o que nem sempre dá para comer uma refeição diária que este nome mereça. Depois é a sopa de caridade, são os restos dos contentores do lixo, são as sobras fora de prazo dos supermercados. No caminhar da noite se fez madrugar e a cor escura do seu rosto ficou mais visível com a luminosidade da aurora.

Que estranha força, que vontade subconsciente fez que estes homens e mulheres tão diferentes no ser e tão semelhantes no sentir e sofrimento caminhassem naquela manhã para o amplo largo da cidade, sem que tivessem comunicado entre si ou a qualquer acordo houvessem chegado. No jardim verdejante do largo da cidade muitas crianças brincam alegremente, sorrisos nos lábios alegria nos rostos. E quão diferentes elas são na sua origem e iguais no seu desejo de um futuro melhor. O João, filho da terra há mais de mil gerações; O Joel, negrinho filho de pais cabo-verdianos, já eles também nascidos em Portugal; A Joice que viera na barriga da mãe quando esta chegou do Brasil; A Tatiana filha das longínquas e gélidas estepes; E tantas outras crianças que aqui se encontram nesta manhã invernal mas luminosa.

Os recém-chegados da caminhada matinal vêem seus próprios rostos iluminados não tanto pela claridade da manhã, mas mais pela alegria das crianças em despreocupadas brincadeiras. O Futuro está em suas mãos, futuro solidário e amigo, futuro da verdadeira globalização e da sentida partilha. A Esperança veio aliviar os seus sofrimentos, veio mitigar a fome e a sede, veio dar novas forças e vontade de vencer as agruras da vida.

É Dia de Natal...

domingo, dezembro 25, 2005

uma flor para... a zinda

neste dia de encantamento, festivo e de parabéns, desejo-te mil felicidades e que o teu sorriso continue a iluminar a alma de teus entes queridos

o mistério e a fantasia

Mitos e lendas, ou simplesmente uma curiosidade, a que o Povo dá dimensão de universal sentir e a Ciência procura a explicação que nem sempre é conseguida


Uma hipótese da origem do Natal

Logo após o Equinócio do Outono, em que a duração do dia é igual à duração da noite, está última começa a ganhar terreno rapidamente. Os dias vão sendo cada vez mais curtos e as noites mais longas. Os antigos Povos do norte da Europa, não tendo explicação para o que acontece, temiam que a escuridão vencesse definitivamente a luz do dia, transformando o Mundo num espaço terrível sem luz nem calor.

Recorriam, então, a um ritual mágico para afastarem a ameaça, donde fazia parte decoravam os lares com azevinho, hera, visco, lauréis e outras sempre-vivas, pois estas plantas pareciam ter a capacidade sobrenatural de sobreviver a todas as desgraças. Velas e fogueiras eram acendidas na tentativa de ressuscitar o sol moribundo.

Por seu lado, na longínqua Roma, os antigos romanos tinham uma festividade de inverno chamada Saturnais, que começava em 17 de dezembro e durava até o dia 24. A vida transformava-se em confusão nessa época, as pessoas deixavam as ocupações sérias, e, quando não estavam festejando na casa uns dos outros, deambulavam pelas ruas dizendo uns aos outros: ‘Io Saturnalia’, assim como dizemos hoje: ‘Feliz Natal’.

À época os romanos enviavam presentes aos familiares e amigos, acompanhados de um papel com versos curtos, imaginando dar assim um cunho mais erudito numa época em que se vivia pleno deboche. Aliás, muitos desses versos eram flagrantemente imorais apelando ao erotismo.

Mal terminavam as Saturnais, os romanos celebravam a festividade de Ano-Novo de calendas, em autêntica folia geral, havendo um dia reservado para a adoração do sol, cujo aparente renascimento no Solstício de Inverno fornecera originalmente a desculpa para todas estas desregradas festanças pagãs. O dia de adoração do Sol cai agora, feitas as adaptações dos calendários, no actual Dia de Natal.

O cristianismo recuperou tardiamente este Dia do Nascimento do Sol Invicto como Dia de Natal, dia do nascimento, dia do nascimento de Jesus. O actual Dia de Natal resulta, pois, da fusão das actividades populares quer dos Povos do Norte da Europa, quer da antiga Roma.

A Igreja primitiva travou uma verdadeira batalha contra as Saturnais e as Calendas - estas realizadas quando o ano mudava e durante as quais se trocavam presentes como ritual. Os pais da Igreja, nomeadamente São João Crisóstomo, não incentivavam a transigência com o paganismo. Contudo, na dúvida da data exacta do nascimento de Jesus não hesitaram em utilizar a data dos Saturnais. Assim, a simbologia do renascimento do Sol tornou-se na do nascimento de Jesus Cristo.

sábado, dezembro 24, 2005

festas felizes

que todos @s noss@s amig@s tenham um Natal Feliz é o desejo do pessoal da Oficina

minha terra é meu sentir

Caparica mais do que uma terra é um Povo. Gente que construiu vida entre o mar e a floresta em diversificado labor. Da sua vivência aqui se regista testemunho


O Salvador e o Tarzan

Entrei naquele pequeno espaço comercial situado no mercado de Costa de Caparica, papelaria, tabacaria, quiosque, com o querer de desejar “Festas Felizes” ao seu proprietário, o meu amigo Salvador.

Salvador, Salvador Martins, é natural da Costa onde foi criado no embalo suave das ondas do mar da Caparica, viveu e cresceu entre a faina do mar e a tradicional lavoura das Terras da Costa. Foi registando na sua memória privilegiada acontecimentos e vivências que mais tarde transcreveu para o papel, tendo já publicadas as obras “Lanços no Mar que Arde” e “Caparica doutros Tempos”.

Naquele pequeno espaço, onde se respira cultura e se sente no ar o grande amor à Costa encontrava-se também outro “enorme” caparicano. “Tarzan” de alcunha que já faz parte do nome.

Pela vida fora, mais de trinta anos a cuidar dos mais pequenos e dos maiores também, o “Tarzan”, alcunha do banheiro António Ribeiro, foi um verdadeiro gigante, tendo salvo mais de duzentas vidas e orgulha-se, cheio de razão, de nunca ter deixado ninguém morrer afogado.
Hoje com 85 anos o “Tarzan” já não vai a banhos mas foi, recentemente, convidado para consultor dos banheiros, pois conhece o mar da Costa como ninguém, quer o mar seja um “mar de senhoras” quer esteja embravecido com os erros dos seres humanos.

A saudação foi feita, tendo tido, assim, a felicidade de o fazer a dois gigantes do saber regional de Costa de Caparica.

O “Tarzan” poeta repentista que é não resistiu a “atirar-me” quando lhe disse que os anos pareciam por ele não passar:

Esse teu cante, desvelos
Com que me vens aqui mimar
São os teus brancos cabelos
Que lembram a espuma do mar

Que alegria que profundo sentir natalino, a AMIZADE.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

natureza engalanada

a natureza sempre nos oferece arranjos de plantas únicos

minha terra é meu sentir

Caparica mais do que uma terra é um Povo. Gente que construiu vida entre o mar e a floresta em diversificado labor. Da sua vivência aqui se regista testemunho


Dançar em Charneca de Caparica

Lemos faz tempo no livro Trajes, Danças e Cantares da Caparica, da autoria de António Correia, editado em Costa de Caparica no ano de 1972, acerca das danças praticadas em Charneca de Caparica:

“Vimos há tempos um rancho folclórico de determinada região dançar o nosso “Tacão e Bico” que, decerto, alguns, embora poucos, velhos ainda se recordam, de o ter dançado ou dele ter ouvido falar. Essa dança é deveras engraçada. Os cavalheiros e as damas, ao compasso da música, batem ao mesmo tempo, no chão, com o salto e depois com a biqueira do sapato ou bota. Essa dança, tão difícil de dançar e tão trivial na nossa terra, deu um salto ao Ribatejo, e hoje é desconhecida na Caparica. O mesmo sucede com a “Polca” e, em especial, a que se dançava na Charneca de Caparica: “Polca Janota”. Para a dançarem, era preciso saber e muito treino, pois esta polca pelo esforço que era necessário fazer, requeria boa constituição física.”

Quando vim nos primeiros tempos para Charneca de Caparica, a férias ou para passar o fim-de-semana, já se não dançava em Charneca de Caparica, terra que no passado fora terra de dançar.

Na verdade, o seu Povo dividia a actividade entre a faina do mar, dirigindo-se para isso para a Fonte da Telha, em cujas companhas se integravam, ou nas tarefas do campo e da mata, especialmente, como lenhadores e carvoeiros. As actividades de trabalho que praticavam eram propícias à dança.

Em 1975, a Dona Emília, minhota radicada na Morgadinha, no termo de Charneca de Caparica criou um grupo de “danças e cantares” que recuperou para a Charneca de Caparica a tradição de dançar. Passam agora os trinta anos desse acontecimento importante para a cultura da região.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

catavento

os cataventos são marcos de tradição que encantam pela sua criatividade

o mistério e a fantasia

Mitos e lendas, ou simplesmente uma curiosidade, a que o Povo dá dimensão de universal sentir e a Ciência procura a explicação que nem sempre é conseguida


Solstício de Inverno

Às 18 horas e 35 minutos de ontem começou o Inverno, coincidência astronómica com o Solstício de Inverno. O Solstício de Inverno marca a noite mais longa do ano. Depois de se atingir o apogeu da noite inicia-se a decadência da escuridão, no caminho da luz, neste constante bascular do Universo.

As culturas europeias de época neolítica atribuíam grande importância a estas alterações nos ciclos do percurso do Universo, dedicando-lhes muitas construções megalíticas, ainda hoje discutindo-se se se tratavam de santuários ou de observatórios astronómicos. Ou de ambas as coisas em simultâneo. Quando tivemos oportunidade de visitar Stonehenge sentimos bem a força telúrica que emana deste monumento megalítico e todo o respirar esotérico.

A Primavera irá retornar em breve. Com ela virão os resultados do Solstício de Inverno, da união entre o masculino Sol e a feminina Lua, no esplendor do renascimento e da preservação da vida.

Os antigos ignoravam que existisse uma parte da Terra onde houvesse o Verão enquanto os europeus e asiáticos viviam o Inverno. Julgavam que o Solstício de Inverno marcava a época da mais longa noite para a Terra inteira.

Os ciclos solares eram então considerados uniformemente para todo o planeta Terra, o que dele se conhecia à época, pelo que consideravam o nascimento do deus Sol quando os dias começavam a crescer (Solstício de Inverno). A sua juventude era marcada pelo Equinócio da Primavera. O deus Sol atingia toda a sua força e pujança no Solstício de Verão, entrando depois na sua regressão de vida no Equinócio de Outono.

Entre os povos do Oriente, o sol nascente era representado por um menino no colo de uma Virgem celeste, sua mãe. Os egípcios, em especial, celebravam todos os anos, no Solstício de inverno, o nascimento do pequeno Horus, filho da virgem Isis, e sua imagem era exposta, num presépio à adoração do povo.

Quando Júlio César recorreu ao astrónomo alexandrino Sosígenes para refazer o calendário em uso à época e que se mostrava com muitas imperfeições, o dia 25 de Dezembro tornou-se, no novo calendário imposto ao império romano, como data oficial da festa que celebrava um por toda a parte o nascimento do Sol, de Horus egípcio, do Mirtha persa, do Phebo grego e romano.

A Igreja quando se sentou no trono imperial um século depois, aproveitou a festa do Solstício de inverno, do menino Horus nos braços da Virgem Isis para transformá-lo em festa do Natal, que se comemora até aos nossos dias.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

minguante diurno

quando a Lua Natalina avança para o quarto-minguante oferece-se à nossa curiosidade diurna

os duzentos anos da morte de bocage

Bocage já não chegou ao Natal

Bocage agarrava-se à vida que sentia fugir-lhe já desenganado pelo seu médico assistente, o cirurgião Manuel Joaquim de Oliveira. Recorreu a todos que o seu imaginário havia criado, inclusive ao ferrador do Rato, famoso e experimentado curandeiro.

Tanta vida vivida, tantos amores e desamores, tantos ódios e tanta fama e só haviam passado quarenta anos de vida e mais de vinte de vadiagem, de noitadas e de genebra. Passou vida no Bairro Alto, na Lisboa boémia e no Rio de janeiro, na Rua das Violas; viajou por Surrate e pelos pangaios de Cantão, lá no oriente longínquo e regressou mais pobre do que nunca à poncheira do Botequim das Parras.

Muito fumo, muitas correrias, subidas e descidas pelas calçadas de Lisboa, Bocage está um farrapo, com um aneurisma declarado que o atira para uma cama. Visitado e valido pelos amigos e animado pela irmã, ninguém mais lhe resta, enquanto a doença o consome tornando mais transparentes os seus olhos muito azuis.

Bocage verseja como nunca. Um fogo, intenso fogo, o desgasta internamente mas lhe dá inspiração e forças para improvisar como nunca. Bocage já lhe custa endireitar-se na cama, mas a par com a visita dos amigos, também o visitam aqueles com quem se digladiou tempos sem fim. O respeitam e prevêem o breve desenlace.

Por lá aparecem o Policarpo, da Rua Nova da Rainha e até o Curvo Semedo e o Visconde de Laborim. Até o próprio Padre José Agostinho de Macedo não faltou. Este último mais interessado no seu espólio do que na sua saúde. Não perdoava Bocage ser famoso enquanto ele era pouco mais do que um poeta conhecido. No meio de toda esta emoção e comoção se arrastou Bocage nos últimos meses de vida.

Numa dessas visitas o pintor Henrique José da Silva, de vontade própria ou por encomenda, fez-lhe o retrato. Olhos cavados e ardentes, uma mecha de cabelo a cair-lhe para a testa, magro como um cavaco.

Bocage sentia-se finar...

Meu ser evaporei na lida insana...
Já Bocage não sou...
À cova escura meu estro vai parar, desfeito em vento...


Bocage não chegou ao Natal. Expirou em 21 de Dezembro de 1805 e foi sepultado na Igreja das Mercês, mesmo junto à sua porta.

E finou-se no Anno da Desgraça de 1805. No dia 21 de Dezembro... Não conseguiu chegar ao Natal.

terça-feira, dezembro 20, 2005

uma flor para... a lile

mi querida amiga: que lo dia de hoy se repita con felicidad por todo el tiempo do Mundo

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


O tesouro dos sentires

Naquele fim de tarde a Lua já minguante
Piscou o olho, malandra, em cumplicidade
Convite ao passeio pelo areal deslumbrante
Lado a lado com o sonho caminha a realidade.

Teus olhos reflectem do mar o encantamento
Cantam segredos que a boca teima em ocultar
Brilham em cálido mistério de profundo sentimento
Enquanto caminhamos lentamente à beira-mar.

Teus pés desenham na areia singela caligrafia
Que dura o refluxo de uma onda e de outra mais
São fulgores que da alma emanam com alegria
Que o mar recolhe no tesouro dos eternos sinais.

A Lua que todo este trama construiu com seu saber
Foi testemunha do afecto que uniu estes dois entes
Onde a dádiva vale muito mais do que o receber
A amizade que é sentir faz germinar as sementes.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

cristo-rei de almada

o religioso e o pagão convivem em Almada

faíza do meu encantamento

Desde há muitos anos que não adquiro regularmente peças de informação escrita, quer diária, quer periódica, salvo, eventualmente, uma revista de informação genérica e semanal. Razões encontro-as no factos de, na minha opinião, faltar em Portugal informação independente e fazer-se manchete de notícias que depois no desenvolvimento nos deixam desiludidos.

A informação que considero pessoalmente mais enriquecedora é a transmitida pela rádio, pois é concisa, abrangente e, por essa razão, furta-se a desenvolvimentos muitas vezes repetitivos e eivados da visão pessoal e parcial do jornalista.

É excepção a tudo o que fica escrito antes o facto de adquirir “sempre” o Jornal Público de sábado. Curiosamente, na maioria das vezes somente o levanto no local onde o tenho reservado na quinta-feira seguinte. Não serão pois as notícias que me mobilizam para esta aquisição.

Na realidade, toda a minha atenção vai para as crónicas semanais publicadas na revista Xis, que aos sábados acompanha o Público, “esta revista faz parte do jornal Público”, da autoria de Faíza Hayat. Aliás são textos de excepção que guardo cuidadosamente num arquivo que tenho para o efeito.

Tenho feito o retrato imaginado de Faíza através do que ela escreve com uma sensibilidade extraordinária. Quando ela escreve “Amanhã retomarei a rotina. Amanhã serei de novo Faíza Hayat, darei aulas, assistirei a aulas, três vezes por semana irei à piscina, e entretanto tentarei ignorar o inverno, o rumor da chuva lá fora, o vazio no meu coração” quanto de si própria nos transmite...

Quanto deixará à nossa imaginação?

Faíza como ela própria escreve é uma mulher “em transito”. Vice na magnífica cidade de Gaudi, mas tem seus afectos divididos por Parati, no Brasil, por uma pequena praia de Moçambique, e também pelo lisboeta bairro da Graça.

Vivo o encantamento das crónicas semanais que são poemas de Faíza Hayat...

domingo, dezembro 18, 2005

flor de inverno

em plena invernia a cor quente de uma flor vinda dos trópicos para alegrar os nossos dias

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios


Caminhar na quadra natalina

A calçada tem uma luminosidade única. Resulta não só da luminária que a Prefeitura profusamente colocou na zona histórica do Recife mas, igualmente, do brilho especial que fulge no olhar da criançada que numa agitação viva e alegre saltam de uma montra para a outra onde mil cores e mil luzes lhes iluminam a alma.

É a magia natalina que invade as almas e intensifica os afectos e o muito querer. As crianças espalmam seus rostos, seus narizes se achatam contra as montras deliciando a vista com os doces, com os bombons, com os rebuçados que despertam os seus desejos por guloseimas. Vontade têm de “comer aquilo tudo”, mas resistem.

Também o Fotógrafo e a Escritora sentem brilhar seus olhares. Estão sensibilizados pelo movimento, pela alegria das gentes, pela vivência intensa desta época de compreensão entre as gentes. Não resistem a comentar:

_Que pena este sentir entre as pessoas não se prolongue durante todo o ano... que bom seria este viver não se verificar somente na época natalícia.
_Tem razão minha querida amiga. Foi com razão que o poeta disse que deveríamos fazer de cada dia um dia de Natal...

Continuaram a caminhar pausadamente na expectativa de que ao virar de uma esquina depararem com um grupo de cavalo-marinho, bumba-meu-boi, pastoril, caboclinho, maracatu ou coco, pois estarão a desfilar num dos sete pólos de animação espalhados pela cidade: Marco Zero, Praça do Arsenal, Pátio de São Pedro, Sítio da Trindade, Brasília Teimosa, Ibura e Boa Viagem. Além da programação oficial, eventos especiais abrilhantam ainda mais a festa.

Este ano a Prefeitura do Recife homenageia MESTRE NELSON (BOI TEIMOSO) que diz de si próprio: "Minha vida foi no Boi. Por isso, sou completamente apaixonado. Se preciso for, vou até de cadeira de rodas, mas não falto ao desfile do Boi Teimoso"

Nascido em pleno Carnaval de 1918, quando o bloco Bola de Ouro desfilava em frente a sua casa, Nelson José dos Santos vive do amor às tradições do bumba-meu-boi. Considerado o mestre mais antigo em actividade do Estado, ele ainda comanda uma das mais importantes agremiações do nosso Carnaval: o boi Teimoso que, há 70 anos, enche de orgulho os moradores da comunidade da Bomba do Hemetério.
O Fotógrafo comentou para a Escritora: _É muito linda esta forma de comemorar a época natalina...

E continuaram a caminhada com os olhos ainda mais brilhantes.

sábado, dezembro 17, 2005

a lua e a geometria

este diurno luar encerra todo o mistério da geometria universal, do equilíbrio permanente

a minha opinião

O pessoal da Oficina está atento à actualidade política e social de Portugal e do Mundo. Aqui partilham o seu pensar através da minha análise modesta mas interessada


Almada com desempenho ambiental sustentado

Promoção da Educação Ambiental
Aplicação do Programa Eco-escolas
Qualidade da Água para Consumo Humano
Valorização de Resíduos

Foram estes quatro indicadores primários do desempenho ambiental que trouxeram para Almada o diploma de mérito, instituído pela Associação Bandeira Azul da Europa, por ser o único município a atingir com mérito os objectivos definidos, ultrapassando o valor de 75 por cento no resultado final da avaliação.

A uma distância significativa nos objectivos a atingir outros dezassete municípios, quase a 20 por cento de distância, havendo muitos municípios que nem sequer conseguiram alcançar os objectivos mínimos. A grande maioria dos municípios nem sequer se candidataram ao concurso.

Muitos outros aspectos, além dos indicadores primários, contribuíram para o êxito conseguido por Almada, com destaque para o funcionamento das instituições, conservação da natureza, ar, energia, mobilidade, ruído, turismo e economia.

Almada está de parabéns. O Povo de Almada está em festa!

Os resultados agora obtidos têm origem num trabalho sustentado no âmbito da defesa ambiental, com obras importantes de saneamento para defesa do ambiente, donde salientamos o saneamento da bacia de Vale Cavala, na Freguesia de Charneca de Caparica e da vala da Costa, na Freguesia de Costa de Caparica e da construção das ETAR de Portinho da Costa e de Mutela que vieram colocar a fasquia do saneamento básico praticamente no nível de 100 por cento.

ALMADA, continua no Rumo Certo...

sexta-feira, dezembro 16, 2005

gaivotas em retirada

virar as costas ao mar é sinal de que preparam a retirada com a chegada de uma tempestade ameaçadora

a razão de ser de um blogue

Em tempo de balanço, pensando com os meus botões, pergunto a mim mesmo quais as razões de peso que me levaram a abraçar uma presença regular na blogoesfera, já lá vão mais de três anos, quase um vinte avos do total da minha vida vivida.

Lembrei-me, então, de que em tempos idos, aquando dos primeiros passos nesta estrada de desejada interactividade, havia respondido a uma entrevista idealizada por Luís Ene sobre este tema. Fui desencantá-la e reproduzo aqui a questão correspondente a está minha dúvida, tal como foi publicada na altura.

Será que passado todo este tempo a ideia se mantém?

A questão colocada por Luís Ene foi a seguinte: “3- A que necessidades literárias, digamos assim, respondeu a criação do teu blog? Que balanço fazes?”

E a resposta dada:

A criação do meu blog teve como objectivo inicial o desejo da partilha de saberes, através da criação de textos originais que transmitissem afectos e sentires.

Numa fase seguinte surgiu o desejo de interagir com outros blogs, quer fazendo comentários, quer acolhendo críticas e pareceres sobre os textos que ia publicando.

Essa fase, a actual, é extremamente enriquecedora especialmente porque introduziu uma disciplina de escrita muito importante, no sentido de não lograr as expectativas criadas nos outros e em mim próprio.

Não traduz, pois, qualquer necessidade ver algo publicado no papel, pois o futuro da massificação da leitura será o e-booking. Os livros em papel continuarão a ser importantes para a satisfação dos sentidos; tacto, olfacto, mas não deixarão de ser uma peça elitista, até pelo seu custo.

Os comentários que elaboro aos posts de outros blogs vão no sentido de dar continuidade ao conteúdo que apresentam, mais do que um comentário de acordo ou desacordo.

Em termos de balanço, não consegui ainda criar a interactividade suficiente por forma a conseguir obter comentários em número suficiente que me possibilitem dispor de uma massa crítica relevante.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

lua natalina

com a Lua Natalina uma quadra festiva cheia de afecto e amor

tradição e cultura popular

A tradição resulta da memória colectiva de um Povo, autêntico património invisível que se transmite entre gerações e representa o mais elevado expoente da cultura popular. Aqui se deseja dar conta desse repositório


Os palitos nossos amigos

Os palitos são utensílios muito presentes nas refeições de todos nós, independentemente da região do mundo onde a mesma seja degustada. O “pallilo” da língua castelhana, o “toothpick” dos ingleses e o “cure-dent” dos franceses não é, contudo, aceite pacificamente pelos puristas das boas maneiras à mesa.

Aquele pequeno pedaço de madeira, usado de forma dissimulada pela mão ligeiramente colocada para encobrir o seu “trabalho” ou de forma libertina aconchegado no canto da boca “pronto a entrar em acção” sempre foi fruto de controvérsia.

Acontece, que todos nós já sentimos um dia a necessidade imperiosa de retirar de entre os dentes aquele pedaço de bacalhau ou um “bife” que aí se introduziu inadvertidamente, desejando ter à mão o tal malfadado palito.

O fabrico dos palitos socorre-se da madeira, embora já existam algumas tentativas de os fabricar em plástico, bem cada vez mais escasso e que urge poupar, pelo que é curioso comparar um palito português com um palito holandês para nos apercebermos da diferença de preocupações neste campo.

O palito holandês além de ter um comprimento menor, 50mm o holandês contra 70mm do português, o seu formato é mais anatómico havendo menos desperdício de madeira no seu fabrico. Além disso é impregnado de um produto que refresca e desinfecta.

No falar popular o “palito” é muitas vezes utilizado: “palitar os dentes”, “servir de palito”, “pareces um palito”. Não confundir com “pôr os palitos”.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

entardecer à beira mar

a baixa-mar acentua o doirado da linha costeira a que o entardecer oferece tonalidades pastel com a serra de Sintra em fundo

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


Para ti

Coloco letras em carreirinha
Formando palavras soltas e sem sentido.
Depois, são teus olhos de mel
Que nelas encontram a rima.
Poema de madrugar
Na aurora de uma vida.

Coloco sentires nos mares
Formando ondas de paixão e de querer.
Depois, são tuas mãos suaves
Que nelas desenham gotas.
Lágrimas de sal
Tempero de um grande amor.

Coloco sonhos no alvor do dia
Formando luminosa esperança dos sentidos.
Depois são teus afectos e carinho
Que neles dão cor azul.
Espuma do mar
Prenúncio de muito caminhar.

Bebo da vida néctar de eternidade
No sentir do teu corpo doce de mil promessas.
Depois com novas forças novo alento
Velo a luminosidade de teu ser.
Caminho traçado
No sentido do novo alvorecer.

terça-feira, dezembro 13, 2005

receptores de energia

fundamentais para a vida humana no planeta Terra são verdadeiros receptores de energia hídrica e solar

a fonte das duas bicas

Em pleno coração do Baixo Alentejo esta é uma fonte de “água de beber”.

O fontanário é de construção inteligente, não houve necessidade de choque tecnológico para lhe dar essa importante característica, com um aproveitamento total da água . Tão somente o saber acumulado na luta contra o tempo de sequeiro serviu de base à sua construção.

A água que jorra de duas bicas sem cessar, noite e dia, é água de excelente qualidade, muito leve, e bacteriologicamente pura, como a chapa colocada pelas entidades oficiais tem o cuidado de indicar. Aliás, nas saída das duas bicas somente é autorizada a utilização da água pelos seres humanos.



A água que não é directamente utilizada na saída das bicas acumula-se num pequeno tanque, donde por um tubo de fuga e por efeito dos “vasos comunicantes” transvasa para um tanque maior situado na retaguarda do fontanário e destinado a ser utilizado para dessedentar os amimais.

A sua transvasa far-se-à pelo mesmo sistema de vasos comunicantes e tubos de fuga para um enorme tanque de rega já no interior da quinta que muito útil se tem mostrado em épocas em que a água é mais necessária. Tanque situado sob a sombra de uma árvore de copa imensa.

Na época recente de secas que assolaram todo o País e, em especial, o Alentejo nunca faltou a água nestas bicas com origem em nascente. De muitas aldeias vizinhas aqui vieram buscar água utilizando os mais diversos meios de transporte. Por nada diminuiu o caudal destas bicas.

Estamos em Peroguarda, no coração do Baixo Alentejo.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

uma flor para... a teresinha

Parabéns querida companheira da longa caminhada duma Vida

o meu caderno de viagens

Pequenos apontamentos rabiscados num caderno de viagem e agora partilhados com os leitores. Os sítios, as gentes, os costumes e as curiosidades observados por quem gosta mais de viajar do que de fazer turismo


E Portugal tão distante...

A viagem de autocarro, entre Budapeste e Keszthely, junto às margens do Lago Balaton, realizou-se ao fim da tarde, após a chegada dos restantes companheiros da jornada, vindos dos mais diversos países da Europa. O percurso feito na sua quase totalidade em auto-estrada decorreu de forma agradável, com uma paragem para café e desentorpecimento de pernas numa área de serviço perto de Siófok.

Chegados a Keszthely já noite cerrada houve que proceder à nossa instalação no hotel, um autêntico palácio que havia sido adaptado à indústria hoteleira e à realização de grandes eventos, de um modo geral com o patrocínio governamental. Depois... procurar onde jantar que a hora já se fazia tardia e nada conhecíamos desta pacata cidade, especialmente, na época outonal, que era o caso.

O nosso grupo, nove pessoas, nós próprios, mais três casais vindos da Catalunha e o sempre solteiro e bem disposto Vicent, lá partiu à descoberta de um local onde jantar. Algo típico, foi a opinião da maioria. O restaurante Apoteke (farmácia) foi o escolhido.

Entrámos, no que mais parecia uma caverna talhada em bruto na pedra. Excelente decoração e ambiente. Éramos os únicos clientes, pata um único empregado, mais as gentes da cozinha.

Nós constituíamos uma equipa poliglota. Falávamos português, castelhano, catalão, francês, inglês e, até, alemão. O empregado somente húngaro. A lista estava escrita unicamente em húngaro. Por sinais nos entendíamos. Mas nada mais. Que escolher para a tão desejada refeição.

Uma ideia peregrina, digna desta Oficina, digo eu. Vamos encomendar “um de cada da lista”. E assim foi. Devem calcular as surpresas que tivemos. O quanto a nossa experiência gastronómica aumentou. Foi um jantar inesquecível.

Uma nota final. No meio de tantas especialidades húngaras, de tantos molhos e condimentos esquisitos, a diversos milhares de quilómetros de Portugal, o meu olhar foi atraído para um pequeno frasco amarelo de tampa vermelha: mostarda Savora, fabricado em Loures, Portugal.

domingo, dezembro 11, 2005

tradição e modernidade

modernizar sem beliscar a tradição é difícil mas muito gratificante

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios


A Oração

_Minha querida Amiga... tenho aqui uma surpresa para si, enquanto fazia esta afirmação o Fotógrafo retirou de dentro da sua maleta de tiracolo um livro que colocou nas mãos da Escritora.
_”Convoquem a Alma”?
_Sim... vai poder aprender como o “Vinho do Porto é a forma divina de armazenar energia”...

[Fotógrafo]


Batidas fortes. Com pausas. Era a hora das danças especiais. Um círculo se ia formando e o mestre a olhou como se a convidasse. Ela com seu vestido ao vento entrou na roda e buscou os olhos do fotógrafo que ao encontrar com os dela, levantou seus braços, aumentou o ritmo e entrou na dança. Dançaram suas histórias, suas raízes, suas diferenças e suas semelhanças culturais, seus sentimentos e suas emoções, suas crenças e suas paixões. Dançaram, dançaram apenas. No céu já algumas estrelas brilhavam. E a noite se fez mágica mais uma vez.
[Escritora]

...............

A magia da noite, danças emoções e um pouco de vinho do Porto genuíno vindo do Douro, reflectiam toda a sua luminosidade nos olhos da Escritora e do Fotógrafo. Ou seria antes, a Alma há pouco convocada para fazer parte do caminhar calçada acima”?

O Natal está bem perto. O Natal do calendário juliano, porque o Natal do espírito, do sentir, da Alma, do muito querer esse, como dizia o poeta, “é sempre que o Homem quiser” e a cada momento fulgia iluminando um poema ou uma imagem. Nesta andança, que também é andar e é dança, de mais de três anos foi Natal cada minuto.

E o Fotógrafo recordou uma oração feito poema que a Escritora orara em momento de profunda aflição que foi carinho e foi força:

Oração
Tu, força infindável dentro de mim,
Não permita que em nenhum momento eu deixe de ver o mar,
De sentir a sua beleza.
Não permita que meus olhos ceguem e não vejam o céu,
Deixa-me ver e contemplar o seu mistério.
Coloca minhas mãos nas árvores, meu corpo ao vento,
Meus olhos na esperança, minha boca e voz na minha alma.
Faz com que eu diga a mim mesma todas as palavras que eu precise ouvir,
Faz com que eu nunca duvide que amar vale a pena,
Mesmo que eu sofra por isso.
Não deixe que eu tire de dentro de mim a coragem,
Não me deixe ter medo,
Não deixe que me sinta só.
Faz eu acreditar que amanha não terei mais dor,
Que meu sorriso será puro como sempre,
E meus sonhos verdadeiros como ontem.
lualil


E continuaram a sua caminhada calçada acima...

sábado, dezembro 10, 2005

chaminés de chupão e de fumeiro

lado a lado, altaneiras e funcionais, as chaminés alentejanas em todo o seu esplendor

novos apontadores de leitura (links)

De acordo com os critérios editoriais desta Oficina criamos, frequentemente, novos apontadores de leitura. Três razões fundamentais nos levam a essa decisão:
1 – Pela qualidade extraordinária que encontramos em determinado blogue, de acordo com a nossa avaliação pessoal;
2 – Como reconhecimento aos comentários que são deixados nos posts da Oficina das Ideias;
3 – Em resultado da permuta de indicadores de leitura.

Damos conta, de seguida, de alguns dos mais recentes, solicitando a todos os companheiros da blogoesfera que estando abrangidos pelos critérios referidos não tenham o respectivo indicador de leitura na Oficina que nos façam chegar essa informação:

Poezz Art, de Júlio Mira

A Coisa da Micas, de Micas – Citações, Desabafos, Notícias & Opiniões de uma Lusitana em terras Germânicas

O Meu Anel, de BB – O meu anel é tudo o que gira em torno de mim... Neste espaço todos fazem parte desse anel...

Café do Alexandrino, de Ismael Alexandrino - Café Alexandrino é, portanto, um espaço agradável onde se pode fazer uma leitura descontraída de temas variados e na companhia de amigos, enquanto se toma um café à gosto


Mais dolorosa para a Oficina das Ideias, por vezes pelos afectos que se foram criando, é a situação de termos que anular alguns indicadores de leitura. Fazêmo-lo sempre com uma pontinha de saudade antecipada, mas somos a isso obrigados ou porque o link deixou de funcionar, ou porque a desactualização representa quase abandono, enfim, sempre razões determinantes. É o caso de:

Atrás da Porta
Blitzkrieg
Bloqueados
Flores do Campo
Marítimo
Oh Vida!
O Olho de Girino
O Peido Manso
O Sabor das Palavras
Pelos Olhos de Caterina

sexta-feira, dezembro 09, 2005

janela senhorial

ao virar da esquina da estreita rua de uma aldeia tão nossa o encantamento desta janela

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios

A minha querida Amiga Lualil, escreveu no seu Traduzir-se... este carinho:


A dança

O sol já não mais ardia na pele, dava apenas uma leve e gostosa sensação de aconchego. Sentada à beira do cais olhava o infinito e se sentia cheia de questionamentos, cheia de desejos e sonhos. Sonhava sempre. Essa era a sua maneira de viver.

Não fazia muito tempo havia vivido um encontro inesperado e feliz. Ficaram tantas lembranças e agora sentia perto as emoções que passara. Havia no seu rosto um leve sorriso de prazer e uma saudade mansa, leve deslizando seu reflexo nas águas. Molhou os pés e refrescou sua alma. Fechou um ciclo.

Havia naquela tarde um silêncio sonoro de uma melodia conhecida e que pouco depois se rompia por toques de tambores que vinham ao longe. Toques do som da sua terra, toques da história da sua vida e estes toques davam-lhe a certeza da felicidade com que seus pés percorriam aquele chão. E aguardou com ansiedade o aparecimento daquele grupo, seu coração quase que junto batia no mesmo ritmo. Lá vinham eles. Hoje havia menos que o costume, mas mesmo assim havia um grupo de pessoas que os seguiam.

Mais perto alguém de rosto iluminado chamou a sua atenção. Era ele. Aquele fotógrafo parecia gente da terra. Tinha nos olhos o mesmo brilho dos nativos que balançavam seus corpos brilhantes. Ela resolveu entrar no meio da gente antes que ele a visse ali, queria sentir de perto como ele se misturava aquele povo, aquela gente, aquele ritmo.

Havia sempre um sorriso nele e seu corpo balançava com uma leveza que a deixava impressionada. Vez por outra fotografava algumas coisas e voltava ao transe do movimento cadenciado. Ela estava atrás dele e o admirava e sorria.

Batidas fortes. Com pausas. Era a hora das danças especiais. Um círculo se ia formando e o mestre a olhou como se a convidasse. Ela com seu vestido ao vento entrou na roda e buscou os olhos do fotógrafo que ao encontrar com os dela, levantou seus braços, aumentou o ritmo e entrou na dança. Dançaram suas histórias, suas raízes, suas diferenças e suas semelhanças culturais, seus sentimentos e suas emoções, suas crenças e suas paixões. Dançaram, dançaram apenas. No céu já algumas estrelas brilhavam.

E a noite se fez mágica mais uma vez.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

igreja de santa margarida

Santa Margarida ou Nossa Senhora do Carmo tem sido a discussão popular que vem do século XVI

coleccionar com doçura

Coleccionar, juntar e encontrar elos de comunhão entre as peças sempre foi aliciante para o ser humano. O coleccionismo de pacotes de açúcar colocou esse anseio ao alcance de toda a gente


Um café sem açúcar

O jantar estava aprazado para um restaurante campestre nos arredores de Ascot e a marcação havia sido feita com uma antecedência significativa, pois garantiram-nos ser muito difícil conseguir lugar se assim não fosse.

Ascot fazia parte do meu imaginário da vida da faustosa da sociedade tradicional britânica, com as célebres corridas de cavalos, senhoras de vestidos farfalhudos e amplos chapéus de abas e os cavalheiros vestidos com o rigor dos pares do Reino. Nunca me havia passado pela cabeça que o nosso amigo de Londres aí nos levasse a jantar.

O nosso grupo era constituído por quatro pessoas. Eu e um colega de emprego, convidados para esta viagem de trabalho a uma empresa dos arredores de Londres ligada às tecnologias emergentes. Um delegado dessa empresa em Portugal. E o nosso anfitrião, português, funcionário da referida empresa na sua sede dos arredores de Londres.

Sentimo-nos pequeninos quando uma enorme limousine nos veio buscar ao hotel e nos conduziu ao restaurante campestre nos arredores de Ascot. Quando chegámos ficámos mais tranquilos, ou talvez não. A nossa limousine seria a mais pequena de entre as que se encontravam estacionadas no parque do restaurante.

O restaurante era dirigido por uma esbelta filha de Albion, muito loira, com um corpo magnífico. O pessoal de serviço às mesas era predominantemente feminino. A confirmação da marcação foi feita num enorme livro, forrado a coiro lavrado, onde lá estava registada a reserva para quatro pessoas. Qual não foi o meu espanto, ao levantar os olhos do livro, deparei na parede em frente com uma série de fotografias da proprietária do restaurante em trajes de caça e equitação. Mas com uma particularidade: estava completamente despida da cintura para cima evidenciando uns esplêndidos seios.

O jantar foi magnífico. As conversas em português animados, mais ainda sempre que a referida senhora se aproximava da nossa mesa muito bem vestida, mas fazendo trabalhar a nossa imaginação. Muito boa disposição foi a tónica do jantar.

A hora dos cafés foram pedidos quatro mais os respectivos digestivos. Os cafés foram servidos sem açúcar. Fizemos a natural reclamação e obtivemos uma resposta adequada, no mais correcto inglês. “Os portugueses têm fama de serem tão docinhos e querem açúcar para os cafés?”

quarta-feira, dezembro 07, 2005

uma flor para... a dora

parabéns minha querida Amiga que nos continues a encantar com as melodias de tua criação

tradição e cultura popular

A tradição resulta da memória colectiva de um Povo, autêntico património invisível que se transmite entre gerações e representa o mais elevado expoente da cultura popular. Aqui se deseja dar conta desse repositório


Rezas e Benzeduras

À conversa com a Dona Inês de Jesus no Largo da Igreja, no coração da aldeia alentejana de Peroguarda, era impossível não se falar do Professor Joaquim Roque, filho dilecto da terra, saudosamente recordado e que deu lugar a toponímia no largo em que viveu.



A casa onde habitou, de piso térreo bem ao estilo alentejano, forma ângulo no largo hoje designado Largo Professor Joaquim Roque, donde nasce a Rua Jean Marie Jacometi, figura de destaque nas recolhas etnográficas do Portugal profundo e que muito conviveu com o Professor Joaquim Roque.



Voltando à conversa com a Dona Inês de Jesus, que mantém no seu coração a mágoa do espólio do Professor estar a ser cuidado pelo Município de Portel e não pelo de Ferreira de onde Peroguarda é Freguesia, é de grande reconhecimento a forma como a ele se refere.

“Rezas e benzeduras Populares”, obra datada de 1946, foi um dos trabalhos mais emblemáticos do professor Joaquim Roque, a que o sábio brasileiro Mestre Basílio de Magalhães se refere com desvelo e que mereceu muitas referências na época, quer em Portugal quer no Brasil.



A essa obra de recolha popular encontra-se na memória de Dona Inês e na da cultura brasileira, pois na portuguesa parece ter caído no esquecimento. Apresentamos de seguida duas referências recolhidas na revista Jangada Brasil.

Na Jangada Brasil n.º 9 Maio de 1999 pode ler-se:

“....

Oração contra a espinhela caída
Espinhela caída
Portas ao mar
Arcas, espinhelas
Em teu lugar
Assim como Cristo
Senhor nosso, andou
Pelo mundo, arcas
Espinhelas levantou
Todas as orações rimadas ou rítmicas, ensalmos tradicionais, de força sugestiva pelo emprego dos nomes sagrados ou sucessão de algarismos, ascendentes ou descendentes, são vindos de Portugal, diferenciados pelo mestiço brasileiro, o grande transformador, como notou Sílvio Romero. A espinhela caída é a moléstia incaracterizada pelo povo. Espinhela é o apêndice xifóide. O professor doutor Fernando São Paulo estudou magnificamente o assunto, evidenciando a confusão de síndroma; Linguagem popular médica no Brasil, I, 353-364, Rio de Janeiro, com abundante documentação. Em Portugal, entre outros, Jaime Lopes Dias, Etnografia da Beira, VII, 233, Espinha (coluna vertebral) encostada, Lisboa, 1948; Joaquim Roque, Rezas e benzeduras populares, etnografia alentejana, 13-17, Beja, 1946. A variante brasileira que o comandante A. Boiteux encontrou em Santa Catarina, Poranduba catarinense, 36:

Espinhela caída
Portas para o mar…
Arcas, espinhela
Em teu lugar…
Assim como Jesus Cristo
Pelo mundo andou
Arcas, espinhela
Levantou

...”

Da mesma forma na edição da revista Jangada Brasil, n.º 35 de Julho de 2001 recolhe-se esta interessante referência:

“...

Numa obra interessantíssima do professor Joaquim Roque que tivemos a súbita honra de prefaciar há um curioso capítulo a respeito de "Benzedura de olhados, fitos e fitados."

Pode ler-se neste livro: "Os olhados - segundo se crê - atacam com preferência e de preferência, as criancinhas de tenra idade... E logo solícitas as mãezinhas, para as livrarem de tão terrível moléstia, que em poucos dias lhes pode levar, correm a benzê-las contra os maus olhados, fitos e fitados, olhares de inveja, de lua etc. Como de costume, verifica-se primeiramente a existência da doença deitando alguns pingos de azeite num pires com água, sobre o qual se faz o sinal da cruz, ao mesmo tempo que rezam o credo (credo em cruz). Se o azeite desaparecer, diluindo-se completamente na água, a criança ou adulto, sofre de olhado:

Vamos citar um ensalmo curiosíssimo para tratamento do mau olhado. Não há má olhadura que resista a esta benzedura cheia de pitoresco:

Eu te benzo Fulano
de lua e d’olhado
de fito e fitado...
a lua, aqui’ passou
a cor de Fulano levou
e a del’aqui deixou
Quando aqui tornar a passar
A cor de Fulano deixará
e a dela levará...
Jesus é verbo
Verb'é Deus
S’é olhado
Benza-te Deus!
dois olhos t’olharam mal
três t’hão de olhar bem;
que é Deus Pai, Deus Filho,
Deus Espírito Santo Amém.
Fulano, se te dói a cabeça,
Valha-te Senhora Santa Teresa,
se te doem os olhos
Valha-te Senhora Santa Luzia!
se te dói o peito,
valha-te o Senhor dos Aflitos
se te doem os braços,
valha-te o Senhor Jesus dos Passos!
se te dói a cintura,
valha-te a Senhora Virgem Pura!
se te dói a barriga,
valha-te a Senhora Santa Margarida!
se te doem as pernas
valha-te o Senhor Santo Amora!
se te dói o corpo todo
valha-te o Senhor Todo Poderoso!
em louvor de Deus e da Virgem Maria,
Padre Nosso e Ave Maria.

Adeus mau olhado e sua má olhadura que te somes nas profundas do Inferno mal esta benzedura é pronunciada.

O povo acredita no poder mágico dos olhos, e crê piamente nesse fluido estranho.

Não é difícil encontrar-se frases bem características, que definem bem essa força invisível. "Quem tem olho é rei"! E assim é de fato. O homem, que tem grande visão das coisas domina o seu meio e comanda o seu semelhante. Fulano tem "olho vivo", sicrano tem "olho bem aberto".

Ouçamos uma benzedura recolhida pelo professor Joaquim Roque:

Jesus é verbo,
Verbo é Deus,
Fulano tem um quebranto,
Benza-o Deus.
Deus te benza, e benza-te Deus:
De lua e d’ar e d’olhadela;
De dores nervosas e de sol no miolo;
De lua nas tripas e d’azar;
E de mal d’inveja e de tod’o mal
Dois olhos te viram mal.
E três te viram bem;
E Deus Pai, Deus Filho,
E Deus Espírito Santo Amém
Em louvor de Deus e da Virgem Maria
Um Padre Nosso e uma Ave Maria.

A oração pode ser rezada três vezes fazendo cruzes sobre a água. Verificado o mal benze-se a criança rezando a oração nove vezes: Três enquanto se fazem cruzes sobre a cabeça, outras três sobre o peito e as restantes sobre as costas.

...“

terça-feira, dezembro 06, 2005

a chegada da tempestade

não passou de uma ameaça, pois ventos de direcção errática trataram de a afastar

vinte e nove meses na blogoesfera

Este mês ficou bem marcado pelo regresso do Fotógrafo às terras recifenses onde, apoiado na frescura de uma Skol bebida no boteco da esquina, continua a percorrer a calçada na boa companhia de sua amiga Escritora. Assim, continua a “Sentir o Povo que vive”.

Lá pelos lados do Planalto Central do Brasil, terras de Goiânia, a nossa querida amiga Deméter, Marley Costa Leite, viu concretizado um sonho seu. Realizou-se a sessão de lançamento do seu livro “Histórias de Maria”, fruto de um encantador trabalho que foi sendo publicado no Segredos de Deméter.

O pessoal aqui da Oficina das Ideias teve um mês de intensa actividade, com deslocações frequentes a “festas e romarias”, as festas de Inverno baseadas nas actividades da terra neste novo ciclo de germinação que se aproxima. Óbidos, Alcobaça, Portel, todo o Alentejo profundo foram fontes de grandes ensinamentos para todos nós.

A Oficina das Ideias recebeu até à data deste balanço cerca de 61.760 visitas, a uma média de 100 visitas por dia, menos cerca de 20% que em períodos anteriores, tendo sido já postados cerca de 1.815 textos e imagens, na grande maioria originais.

Cerca de 55 comentários deixados por 19 visitante diferentes demonstram reduzida interactividade, pouca afluência de leitores, fruto de eventual saturação do estatuto editorial que pretendemos seguir. Mantemos a esperança que o futuro seja mais risonho em termos da interactividade por nós desejada.


QUADRO DE HONRA

LuaLil, do Traduzir-se...
Cathy [Bailarina das Letras], do Bailar das Letras
Riquita, do Contra Capa
GNM, do Extranumerário...
São, do EspectacológicaS
Cláudio, do Meia Livraria
BB, do O Meu Anel
Lila
Ismael Alexandrino, do Café do Alexandrino
Lenore, do Verdades Cruéis
Sara [Amiga Teatro], do O Mundo à Janela
Claudia Perotti, do Meias Intimidades
Deméter, do Segredos de Deméter
Eduardo, do Bloguices
Júlio Mira, do Poezz Art
Francisco Nunes, do Planície Heróica
ADias [Reporter], do EmDirectoEACores
Nélio
Alves Fernandes, do O Predatado

A TODOS o muito obrigado do pessoal da Oficina das Ideias.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

janela azul

na simplicidade de um Povo a cor da bordadura da janela representava um estatuto

tradição e cultura popular

A tradição resulta da memória colectiva de um Povo, autêntico património invisível que se transmite entre gerações e representa o mais elevado expoente da cultura popular. Aqui se deseja dar conta desse repositório


Por terras de Pêro Guarda

A dona Inês tem noventa anos feitos ainda não há uma semana, mas o brilho do olhar e a ligeireza dos seus passos determinados deixam transparecer uma jovialidade interior que nada tem a ver com o tempo que passa. Somente se vislumbra um ar de tristeza quando recorda que o marido já perdeu há muito e que o filho também ficou no seu caminho de vida.

Mas se nos espanta a sua vitalidade física, ficamos simplesmente siderados pelo seu discernimento, pela sua capacidade crítica e facilidade de conversa e, muito em especial, pelo seu saber de tudo o que está relacionado com a terra que muito ama.

Encontramo-la no largo da igreja onde habita numa casa tipicamente alentejana na aldeia de Peroguarda, no coração do Alentejo. As sua palavras são uma fonte de saber e de muito querer à terra que a viu nascer e lhe deu o alento de mulher e mãe.

Sobre a sua terra a Dona Inês que até à morte do filho cantava no coral local, o “Alma Alentejana” brinda-nos com esta elegia:

Aldeia de Peroguarda
És a minha terra natal
És a mais alentejana
Nas terras de Portugal
Por todas és invejada
És minha terra natal
Aldeia de Peroguarda


Assim como São Pedro tem as chaves do Céu, assim se passa com a Dona Inês que possui as chaves das palavras e dais ideias e, igualmente, as chaves da igreja paroquial de Santa Margarida que fez questão que visitássemos.

Uma capela de três altares, cuja construção remonta ao século XVI. O corpo da nave, de planta rectangular , com tecto de meio canhão e coro, está completamente caiado de branco e denuncia reparações sucessivas, admitindo-se que a presente cobertura não recue a período anterior a finais do século XVIII.

No interior desta igreja surgem três altares laterais que datam de 1758 e que na altura eram consagrados a Nossa Senhora do Rosário, Almas Santas e a São Luís. O primeiro apresenta hoje Nossa Senhora do Rosário, escultura estofada, de madeira que parece ser peça do tempo de D. Pedro II.

Na segunda capela cuja padroeira é Nossa senhora do Carmo de roca exibem-se mais duas estatuetas sagradas também elas de madeira policroma: Santo António e São João Baptista, peças do século XVIII.

A terceira capela interliga através de arcada com a do Rosário e que teve a denominação das almas, hoje de Santo Cristo, mostra retábulo de madeira dourada, de frontão triangular e no eixo, envidraçado um Senhor crucificado, bem esculpido em lenho. Na banqueta veneram-se Santa margarida Virgem e mártir, padroeira tradicional, feita em roca e vestes nobres bordadas e de S. Francisco recebendo os estigmas.

Antes de nos despedirmos da Dona Inês esta ainda nos lançou um desafio:

_Venham até Peroguarda no dia 10 deste mês pois vamos ter “o Cante ao Menino” cantares de encantamento nesta época natalícia e que tão bem vai ser desempenhado pelo Coral Alma Alentejana.

domingo, dezembro 04, 2005

fantasia colorida

a natureza desenha sentires na suavidade das cores

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


Mar Eterno

Oceano, mar eterno, que te espraias no doirado areal
Festejas em espuma branca e leve o vigor da Natureza
Inspirada bailação ao ritmo do sentir e do querer
Crias obras de arte, desenhos, esculturas, qual artista genial
Inventas novas formas, cores e traços que aplicas com firmeza
Na tela da vida, no devir, que do sonho se faz viver.
A transparência da água é como a alma do músico ou do poeta


De mansinho vem beijar as areias que o Sol aquece e ilumina
Amando cada momento do tempo que passa veloz sem parar
Só medido pelo fluxo de areia fugidia da velha ampulheta.


Inebriantes melodias enchem o ar com sons de ocarina
Dando companhia a palavras certas da arte de versejar
E o mar, sábio pela vivência e pelo muito observar
Indica a rota a percorrer para o sonho atingir
Amizade, que amor mais forte não há , na certeza do pensar
Solidariedade o sublime sentimento de quem melhor sabe sentir.

sábado, dezembro 03, 2005

uma flor de ternura

a ternura partilhada dá significado à caminhada na direcção da esperança

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios


“Convoquem a Alma” (*)

O Fotógrafo pegou suavemente no cotovelo da Escritora...

_Está a apetecer-me beber uma Skol bem gelada, que tal?
_Maravilhosa ideia a sua. Vamos!

...............

Este simples gesto, este breve contacto físico entre o Fotógrafo e a Escritora, foi canal de comunicação de intenso fluxo de energia, suficiente para dar uma especial musicalidade ao fim-de-tarde recifense, cálido e sereno como tantas vezes acontece na tropicalidade da geografia universal.

Na verdade, mesmo sem aquele “pegar suavemente no cotovelo”, os falares e os silêncios entre o Fotógrafo e a Escritora resultam sempre numa transmissão nos dois sentidos de magnetismo que inspira a imaginação criadora das mais belas imagens e de carreirinhas de letras que logo logo se transformam em belos e sentidos poemas.

A luminária que inunda a Praça e a calçada, quer a multicolorida da animação dos botecos e de outras lojas, quer a que emana das lanternas que outrora funcionaram a azeite e a gás e que hoje lançam fachos de prata sobre o passeantes, retiram laivos argênteos dos cabelos do Fotógrafo e dão mais rosa aos lábios floridos da Escritora.

Aqui e ali, um menino cruza-se com os dois passeantes e sorri abertamente para a Escritora reconhecendo nela o seu “anjo da guarda” que em determinado ponto do seu crescimento o chamou para a realidade da vida e lhe incutiu sentires de cidadania, pela defesa do ambiente, pelo desenvolvimento do espírito criativo e artístico, dando-lhe rumo diferente do deambular inconsequente pela calçada.

_Minha querida Amiga... tenho aqui uma surpresa para si, enquanto fazia esta afirmação o Fotógrafo retirou de dentro da sua maleta de tiracolo um livro que colocou nas mãos da Escritora.
_”Convoquem a Alma”?
_Sim... vai poder aprender como o “Vinho do Porto é a forma divina de armazenar energia”...


(*) Convoquem a Alma, de Fernando carvalho Rodrigues, Publicações Europa-América

sexta-feira, dezembro 02, 2005

feira do montado em portel

_Muitos parabéns Caro Presidente, a Feira está uma maravilha...
_Meu amigo... eu é que agradeço muito a vossa visita!

Palavras simples de um homem da terra que sente profundamente os anseios dos seus conterrâneos e que luta no dia-a-dia para o desenvolvimento da sua região. Homem “com lama nas botas” que vive como ninguém a cultura de um Povo. Estou a falar de Norberto Patinho, Presidente da Câmara Municipal de Portel e com quem tive o prazer de conversar já à saída da Feira do Montado que decorreu nesta bela vila alentejana.

Esta é a 6ª edição da Feira do Montado que desde a sua criação tem desenvolvido várias iniciativas de cariz social e cultural, com grande destaque para a defesa dos produtos do “montado”: cortiça, azeitona, mel de rosmaninho, lenha e carvão, cogumelos e ervas aromáticas e a bolota. Esta última de grande importância para a criação do porco negro do montado alentejano donde resultam excelentes enchidos que a par com os queijos e a caça representam base importante da gastronomia da região.



Portel “onde a serra finda e a planície recomeça”, “terra de encantos e tradições” desenvolve a sua actividade produtiva no amparo da Serra de Portel, onde se tem vindo a valorizar o montado de sobro e de azinho e a defender e preservar a fauna e a flora autóctone.

O desenvolvimento sustentado do Concelho muito vai depender da correcta utilização das potencialidades criadas pela construção da Albufeira do Alqueva, mas está bem patente na Feira do Montado a vontade forte de avançar para esse tipo de desenvolvimento.

A Rota dos Sabores representou um momento ímpar desta visita, desde os produtos com base no porco preto do Montado, até à doçaria tradicional e aos mais diversos tipos de queijo. E o que dizer do “torresmo do rissol”?



Na despedida...

_Caro Norberto, para o ano que vem cá estaremos para a mágica SÉTIMA edição da Feira do Montado.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

castelo de portel

neste castelo e às boas graças do seu "castelão" nos acolhemos para visitar a Feira do Montado

em novembro de 2005 a oficina das ideias publicou:

Textos
Dia 1 – O Pão por Deus [tradição e cultura popular]
Dia 2 – Em Outubro de 2005 a Oficina das Ideias publicou
Dia 3 – Tarde de Verão [a suavidade do erotismo]
Dia 4 – Sabores Caparicanos [minha terra é meu sentir]
Dia 5 – A força da palavra [sentir o povo que vive]
Dia 6 – Vinte e oito meses na Blogoesfera
Dia 7 – O Povo deve estar alerta [a minha opinião]
Dia 8 – O Associativismo e o CLUPAC [coleccionar com doçura]
Dia 9 – Noite de Fim de Ano [a suavidade do erotismo]
Dia 10 – Novos apontadores de leitura (links)
Dia 11 – No dia de S. Martinho vai à adega e prova o vinho [tradição e cultura popular]
Dia 12 – Símbolos [o mistério e a fantasia]
Dia 13 – Domingo na Rua [sentir o povo que vive]
Dia 14 – A Rota do Andarilho [espaço de poetar]
Dia 15 – O Menino Esperança [coleccionar com doçura]
Dia 16 – A tábua de queijos [a suavidade do erotismo]
Dia 17 – Uma postura para proteger o colmeal [a minha terra é meu sentir]
Dia 18 – Um desenho mágico [recordar...]
Dia 19 – A Brasileira do Chiado – 100 anos
Dia 20 – Dia da Consciência Negra [sentir o povo que vive]
Dia 21 – Encantamento [espaço de poetar]
Dia 22 – Estrelinhas [coleccionar com doçura]
Dia 23 – Pura curiosidade [a suavidade do erotismo]
Dia 24 – Deméter lança o livro “História de Maria”
Dia 25 – Usos e costumes da Charneca [a minha terra é meu sentir]
Dia 26 – O Carnaval já está ao virar da esquina [sentir o povo que vive]
Dia 27 – Deixar fluir o pensamento [espaço de poetar]
Dia 28 – Na Blogoesfera eu aprendo
Dia 29 – A magia da romã [o mistério e a fantasia]
Dia 30 – No British Bar...

Imagens
Dia 1 – Um homem exemplar
Dia 2 – Pura adrenalina
Dia 3 – Antenas para a energia
Dia 4 – A cor do mercado
Dia 5 – Verdadeiro Tribuno
Dia 6 – Flor de Outono
Dia 7 – Chaminé e torre sineira
Dia 8 – Marcas do passado
Dia 9 – Fragmento
Dia 10 – Estrelícia da saudade
Dia 11 – Castanhas assadas
Dia 12 – Ginjinha e chocolate
Dia 13 – Gravatas há muitas...
Dia 14 – Mar de Outono meado
Dia 15 – Lua de Novembro
Dia 16 – Diligência em chocolate
Dia 17 – Mar da Caparica
Dia 18 – Janela de encantar
Dia 19 – Esplendor nocturno
Dia 20 – Janela de Murfacém
Dia 21 – Uma lágrima
Dia 22 – Um detalhe...
Dia 24 – De súbito, um cruzeiro
Dia 25 – Marcas do passado
Dia 26 – A muralha do castelo
Dia 27 – Silhuetas ao sol poente
Dia 28 – O mistério do tempo que passa
Dia 30 – Misterioso Espichel

Uma Flor para...
Dia 23 - ...a Cecília, parabéns minha querida Amiga

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