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segunda-feira, fevereiro 28, 2005

correspondência

Uma flor para identificar

O meu amigo António Dias, do EmDirectoEACores, pretendeu saber, há dias atrás, que flor era a representada nesta imagem.



O pessoal da Oficina foi investigar e chegou à conclusão tratar-se de uma Anigozanthos Red. Esta imagem foi recolhida no Jardim do Pinheirinho.

Aniversário em Fevereiro

O leitor amigo Moacir Ferreira enviou-me esta mensagem “Olá sinceramente gostei muito de sua mensagem a lua de fevereiro eu nasci no mês de fevereiro. Um abraço legal”

Parabéns Moacir e ficamos satisfeitos por lhe ter transmitido alguma alegria.

andorinhas tardam em valle de rosal

Em 16 de Fevereiro de 2004 deixava este escriba registado na Oficina das Ideias: “Os dias bonitos de Fevereiro que já desejam anunciar a Primavera dão as boas vindas às primeiras que este ano chegaram a Valle de Rosal. Hoje foi um dia de alegria pois chegaram as andorinhas aos ninhos da vizinhança, milhares de quilómetros percorridos e pouco mais de quatro meses depois de terem iniciado a viagem de ida”.

Chegados agora ao final do mês de Fevereiro de 2005, ainda estas simpáticas e alegres aves não foram vislumbradas aqui na zona da minha residência, trazendo as novas da Primavera que se aproxima. Coisas o clima por certo. O frio intenso que ainda por cá se sente, com temperaturas a rondar os zero graus centígrados, são a justificação encontrada.

Aquele desejado cumprimento de “aqui estamos!” ao que eu sempre respondo “bem vindas!”, ainda não foi ouvido. O fio telefónico fronteiro à minha casa continua a aguardar o primeiro poiso dessa avezita negra com bico avermelhado. “_Não tardem que estão fazendo sentir a vossa falta!”.

A circulação atmosférica também não tem estado, por certo, de feição para a longa viagem que têm que realizar até cá chegarem. Os outros pássaros, especialmente, os pardais, já andam a cobiçar os ninhos que ainda não foram ocupados por quem os carinhosamente os construíram.

Não demorem andorinhas, são desejadas em Valle de Rosal.

domingo, fevereiro 27, 2005

ocarinas e flautas

As ocarinas e as flautas são, dentro da classificação geral dos instrumentos, designados instrumentos de vento, que apresentam duas características essenciais: Têm um tubo que encerra uma coluna de ar produzido pelo executante; Têm um elemento que põe em vibração a referida coluna de ar produzindo um som.

A mais antiga ocarina conhecida remonta aos tempos da civilização Maia, estando o seu som relacionado, tal como acontece com o da flauta, com o deus Pan da mitologia grega.

É um instrumento de configuração física muito simples, donde se pressupõe, geralmente, de grande dificuldade de execução. Tal não acontece na realidade, pois a sua utilização rudimentar, como era feita na sua origem, é muito simples.

Embora adoptada pela Europa, tendo sido trazida para Itália há cerca de 500 anos, das civilizações Azteca, Maia e Inca, continua a ter a sua expressão mais original como elemento fundamental da cultura musical andina.

Quanto à flauta, referimos aqui a zampoña, que é uma flauta pânica, em honra ao deus Pan, conhecida igualmente por siku ou por antara. Enquanto a designação zampoña tem origem no grego, siku é de origem aymará e antara de origem quechua. Tal como a ocarina estas duas últimas pertencem à cultura musical andina.



A flauta e a ocarina na lenda

Conta a lenda que deus Pan se enamorou pela ninfa Siringa que passeava nos bosques dançando e caçando com seu arco e flecha. Um dia Pan perseguiu-a até que o rio Ladón lhe cortou o caminho. A ninfa vendo-se ameaçada pediu socorro às naíadas que a transformaram numa cana. Pan, muito desconsolado, verificou que o vento sibilava ao passar pela cana e pensou serem os lamentos da ninfa. Decidiu cortar a cana e uniu vários pedaços com cera, construindo assim a sua siringa (flauta) para a tocar quando a paixão e o desejo o possuíam.

sábado, fevereiro 26, 2005

uma flor para a... zinda


para uma Amiga maravilhosa

o associativismo

É frequente ouvirmos dizer que o associativismo está em crise. Na minha opinião o que acontece é existirem dificuldades na disponibilidade das pessoas para integrarem os corpos sociais das associações. Na realidade, o associativismo em si próprio continua a ser uma necessidade sentida pelo ser humano. Necessidade em unir esforços num objectivo comum, por forma a atingi-lo de um modo que individualmente seria impossível.

É, pois, fundamental, preservar o espírito associativo, encontrando os objectivos de fundo que unem as pessoas em detrimento das divergências menores, no sentido que impedem o correcto desenvolvimento de actividades colectivas.

Historicamente, as associações foram sempre espaços de cidadania, onde os associados encontravam formas de enriquecimento cultural e social em épocas em que tal representava fundamento para perseguições policiais e, mesmo, a prisão de quem ousasse obter mais conhecimentos do que aqueles restritos que os órgãos do poder permitiam. Eram espaços de cidadania, espaços de resistência.

O desenvolvimento integral do ser humano passa, efectivamente, pela capacidade de partilha, de trabalho em comum, de colectivismo em alternativa ao egoísmo e à solidão. É necessário que desde a mais tenra idade seja incutida nas crianças a importância que tem a força do trabalho colectivo na resolução dos problemas sentidos.

É igualmente importante incentivar as pessoas mais preparadas para o efeito para que de forma desinteressada e voluntária ponham o seu saber ao serviço do colectivo assumindo tarefas de organização e direcção das associações, pois disso depende, em grande parte, o êxito das mesmas.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

uma flor para a... sílvia


para uma Amiga muito especial

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de maravilhar. Juntando algumas palavras, dando-lhe algum sentido procuro nelas o encantamento. Perdoem a ousadia, mas cá vou eu poetar.

Olhos de Mel

Teus belos olhos de mel
Duma tonalidade tão pura
São do Universo o anel
Do muito querer que perdura

Tua boca sem ter par
Qual amora já madura
A doçura no beijar
Num momento de ternura

Teus seios são frutos de ouro
Duas jóias preciosas
Fazem parte do tesouro
Das sensações valiosas

Teu umbigo sensual
Com um brilhante de sonho
Como ele não há outro igual
No Mundo que fazes risonho

No centro de teu lindo ser
Fulge o mais belo tosão
É sonho de enlouquecer
O mais nobre coração

De tão bonita mulher
A concluir o que penso
Feliz de quem merecer
Seu sorriso tão intenso

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

lua de fevereiro


um miminho da doce bailarina

A minha querida e doce Amiga Cathy, do Bailar das Letras, brindou-me com um maravilhoso texto pleno de carinho. Não poderia ficar indiferente a tamanho afecto. E sinto a necessidade imperiosa de partilhar esse texto com as minhas amigas e com os meus amigos.

“Um bailar significativo

Há expressões e palavras que falam mais alto no sentir individual. Entre as que já marcaram de forma especial a minha vida, eu separei duas expressões do Victor que representam muito para quem gosta de lidar com pessoas. São elas: “ouvir o sentir do Povo” e “sentir o povo que vive”.

Como é difícil encontrar pessoas com essa disposição de ouvir as pessoas, de partilhar dos sentimentos dos outros. Normalmente reservamos essa dádiva para os agradáveis ao nosso gosto pessoal. As demais são tratadas aos gritos no trânsito, com grosserias - quando não pensam como pensamos... Que tolice a nossa! Não há nada mais gratificante do que ter uma visão de amor para com qualquer pessoa, independente de credo, raça, peso, altura ou nacionalidade. Como é bom nos ver na imagem do outro e saber que, a despeito de todas as diferenças... Ainda assim, somos semelhantes.

Teu sorriso desenhei
Com uma pétala vermelha
A rosa que eu amei
Da vida é uma centelha.
(13/02/2005)

O odor dos jasmineiros segreda-me tua doce presença
O riacho de salgadas lágrimas vai azular este mar tão belo
A leveza dos passos de bailarina é da diva uma pertença
Desenhas mundos de fraterna amizade com sentir e desvelo.
(23/02/2005)

As duas quadras são também de autoria do Victor, do Oficina das Ideias.”


Um beijo, minha querida Cathy.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

leituras e audições

Procuraremos neste espaço dar nota semanalmente de um livro e de um CD que de alguma forma nos tenha sensibilizado. Poderá não ser uma novidade editorial, mas será com certeza ao nosso gosto.


Livro
Estação Carandiru
Autor: Drauzio Varella
Editora: Companhia das letras, São Paulo – BR, Dezembro de 2003

O autor apresenta-nos o lado mais obscuro do Brasil, escrito em estilo directo sobre o sistema penitenciário brasileiro. O caos é desvendado com simplicidade, dando a conhecer o drama e a vida dos presos e carcereiros, situando-se o drama na Casa de Detenção de São Paulo, cenário do massacre que teve lugar em Outubro de 1992.

É um relato da experiência pessoal do autor, médico de profissão, que no presídio de Carandiru iniciou um trabalho voluntário d prevenção da Sida, quando aí eram abrigados cerca de 7.200 presos. É um livro duro que tem a grande qualidade de falar das pessoas.

Drauzio Varella trabalhou no presídio cerca de dez anos onde organizou palestras, gravou vídeos, editou uma revista e, fundamentalmente atendeu presos doentes. Conheceu e privou de perto com condenados sabe-se lá a que pena como Mário Cachorro, Sem-Chance, seu Jeremias, Alfinete, Filósofo e tantos outros.

Uma palavra de carinho para a Cathy, do Bailar das Letras, que me ofereceu este livro para que “seu olhar de poeta há de encontrar razão para uma leitura cativante”.


CD
ao vivo no CCB
António Chainho e Marta Dias
Editora: Moviplay, 2003

A virtuosidade de António Chainho a tocar a guitarra portuguesa e a voz maviosa de Marta Dias gravados num inesquecível concerto realizado no Centro Cultural de Belém, tendo como músicos convidados Fernando Alvim e Rão Kyao.

Marta Dias é, igualmente, uma letrista inspirada, assinando a grande maioria dos fados originais. As músicas são nascidas da inspiração de António Chainho.


terça-feira, fevereiro 22, 2005

flor cor-de-rosa


a minha opinião

Assentou muita da poeira que andou no ar no período da campanha eleitoral. A escassa clarificação sobre os programas eleitorais das diversas forças políticas foi, nesse espaço de tempo privilegiado ao esclarecimento, substituída pela discussão de factos sem qualquer interesse político, mas que arrastam gentes, qual reality show. Deram circo ao Povo e este vibrou e agradeceu.

Não me venham com a conversa estafada de que “O Povo não se engana”. O Povo é enganado, é manipulado, é conduzido nos seus sentires mais irracionais pelos especialistas no malabarismo das palavras e dos sentimentos. Votou onde o “mandaram” votar, na ilusão de que com a mudança a sua vida iria melhorar.

O Povo trocou a capacidade de intervir na vida pública, com a sua arma mais fecunda, o voto, pela dádiva de uma maioria absoluta que conduz a que durante um período mais ou menos amplo um conjunto de políticos de objectivos duvidosos conduzam a nossa vivência económica e social ao belo prazer das grandes forças financeiras, por exemplo, o Grupo Espírito Santo.

Os alertas deixados pelas forças políticas situadas mais à esquerda dos “absolutistas” foram camuflados pelos órgãos da comunicação social e ignorados pela maioria do Povo português. A justificação e o entendimento foi sempre o mesmo: _Lá estão os pequenos partidos a quererem-se colocar em bicos de pés.

Depois de conhecidos os resultados, o discurso dos vencedores mudaram profundamente. Agora com roupagens de esquerda irão desenvolver políticas de direita a mando das forças mais retrogradas da sociedade portuguesa. Vão prevalecer os “tachos”, os “compadrios”, a retribuição de favores.

O Povo vai de novo sofrer na pele os ditames dos senhores do poder. Já nem o Zé Povinho vai ter eficácia com o seu “Toma!”.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

uma flor para a... elisa


para a minha amiguinha bailarina com o desejo de feliz aniversário

rescaldo do voto nulo

O dia anunciava-se ser longo, talvez monótono. Encerrado durante mais de doze horas numa sala, que o resto do ano funciona como sala de aulas, estava preparado para receber cerca de novecentos cidadãos portugueses que haviam sido convocados para votar. Votar para deputados da Assembleia da República, não para um governo ou para um primeiro-ministro.

Em milhares de outras assembleias de voto iria acontecer o mesmo.

Durante todo o dia, homens e mulheres, anciãos e jovens, pessoas vestidas com fatos domingueiros, outros com fatos de trabalho por lá foram passando, respeitando um ritual que legalmente está estabelecido: Identificação, descarga nos cadernos eleitorais, preenchimento do voto, introdução não urna. _Bom dia, muito obrigado!

As horas foram passando, sem haver grandes filas de espera as pessoas foram distribuindo a sua presença para votar de acordo com as suas disponibilidades, mas garantindo alguma animação ao local. Na generalidade apresentavam-se a votar com boa disposição, sentido de dever cumprido num belo dia de sol.

Para lá dos biombos que servem para isolar e dar tranquilidade a quem vota, ficou guardado o segredo do sentido e da forma de votar. Pelo desenho desses biombos tínhamos uma visão curiosa das pessoas, somente a visão da parte inferior do corpo, da cintura para baixo.

E como são diferentes as pessoas vistas na sua figura integral relativamente à visão que nós tínhamos nesses fugazes momentos do acto de votar.

E se o mistério do sentido de voto se veio a clarificar aquando do escrutínio, não ligando o votante ao voto mas sabendo dos resultados globais, já o mesmo não acontece quanto à forma de votar.

A grande maioria dos votos encontravam-se preenchidos de forma correcta indicando a força política escolhida. A grande maioria com um cuidado algo exagerado, a cruz cuidadosamente colocada dentro da quadrícula. Uns tantos demonstravam perfeitamente a vontade de dizer não! À totalidade das candidaturas, votos em branco.

Finalmente, a vontade expressa de anular o voto. Na falta do eleitor já falecido que optava por votar percorrendo o integralmente boletim com uma espiral que sempre reconhecíamos por ser audível a sua forma de votar, os nulos foram realizados ou com uma cruz marcada em cada uma das quadrículas, ou com uma cruz enorme abrangendo todo o boletim.

Num dos boletins marcados de cruz inteira ainda acrescentaram: CHULOS!

domingo, fevereiro 20, 2005

sentir portugal


a mata e o mar

Vivemos um estranho Inverno neste Portugal que sempre nos habituou a estações do ano bem desenhadas e de características climatéricas bem definidas. No caminho para este Inverno de 2005 quase que não sentimos o Outono, as árvores perderam as folhas, mas aquele amplo tapete castanho e doirado que formam as “folhas caídas” não demos por ele. Também na caminhada que já fazemos para a Primavera, tardam os cambiantes de tons vivos que tanto animam nosso olhar. O acacial cobre-se timidamente de amarelo e a flor do tojo, um pouco mais torrada no seu amarelo também tarda.

Faltou-nos a chuva essa dádiva da Natureza que este ano nos foi negada.

Se as chuvas ainda chegarem, vão encontrar a maioria das semente mortas que, por isso, jamais virão a germinar. Contudo, há muito que Portugal foi espoliado das suas sementes mais fortes, subjugando-se à vontade da Europa em troca por “migalhas” e. essas mesmas, directamente para os bolsos dos “chulos” da nossa sociedade.

Mas enfim... Na busca de tranquilidade vamos lançar um olhar contemplativo à mata e ao mar.




sábado, fevereiro 19, 2005

simplicidade e pureza


apelo à participação

Ano de 2005 prenhe de actividade cultural

Novos desafios são propostos a esta Oficina, cada dia que passa, o que nos incentiva a avançar na pesquisa, na procura de dados que possam enriquecer os desígnios que nos propomos atingir. Neste espaço de grande interactividade, ou que se pretende que o seja, deixamos aqui um convite a todos os nossos assíduos leitores:

Sobre os temas que adiante indicaremos, e sobre os quais a Oficina recebeu o desafio para contribuir com os seus modestos posts, solicitamos que nos vão sendo indicadas por quem delas tiver conhecimento as realizações de eventos no decorrer do ano de 2005.

As temáticas em que vamos ser envolvidos, desenvolvendo textos, produzindo imagens são:
- a obra de José Saramago, Prémio Nobel da Literatura
- o percurso no tempo da literatura de quadradinhos em Portugal
- as comemorações do Ano Inesiano em 2005

Como já tivemos oportunidade de referir neste espaço “oficinal” o ano de 2005 vai ser um ano rico em acontecimentos culturais a nível universal, tendo Portugal igualmente uma participação de destaque:
- I Centenário da morte de Rafael Bordalo Pinheiro, criador do carismático Zé Povinho
- 650 anos sobre a morte de Inês de Castro

No nosso percurso pelas terras de Portugal mais directamente relacionadas com estes acontecimentos não vamos deixar de visitar Montemor-o-Novo, Coimbra e Alcobaça e Lisboa e Caldas da Rainha. Vamos assistir a reconstituições históricas mas, igualmente, ouvir o sentir do Povo.

Temos inesianos de diversos países a acompanharem os nossos passos vamos com eles sentir os mitos, as lendas, as mais belas histórias de amor. Com os olisiponenses vamos apreciar a arte das mãos que moldam o barro e da imaginação que transformou o Zé Povinho de um ser sofrido num cáustico crítico da sociedade portuguesa.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

cores da mata


espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de maravilhar. Juntando algumas palavras, dando-lhe algum sentido procuro nelas o encantamento. Perdoem a ousadia, mas cá vou eu poetar.


Os Frutos do Alentejo

Soprava o vento Suão
Dos confins do Alentejo
Com ele aumenta o pão
E exacerba o desejo.

Nas planuras sem fim
Onde o olhar não alcança
Julguei ver-te junto a mim
Em estranho passo de dança.

Teus cabelos esvoaçavam
Mais pareciam espigas raras
Eram espigas que deixavam
Doce aroma nas searas.

Teus olhos da cor do mar
Cintilavam vida e querer
Na luta de ver crescer
Os frutos do muito amar.

A tua boca brejeira
Suave, da alma o espelho
Na planície bandeira
Bandeira de cor vermelho.

Os teus seios baloiçavam
Danças da fecundação
Docemente aparentavam
As espigas prenhes de pão.

O teu corpo, Liberdade
Nos campos do Alentejo
Trabalho, frutos, verdade
Vitória que em ti revejo.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

torre de belém


gago coutinho

Percorre o Chiado com passo lento mas firme. Figura de baixa estatura e magra veste elegantemente de escuro. Talvez se dirija simplesmente para a Brasileira do Chiado para tomar um café e para dois dedos de conversa. É esta a imagem que guardo na minha memória dos 12 ou 13 anos, decorreria o ano de 1954 ou 1955, quando frequentava a Escola Comercial Veiga Beirão, no Largo do Carmo, nas imediações do Chiado, na Baixa lisboeta.

Um dia alguém me disse tratar-se de Gago Coutinho.

Comemora-se hoje os 136 anos do seu nascimento e amanhã os 46 anos do seu falecimento. Finou-se depois de, no dia anterior, ter completado os 90 anos de idade.

Gago Coutinho, de seu nome próprio Carlos, nasceu na carismática zona das grandes façanhas dos portugueses – Belém. Geógrafo de formação e de profissão participa em importantes trabalhos da cartografia colonial em Timor, Moçambique, Angola e S. Tomé.

Depois surge-lhe a paixão pela navegação aérea que o leva com todo o seu saber à invenção de um sextante a utilizar um horizonte artificial de bolha, eficaz para a navegação aérea, onde o horizonte real não é visível. Em 1921 faz as comprovações praticas voando para a Madeira e em 1922, acompanhado por Sacadura Cabral como piloto, voa até ao Brasil, fazendo pela primeira vez a travessia aérea do Atlântico Sul.

Também hoje, a Escola 2,3 Almirante Gago Coutinho, de Lisboa, comemorou esta efeméride atribuindo diplomas aos alunos mais aplicados.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

este mar é de todos nós


salvemos o nosso planeta

Entra hoje em vigor o Protocolo de Quioto

O primeiro alerta surgiu há muitos anos, terá passado despercebido em Portugal, mas a comunidade científica mundial apercebeu-se, decorria o ano de 1958, de um agravamento perigoso dos níveis de CO2 na atmosfera, resultando do rápido e desordenado desenvolvimento industrial do pós-guerra.

Na primazia do desenfreado desenvolvimento económico sem qualquer tipo de sustentação, ignorando o caminhar para a degradação ambiental, olhos postos no lucro, destinado a enriquecer cada vez mais as classes privilegiadas, a comunidade política continuou a ignorar os sucessivos alertas vindos dos investigadores científicos. Vinte anos depois do primeiro alerta as preocupações ambientais continuavam a situar-se, exclusivamente, a nível das academias de ciências.

Em 1992 realiza-se a Cimeira do Rio de janeiro, promovida pela Organização das Nações Unidas, onde se apela aos políticos que promovam um corte voluntário nas emissões de gases que provocam o efeito de estufa, altamente prejudicial para o equilíbrio ambiental do planeta.

Somente cerca de quarenta anos depois do primeiro alerta é assinado em Quioto, no Japão, um protocolo destinado a comprometer os países subscritores a reduzirem as emissões de gases nocivos em relação à camada do ozono e, consequentemente, relacionadas com o efeito de estufa. Condição desse protocolo, só entraria em vigor quando 55 países que representassem 55 por cento das emissões subscrevessem tal protocolo.

Com o abandono do protocolo pelos Estados Unidos aquando da chegada da primeira administração Bush, este desiderato somente foi conseguido em 2004 com a assinatura da Rússia, feita oficialmente em Nairobi, no Quénia, o ano passado.

Sendo assim, o Protocolo de Quioto, entra HOJE dia 16 de Fevereiro de 2005 em vigor.

Que cada país cumpra as suas obrigações para defesa do Planeta Terra e da população em geral.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

pescarias


a minha opinião

À conversa, disse-me um amigo:

_Hoje ia partindo um dedo por causa do Sócrates...
_Sentei-me defronte de TV para ver uma entrevista...
_Descalcei as botas para ficar mais confortável...
_Cruzei as pernas que é um hábito que tenho...
_Bati com o pé na perna da mesa dos aperitivos
_A dor foi tão grande que pensei que tinha partido um dedo...

Na verdade, da entrevista, dos programas eleitorais, das propostas de trabalho dos candidatos não me falou... aliás, as intervenções dos políticos encartados têm sido paupérrimas, como muito pobres são os seus pensares.

A confusão entre os leitores é cada vez maior, especialmente, entre aqueles cujo voto é um voto afectivo e não baseado num mínimo de meditação.

Aliás, é chavão desses políticos de aviário, prontos a encherem os bolsos, seus, dos seus familiares e dos seu correligionários dizer: _O Povo não é estúpido! Sabe o que faz! Não se deixa enganar!

Mas como pode ser assim analisado tão superficialmente um problema que encontra eco no mais profundo da nossa sociedade ainda tão mal esclarecida?

E como pode ser esclarecida se a própria RTP, serviço público de rádio e de televisão, na promoção de um dos seus debates televisivos anuncia:

_Vamos eleger um Parlamento!
_Vamos eleger um Governo!
_Vamos eleger um primeiro-ministro!

Mas, vamos mesmo? Vamos colocar três votos nas urnas? Mais confusão na mente das pessoas já de si tão confusas. Que serviço público é este?

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

uma flor para a... bel


para a minha querida amiguinha com desejos de muitas felicidades

ser mãe

SER MÃE
É SER MULHER
É IR MUITO MAIS ALÉM

mulher mãe

Mulher força da Natureza
Ânimo do homem na luta pela Liberdade
Liberdade tu própria
Que lutas e sofres
Numa sociedade burguesa que te destrói
Dizendo amar-te

Mas tu Mulher
Que sempre soubeste erguer bem alto a tua vontade
E o teu querer
Que na adversidade de uma sociedade machista
Lutaste pelo ideal de seres considerada Mulher
És agora justamente projectada
Para a vanguarda das forças progressistas

Tu
Mulher-mãe
Mulher-mulher
Mulher-lutadora
Mulher-companheira
Mulher-trabalhadora
Bendita sejas!

domingo, fevereiro 13, 2005

caminhar terras dos franciscanos

A edificação primeira do Convento dos Capuchos data do ano da Graça de 1558, de acordo com a regra da Ordem dos Franciscanos, isto é, construção simples e modesta, para uma comunidade de cerca de 40 frades e relativamente isolado das povoações mais próximas.

Situa-se na freguesia da Caparica e evoca Nossa Senhora da Piedade e foi buscar a sua designação ao facto dos frades franciscanos vestirem de burel com capucho alongado e levarem uma vida sem ostentação e alimentação muito frugal.

O edifício tem uma fachada com triplo pórtico de colunas simples, com arco ao centro e grades, que dá acesso à Igreja onde, ao fundo, existem dois painéis de azulejos representando os sermões de Sto. António e que substituem as degradadas pinturas que aí existiam.



Apresenta à esquerda o escudo dos Távoras, evocação a Lourenço Pires de Távora, originário de Almada, que tendo viajado pelo Mundo e distinguindo-se na diplomacia e nas armas, o mandou construir.

À direita a fachada do Convento apresenta o símbolo da ordem franciscana, que sempre viveram na pobreza, segundo a ideologia de S. Francisco de Assis, recorrendo às dádivas dos donos das quintas das redondezas e do privilégio de se abastecerem de lenha nos pinhais reais da Caparica, uma concessão do próprio rei D. Sebastião.

Em 1630, o Convento sofre obras de ampliação e beneficiação. Em 1755, é severamente afectado pelos efeitos do terramoto. Em 1834, quando foram extintas as ordens religiosas fica sob a tutela do Juiz do Povo da Caparica. Em 1950, depois de sofrer diversas vicissitudes de transmissão de posse encontra-se completamente destruído.



A essa data, a Câmara Municipal de Almada adquire o edifício e procede a profundas obras de recuperação. Novas intervenções nos anos 60 e 70 do século passado descaracterizam completamente o edifício.

Nos anos 2000/2001, no Convento dos Capuchos é efectuada importante obra de restauro e reabilitação, sendo hoje um imóvel, que respeitando o traço original, se encontra equipado com as mais modernas infra-estruturas especialmente vocacionado para a música, donde se destaca o Festival de Música dos Capuchos, com grande aceitação nacional e internacional.

Uma visita resulta numa lufada de cultura e saber, não olvidando os seus jardins donde se desfruta uma das mais belas panorâmicas da chamada “boca do Tejo”, Cascais, Lisboa, Costa de Caparica e, ainda, uma ampla visão da serra de Sintra e do Cabo Espichel.


sábado, fevereiro 12, 2005

caldeirada caparicana

Como é da tradição tem vindo a realizar-se, desde 22 de Janeiro e terminará em 20 de Fevereiro, mais um Concurso de Caldeiradas da Costa de Caparica, este ano designado 1º Concurso de Caldeiradas da Cidade de Costa de Caparica, celebrando a recente elevação a cidade desta bonita estância de veraneio dos arredores de Lisboa.

Talvez pelo facto de se tratar do primeiro certame nessa qualidade de “Cidade” o número de restaurantes participantes é o maior de sempre, situados desde S. Pedro da Caparica até à Fonte da Telha, dando um maior leque de escolha a todos aqueles que desejem saborear este prato único e inolvidável.



O poeta Bulhão Pato, que chegou a residir num palacete situado no Largo da Torre, no Monte de Caparica, escreveu num dos poemas que dedicou à Praia do Sol:

Com a sardinha empilhada,
Inda saltando vivaz,
Vem de cestinha avergada;
E lá de baixo, da praia,
E sobe a pino o almaraz;
Mas nem por sombras cansada!


A receita tradicional da caldeirada da Costa de Caparica não é confeccionada com sardinha, embora, pessoalmente muito aprecio uma caldeirada de sardinhas. Na caldeirada tradicional da Praia do Sol, os peixes utilizados são o tamboril, o safio e a tramelga, esta última conhecida pelos pescadores como galinha do mar, atendendo a sua deliciosa maciez.

Para os mais curiosos a receita que aqui fica registada homenageia um homem, caparicano de gema, que foi pescador, banheiro e o último dos sobreviventes do naufrágio do "Pensativo", barco meia-lua, dos grandes, de 18 metros, que naufragou quando aproava a terra com nevoeiro cerrado, na crista de um vagalhão, era Dezembro de 1929, tendo feito 11 vítimas. Referimo-nos a Francisco Pinto, também conhecido por "Chico Bóia".


Caldeirada Chico Bóia, para 4 pessoas

Ingredientes
1,2 Kg. de tamboril, safio e tramelga; 8 batatas médias; 4 cebolas grandes; 4 tomates grandes; 1 pimento; i ramo de salsa; 1,5 dl. de azeite; 1 copo de vinho branco; sal e piri-piri.

Preparação
Corte o peixe em pedaços grandes e lave-os. Descasque as cebolas e as batatas. Unte o fundo de um tacho com azeite. Por cima disponha as cebolas em rodelas. Cubra com uma camada de batatas e, a seguir, com uma de tomate, ambas às rodelas. Se necessário forme várias camadas. Disponha o peixe e cubra-o com rodelas de tomate e pimento às tiras. Tempere com sal. Regue com o restante azeite, o vinho branco e junte o piri-piri. Leve a lume forte para levantar fervura. Com o lume brando, deixe cozer, com o tacho tapado. Vá sacudindo o tacho para não pegar. Logo que o pimento esteja macio, junte a salsa picada, retire do lume e sirva.

Receita divulgada, não deixem, contudo, de visitar num destes fins-de-semana a Costa de Caparica, a Cidade da Costa de Caparica, maravilhem-se com o mar, apreciem o acacial em flor e degustem uma deliciosa caldeirada acompanhada com um bom vinho tinto das Terras do Sado, por exemplo, Periquita Clássico, de José Maria da Fonseca.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

claro e escuro


espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de maravilhar. Juntando algumas palavras, dando-lhe algum sentido procuro nelas o encantamento. Perdoem a ousadia, mas cá vou eu poetar.


Embriaguez

Já há muito os vapores do álcool
Invadiram minha mente.

O corpo pende sobre a mesa.

Os olhos fixam o infinito
Procuram lá longe onde o pensamento alcança
Aquela réstia cor de esperança
Aquele ser sem igual
Aquela sonhada menina
Corpo de mulher.

Mulher de gestos meigos
De falar onde a ternura comunica o íntimo sentir.

O sol radiosa luz de cor sem par
Desliza docemente por meu rosto
Marcado do sofrer
Do muito querer
Da vaga ilusão do amor.

Na luta contra si próprio
Contra o mundo
Que é preconceito
O amor é vencido
Vencido temporariamente
Porque no tempo, no provir
O muito querer que é por vezes solidão
Fortalece o íntimo do meu ser
Sentimentos, querer de total entrega.

Sonho...
... a doce menina
Que em meus braços sente terno enleio
Bater compassado de corações
Que o mesmo dizem
Que tudo transmitem
Do muito sentir
Será um dia... (quando?)
Quando for!
A meiga companheira.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

uma flor para a... mariazinha


felicidades quinita.... que este dia se repita por muitos outros

leituras e audições

Procuraremos neste espaço dar nota semanalmente de um livro e de um CD que de alguma forma nos tenha sensibilizado. Poderá não ser uma novidade editorial, mas será com certeza ao nosso gosto.


Livro
Nove Mil Passos
Autor: Pedro Almeida Vieira
Editora: Dom Quixote, Julho de 2004

O autor coloca na boca de Francisco d’Ollanda, um dos primeiros humanistas portugueses, aquilo que este nunca teve oportunidade de escrever, embora muito o desejasse fazer, o relato das peripécias acontecidas aquando da construção do Aqueduto das Águas Livres, iniciada apenas no reinado de D. João V, na primeira metade do século XVIII.

Francisco d’Ollanda que viveu no século XVI, assumiu para si próprio a incumbência de matar a sede de crónicas na capital do Reino. O autor de forma intimista e humorística coloca as palavras em quem viveu dois séculos antes dos factos narrados.

Nove mil passos percorre a tão desejada água dois séculos antes. Desde a Quinta das Águas Livres até Lisboa. E não é que os exploradores dos bens imobiliários e os loucos das amplas estrada querem destruir parte desta imponente obra?


CD
Guarda-me a Vida na Mão
Canta: Ana Moura
Editora: Universal, 2003

A primeira vez que ouvi uma faixa deste disco, sem saber sequer quem estava a cantar, senti emoção tremenda pelo timbre e calor da voz, e pela forma de dizer, de cantar as palavras. Curiosamente, sentimento semelhante conta Miguel Esteves Cardoso, ter sentido quando pela primeira vez a ouviu.

Ana Moura é o Povo a cantar, tal como tantas vezes ouvi, em noites de boémia, pelos lados de Alfama, na Parreirinha, ou mais para poente, para as bandas da Madragoa, no Solar ou no Timpanas. Que bem que o Povo canta pela voz de Ana Moura.


uma flor para a... zulmira


para a minha querida amiga com desejos de muitas felicidades

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

mar macho


o ano do galo

O Verdadeiro Almanaque BORDA D’ÁGUA, repertório útil a toda a gente, tem o registo de que no Calendário Chinês começou hoje o Ano do Galo, cerca das 2 horas e 29 minutos de Portugal. È um novo ciclo que se inicia na vida dos chineses em data aprazada pela posição lunar.

Curiosamente, diversos outros factos estão relacionados com esta data.

Inicia-se, aqui, a caminhada religiosa para a Quaresma. Este é o primeiro dia em que, segundo a liturgia cristã, é proibido ingerir carne. É a quarta-feira de Cinzas.

Inicia-se a caminhada para a Primavera, para a renovação e para a germinação das sementes lançadas ao solo. É a Natureza em todo o seu esplendor.

Mas é igualmente o começo do ano 1426 da era (Hégira) Islâmica.

Que dia este!!!! Muitos acontecimentos marcantes para a Humanidade tiveram lugar no decorrer de um ano do Galo.

Este ano celebra-se o Ano do Galo de Madeira, visto o calendário chinês considerar também um dos elementos da Natureza que este ano é o da madeira (os outros elementos tradicionais da cultura chinesa são o fogo, a terra, a água e o metal).

O galo que canta as madrugadas e anuncia o despertar é augúrio de eloquência e de exigência ligadas ao porte altivo do animal que neste período temporal é colocado em evidência.

O galo de madeira apresenta-se assim:

Eu estou a postos
Para anunciar a chegada do dia,
E para anunciar a sua partida.
Eu me fortaleço com a pontualidade e a precisão.
Todas as coisas serão recolocadas em lugar certo.
Eu sou capataz exigente.
O administrador sempre vigilante.
Eu procuro ordem perfeita em meu mundo.
Eu represento a dedicação inquebrantável.
Eu sou o GALO.



sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Perdeu-se na multidão

O telefone tocou. Tocou insistentemente, como se de uma urgência se tratasse. Pura ilusão, pois os telefones normalizados que estão, automáticos e sem a intervenção humana da telefonista, já não transmitem no seu toque qualquer sentimento, nem mesmo de urgência.

Ao atender o telefone uma voz ansiosa, urgente quiçá:

_O senhor Victor Reis está?
_Sou o próprio...
_Mas, de certeza, que é o senhor Victor Reis?
_Sim... claro que sou. O que pretende?

Do outro lado um suspiro de alívio. Um “ufff” de nervos em descarga continuada.

_Bom, ainda bem Victor Reis. Acabei de receber dois correios electrónicos, um do Seixal e outro do Algarve dando a notícia que você tinha falecido...
_Felizmente não. Alguma confusão de nomes ou de personalidades, mas obrigado pelo cuidado e pela preocupação.

São coisas que acontecem....

Na verdade, a muitos quilómetros de distância, vergado pela solidão e pela incompreensão, um homem de cabelo branco, algo desgrenhado, em tempos muito saudado e comentado, perdeu-se na multidão, esfumou-se naquela neblina matinal que tantas vezes lhe dera alento para seguir calçada acima.

É assim o efeito do tempo que passa que ele tantas vezes escreveu recorrendo à câmera fotográfica que sempre trazia à tiracolo. A calçada estranhou a sua ausência algum tempo, alguns dias, talvez somente alguns minutos. A sua companheira de sempre que tantas fotografias tirou com um único pestanejar voltou a percorrer a calçada acompanhada de um jovem vate, artista em juntar letras para criar poemas.

E o ciclo se fechou.

terça-feira, fevereiro 08, 2005

cabeçudos


carnaval

Alguns historiadores encontram a origem do termo “Carnaval” na expressão “carrum navalis”, designação dada aos carros navais utilizados nas celebrações em honra de Dionísio, na Grécia Antiga.

Outros há, que afirmam que o Carnaval aparece no tempo de Gregório I, O Grande, referindo-se à proibição religiosa do consumo de carne durante a Quaresma. “dominica ad carne levandas”, o nome dado ao sétimo domingo antes da Páscoa, foi sendo abreviado, primeiro para “carne levandas”, depois para “carne leval”, “carne levamen”, “carneval” e, finalmente, “carnaval”.

O Carnaval é uma festa anual móvel, mas relacionada no tempo com a celebração da Páscoa. A dualidade de teorias da sua origem nos conduz também à situação de o Carnaval ser uma festividade pagã, de brincadeira e trapaça, se aceitarmos a origem na Grécia Antiga ou, ao contrário, duma celebração religiosa, por ser a “terça-feira Gorda” o último dia em que é permitido comer carne, pois no dia seguinte, quarta-feira de Cinzas, tem início a Quaresma, se a origem aceite for a dos tempos de Gregório I.

O Carnaval em Portugal, segue uma tradição dos ritos pagãos ligados à celebração da Natureza. Está próximo o ciclo natural do recomeço, o Equinócio da Primavera, a época da germinação de uma vida purificada pela passagem do Outono e do Inverno que representaram a morte das culturas antigas.

É, pois, uma época de folia, de cantares e de dançares, de celebrar a vida, de chamar os bons augúrios para as novas culturas.

É a cor, é a luz, é a música!

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

inverno primaveril


dezanove meses na blogoesfera

No respeito do nosso estatuto editorial chegámos aos dezanove meses de publicação contínua deste blogue, que sempre tem procurado dar a primazia aos afecto, à solidariedade e à amizade. Diríamos melhor: Afectividade, Solidariedade, Amizade. Contudo, não deixámos de dar a atenção devida aos “usos e costumes”, à “tradição”, ao “regionalismo” às “coisas da nossa terra”

Nunca é demais frisar como aqui chegámos: “Incentivado pelo João Carvalho Fernandes, do Fumaças, a transformar-me em blogueiro, usando da embalagem na escrita que o Pedro Gomes, mais tarde também ele lançado nestas lides blogueiras com o Sintra-Gare, me havia incutido com um desafio de “cronicar” o dia-a-dia, entrei neste mundo da blogoesfera. O João Tunes, companheiro da solidariedade activa, avançou também com o Bota Acima e, recentemente, com o Água Lisa.”

Temos agora a satisfação de ver surgir na blogoesfera outro companheiro de estrada: António Dias, com o EmDirectoEACores.

A Oficina continua na sua modéstia a ser mimada por outros operários e operárias das letras e dos afectos que nos têm vindo a acompanhar e a inspirar. Fomos recentemente agraciados com o trofeu “Destaque do Dia”, uma gentileza da querida amiga Sabrina do Gazeta do Blogueiro.

O projecto do “Ideotário”, detentor dos direitos da Oficina das Ideias e do Olho de Lince, recebeu até final do décimo nono mês de existência quase 33.000 visitas. O número de comentários teve uma quebra acentuada, o que nos deixa deveras preocupados, cifrando-se em cerca de 60, feitos por 18 visitantes.

Com o recurso a uma nova ferramenta que, entretanto, instalamos na Oficina, o Geoloc – Geolocalização dos internautas, concluímos que nos últimos tempos fomos visitados por amigos dos seguintes países, além de Portugal: Brasil, EUA, Espanha, Argentina, Reino Unido, México, França, Canadá, Itália, Venezuela, Suíça, Bélgica, Alemanha, Japão, Gana, Finlândia, Luxemburgo, Peru, Dinamarca, Austrália, Singapura, Suécia, Chile, Moçambique, Macau, Cabo Verde, Costa Rica, Angola, Colômbia, Áustria, Taiwan, Países Baixos, Rússia, Bangladesh, Quénia, Dominica, Hong Kong, Azerbanijão, Tailândia, Polónia, Lituânia, Irlanda Noruega, Arábia Saudita, Irão e Israel.

Até hoje já foram publicados na Oficina mais de 1280 posts, incluindo cerca de 550 fotografias originais, muitas delas especialmente obtidas para a Oficina das Ideias pelo “Olho de Lince”.

QUADRO DE HONRA

António Dias, do EmDirectoEACores
Lila
Paulinha
LuaLil, do Traduzir-se...
MFC, do Pé de Meias
Cathy, do Bailar das Letras
Fernando, do Fraternidade
Pecola, do jUst bEiNg PeCola
Ulisses
Ana, do A Verdade da Mentira
Celine, do Optei
Yonara, do Templo de Hecate
Rosa, do Rosa Púrpura
Sabrina, do Gazeta do Blogueiro
Francisco Nunes, do Planície Heróica
Gotinha, do BloGotinha
Simone, do Outramentos
Jacky, do Amorizade

A TODOS o muito obrigado do pessoal da Oficina das Ideias.

domingo, fevereiro 06, 2005

nos caminhos da senhora do cabo

O promontório do Espichel, áspero e com arribas a caírem abruptamente para o mar, recebe-nos com convite para práticas esotéricas. O ambiente é misterioso e fantástico. O mar um dos mais perigosos da costa portuguesa onde a navegação é muito difícil. O Santuário de Nossa Senhora da Pedra Mua, a Casa dos Círios e o Cruzeiro acolhem-nos na sua grandiosidade.

Desde há anos na espera da merecida recuperação arquitectónica, este conjunto monumental tem vindo a degradar-se com o passar do tempo. O facto desta zona ser gerida por diversas entidades públicas e religiosas que não têm encontrado uma forma de entendimento tem obstado à sua recuperação.



Fazendo parte integrante deste conjunto arquitectónico, que já foi sítio de peregrinação e de culto, encontramos a Nascente a Casa da Agua, edificação de forma hexagonal, e o aqueduto que transportava água para o local desde Azóia, a uma distância de dois quilómetros.

Nos campos da Azoia pratica-se, ainda nos dias correntes, a pastorícia de gado ovino. Como complemento a esta actividade são produzidos nas terras da Azoia deliciosos queijos de ovelha, frescos, de cura e de meia cura. Estes últimos adequados a serem comidos à colher acompanhados de um vinho tinto Pasmados, de José Maria da Fonseca.



Junto à arriba, na vertical da Praia do Cavalo, encontramos a Ermida da Memória mandada erigir para celebrar o aparecimento em 1410 de Nossa Senhora do Cabo a um homem de Alcabideche e a uma mulher da Caparica chamados ao local por sonhos coincidentes.

O velho de Alcabideche
E a velha da Caparica
Foram à Rocha do Cabo
Acharam prenda tão rica.




sábado, fevereiro 05, 2005

ora toma!

Comemora-se neste ano da graça de 2005 o primeiro centenário da morte de Rafael Bordalo Pinheiro, homem de muitas artes e saberes, que está ligado ao imaginário popular português por ter sido o criador da imagem do Zé Povinho, que viu a luz do dia no ano de 1875. Ora toma!!

Adormeceu para sempre, na opinião do próprio Zé Povinho, companheiro e inspirador de toda uma vida de criação artística, no dia 29 de Janeiro de 1905.

Tá na hora de partir
Pois não posso cá ficar
Quando de mim precisarem
Estou em qualquer lugar


O Zé Povinho nasceu na Lanterna Mágica com o traço ímpar de Rafael Bordalo Pinheiro, “um pouco forte, bigode, chapéu... bonacheirão, sem deixar de fazer críticas”. “Uma ternura”, na própria opinião do caricaturado.

Quando Rafael Bordalo Pinheiro decide ser operário da antiga tradição ceramista de Caldas da Rainha, fundando nessa cidade do Oeste português uma fábrica onde aplica algum dinheiro ganho na sua estadia pelas terras do Brasil, o Zé Povinho sai das duas dimensões de sempre e tem todo o seu esplendor nas três dimensões.

Ficou mais expressivo o seu gesto simbólico do manguito (à portuguesa) ou da banana (à brasileira), feito com o braço.... “Toma!!!”.

A Câmara Municipal de Lisboa vai promover, no decurso do ano de 2005, um conjunto de iniciativas destinados a comemorar esta efeméride do caricaturista e ceramista Rafael Bordalo Pinheiro que culminam em 24 de Março com a inauguração de uma mostra da intervenção do artista em várias publicações periódicas.



sexta-feira, fevereiro 04, 2005

flores do jardim de valle de rosal


espaço de poetar

Não sou poeta afamado nem sequer sei construir rimas de maravilhar. Juntando algumas palavras, dando-lhe algum sentido procuro nelas o encantamento. Perdoem a ousadia, mas cá vou eu poetar.


Doçura

No doce balançar da tua loira cabeleira
Navego sonhos sentidos em seara doirada
Na procura constante da imagem primeira
Que noites a fio me acompanha enamorada

Uma imagem que para o meu muito querer
É duma bela mulher das terras da fantasia
Olhos de mel, profundos, doçura do seu ser
Onde me perco de sentires e nostalgia

Lábios sensuais em rosto belo e angelical
Dizem palavras de encanto e sensibilidade
Seduzem-me a caminhar no rumo do ideal
Ao encontro da beleza e da verdade

Seios de mulher túrgidos de vida e sensíveis
Que candidamente uma túnica tenta disfarçar
Mas que o êxtase de momentos indescritíveis
Mais evidencia todo seu desejo de ofertar

Tua beleza ilumina o caminho dos eleitos
Inspira poetas, fotógrafos e pintores
Imaginação e sonho de realidade feitos
Quereres e sentires, enfim... amores

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

por aqui andaram dinossáurios


leituras e audições

Procuraremos neste espaço dar nota semanalmente de um livro e de um CD que de alguma forma nos tenha sensibilizado. Poderá não ser uma novidade editorial, mas será com certeza ao nosso gosto.


Livro
A Mosca na Vidraça (teatro)
Autor: João Carlos Pereira
Editora: Costa Azul, 2004

Esta obra traz para o teatro os problemas sociais e humanos decorrentes do desmantelamento da Siderurgia Nacional, empresa pública de interesse inquestionável para economia nacional. Destruiu sonhos e esperanças de milhares de alentejanos que se fixaram na região com suas famílias na procura do trabalho que lhes faltava nos grandes latifúndios pertencentes a grandes senhores abstencionistas.

Mostra, igualmente, a força moral das mulheres na resistência contra a adversidade imposta pelo grande capital. Obra actual que cada vez mais ganha importante significado.


CD
Timbre
Autor: Luís Baptis
Editora: LBM

Luís Baptis constrói os instrumentos de corda com que depois executa obras musicais, a maioria das quais da sua própria autoria. Recorre, igualmente, a temas populares sobre os quais elabora interessantes arranjos.

O “Timbre” é feito com o recurso a doze instrumentos tradicionais dos quais retira as suas próprias sonoridades: Viola Campaniça do Baixo Alentejo, Bandolim Português do Minho, Guitarra Portuguesa de Coimbra-Lisboa, Viola Braguesa do Douro-Minho, Viola Toeira de Coimbra, Viola Beiroa de leste de castelo Branco, Cavaquinho do Minho, Rajão da Madeira, Viola de arame da Madeira, Viola da Terra dos Açores e Viola da Ilha Terceira.



quarta-feira, fevereiro 02, 2005

fazer-se ao mar


sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Pierrô na multidão

O Carnaval tem mesmo esse efeito perverso: Tanta alegria, tanta agitação, tanta música e luz e cor. E no meio de tudo isso, o Pierrô de sorriso largo e aberto, esconde aquela lágrima furtiva que indiscretamente lhe quer rolar pelo rosto.

O Fotógrafo queda-se estático perante tanta beleza e alegria, descortina o sofrimento do Pierrô no meio da multidão. Não sabe o que fazer... perdeu a inspiração! Apercebeu-se então, ele próprio, que se encontrava longe, muito longe, daquele local físico.

Sentiu-se só...

Olhou em redor, procurou encontrar a Escritora. Não a viu em qualquer lugar, mas sentiu-a. E no seu recorrente sonho, sentiu que se afastava, se afastava cada vez mais, na direcção desse mar tão amplo que agora parecia contrariar o que o Fotógrafo sempre escreveu: “este mar que nos une...”.

Teve o claro sentimento que estava a ser egoísta. Se era verdadeira aquela forte amizade que sempre nutrira pela Escritora, então deveria sentir-se satisfeito por sabê-la feliz, de coração renascido, de esperança renovada... Sorrio e viu o Pierrô sorrir também. A energia positiva é, sem dúvida, contagiante.

Afastou-se do bulício carnavalesco e deixou os seus olhos percorrerem lentamente as pinturas de rua que se multiplicavam consoante ia andando... A Artesanear ainda estava na rua, mesmo com o tempo que já passou por cima de tão importante obra. A Escritora fora determinante nesta importante obra junto dos meninos de rua...

De repente parou.... O rosto do Pierrô não lhe havia sido estranho, mas com a pintura... Era o Ronaldo, artista de rua de quem tanto a Escritora lhe havia falado. Ficou apreensivo pelo porquê da sua tristeza, daquela lágrima que lhe vira rolar no rosto. Correu, agora calçada abaixo na procura do Pierrô.

Este esfumara-se na multidão...

canto e castro

Com ele viajei de Almada para Lisboa nos velhos cacilheiros, olhando o Tejo que ele considerava o “mais belo rio do Mundo”.

Perto dele bebi “uns copos” no bar Acercadanoite, bem perto do Palácio da Cerca. Aí se juntavam artistas e boémios após assistirem a um espectáculo do Festival de Teatro de Almada.

Cidadão almadense fica-lhe a dívida da sua terra de adopção de nunca lhe ter sido, em vida, concedida a medalha da Cidade. Pisou os palcos da Companhia de Teatro de Almada com a mestria dos grandes mestres.

Foi sempre um homem modesto no muito valor que todos lhe reconheciam, com um percurso de rádio, teatro, cinema e televisão como poucos artistas tiveram.

A sua “luz” continua a guiar os mais novos na arte de representar e na sabedoria de viver.

É o Henrique Canto e Castro!

terça-feira, fevereiro 01, 2005

bouquet de rosas amarelas


em janeiro de 2005 a oficina das ideias publicou:

Textos
Dia 1 – Em Dezembro de 2004 a Oficina das Ideias publicou
Dia 2 – Oh mar eterno
Dia 3 – A respeito da Amazónia; Contacto 30 mil com a Oficina
Dia 4 – [a minha opinião]
Dia 5 – O regresso do Fotógrafo [sentir o povo que vive]
Dia 6 – Dia de Reis
Dia 7 – Dezoito meses na blogoesfera
Dia 8 – ...de Cartolinha
Dia 9 – Vamos cantar as Janeiras
Dia 10 – Porto Alegre na rota da Esperança
Dia 11 – [a minha opinião]
Dia 12 – O frevo está no ar [sentir o povo que vive]
Dia 13 – [leituras e audições]
Dia 14 – Na procura [espaço de poetar]
Dia 15 – A luta contra as intempéries naturais é uma opção política
Dia 16 – Apelo à Humanidade
Dia 17 – 2005 Ano Inesiano
Dia 18 – [estórias de outros tempos]
Dia 19 – Mágoa no semblante [sentir o povo que vive]
Dia 20 – [leituras e audições]
Dia 21 – Madrugar [espaço de poetar]
Dia 22 – por Lualil [sentir o povo que vive]
Dia 23 – Meu Brasil brasileiro
Dia 24 – Destaques da programação das comemorações [2005 ano inesiano]; Um “piercing” para o umbigo da Oficina das Ideias
Dia 25 – [estórias de outros tempos]
Dia 26 – Um “príncipe” na calçada [sentir o povo que vive]
Dia 27 – [leituras e audições]
Dia 28 – Palavras que se dizem [espaço de poetar]
Dia 29 – A Colombina e o Pierrô, por Lualil [sentir o povo que vive]
Dia 30 – Emissor receptor de poesia
Dia 31 – [a minha opinião]

Uma flor para...
Dia 4 - ... a Cathy, festejar o seu desejado regresso à blogoesfera
Dia 5 – ... a Gracinha, que teu sorriso continue a ser poesia

Imagens
Dia 1 – O mar da Caparica em 1 de Janeiro
Dia 2 – Flor de Inverno – a azêda
Dia 3 – Mata dos Medos 2005
Dia 6 – Noite de Reis
Dia 7 – Do Natal aos Reis
Dia 10 – Arvoredo
Dia 11 – Cores de Inverno
Dia 12 – Daqui o meu olhar chega ao infinito
Dia 13 – Mata dos Medos 2005 (2)
Dia 14 – Fim de tarde na Caparica
Dia 15 – Mar doirado
Dia 17 – Praia da Bela Vista
Dia 18 – Papoila Azul
Dia 19 – Actividade intensa
Dia 20 – Realejo a la veneziana
Dia 21 – Flor de madrugar
Dia 22 – O Carnaval não tarda
Dia 23 – Esta baiana me “agarrou” ao Senhor do Bonfim
Dia 25 – Lua de Janeiro
Dia 26 – Acácias de Janeiro
Dia 27 – O homem do realejo
Dia 28 – Rosinhas amarelas de Valle do Rosal
Dia 29 – O debicar do passarinho
Dia 31 – Capela da Memória

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