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domingo, janeiro 31, 2010

contemplativo

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aldrabas e batentes

do património do povo
do espólio fotográfico da oficina publicamos imagens de peças e utensílios que contêm em si saberes, modos de fazer, celebrações e costumes que representam parte importante no nosso património cultural imaterial




ALDRABAS E BATENTES


Designação dada a peças, normalmente fabricadas em metal, com simbologia diversa, colocadas nas portas ou nos portões, e que se destinam a chamar "os da casa" batendo. As aldrabas tem a função acrescida de trancarem as portas.

Contam os mais velhos que era usual este diálogo:

"Truz! Truz"
"Entre! Quem é?"


#01 - batente de "carranca de leão" - góis - 2008
#02 - batente de "cordame náutico" - góis - 2008
#03 - batente de "mão de fátima" - góis - 2008











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sábado, janeiro 30, 2010

luar de janeiro




a Lua Cheia esteve plena às 6 horas e 18 minutos (100%)

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a magia do luar

Lua mágica que o sentir te maravilha

Quando nela espraias teu doce olhar

Cúmplice e confidente do caminhar

Na procura da vereda que o amor trilha



Nela se reflecte de azul o nosso mar

Que sempre está presente nesta partilha

Na espuma da sétima onda que fervilha

Na doirada areia seu destino e desejar



Na Lua olhamos o infinito e mais além

Onde um rosto nos sorri com a ternura

De quem está enamorado e nos quer bem



E na alegria vivida de tamanha ventura

No encontro perfeito e sem porém

A Lua brilhante é de estio e de doçura.

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sexta-feira, janeiro 29, 2010

cegonhas brancas

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dois mares

Um dia, já lá vão tantos anos que muitas recordações se esfumam nas brumas dos tempos, numa era em que se diz que os animais falavam, mas falavam também as forças da Natureza, dois mares, vindos sei lá de onde, encontraram-se no Grande Areal doirado.

Um deles, de “infinita brancura”, feito de “espuma de óleos essenciais e sais perfumados, decorado com cheiros serenos e actos pacatos” espraiou-se docemente no areal...

O outro, cor de azul verde-mar, espraiando espuma de prata, trazia o odor a maresia misturado com o cheiro acre do suor do marinheiro que nele navegava noite e dia sem descanso na busca de um sonho desejado.

Uma bela Tágide respirava forte, cada vez mais forte, ouvindo o eco da própria respiração ao sentir na sua suavidade que os dois mares iriam embater violentamente... ouve momentos de silêncio profundo.

Os mares deslizaram um sobre o outro como nunca a Natureza tinha visto. Somente duas cristas de onda “cheiro sereno e maresia” se encontraram em explosão de luz e cor, elevando no espaço uma garrafa mensageira que voltou a mergulhar no mar.

No areal da Praia do Sol, num poente esplendoroso, dois jovens namorados aguardavam que desse à praia uma pequena garrafa, mensageira que ambos haviam sonhado chegar nesses fim-de-tarde.

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quinta-feira, janeiro 28, 2010

energia sem fim

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as colmeias da charneca

Do “Boletim de Fontes Documentais” editado anualmente pela Câmara Municipal de Almada retirei uma “Postura da Camara da villa de Almada”, datada de 1750, e que tem o número de referência 115, mantendo a grafia original:

Postura que nenhuma pessoa não arranque, nem corte matto nem cepa, nem esteva dois tiros de besta ao redor das cilhas em que estiverem colmeyas.

Acordarão os ditos officiais e homens bons e puzeram por postura que por verem o grande dano que se fazem nas colmeyas por cauza de ao redor das cilhas aonde ellas estão se arrancar cepa de esteva, e cortar matto pella qual razão vão as ditas colmeyas em muita diminuição e ha muitas menos das que antigamente havia na Charneca do termo desta villa o que he em grande prejuizo dos moradores, e muito grande dano que se recebe nas ditas colmeyas querendo a isso prover mandarão que daqui em diante nenhuma pessoa corte matto, nem arranque cepa, nem esteva dois tiros e besta, ao redor donde estiverem cilhas que tenhão colmeyas que passe de oito cortiços povoados sob penna do que o contrario fizer e se lhe provar ou for achado cortando, ou arrancando cepa, esteva, ou matto por cada ves mil reis e da cadeya, a metade para o concelho e a outra para quem o accuzar
”.

A Charneca, mais tarde Charneca de Caparica, situava-se no termo geográfico da Vila de Almada e o seu nome tem origem, sem dúvida, no facto de ser um ermo exposto ao sol forte de Verão, onde se situavam dispersas algumas quintas e um ou outro casal.

Do texto também se induz a existência de algumas explorações apícolas na região que era importante preservar e de que ainda existem vestígios, mais de 300 anos passados, especialmente na zona do Cabo da Malha, em plena Mata dos Medos, onde é produzido mel de um paladar esquisito.

A referência às cepas indica, igualmente, a existência de uma produção tradicional na região, de que ainda existiam vestígios há cerca de 20 anos. Trata-se da produção vinícola, a partir de uvas de vinhas locais, que pela sua qualidade e grau alcoólico era muito apreciado em Almada, onde uma taberna de estilo anunciava todos os anos: “Vinho Novo da Charneca”. E esgotava em pouco tempo.

Uma última referência, esta generalizada a todo o Portugal de então, o elevado hábito delator da população por mor do qual obteria alguns rendimentos suplementares.

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quarta-feira, janeiro 27, 2010

flores lilases

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taras e manias (e delírios)

A minha querida amiga Sara, do blogue Carpe Diem, lançou-me um desafio para mencionar 5 manias ou hábitos que nos diferenciam ou aproximam dos outros.

Como ela escreve “a palavra Bloguer (ou blogueiro) pode ser pequena mas encerra nela muito mais do que se imagina”.

Vou aqui convosco partilhar as minha “taras e manias” e também “delírios” que por lá deixei registado na zona dos comentários:

1 - Nunca durmo com pijama seja a época do ano que for.

2 - Estou convencido de que tenho um descendente intergaláctico.

3 - Sonho recorrentemente que voo planando sobre mares e montanhas.

4 - Penso que sou imortal, até prova em contrário.

5 - Escrevo diariamente no blogue há 78 meses.


No cumprimento das regras deste “méme” em que aceitei participar vou mencionar os cinco blogues que proponho como meus “méme seguidores”:

Bailar das Letras
Flor de Lis
Gata por um Fio
Sex Appeal
Traduzir-se… será arte?




REGRAS: "Cada bloguista participante tem de enunciar 5 manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher 5 outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do recrutamento. Cada participante deve reproduzir este regulamento no seu blogue."

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terça-feira, janeiro 26, 2010

uma flor para... a fatyly




Fatyly é uma querida amiga que tem o blogue
Uma Nova Cubata
e a quem envio um beijinho de MUITAS FELICIDADES

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uma flor para... a gwen




Gwen é a minha querida amiga Gwendolyn Thompson,
cantora romântica e de charme, brasileira,
que tem o blogue A CANTORA
Mil felicidades te desejo

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oitava... sétima

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Percorro insanos caminhos tempo escasso

Na procura de uma imagem por mim sentida

Envolvo-me em górdios nós e em um baraço

De uma memória noutras eras construída

Em vivências pulverizadas em mil estilhaços

Pela vereda de existir já há muito percorrida.

Na certeza incorruptível do tempo que passa

Encontraremos um futuro de energia e graça.

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segunda-feira, janeiro 25, 2010

novos trilhos

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felicidade

Felicidade é a certeza de que a nossa vida
não está se passando inutilmente

[Erico Veríssimo, Olhai os Lírios do Campo]


O brilho no olhar do Fotógrafo deixava transparecer um grande contentamento interior que não passou despercebido à Escritora:
_Hoje sinto-o com uma satisfação interior grande, querido Fotógrafo... passa-se algo de agradável?
_ Querida Amiga... algo muito simples...
_As coisas simples são por vezes as mais importantes, não?
_É verdade sim... mas eu conto-lhe...

Na verdade, o Fotógrafo conversara há pouco com um amigo que em Portugal tem uma restaurante de gastronomia mineira que emprega cerca de 70 pessoas às quais esta a proporcionar agora formação profissional. É algo que faz regularmente, estando neste momento em formação um terço dos seus trabalhadores. Os outros o farão em breve.

No mundo actual de tamanho egoísmo e em que tem lugar uma exploração desenfreada de quem trabalha, estas excepções são, na realidade, chamas de uma esperança que nos continuam a animar. Razão de sobra para o Fotógrafo se sentir satisfeito por esta iniciativa de alguém por quem tem muita amizade.

A caminhada calçada acima lá continuou, agora que a Escritora se apercebera dos sentires do Fotógrafo:
_Tens razão no teu contentamento, tu que tantas vezes me fizeste “inveja” quando me contavas as belas comezainas no restaurante desse teu amigo... bom... e das caipirinhas nem se fala.
_Na verdade, além da grande amizade que tenho pelo Joaquim, sempre o elogio pelo cuidado que ele tem em manter a qualidade... e pela forma como cuida dos seus empregados...
_E aqui está um exemplo... boas razões tens para teres esse brilho no olhar...

A Escritora olha o mar que bordeja a costa recifense e olha a linha do horizonte. Sabe que do lado de lá as doiradas areias da Caparica desejam recebê-la com afecto. Conhecer terras do Fotógrafo, mergulhar nos portugueses petiscos de que o Fotógrafo sempre lhe fala...

A nostalgia do tempo que passa tolda-lhe um pouco o semblante, que logo se volta a animar na certeza de que em breve percorrerá terras da portugalidade...

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domingo, janeiro 24, 2010

caparicana

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de setúbal moscatel


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Cantaram os menestréis em suas trovas

O esplendor de um néctar sem igual

Do sabor e do aroma tinham provas

Que deus Baco os inspirara para tal.



Deram notícia ao clero e à realeza

De haver algures em Portugal

Uma bebida que por sua mui nobreza

Mais do que celeste, era divinal.



Mas foi o Povo que no seu saber

Do Monte da Lua para o Espichel

Caminhou com denodo e muito querer.



A pé, de burro ou de corcel

Para o vinho degustar a seu prazer

Era na verdade de Setúbal moscatel.

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sábado, janeiro 23, 2010

sonho ir às berlengas

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o romeiro

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o romeiro amparado no bordão das terras do longe chegou

cansado dos rumos do sem fim percorridos na ânsia do saber

fita com o olhar vago o infinito e a solidão o sinal que sempre procurou

onde arde a chama que não vê mas sabe existir, a chama do muito querer.



no sentir do amor passado mas sempre vivo em seu pensar e sentir

encetou o romeiro a longa caminhada em terras do sem fim

por tortuosos desfiladeiros e atalhos, veredas e trilhos do devir

na busca da imagem querida e adorada com o odor do jasmim.



no rosto marcado pelo suor e pelas lágrimas, pelo tempo a passar

surge, por vezes, uma réstia cor de esperança, no pensar e no sentir

aquela que sempre o acompanhou neste tão longo caminhar

e o doirado Sol das planuras imensas que nunca alcançou mas que irá atingir.

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sexta-feira, janeiro 22, 2010

semente perdida

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cataventos

do património do povo
do espólio fotográfico da oficina publicamos imagens de peças e utensílios que contêm em si saberes, modos de fazer, celebrações e costumes que representam parte importante no nosso património cultural imaterial




CATAVENTOS


Designação dada a um conjunto de equipamentos "que aproveitam a energia dos ventos para produzir trabalho". Incluem nesta designação alguns equipamentos mais engenhosos destinados à moagem de cereais e ao bombeamento de água dos poços. Não concordamos inteiramente com esta definição, preferindo chamar aos primeiros "moinhos de vento" e aos últimos "moinhos de poço" [designação criada na Oficina das Ideias e já aceite em diversos blogues].

Designamos, então, por cataventos os dispositivos constituídos por uma seta - decorada consoante o imaginário popular - que gira sobre um eixo vertical e pela rosa dos ventos que indica a direcção predominante do vento na altura.

#01 - catavento de "galo" - charneca de caparica - 2004
#02 - catavento de "dinossauro" - lourinhã - 2005
#03 - catavento de "galo e moinho" - carrasqueira - 2005











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quinta-feira, janeiro 21, 2010

labareda descendente

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a rocha dos namorados

Quando viajamos de São Pedro do Corval para Monsaraz no norte alentejano, já com a vivência do ambiente raiano de memória do contrabando, do “a salto”, das migrações transfronteiriças, deparamos de súbito com um monumento megalítico de estranha configuração.

Trata-se de um afloramento natural de granito, cuja forma faz lembrar um cogumelo, mas onde muitas pessoas visualizam, antes, a forma de um útero de mulher, um menir de cerca de dois metros e altura, designado Rocha dos Namorados.

As gentes de São Pedro do Corval, povoação situada a cerca de 500 metros de distância, chama-lhe a Pedra de Casar, pois é uso nela praticar um ritual de fecundidade, ou de casamento nos tempos modernos, pelos que as raparigas solteiras peregrinam em seu destino.

Este menir encontra-se crivado de gravuras megalíticas do tipo “covinhas” e no seu topo centenas de pequenas pedras são testemunho e resultado da prática de um ritual de origem pagã relacionado com o culto da fertilidade e à adivinhação.




As raparigas em idade casadoira vão, na segunda-feira de Páscoa, consultar a Rocha dos Namorados para saberem quanto tempo falta para consumarem o seu casamento. De costas viradas para a rocha atiram com a mão esquerda pequenas pedras que pretendem fiquem depositadas no topo do menir.

Se a pedra lançada não ficar em cima da rocha e cair ao solo significa que tem que esperar mais um ano para a realização do casamento. Se a pedra se juntar a tantas outras que existem no seu topo é garantido o casamento no ano corrente.

Local de idolatria pagã foi cristianizado, como aconteceu em muitas outras situações e ritos, passando a representar um “passo” da procissão de seca que tinha lugar entre a ermida de Nossa Senhora do Rosário e a Aldeia do Mato (hoje São Pedro do Corval).

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quarta-feira, janeiro 20, 2010

dança com o mar

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o pequenino morcego

Solitário no seu voar irregular, na permanente actividade de alimentação com base em pequenos insectos, procura na minha companhia diária mitigar esse seu estado de vida.

Acompanha-me nas minhas caminhadas nocturnas no passeio das cadelinhas ou quando vou colocar o lixo no respectivo latão, em voos rasantes, em círculos, que são uma forma muito própria de comunicação.

Pequenino mamífero, por muitos hostilizado, sente que gosto dele e da sua companhia e, portanto, "gosta igualmente de mim”. Companhia habitual ao longo dos meses e meses, uma noite fez-me uma surpresa.

Apresentou-me a companheira. A partir daí as minhas caminhadas nocturnas passaram a ser acompanhadas por dois pequenos mamíferos voadores.

Algum tempo volvido voltou só, coisas da vida, e assim tem continuado, noite após noite, mostrando a sua sombra esvoaçante provocada pela iluminação pública ou pelo reflexo da Lua naquelas noites em que cheia se encontra.

Outras vezes é mesmo uma aproximação directa. Sinto então a vibração das suas membranas que mais parecem asas de passarinho. Tal tem acontecido com muita frequência nos últimos dias. Dei comigo a pensar: _Será que este pequeno morcego tem algo a comunicar-me? _Que mensagem me quererá transmitir?

Depois tudo entendi. Quem, na verdade, algo tinha a comunicar era eu. Ele teve essa percepção extrasensorial.

Bastou pensar que ele entendeu: _Morceguinho, vou faltar alguns dias a este nosso encontro, mas irei voltar em breve!

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terça-feira, janeiro 19, 2010

nosso mundo vivido

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os corvídios do pinhal e da praia

Dois vultos negros contrastam com o azul celeste da aurora, num voo suave ritmado com destino certo. Asas longas bem desenhadas com recortes característicos nas extremidades contrapõem-se aos corpos esguios elegantes.

Ontem, vindos das matas do Pinhal do Rei e da Mata dos Medos, tinham como destino uma zona de denso arvoredo, logo ali à beira dos areeiros do Cruzeiro.

Ontem eram um par, um casal de família constituída. Hoje voaram em trio até às doiradas areias do Grande Areal, como acontece as mais das vezes, e cujo sentido encontrei numa deliciosa crónica da autoria de Affonso Romano de Sant’Anna, no seu livro A Mulher Madura.




Entre os corvos acontece uma relação triangular, pois quando se verifica a carência de macho, as fêmeas ritualizam entre si o acto do amor, cortejando-se e seduzindo-se mutuamente até que uma das fêmeas passa a exercer o papel masculino. Fruto desse amor a outra fêmea choca os ovos, que por serem estéreis não resultam. Mas o romance não termina aí. Quando surge o macho, mesmo que atrasado, e começa a namorar uma das fêmeas já em estado de acasalamento “homossexual”, não conseguirá desligar as duas amadas. Terá que compor com elas um “menage à trois”, tendo que cuidar das duas ninhadas.

O macho voou agora até ao ponto mais alto de um casebre destinado aos aprestos das artes da pesca, em pleno areal. Voo sem hesitação e ao pousar lançou um primeiro som forte, estridente, metálico. Este som, um chamamento matinal, serve para dar indicação às fêmeas de onde se encontra. A sua posição sobranceira ao mar garante-lhe uma visão ampla e plena para toda a região.

Sinal de que a Primavera está perto, altura em que voarão sobre o verde pinhal em trabalho de nidificação, responsabilidade dobrada para o macho. Não resisto a uma saudação de amizade a estes amigos de uma vida. Voltem sempre que adoro observar o vosso voo.



Nota: pela mão da minha gentil amiga Cathy, do Bailar das Letras (ex-Despenseiros da Palavra), o livro de Affonso Sant’Anna veio enriquecer a biblioteca da Oficina das Ideias.

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segunda-feira, janeiro 18, 2010

as leiteiras

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viajar na procura do saber

Conhecer novas gentes e novas terras é um dos mais profundos anseios do ser humano desde tempos imemoriais. Aliás, antes de se fixar num território, de criar raízes afectivas com a terra, se criar laços de amizade, mesmo de amor, em lugar certo, o ser humano foi nómada na procura de algo que sabia existir, mas não onde.

Com o desenvolvimento através dos tempos dos meios de transporte, desde o caminhar com a seu próprio querer e vontade, passando pela ajuda da força animal e o recurso às dádivas da Natureza, até aos tempos modernos com grandes avanços tecnológicos que leva o ser humano a deslocar-se, cada vez com maior facilidade, por terra, pelo mar e pelo ar, foi realizando o seu desígnio.

A partir da segunda metade do século passado, viajar transformou-se numa moda, passou a representar mesmo parâmetro importante para o desenho do respectivo estatuto social. Mas ficou, em muitas circunstâncias, vazio de conteúdo. A posição do viajante passou a centrar-se no sentimento de “invasor”, usufruir de paisagens maravilhosas e de climas agradáveis. Quase que passou para segundo plano as gentes locais.

Temos a actividade turística em todo o seu esplendor. Mercantilista, lesiva das culturas locais, ignorando-as na maioria das vezes. Perdeu-se a noção de viajar em troca de “fazer turismo”. O objectivo primeiro passou a ser “usar”, olvidando-se o “conhecer”.

Não queremos, nem devemos, contudo, generalizar. Ainda existe no espírito de muitos o desejo de visitar para conhecer, de conversar como partilha, de aprendizagem permanente com as gentes de culturas diversas. Esses são os verdadeiros viajantes. E quantas vezes nem é necessário realizarem-se deslocações de milhares de quilómetros.

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domingo, janeiro 17, 2010

tempo de xacobeo




2010 é Ano de Xacobeo em terras de Galicia

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bendito vinho tinto

Na tradição popular, fica a dúvida se de uma lenda se trata ou se é fruto da imaginação das gentes e das histórias contadas de geração em geração em noites de Inverno no aconchego das lareiras, foi há muitos anos padre no lugar de Muge, onde o Ribatejo ganha ares de além Tejo, um sacerdote que dava pelo nome de Pedro.

Na celebração da eucaristia sempre usava vinho da região, “sangue de Cristo” feito néctar dos vinhedos de Muge, especialmente aquele que era oriundo de uma determinada vinha da Herdade, onde a qualidade dos solos e a exposição ao Sol benfazejo lhe davam corpo e sabor como nenhum outro.

Ele próprio celebrava com libações frequentes a qualidade do vinho ao ponto da referida vinha ser conhecida pelos populares e pelos trabalhadores da Herdade como “vinha do Padre Pedro”.

Ainda hoje, o vinho produzido com a origem da uva amadurecida nesses terrenos, com o recurso às novas tecnologias mas mantendo sempre a integridade do que a Natureza produz, é considerado um dos melhores vinhos tintos da região ribatejana.

O nome passou do pároco para a vinha e desta para o rótulo da garrafa de vinho “Vinha Padre Pedro”.

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sábado, janeiro 16, 2010

lágrimas de cor

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o aroma da sensibilidade

Passamos pelo tempo na velocidade do nosso sentir e querer. Umas vezes mais rápido o fazemos do que noutras ocasiões em que o tempo se “arrasta” que não nós.

Quando prazenteiramente ocupamos os nossos sentidos o tempo flui, escapa-se como a areia que vasa de uma ampulheta. Na sensibilidade dos aromas e sabores, na leveza das tonalidades cromáticas, na poesia das palavras, a passagem por 365 dias foi quase instantânea.

Faz um ano que escrevi:

Do jacarandá

Do jacarandá, as flores
São como estrelas fulgentes
Cintilam em seus amores
Por sentires confidentes.

Do jacarandá, o lilás
É cor do sonho sonhado
Luz intensa mas fugaz
De quem se sente amado.

Do jacarandá, a doçura
Que o diga o beija-flor
Essa ave que é ternura
Mensageiro do amor.

Do jacarandá, o perfume
Que embriaga os sentidos
Amor que arde sem lume
No peito dos entes queridos.


E hoje festejo com afecto o 1º Aniversário do blogue “Perfume de Jacarandá” da minha querida amiga Lilá(s)!!!!!

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sexta-feira, janeiro 15, 2010

portal do sonho

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caminhar

Há dias que são assim
Caminhas pelos trigais
Que doirados deveriam ser
Só encontras lamaçal
Não tens nada a perder
De que servem os teus ais
Se não afastam o mal
Que chega em torvelim

Continua a caminhar
Numa senda de esperança
Um dia não muito longe
No cruzamento da estrada
Vais por certo encontrar
Um romeiro ou um monge
Cabelos brancos bonança
Que te indica a morada

Com tuas ásperas mãos
Do trabalho do sofrer
Vais sentir suavidade
Ao tocares o rosto querido
Não tens nada a perder
Em saberes a humildade
Do amor que foi vivido
Neste mundo em construção.

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quinta-feira, janeiro 14, 2010

ondas poéticas





Monumento "Emissor Receptor de Ondas Poéticas", homenagem a Pablo Neruda, Capuchos, Almada

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subir no ascensor da glória

Em outros tempos do século passado diversos caminhos eu utilizei para chegar a uma das sete colinas da cidade de Lisboa que poderei designar como “Carmo/Bairro Alto/Príncipe Real”, épocas em que frequentei a Escola Comercial Veiga Beirão, depois o Instituto Comercial de Lisboa e anos mais tarde no exercício da minha profissão a Rua do Alecrim. Alguns anos de intervalo para rumar lá para as bandas do Quelhas que de “económicas e bagaceiras” se tratava.

Para chegar ao topo desta colina percorria a íngreme Calçada do Carmo, calçada de paralelepípedos basálticos, mais difícil de descer do que de subir, outras vezes as Escadinhas do Duque, dos alfarrabistas e dos regionais restaurantes e, por vezes ainda, utilizando o Ascensor da Glória que até determinada época chegou a ter trânsito automóvel até meio do seu percurso.




Um dia destes fui visitar a Igreja de São Roque e o Museu do mesmo nome, comemorava-se os 105 anos de existência deste último, e utilizei o Ascensor da Glória para ir da Praça dos Restauradores até à Rua de São Pedro de Alcântara. Não são mais do que 265 metros mas transformam-se numa agradável viagem.

Recentemente, à semelhança do que aconteceu com os seus outros irmãos citadinos, Ascensores da Bica e do Lavra e Elevador de Santa Justa, recebeu uma intervenção artística que o tornou ainda mais apelativo.

No percurso das duas cabines do Ascensor da Gloria, uma sobe e a outra desce, há um preciso momento em que ao cruzarem-se ficam em paralelo… é o momento de contrapeso, de equilíbrio, de força e de tensão. Há neste momento uma troca de forças entre as duas cabines do Ascensor. Foi esse facto aproveitado pela artista Susana Anágua para provocar um “flash” de energia, visível através de um conjunto de lentes em vidro “Fresnel” e marcas de tinta florescente pintadas no chão no local de cruzamento.

Uma viagem e uma imagem a não perder...

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quarta-feira, janeiro 13, 2010

réstia de azul

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a leitura dos sinais

As condições climatéricas pareciam ter melhorado depois dos rigores de uma invernia que tarda em afastar-se de Valle do Rosal. Contudo, os melros andam num desassossego inusitado, muito diferente da sua habitual animação de fim de tarde quando iniciam o seu ciclo de comunicações de recolher lançando estridentes piares cujo som atinge dezenas de quilómetros. As ordens são de recolher, mas antes do horário habitual e com sinais de grande emergência.

Olhando para Nascente poder-se-á encontrar a explicação, mesmo que parcial seja, pois o firmamento apresenta-se de negro profundo, indicativo de chuva forte, quiçá de trovoada que transformará o final de tarde em momentos de tormenta.

A intensidade e a frequência dos estridentes guinchos, quem diria que dos mesmos bicos nascem em tempos de bonança maviosas sonoridades, aumentam a cada momento. Os voos são cada vez mais rápidos, numa retirada extemporânea e apressada.

Curiosamente do lado Poente, lá em baixo espraia-se o mar azul que vindo da linha do horizonte vem beijar as doiradas areias das praias, o céu está azul e sem nuvens. Isso leva a que a luminosidade do fim de tarde seja muito estranha, contrastes fortes de tonalidades de cor e marcados espaços de preto e branco.

De súbito deu-se uma brusca acalmia meteorológica e, do mesmo modo, da agitação dos melros. Estes últimos haviam encontrado os seus ninhos onde se acolheram. Passados instantes foi a violência do temporal que tomou o lugar da acalmia momentânea. O sentido apurado das avezitas tinha evitado danos maiores.

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terça-feira, janeiro 12, 2010

cauteleiro sem sorte

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oitava... sexta


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Percorro insanos caminhos sem cansaço

Subo montanhas e desço desfiladeiros

Quando necessário estugo meu passo

Teus olhos guias do firmamento luzeiros

Prometem o enleio o afecto de teu abraço

Nómadas dos sentires somos parceiros.

E no final dos tempos que começam

Terminam as promessas que professam.

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segunda-feira, janeiro 11, 2010

ascensor da glória

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o ambiente agradece

Criado por Nuno Mendes, Paulo Torres e Rui Martins um grupo de acção cívica destinado a tornar Portugal mais limpo, propõe-se intervir nas florestas, praias e outros locais onde a incúria das pessoas levou a que fossem criadas autênticas lixeiras a céu aberto.

Este grupo designado “Vamos Limpar Portugal” está a receber adesões individuais de quem queira participar voluntariamente nesta acção cívica. Para o efeito e para um melhor conhecimento de todo este projecto aqui fica o convite para visitarem o respectivo sítio na Internet, em Vamos Limpar Portugal.




Este selo de incentivo à participação foi-me gentilmente cedido pela minha querida amiga Mariazita, do blogue A Casa da Mariquinhas, aderente do referido projecto.

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domingo, janeiro 10, 2010

testemunha milenar

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cantar as janeiras na charneca de caparica

As Janeiras são cantadas, de porta a porta, especialmente para os ricos e os senhores do poder a quem são dirigidos, em tom festivo, críticas e pedidos que procuram encontrar bom eco e respostas adequadas, entre o Ano Novo e o Dia de Reis, que se comemora a 6 de Janeiro de cada ano. Em muitas localidades, contudo, estes cantares prolongam-se até finais do mês de Janeiro. Numa quadra festiva marcada principalmente por eventos religiosos, Cantar as Janeiras dá um cunho pagão e de intervenção social onde o Povo tem a palavra.

Supõe-se que as Janeiras estejam relacionadas com os cultos pagãos, desenrolando-se no mês do deus romano Jano, de Janua que significa porta, entrada. Esta figura da mitologia romana, representada com duas caras, encontra-se fortemente ligada à ideia de entrada mas, muito em especial, à noção de transição, de conhecimento do passado e do futuro.




A origem da tradição de cantar as Janeiras não se pode, contudo, dissociar da penúria em que as pessoas, de um modo geral, viviam, encontrando nesta e noutras manifestações semelhantes um meio de obterem alguma dádiva, principalmente, vinho e alimentos, dos senhores abastados, sem que, com isso, se sentissem humilhadas. Para isso, cantavam as Janeiras, num misto de religiosidade, atendendo à época em que são cantadas, e de ironia e mordacidade sempre com um apelo à dádiva de comes e bebes.

O cantar as Janeiras na Charneca de Caparica perde-se nos fumos dos tempos e da memória, mas estabelece sempre uma estreita ligação entre o mar, ali tão perto, e a actividade das pessoas, mais ligada aos campos, actividade rural, pois o mar era difícil de domar, era “mar macho” no dizer dos pescadores, na grande maioria dos meses do ano, facto agravado pela fragilidade das embarcações de então.

Mesmo juntinho à praia
Continua a ser rural
Conserva em toda a raia
Um belo e extenso pinhal




Durante muitos anos caiu esta tradição no esquecimento dos charnequenses, tal como aconteceu com outros “usos e costumes”. Em boa hora, faz agora 18 anos (2010), António Bizarro, musicólogo há muito radicado na Charneca de Caparica, recolheu da tradição e adaptou à realidade contemporânea este singelo cantar que ainda hoje se fez ouvir em diversos locais desta povoação.

Ainda agora aqui cheguei
Já pus o pé na escada
Logo o meu coração disse
Aqui mora gente honrada.

Boas Festas, Boas Festas
Boas Festas de alegria
Que as manda o Rei do Céu
Filho da Virgem Maria.

Viva lá senhor ...
Sua cara é de sol
Coberta de diamantes
Com safiras ao redol.

Levante-se lá senhora ...
Do seu banco de cortiça
Venha-nos dar as Janeiras
Ou de carne ou de chouriça.

Viva lá senhor ...
Raminho de bem-querer
Se a sua pipa tem vinho
Venha nos dar de beber.

Acabadas estão as festas
Embora venham os Reis
Vede lá por vossas casas
As Janeiras que nos deis.




Tradição à parte, hoje em dia, são visitadas igualmente entidades associativas e de apoio social, numa perspectiva de prestar homenagem ao seu trabalho e, igualmente, animar os mais velhos que se encontram em lares, nesta fase da vida com grandes dificuldades de se deslocarem. Assim, os Cantares vão até eles dar-lhes um pouco de animação. No Portugal de Abril também as Janeiras são cantadas nas sedes dos partidos políticos da Freguesia.

As cantorias deste ano foram entoadas pelo grupo do “Cantar as Janeiras”, pertencente ao Clube Recreativo Amigos da Quinta da Saudade e acompanhados pelos populares artistas Simara e Alex que se deslocaram utilizando um autocarro com mais de 60 anos de existência. Aqui fica a letra de um outro cantar que foi dedicado no decorrer do “Cantar as Janeiras” à povoação de Charneca de Caparica:

Charneca, linda Charneca
Charneca de Caparica
Um jardim em cada casa
Mas que bem que te fica.
Charneca, linda Charneca
Charneca de Caparica
Tens p’ra todos um abraço
De amizade muito rica.

Quem passar p’ra outra margem
Seguindo a via do Monte
Tendo atenção à rodagem
Há-de encontrar uma ponte.
Se virar p’ro lado esquerdo
Não tem nada que enganar
O caminho é sempre em frente
E vai mesmo lá parar.

Charneca, linda Charneca
Charneca de Caparica
Um jardim em cada casa
Mas que bem que te fica.
Charneca, linda Charneca
Charneca de Caparica
Tens p’ra todos um abraço
De amizade muito rica.

Há quem chame a esta Vila
O lugar da felicidade
Porque o ar que cá se inspira
Tem sabor a liberdade.
Mesmo juntinho à praia
Continua a ser rural
Conserva em toda a raia
Um belo e extenso pinhal.


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sábado, janeiro 09, 2010

tejo de azul mar

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cantar as janeiras na aldeia

Foi tempo de correrias porque os deuses da cultura e da tradição resolveram que este seria o dia de todos os acontecimentos, alheios ao facto de que os Reis do Oriente querem que a tradição se cumpra e que os Cânticos de Reis nos salões e o Cantar das Janeiras de porta em porta, na vizinhança da aldeia se realizem.

Por aqui e por ali andámos e com a ajuda do S. Pedro que durante algum tempo “mandou” que a chuva fosse cair a outras terras que destes usos e costumes estão alheias, cumprimos o destino traçado aos andarilhos, aos caminhantes e aos nómadas dos sentires na boa companhia de quem nos quer bem, no festejar de um petisco acompanhado com tinto de boa cepa.




Enquanto os Reis do Oriente adoravam ainda o “menino Jesus” em sua cabana de palha, em longínquas terras, fomos percorrer os arruamentos da Aldeia Lar, na Freguesia de Sobreda (que foi e poderá voltar a ser de Caparica), de lar em lar, na boa companhia dos aldeões festeiros que querem manter a tradição e que alumiados por uma candeia lá iam parando à porta de cada vizinho para cantarem:

Boas Festas, Boas Festas
Boas Festas vimos dar
Venham-nos dar as Janeiras
Se nos as quiserem dar

Estas casas não são casas
Estas casas são casinhas
Tantos anos viva o dono
Como ela tem de pedrinhas

Levante-se lá senhora
Desse banco de cortiça
Venha-nos dar as Janeiras
Ou morcela ou chouriça

Senhora que está lá dentro
Nesse banquinho de prata
Venha-nos dar as Janeiras
Que está um frio que mata


E “os da casa” lá vinham receber as Boas Festas os desejos de um Feliz Ano Novo e ajudarem a compor a cesta com mais uma garrafa de vinho ou com uma chouriça, e então “de roda” saía mais uma cantoria musicada com ferrinhos e reco-reco e outros instrumentos populares, onde pontuava a concertina e o cavaquinho tocados pelas mãos sabedoras e mágicas de Rita e Vítor Reino, dos Maio Moço…




Quem vos vem dar Boas Festas
Ai lé, piro-lé. Ai ló
De noite pelo escuro
Ai lé, piro-lé, ai ló
Bem de certo quer saber
Ai lé, piro-lé, ai ló
Se o seu vinho está maduro
Ai lé, piro-lé, ai ló.


Se alguma mão mais avara nada deixasse na cestinha e testemunhámos que isso não aconteceu, teria que ouvir:

O toucinho é muito alto
A faca não quer cortar
Estes barbas de bagaço
Não têm nada para dar


Lá para as tantas para reconfortar das andanças e dos cantares um convívio de fim-de-festa juntou muitos aldeões que quais reis do Presépio partilharam comes e bebes da tradição.


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sexta-feira, janeiro 08, 2010

flor do açafrão





não acreditamos em coincidências... para lerem um belo texto sobre "a Borboleta Lilás" vão ao blogue "Perfume de Jacarandá"

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falésia cobreada

Este singelo poema foi escrito para comentar uma postagem da minha querida amiga Lilá(s) no seu blogue Perfume de Jacarandá. Ganhou vida própria e aqui está ele publicado como convite a que visitem a Mata dos Medos, uma outra designação dada ao Pinhal do Rei, sobranceiro ao Grande Areal da Costa de Caparica.



Tonalidades de verde

Pinheiros mansos e bravos

Aroeiras

Medronheiros

Acácias que vão florir

De fulgente dourado

Transporta no sonho

O céu de outro mar



As falésias cobreadas

O mar azul

De tamanha exuberância

Artística sensibilidade

Miríades de cambiantes

Inesgotável imaginação

Tentação irresistível

Infinita de um olhar

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quinta-feira, janeiro 07, 2010

mata dos medos

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oitava... quinta


*

*

*

Percorro insanos caminhos mar de sargaço

Navego aguadas gigantescas e tenebrosas

Ergo-me erecto e vertical qual valentaço

Nas ondas cavadas profundas, tumultuosas

Evoco as ninfas e os deuses do parnasso

Que por mim entoem poesias espantosas.

Depois de tanto navegar mares e marés

Arrojo-me reconhecido a seus pés.

*

*

*

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quarta-feira, janeiro 06, 2010

contador de vidas

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a magia da romã

...em dia dos Três Reis do Oriente



A romã é um fruto envolto em muita fantasia, desde os tempos imemoriais, dizendo-se da magia que nos protege e dá felicidade, tendo cada um dos seus componentes um efeito especial. Desde as varas da romãzeira, árvore das romãs, até aos bagos do fruto, passando pelas flores e pela sua casca, todos os elementos representam na tradição popular, fontes de magia e de encantamento.

A romãzeira é uma árvore, normalmente, de porte reduzido mas muito vistosa, donde pendem os frutos cuja Natureza lhe concedeu um terminal em formato de coroa real. Não é estranho, pois, que à volta de este fruto muitas lendas e tradições se tenham criado com o passar do tempo.

Conta a tradição que a romã era utilizada pelas bruxas para controlarem os seus fogosos cavalos. Também os druidas queimavam varas da romãzeira nos seus ritos de adivinhação para que os espíritos do saber respondessem às suas perguntas, esclarecessem suas dúvidas.

A romã e a romãzeira são usadas na sua totalidade em benefício do ser humano. O chá preparado com a casca do fruto é usado em gargarejos para curar aftas. As folhas da romãzeira cozidas dão um excelente colírio para lavar os olhos quando inflamados. As flores em infusão usam-se para aliviar cólicas intestinais e para combater inflamações nas gengivas.

Na magia branca, a casca da romã deve ser comida para aumentar a fertilidade. Se for seca, pode ser adicionada ao incenso para atracção de riqueza e de dinheiro. Nas artes da adivinhação os “especialistas” conseguem “ler” nas bagas da romã. O suco da romã substitui o sangue ou a tinta mágica nos rituais de iniciação.

A romã é considerada o fruto mágico da sorte, muito utilizada, hoje em dia, nas festividades de final de ano. É costume formular-se um desejo antes de comermos cada uma dessas sete bagas (sempre sete!) para que sejam satisfeitos o ano que se vai iniciar.

Dá fortuna e bem-estar guardar de ano para ano um pequeno saco de linho com uma coroa da romã, um pedaço de pão e uma moeda de meio-tostão, agora uma moeda de 1 cêntimo, a mais pequena de todas.

Ao “cancioneiro popular” fomos buscar esta toada:

“Fui colher uma romã
Estava madura no ramo
Fui encontrar no jardim
Fui encontrar no jardim
Aquela mulher que amo.

Àquela mulher que amo
Dei-lhe um aperto de mão
Estava madura no ramo
Estava madura no ramo
E o ramo caiu ao chão.”

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terça-feira, janeiro 05, 2010

romã, a jovem deusa

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do natal aos reis

Do Natal aos Reis marca um percurso de tradição de que fazem parte festividades religiosas e pagãs e cujas origens se perdem nas brumas do tempo que passa. Na verdade, muitas das tradições religiosas cristãs já as encontramos nos usos e costumes dos romanos, quando festejavam de forma única a chegada do Solstício de Inverno.

Primeiro, são as festas natalinas tão ligadas à família, a Missa do Galo, a Consoada, a magia do Menino Jesus, comercializada recentemente com o “cocacoleiro” Pai Natal, adaptação americana do São Nicolau feita cerca de 1930, cultura e tradição feitos à pressa por quem tem dinheiro mas não tem verdadeiramente passado, ou o destruiu com o renegar da cultura índia.

Depois, a Passagem do Ano, a festa de fartas comezainas e não menores bebedeiras, o Revevillon, termo francês que evoca o início de uma nova etapa. Para muitos, momento de meditação, de paragem para continuar com mais força. Para o comércio tradicional, o momento de balanço, o saber instantâneo dos teres e haveres.

De seguida, caminha-se para o Dia de Reis. O Bolo-Rei, as rabanadas e a romã de que se guarda para o ano a respectiva coroa acompanhada de meio-tostão, agora 10 cêntimos do Euro, na perspectiva de um ano feliz e afortunado, um Ano Novo cheio de prosperidade, muitos diziam noutros tempos “cheio de propriedades”.

Bolo-Rei que encontra a sua origem mais remota no bolo de frutos secos que os romanos trocavam entre si como forma de desejarem boa fortuna, chegando a juntar-lhe uma pequena lembrança simbólica no seu interior e que a inculta União Europeia e os apaniguados da asai recentemente proibiram.

A Festa de Reis ou a festividade do Dia de Reis tem origem no culto católico e destina-se a comemorar a chegada dos Reis Magos ao presépio. Na gruta em que nasceu o Menino Jesus festeja-se, dessa forma, a oferta das prendas de nascimento por parte dos Reis poderosos. Isto passa-se no tempo do Rei Herodes.

“Os três Reis Magos chegaram do Oriente a Jerusalém guiados por uma estrela que os conduziu até o berço onde estava o Menino Jesus com sua mãe Maria e seu pai José, o carpinteiro”. Os Reis Magos eram o Melchior, um respeitável ancião, Gaspar, um jovem branco, e Baltazar, um homem de raça negra e barba esbranquiçada. Com a sua chegada, os Reis Magos anunciaram ao povo de Jerusalém que havia nascido o rei dos judeus em Belém. Ainda que todo o povo tenha ficado alarmado, Herodes lhe deu permissão de viajar até Belém na busca do menino.

Os três Reis ficaram alegres ao vê-lo e ofereceram seus presentes: ouro, incenso e mirra. Depois disso, regressaram a sua terra por outro caminho, com medo da reacção de Herodes. Desde então, o dia 6 de Janeiro é celebrado em muitos países pela chegada dos Reis Magos, os Três Reis do Oriente. Neste dia, é considerada uma tradição dar presentes às crianças em alternativa ao Dia de Natal.

A chegada dos Reis Magos tem lugar na noite de 5 de Janeiro, em Espanha assinalada com a chamada “Cavalgada dos Reis Magos” que traz às “calles” multidões, especialmente, a criançada que festejam, assim, aqueles que durante a noite irão colocar as prendas nas suas chaminés, nos seus sapatinhos, nas suas meias.

Neste dia, em Portugal, come-se o Bolo-Rei e, igualmente, algumas bagas de romã, com o significado de desejar felicidade.

Este é, igualmente o percurso do Presépio: o nascimento de Jesus, do Menino Jesus; a Boa Nova ao Mundo; e a chegada dos reis magos, Belchior, Gaspar e Baltazar com as oferendas simbólicas de ouro, incenso e mirra, representando a realeza, a divindade e a imortalidade do Menino Jesus, para muitos o Rei dos reis.

Entretanto, o Povo aproveita a época para dar azo à sua versatilidade, muitas vezes ao seu dizer irónico e à necessidade de dizer algumas verdades, e Canta as Janeiras e os Cânticos dos Reis, de tamanha riqueza e conteúdo social que bem merecem um estudo profundo por quem para isso tiver saberes.

Numa destas noites de invernia, sentados à mesa do café, “caturrávamos” disto e daquilo, dos usos e costumes das gentes do Povo, da tradição das nossas aldeias, mesmo daquelas mais recônditas, quando “saltou” para cima da mesa esta questão: “Seria Jesus aquela criança do Povo, filha de carpinteiro e de Maria, sem teres nem haveres familiares?”.

Se nos abstrairmos dos contos e das lendas, da imaginação e do crer, das grandes construções literárias e das traduções com origem em fontes diversas, das interpretações ao sabor da dominante temporal seria lógico que os reis do Universo, simbolizados pelos três Reis Magos, viessem de longínquas terras homenagear um menino do Povo?

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segunda-feira, janeiro 04, 2010

misteriosas quimeras

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mais 27 versos

São cento e trinta e cinco versos mais...



Cordas de água
Inundam campos
Veredas
Trazem desolação
E o pão
Germinam as sementes
Logo espigas
Depois rico cereal
Os raios
Rasgam os céus
Abrem minas
Quando são secas
As medonhas trovoadas
Mais água que corre
De ténue fio
Até ser rio
E depois mar
As enxurradas que arrastam
A vida
Até à morte
Mas são elas a própria vida
O húmus do devir
A fertilidade
O ciclo que se repete
No tempo
Que a vida percorre
Desde a fonte até à foz

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domingo, janeiro 03, 2010

torre sineira

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em 2009 gostámos…

O ano de 2009 que há pouco terminou resultou num verdadeiro corrupio para o pessoal da Oficina das Ideias, pois no decorrer do ano foram muitas as solicitações para as mais diversas actividades. Resolvemos, assim, apresentar-vos as nossas escolhas organizadas de acordo com as seguintes temáticas:
Festejos Populares e Tradicionais
Encontros e Colóquios
Espectáculos e Performativos
Sítios de Comida
Museus e Exposições
Viagens
Viagens Vínicas


Festejos Populares e Tradicionais
Festival de Concertinas em Barrenta
É uma atracção que vem do fundo dos tempos, é telúrica porque intensa, a partir de vales e serras, de maciços graníticos e calcários, e das gentes. Pouco mais de uma quarentena de pessoas são os habitantes da aldeia de Barrenta, no concelho de Porto de Mós. Anualmente aqui se encontram multidões ao som de um instrumento tão antigo como a própria aldeia: a concertina.
Barrenta, a aldeia com tamanho poder de atracção, situa-se num vale cavado entre serranias, donde se destacam pela sua grandeza e encantamento as serras D’Aires e dos Candeeiros que no seu interior profundo escondem maravilhosas grutas onde enormes estalagmites e estalactites marcam o caminhar dos tempos, milhões de anos de mistérios e de segredos.


Encontros e Colóquios
Fórum do Fado com Arlindo de Carvalho
Destino que também poderá ser fado, pois primeiro que o fado nasceu o fadista, como muito bem referiu um sábio destas coisas. Fadista que foi esculpido na luta, luta dura verdadeira entre homens, por um penetrante e belo olhar de mulher.
De tudo isto e muito mais nos falou Arlindo de Carvalho, o melhor autor e compositor da música portuguesa da última centúria, com mais de mil canções e fados cantados pelos maiores representantes desta musicalidade. Exilado por motivos políticos nos tempos da ditadura nunca foi um exilado social, vivenciando sempre o sentir da portugalidade.


Espectáculos e Performativos
Sonhos de Einstein, na Fundição de Oeiras
“…as pessoas passam pelo tempo ou o tempo passa pelas pessoas?”, uma eterna questão que muito tem a ver com “o tempo que passa” no sentir dos seres humanos e que de forma magnífica Einstein respondeu… ou não?
Integrado na Mostra Internacional de Teatro de Oeiras, o grupo brasileiro Intrépida Trupe apresentou no pavilhão da Fundição de Oeiras um espectáculo que “é a leitura de um grupo de actores-acrobatas que fala da física através da acção física” da obra de Alan Lightman “Sonhos de Einstein”.


Sítios de Comida
Galé dos Manos, no Calhariz de Benfica
Costuma muitas vezes dizer-se que uma boa comida faz bons amigos. Num número semelhante de ocasiões é afirmado que a reunião de um grupo de bons amigos dá origem a uma boa comida. Na verdade, o pleno é realizado na conjugação destas duas verdades, juntarem-se bons amigos à volta de uma boa comida, os olhos brilham deste bem-estar conseguido.
Numa zona tradicional da Lisboa ocidental, em sítios que já foram de quintas e palácios, de hortas e de piqueniques, onde na primeira metade do século passado havia corrupio na procura das típicas tascas dos arrabaldes, seis comensais, amigos sobretudo, entraram n’A Galé dos Manos e foram recebidos atenciosamente pelo senhor Jaime.


Museus e Exposições
Exposição de Saca-rolhas de Adolfo Roque
O Museu do Vinho Bairrada em Anadia apresentou pela primeira vez a público aquela que é a maior e mais importante colecção de saca-rolhas Portuguesa. Esta colecção pertencente aos herdeiros do Comendador Adolfo Roque encontra-se entre as maiores do mundo pertencendo ao clube estrito de coleccionadores a que estatutariamente somente podem pertencer os 50 melhores.
Esta valiosíssima colecção reunida pelo saudoso Comendador Eng. Adolfo Roque e cumprindo uma vontade sua, estará agora exposta no Museu por acordo entre os herdeiros da família e a Autarquia de Anadia. Esta exposição passará a integrar o espólio permanente do Museu o que constitui um enriquecimento do património material e imaterial da Anadia e de Portugal.


Viagens
Cruzeiro Ambiental no Douro Internacional
Manhã cedo, estômago reconfortado com um lauto pequeno almoço (desanuyo) tomado em terras de Muga, ao caminho nos fizemos com destino à Estação Biológica Internacional, situada a norte da barragem de Miranda do Douro e em cujo ancoradouro embarcaremos no navio ecológico “Escua”, com capacidade para 120 pessoas e equipado com os mais modernos meios de não intrusão no sistema ecológico
No tempo de espera de embarque, num amplo espaço debruçado sobre as águas tranquilas do rio Douro Internacional, podemos observar os cuidados que existem por parte desta parceria transfronteiriça, através do Centro de Turismo Ambiental Luso-Espanhol, a quem foi atribuído o 1º Prémio Nacional de Turismo, na manutenção da qualidade ambiental e da preservação dos meios naturais.


Viagens Vínicas
Quinta do Monte da Cal
Na tranquilidade de um entardecer que tempos de estio demoram a deixar chegar, da ampla varanda da Quinta do Monte da Cal, olhamos a imensa paisagem do norte alentejano até à linha do horizonte recortada pela serra de S. Mamede e apetece-nos estar, desejamos ficar…
No programa da nossa visita estava inscrita uma visita cuidada à adega, uma prova de vinhos, um repasto de degustação de produtos da região e uma visita (caminhar é preciso!) às vinhas. A passagem pelas varandas da Quinta tornou-se quase um ritual do dia. Sempre fomos acompanhados pelos aromas únicos da planura alentejana, pelos cálidos sons da música do norte de África, pelo esvoaçar das andorinhas e dos bandos de estorninhos e lá mais ao longe pela amplitude das asas de uma águia-real.


...mas no ano de 2009 gostámos, acima de tudo, da vossa presença e companhia

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sábado, janeiro 02, 2010

vermelhas bagas

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as luas de 2009

Estamos em plena DÉCADA DA TERRA na qual todas as preocupações dos seres humanos deveriam estar centradas nas acções de preservação do Planeta Azul. Contudo, valores puramente mercantilistas e de manutenção do poder e da hegemonia das grandes multinacionais colocam em risco TODOS OS DIAS tais objectivos vitais para o ser humano.

Exemplo recente e concreto o MAIS COMPLETO FALHANÇO nas negociações realizadas no final do passado ano na Dinamarca. Mais alto do que a PRESERVAÇÃO DA EXISTÊNCIA do ser humano, falaram os interesses geopolíticos, de manutenção do poder na mão de um número restrito de seres humanos (??), a hegemonia do poder, a força das armas, da guerra.

Acreditamos, contudo, na força regeneradora da Natureza e na capacidade do Ser Humano se superar quando a sua própria existência está ameaçada. E ACREDITAMOS NA LUA, NA LUA CHEIA…

E agora que o Janeiro tem o seu início e como diz o adágio popular “Luar de Janeiro não tem parceiro” vamos recordar as luas do ano de 2009




confidente dos amantes que bem se querem” [Vicktor]
as noites enluaradas de lua cheia exercem certo fascínio” [Mariazita]
lua, a eterna musa dos poetas, dos enamorados” [Isamar]
eterna feiticeira que atrai os namorados e amantes” [Mariazita]
quando não encontro a lua no céu, é aqui que venho procurá-la” [Maria João]
e os olhos enchem-se-me de um mar de prata decalcado no veludo azul-negro da noite” [Gasolina]




desassossego suave mas quente de um coração de mulher, deslumbrante” [MagyMay]
a lua é uma dama sempre linda” [Lis]
“o céu totalmente estrelado e a lua a brincar toda vaidosa” [Fatyly]
a lua tem inspirado poetas e loucos como só uma beleza tamanha como ela consegue” [Sara]
que linda a lua cheia, um sorriso e uma paixão” [Paula]
convidou-me para um passeio...e que passeio à beira mar e ao luar” [Lilá(s)]




o céu está limpo e a lua redonda e tão brilhante” [Fatyly]
tantas vezes que dou por mim a olhar a misteriosa lua” [Milu]
lá está ela com toda a sua beleza e esplendor” [Lilá(s)]
quando falas na lua, sabes que ouço o chamado” [Nour]



Desculpem a minha vaidade... mas não é que a Lua me sorriu mesmo?

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