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sexta-feira, dezembro 09, 2005

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios

A minha querida Amiga Lualil, escreveu no seu Traduzir-se... este carinho:


A dança

O sol já não mais ardia na pele, dava apenas uma leve e gostosa sensação de aconchego. Sentada à beira do cais olhava o infinito e se sentia cheia de questionamentos, cheia de desejos e sonhos. Sonhava sempre. Essa era a sua maneira de viver.

Não fazia muito tempo havia vivido um encontro inesperado e feliz. Ficaram tantas lembranças e agora sentia perto as emoções que passara. Havia no seu rosto um leve sorriso de prazer e uma saudade mansa, leve deslizando seu reflexo nas águas. Molhou os pés e refrescou sua alma. Fechou um ciclo.

Havia naquela tarde um silêncio sonoro de uma melodia conhecida e que pouco depois se rompia por toques de tambores que vinham ao longe. Toques do som da sua terra, toques da história da sua vida e estes toques davam-lhe a certeza da felicidade com que seus pés percorriam aquele chão. E aguardou com ansiedade o aparecimento daquele grupo, seu coração quase que junto batia no mesmo ritmo. Lá vinham eles. Hoje havia menos que o costume, mas mesmo assim havia um grupo de pessoas que os seguiam.

Mais perto alguém de rosto iluminado chamou a sua atenção. Era ele. Aquele fotógrafo parecia gente da terra. Tinha nos olhos o mesmo brilho dos nativos que balançavam seus corpos brilhantes. Ela resolveu entrar no meio da gente antes que ele a visse ali, queria sentir de perto como ele se misturava aquele povo, aquela gente, aquele ritmo.

Havia sempre um sorriso nele e seu corpo balançava com uma leveza que a deixava impressionada. Vez por outra fotografava algumas coisas e voltava ao transe do movimento cadenciado. Ela estava atrás dele e o admirava e sorria.

Batidas fortes. Com pausas. Era a hora das danças especiais. Um círculo se ia formando e o mestre a olhou como se a convidasse. Ela com seu vestido ao vento entrou na roda e buscou os olhos do fotógrafo que ao encontrar com os dela, levantou seus braços, aumentou o ritmo e entrou na dança. Dançaram suas histórias, suas raízes, suas diferenças e suas semelhanças culturais, seus sentimentos e suas emoções, suas crenças e suas paixões. Dançaram, dançaram apenas. No céu já algumas estrelas brilhavam.

E a noite se fez mágica mais uma vez.

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