quarta-feira, fevereiro 09, 2005
sentir o povo que vive
O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.
Perdeu-se na multidão
O telefone tocou. Tocou insistentemente, como se de uma urgência se tratasse. Pura ilusão, pois os telefones normalizados que estão, automáticos e sem a intervenção humana da telefonista, já não transmitem no seu toque qualquer sentimento, nem mesmo de urgência.
Ao atender o telefone uma voz ansiosa, urgente quiçá:
_O senhor Victor Reis está?
_Sou o próprio...
_Mas, de certeza, que é o senhor Victor Reis?
_Sim... claro que sou. O que pretende?
Do outro lado um suspiro de alívio. Um “ufff” de nervos em descarga continuada.
_Bom, ainda bem Victor Reis. Acabei de receber dois correios electrónicos, um do Seixal e outro do Algarve dando a notícia que você tinha falecido...
_Felizmente não. Alguma confusão de nomes ou de personalidades, mas obrigado pelo cuidado e pela preocupação.
São coisas que acontecem....
Na verdade, a muitos quilómetros de distância, vergado pela solidão e pela incompreensão, um homem de cabelo branco, algo desgrenhado, em tempos muito saudado e comentado, perdeu-se na multidão, esfumou-se naquela neblina matinal que tantas vezes lhe dera alento para seguir calçada acima.
É assim o efeito do tempo que passa que ele tantas vezes escreveu recorrendo à câmera fotográfica que sempre trazia à tiracolo. A calçada estranhou a sua ausência algum tempo, alguns dias, talvez somente alguns minutos. A sua companheira de sempre que tantas fotografias tirou com um único pestanejar voltou a percorrer a calçada acompanhada de um jovem vate, artista em juntar letras para criar poemas.
E o ciclo se fechou.
Perdeu-se na multidão
O telefone tocou. Tocou insistentemente, como se de uma urgência se tratasse. Pura ilusão, pois os telefones normalizados que estão, automáticos e sem a intervenção humana da telefonista, já não transmitem no seu toque qualquer sentimento, nem mesmo de urgência.
Ao atender o telefone uma voz ansiosa, urgente quiçá:
_O senhor Victor Reis está?
_Sou o próprio...
_Mas, de certeza, que é o senhor Victor Reis?
_Sim... claro que sou. O que pretende?
Do outro lado um suspiro de alívio. Um “ufff” de nervos em descarga continuada.
_Bom, ainda bem Victor Reis. Acabei de receber dois correios electrónicos, um do Seixal e outro do Algarve dando a notícia que você tinha falecido...
_Felizmente não. Alguma confusão de nomes ou de personalidades, mas obrigado pelo cuidado e pela preocupação.
São coisas que acontecem....
Na verdade, a muitos quilómetros de distância, vergado pela solidão e pela incompreensão, um homem de cabelo branco, algo desgrenhado, em tempos muito saudado e comentado, perdeu-se na multidão, esfumou-se naquela neblina matinal que tantas vezes lhe dera alento para seguir calçada acima.
É assim o efeito do tempo que passa que ele tantas vezes escreveu recorrendo à câmera fotográfica que sempre trazia à tiracolo. A calçada estranhou a sua ausência algum tempo, alguns dias, talvez somente alguns minutos. A sua companheira de sempre que tantas fotografias tirou com um único pestanejar voltou a percorrer a calçada acompanhada de um jovem vate, artista em juntar letras para criar poemas.
E o ciclo se fechou.