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segunda-feira, maio 31, 2010

papoilas do campo



salpicam os verdes prados
de vermelho muito vivo
são sinais de namorados
flores dos bem amados
de felicidade são motivo


campo de papoilas


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passado presente devir

*
*
*
Numa alva folha de papel descrevi o meu sentir
*
Como quem traça uma linha de imaginação desenhada
*
Na leitura do passado, do presente, do devir
*
Depois dos medos, mostrar a tranquilidade encontrada
*
*
*

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domingo, maio 30, 2010

ninhos de andorinhas



vem de terras de além
voltam sempre ao seu cantinho
sofrem no caminho porém
incompreensão e desdém
daqueles a quem dão carinho


ninhos de andorinhas
na Plaza Mayor, em Ciudad Rodrigo



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o significado das flores

ROSAS
uma branca outra vermelha

o fogo do teu olhar queima o meu coração








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sábado, maio 29, 2010

uma flor para... a lualil



exuberante a tua cor
na luminosidade o encanto
amorizade, amor
no sentir multicolor
do caminhar entretanto


Lualil é a minha querida amiga Liliana Miranda,
do blogue Traduzir-se...,
a "escritora" que acompanha o "fotógrafo"
na "calçada recifense acima"



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mais uma vez... carnaval

por Lualil

[Para o meu amigo fotógrafo e companheiro de longas caminhadas]

Arrumava-se agitadamente. Sentia-se ansiosa afinal era aquele seu primeiro desfile. Muitas vezes viu de olhos brilhantes toda aquela gente colorida e alegre passar.. muitas vezes sonhou ser uma delas. Sentia o batuque estremecer seu coração. Sua cultura a fazia se sentir viva, alegre e sonhadora. Agora só lhe faltava o cocar que ajeitou carinhosamente na cabeça deixando alguns cabelos soltos na frente e levou nas mãos o cocar que iria entregar a alguém. Certamente não parecia uma índia muito verdadeira mas, havia algo em sua alma que a fazia a índia mais feliz naquele momento.

Vamos vamos! Gritava o mestre.

Desfilaram pelas ruas do Recife antigo sentindo o calor de toda aquela gente da terra e muitos olhos encantados que vinham de todos os lugares do mundo.

Ela sempre que possível procurava um clique de uma determinada máquina fotográfica. Já havia atravessado quase toda a rua e não havia conseguido encontrar o fotógrafo que com ela subia e descia as calçadas da cidade a viver a sentir os movimentos daquela gente. Mas ela sabia que ele estava por lá. Ela sentia.

Sentiu uma ligeira tontura e precisou buscar pelo apoio de alguém que estivesse próximo. Segurou no braço de alguém até sentir que estava bem outra vez. Quando se recuperou, viu os olhos do fotógrafo a olhar nos seus. Sorriu, beijaram-se e ainda mais feliz seguiu até ao final do desfile.”

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sexta-feira, maio 28, 2010

luz da esperança



quando o mar está de má sorte
os pescadores temerosos
sentem em ti que és forte
na luta contra a morte
nas rezas fervorosos


Farol do Cabo Espichel



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o rio tejo chega à trafaria

Não tem pressa do caminho, está seguro
Estreitos vales e amplas lezírias de sofrer
Pois namoro antigo é tempo de reviver
Selar a cumplicidade do sentir maduro.

Vem de longe seu destino e seu querer
De hispânicas terras traz o bom auguro
Caminho destemido de progresso e futuro
No oceano vai espraiar sua frescura de viver

Em terras de gente boa se veste de azul
Que é cor dos sentimentos de quem trabalha
Gente que é do rio, do mar, que é do sul

Que o acolhe nas lides do arrasto, da tresmalha
No carinho do mar ora esverdeado, logo azul
Como se dos seus fosse, logo ali do mar da palha.

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quinta-feira, maio 27, 2010

bela e doce "nour"



bela “nour” em tua glória
no céu de maio desenhaste
um sinal que é a memória
duma doce e terna estória
do amor que encontraste


Luar de Maio, lua plena às 23:07 horas



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sabia que...

O Projecto Echelon foi montado na década de 50 do século XX por agências de espionagem do governo americano, com a conivência activa dos governos da Grã-Bretanha, Austrália, Nova Zelândia e Canadá. A missão do Echelon é fiscalizar os conteúdos de todas as telecomunicações mundiais, seja por fio de cobre, por rádio, por microondas, por ligação troposférica, por cabo submarino, por satélite e, mais recentemente, também os “pacotes” encaminhados através do protocolo TCP/IP (Internet).

A técnica usada pelo Echelon para examinar um volume tão colossal de dados baseia-se no chamado “dicionário”, uma enorme listagem de palavras que os órgãos de espionagem americanos consideram ter interesse. Assim, todo o fluxo de informações entre países e dentro de um mesmo país é peneirado automaticamente à procura das ditas palavras. Só depois disso há intervenção humana, com analistas que vão transformar os dados recebidos em informação, classificando-os e organizando-os.

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quarta-feira, maio 26, 2010

o azul deste mar



tanto que meu olhar se perdeu
na turquesa azul deste mar
procura encontrar o olhar teu
neste meu sentir plebeu
princesa tu és do meu amar


Cabo Espichel,vista para sul



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amores reais (?) de bocage

elmano sadino
Apontamentos dos quereres e sentires do poeta de Setúbal, Manuel Maria de Barbosa du Bocage, na procura de uma verdade impossível de encontrar, o rumo da sua vida. Transcrição de sonetos e de poesias eróticas, burlescas e satíricas




Com a publicação das Rimas, Bocage tornou-se famoso, ao ponto de se relacionar com os filhos de Manuel Constâncio, cirurgião no Real Hospital de S. José, casa de quem passou a ser frequente visitante. Todos gostavam de poesia e Bocage, umas vezes triste e brusco, outras transbordando alegria era insinuante e fazia graça. Tudo correu bem até ao momento em que Bocage se adiantou com a Margaridinha, filha do cirurgião, o que levou a que o pai, com o apoio do confessor, a tratar de o afastar.

Bocage desabafa com Marília nas célebres Verdades Duras o princípio para de novo cair na alçada da Intendência e da Inquisição. Os amores e desamores de Bocage sempre conduzem a grandes tragédias.

Outra paixão de Bocage, que também se consegue ligar a uma identidade, sobrando sempre a dúvida entre o real e os desvarios do poeta é a Márcia dos Poemas. Terá sido Maria, filha mais velha do árcade António Bersane Leite que em tempos maus de dinheiros e saúde, recolheu em sua casa o poeta. Contudo, onde houvesse mulheres havia por certo sarilho com o poeta, mau partido e valdevinos.

Lá mais para o fim da sua vida, passou na vida de Bocage uma tal Amália enigmática, eventualmente uma outra filha de Bersane Leite, a Ana Perpétua.

Todas estas situações amorosas estão envolvidas em denso nevoeiro do conhecimento, pela falta de documentação e pelo desvario com que Bocage misturava a realidade com o sonho e os seus fantasmas. As dúvidas são tanto maiores quanto uma simetria nítida existe entre dois dos seus amores. À rivalidade dos manos Bocage com Gertrudes corresponderia a das manas Bersane com Bocage. Esta simetria era na verdade muito ao gosto literário da época.

A vida de Bocage é então atravessada por uma série de mortes de amigos e de conhecidos, duma pequena sobrinha e de outros familiares. A fatalidade volta aos versos de Bocage e este aproxima-se do “nada”. Tudo é pobre à sua volta, livros e restos de comida vivem em comunhão. Ah Bocage, Bocage...


Soneto 53

Tenta em vão temerária conjectura
Sondar o abismo do invisível Fado,
Que, de umbrosos mistérios enlutado,
Some aos olhos mortais a luz futura.

Presumia (ai de mim!) vendo a ternura
Daquela, que me trouxe enfeitiçado,
Presumia que Amor tinha guardado
Nos braços do meu Bem minha ventura.

Ó Terra! Ó Céu! Mentiram-me os brilhantes
Olhos seus, onde achei suave abrigo:
Quão fáceis de enganar são os Amantes!

Humanos, que seguis as leis, que sigo,
Vós, corações, que ao meu sois semelhantes,
Ah! Comigo aprendei, chorai comigo.



O que já foi publicado na Oficina das Ideias sobre Bocage:
Elmano Sadino
O Homem e o Poeta
Regresso à Vadiagem de Lisboa
Os Alvores da Nova Arcádia
As Sátiras de Elmano Sadino
Bocage no Degredo
Caminho da Libertação
Enfim livre!
Esta Liberdade não desejava Bocage
Na Glória da Controvérsia

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terça-feira, maio 25, 2010

no caminho sagrado



pára caminhante romeiro
diriges-te a um lugar sagrado
és devoto deste cruzeiro
ou um pagão forasteiro
na procura de um agrado?



santuário de N. S. do Cabo



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quem ainda se lembra?

Passaram somente pouco mais de 10 anos depois deste acontecimento. Quem ainda dele se recordará?


“Estamos na primeira semana do Ano 2000 e os sinais de que a conversão de dados e aplicações relacionados com esta data que durante longos meses tanto nos preocupou são positivos. As elevadas verbas aplicadas em analisar, solucionar e repor largos milhões de linhas de código foi dinheiro bem gasto.

Contudo, não pensámos jamais que um dos nossos fornecedores estratégicos não tivesse resolvido tão bem o problema e assim o fornecimento de matéria-prima fundamental previsto para sair da fábrica na segunda-feira não se verificou. Amanhã três das nossas fábricas irão parar devido à falta da matéria-prima. O fornecimento para um dos nossos maiores clientes ir-se-á atrasar com implicações sérias num contrato que este tem com um departamento governamental.

Cenários dentro destas características vão apresentar-se a muitas empresas nos próximos três anos. As empresas por muito diligentes que tenham sido e por muitos milhares de contos que tenham despendido na resolução do Efeito 2000 serão sempre confrontadas com as soluções que terceiras partes, de quem dependam ou que delas estejam dependentes, tenham tomado.

Considerando a complicada teia de dependências existentes entre as empresas no Mundo actual não é difícil avaliar a profundidade do problema.

Em primeiro lugar existem os clientes, entidades fundamentais do nosso negócio. Mas existem, também, os fornecedores, os vendedores, as entidades financeiras, os correctores de seguros, as autarquias e o Estado não deverão ser olvidados; os serviços: água, electricidade, gás, telecomunicações. Existem, igualmente, as empresas concorrentes…

Estas são as entidades que constituem dependências óbvias. Restam aquelas que pelas suas características ou pelas características da sua acção não apresentam tamanha evidência nas implicações e interactividade. Os serviços de aquecimento, de ar condicionado, os sistemas de segurança e os diversos componentes da infra-estrutura.

Esquecer que alguma destas entidades podem não ter resolvido o problema do Efeito 2000 é correr sérios riscos de pôr em causa todo o esforço humano e financeiro que desenvolvemos na nossa empresa.

O problema é que todas estas situações não se reflectem, nem directa nem indirectamente, nem são visíveis nos milhões de linhas de código que nos preparamos para identificar e analisar, primeiro, e corrigir, depois, no âmbito do Projecto Efeito 2000. Contudo, basta uma destas dependências estar em causa para pôr em risco a estabilidade da nossa empresa.

Hoje em dia, muitas empresas e departamentos governamentais desenvolveram a designada independência integrada entre sistemas de informação e os processos de controlo computadorizado, de forma a se um falhar, de imediato, se desenvolva um efeito cascata para outras alternativas de solução.

Através do estabelecimento de um modelo de dependências organizacionais e de negócios verificar-se-á, entre outros aspectos, a extrema importância da componente fornecedores e poder-se-á medir as consequências prejudiciais que resultarão de se não ter esta parte na devida consideração. A gestão poderá considerar a acumulação de stocks, a adição de novos fornecedores, a consolidação do fabrico ou, até ir mais longe, redesenhando a fase de montagem, eliminando a área crítica em questão. Ainda que estas acções devam ter lugar fora do “scope” do Projecto Efeito 2000 elas não podem dele ser dissociadas, visto serem essenciais para a continuidade das operações da empresa.

O Modelo de Dependências pode ajudar a identificar os riscos associados com falhas de outras empresas devido à não resolução do Efeito 2000 por parte dessas empresas.

A maioria das metodologias relacionadas com a solução do Efeito 2000 não é adequadamente dirigida às questões empresariais associadas com o problema. Este aspecto deverá ser tomado em consideração na avaliação das propostas de solução, pois sendo fundamental que esta seja analisada no âmbito do sistema de informação (IS), deve ter também em consideração a globalidade do negócio. É insuficiente que a metodologia eleita abranja exclusivamente o contexto da auditoria dos sistemas, do inventário dos desenvolvimentos, da pesquisa e análise do código, da expansão dos campos de data, da mudança dos processos lógicos, dos testes, do redimensionamento e da sincronização.

É necessário que os grupos de sistemas de informação dedicados à resolução do Efeito 2000 ajudem a gestão a entender as dependências que integram a sua organização com outras que orbitam na respectiva área de intervenção e cujas dependências não resolvidas irão pôr em causa a resolução total do Efeito 2000.

A construção de um modelo de dependências deve ser realizada quer no sentido de cima para baixo (topdown) quer no inverso (bottomup) de forma simultânea. A identificação de todos os aspectos do negócio que são relevantes, relacionados com os produtos, clientes e fornecedores, possibilitará a conjugação com os aspectos de “hardware”, sistemas operacionais, compiladores, utilitários e aplicacionais para que o negócio continue operativo.

Ver no que concerne a este aspecto dos trabalhos, o Plano de Dependências e a reengenharia dos processos empresariais (BPR), o produto Tivoli Management Environment (TME) da IBM ou o CA-Unicenter da Computer Associates.

Para resolver completamente o problema consubstanciado no designado Efeito 2000 a gestão necessita de actuar e actuar rapidamente. Hoje em dia, o foco do problema deve deslocar-se dos aspectos puramente técnicos para a necessidade de sobrevivência empresarial. Até que os responsáveis do sistema de informação se convençam e consigam convencer a gestão superior de que o Efeito 2000 é um problema da totalidade da organização e os gestores do negócio assumam a responsabilidade de agir, o devir apresenta-se muito tumultuoso.”

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segunda-feira, maio 24, 2010

todos os sinais



vamos ler todos os sinais
cada um com seu sentido
impede passagem aos demais
que aqui não penetrais
se não pertenceres ao cabido



centro histórico de Ciudad Rodrigo



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paralelepípedo

Paralelepípedo é pedra de calçada
Que apoia a caminhada do romeiro
É marco, é sinal da rota desejada
Na senda do sonho, querer primeiro.

Pedra talhada de calcário ou de basalto
O paralelepípedo tem a forma do caminhar
Eleva o sentir ao seu ponto mais alto
Traça uma rota do partir ao chegar.

O descanso do romeiro é uma pausa
No caminhar rumo à luz, ao infinito
O paralelepípedo é o símbolo de uma causa
E assim está dito e assim está escrito.

Escrever um poema, responder ao desafio
Lançado por alguém que é muito sábio
É atrever-se a bailar palavras, acender o pavio
Ler o paralelepípedo, qual astrolábio.

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domingo, maio 23, 2010

uma imagem



vindo das terras do longe
o pagador de promessas
seria eremita ou monge
uma imagem que o lisonge
da crença que ele professa



santuário de N. S. do Cabo



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batalha de aljubarrota

Em determinada altura, com o seu humor habitual, comenta o meu compadre Karlus: “D. Nuno Álvares Pereira era, sem dúvida, o Mourinho da Idade Média” – estávamos maravilhados com o conhecimento da estratégia usada pelo Condestável de D. João I na Batalha de Aljubarrota onde o exército português desbaratou o castelhano que em número e armamento era muito superior.

A esta batalha foi dado, indevidamente, o nome de Aljubarrota muito embora tenha sido travada num planalto onde hoje se situa a aldeia de S. Jorge: Estávamos no ano da graça de 1385, a 14 de Agosto.

No plano militar foi utilizada uma táctica inovadora, onde homens de armas apeados foram capazes de vencer um poderosíssimo exército de cavalaria medieval. Esta vitória teve como resultado terminar com as disputas existentes entre os reinos de Portugal e de Castela e Leão, afirmando Portugal como reino independente.




Foi possível aos estudiosos reconstituir, com base na documentação e nos vestígios no terreno, o posicionamento relativo dos exércitos que hoje pode ser apreciado pelos visitantes.

Recomendamos, pois, uma visita ao




Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota [CIBA]
Av. D. Nuno Álvares Pereira – S. Jorge
Telefone: 351 244480060
http://www.fundacao-aljubarrota.pt

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sábado, maio 22, 2010

barbárico promontório



mar do meu encantamento
azul turquesa maravilhoso
de tempos imemoriais alento
para epopeias, descobrimento
do sol brilhante e radioso



Cabo Espichel



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flores de maio

flores de jardim
dos jardins de Vale de Rosal "colhemos" estas flores no decorrer do mês de Maio do ano da graça de 2010 para com todas vós partilharmos





Viola (pop: amores-perfeitos) [Viola x wittrockiana], origem: Europa





Açucena Peruana, origem: Peru





Brincos-de-princesa [Fuchsia hybrida], origem: Brasil

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sexta-feira, maio 21, 2010

ponte romana



corre a água para a foz
neste rio tão por estes graníticos lajedos
passaram as tropas romanas
os lusitanos sem medos
o povo nos seus folguedos
com sua vontade soberana



ponte romana em Aldeia da Ponte, Sabugal



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mulher nua com uvas




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quinta-feira, maio 20, 2010

a caminho da foz



corre a água para a foz
neste rio tão cristalino
afina nas pedras a voz
saltitante logo após
suave como o violino



Rio Côa, praia fluvial do Sabugal



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vinho tinto

Quando falamos de vinhos, numa roda de amigos interessados no assunto, é frequente vir à conversa o facto de ser mais importante a qualidade do que a quantidade do néctar degustado, sabendo-se à partida que haverá, forçosamente, diferenças nos preços da respectiva aquisição.

“Vale mais beber um copo de vinho excelente do que ingerir uma maior quantidade de vinho de mais fraca qualidade”.

Beber um vinho de excelência é um acto de bom gosto, desde que feito com moderação, apreciando todas as suas características de aroma, de sabor, de cor e de brilho. Quanto importante é um “final de boca” agradável, por vezes com uma certa adstringência que, sem dúvida, muito irá contribuir para uma boa refeição.

Aliás, há entendidos nestas coisas de vinhos, nós não passamos de modestos amadores, que defendem que o primeiro acto de uma refeição será a escolha do vinho e, só depois, a selecção das vitualhas que melhor “casem” com esse vinho.

A preocupação sobre a qualidade dos vinhos não é coisa nova nem sequer o seu controlo uma “invenção” das entidades de segurança alimentar hoje tão em evidência nos meios de comunicação social. A “nobreza” assim o exige.

Em posturas da Câmara Municipal de Almada datadas do século XVIII, mais concretamente de 1750 fomos encontrar:

“[190]
Postura que toda a taberneira ou qualquer outra pessoa que comprar vinho para tornar a vender a pipa que ahy receber o vinho será afillada e marcada pello juiz do officio desta villa.

Acordaram os ditos officiais e homens bons e puzerão por postura que toda a taberneira ou /fl. 67 v./ qualquer outra pessoa asim desta villa como do seu termo que vinho comprar para vender, a pipa com que mercar o vinho será marcada pello juiz do officio desta villa, e o que o contrario fizer, ou lhe for achada a tal pipa sem a dita marca pagará mil reis e da cadeya e metade para o concelho e a outra metade para quem o accuzar, e a pipa será queimada” .


A propósito do vinho e do beber vinho gosto de retirar sempre do meu baú de memórias uma história simples que para mim foi muito marcante, ao ponte de a recordar quando já passaram sobre ela quase sessenta anos.

Um dia, como acontecia com frequência, fui fazer um recado à minha mãe. Fui à Cova Funda, designação dada à taberna do senhor Silva que ficava a cerca de duas ou três dezenas de metros da nossa casa, comprar uma garrafa de vinho para a refeição dos adultos da casa.

Um cliente habitual do copo de vinho encostado ao balcão corrido de pedra mármore pedia: “Ó Silva, dá-me um copo de três!” Acto contínuo após ser servido deitou a mão ao copo que de seguida caiu e se estilhaçou em mil pedaços espalhando o vinho pelo chão de pedra da taberna.

“Então ó Silva pedi-te um copo de três, deste-me um copo de dois... já tenho a mão feita para a medida, este foi parar ao chão...”

Foi gargalhada geral. O que acontece é que este cliente não seguia a recomendação de que “vale mais beber um copo de bom vinho do que muitos de zurrapa”.

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quarta-feira, maio 19, 2010

no sabugal



a primavera formosa
tempo de poema e milagre
transforma o pão numa rosa
santa rainha ditosa
que a lenda o consagre



Castelo do Sabugal



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nossa senhora do cabo




Lenda que se perde na bruma dos tempos e da utopia
Fez em sonhos convergentes um homem e uma mulher
Caminharem rumo ao barbárico promontório por haver
Na procura da Senhora da Pedra de Mu que aí luzia.

Soube o Povo dos poderes de tanto sortilégio e querer
Que em turba agitada ao Espichel se dirigiu em correria
Dos campos, pedindo para o gado e as colheitas bonomia
Da praia, protecção aos mareantes que afoitos usam ser.

Erigiram sobre penhascos e arribas em memória a capela
Por esmola e dádiva daqueles que mais nela encontraram
No querer, no sentir de séculos numa prece que se revela

Na memória das gentes que há muito sentiam e desejaram
Verdadeiro milagre resultante do labor e da luta que eleva
O Povo que agora aqui renova as tradições que perduraram.

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terça-feira, maio 18, 2010

cor da paixão



vermelho é cor da paixão
que faz o mundo avançar
bate forte coração
pela saúde pelo ensino pelo pão
o futuro não pode esperar



flor do Rododendro vermelho,
também conhecido por "do Presidente Roosevelt"



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flores da madeira




De uma visita feita há cerca de 30 anos à Ilha da Madeira recuperamos mais algumas das flores que de lá trouxemos...


VI
Quem vai a Ribeiro Frio, lá bem no alto da serra, não deverá perder a oportunidade de visitar os viveiros de trutas. Com água gelada a correr pelas veredas cobertas de fetos, esfriando mais o ambiente já de si frio pela altitude, as trutas nos diversos pontos do seu desenvolvimento são um espectáculo deveras aliciante.

Naquela altitude, inspirar profundamente o ar ambiente, húmido e rarefeito, pode provocar uma ligeira tontura, mas é sem dúvida revigorante e inesquecível por muitos anos que passem.


VII
Camacha, em plena serra, é ponto obrigatório de turista ir. Contudo, quando a peregrinação é feita na boa companhia de um madeirense, bem conhecedor do local, é bastante mais aliciante. A Camacha é demais conhecida pelo seu rancho folclórico e pelos trabalhos de vime. Menos conhecida, mas não menos saborosa, é a “camacheira” - poncha de preparação especial que só ali se bebe.

“O Relógio” local de venda de artefactos de vime e que tem um cantinho que é um autêntico Museu do Vime é local de visita obrigatória na Camacha. Trabalhos maravilhosos, representando animais selvagens, fazem parte desse Museu que o visitante não deverá ignorar.


VIII
Percorrendo as sinuosas estradas da serra, deixando o olhar espraiar até às profundezas dos vales onde as aldeias mais parecem miniaturas de brincar, lá vamos descendo de novo em direcção a Santa Cruz, nossa terra de eleição para base de repouso (?). Bordejando o caminho e ladeando os ribeiros tufos imensos de vime aguardam a maturação para virem a servir de matéria-prima aos maravilhosos artefactos tradicionais da região.

Lá para trás, na Camacha, deixámos inolvidáveis recordações. Além da “poncha camacheira” e dos rostos bonitos das camacheiras só comparáveis em beleza com os das maravilhosas moçoilas do Santo da Serra, ficou também “O Relógio”, verdadeiro Museu do Vime.


IX
Continuámos a descer serra abaixo. Vínhamos a percorrer o que, sem forçar a nota, poderíamos chamar “a Rota da Poncha”. Em cada curva da estrada que parece não ter rectas uma tasquinha era uma sugestão de poncha. A seguinte sempre melhor do que a anterior, o que é da tradição ou talvez fosse sugestão.

O Freitas conhece em pormenor estes locais, trata por tu os donos. O viajante é recebido com carinho, como se de um velho amigo se tratasse. E sai mais uma poncha preparada na altura.


X
Um restaurante típico construído em madeira e implantado no meio da serra é paragem obrigatória. O ambiente é agradável, ali se cruzam raças, nacionalidades diversas, num cacharolete de idiomas, de costumes, de formas de estar. Estamos no antigo quartel-general da Flama, hoje restaurante, onde a par com a bandeira inglesa ainda se vê hasteada a bandeira daquele movimento separatista já caído em desuso.

Petiscar na serra é maravilhosamente agradável. Pedaços de queijo e de presunto, azeitona saborosa, poncha fresca preparada na altura, mais dois dedos de conversa e aí está um bocado bem passado na agradável companhia de alguns amigos.

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segunda-feira, maio 17, 2010

tempos de pasmar



nestes tempos de pasmar
já não sei qual a morada
de números manipular
que o “chefe” p’ra governar
tem sempre a conta errada



as estatísticas do ine nunca batem certo
com as dos institutos governamentais



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nos castelos sede castelão

castelos de Portugal
do nosso património arquitectónico sobressaiem centenas de castelos, fortificações com funções defensivas e de residência, de beleza ímpar





Castelo de Belmonte





Castelo do Sabugal





Castelo de Vilar Maior

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domingo, maio 16, 2010

sonho recorrente



é meu sonho recorrente
voar para além do pensamento
passar o mar ao sol poente
e num segundo num repente
festejar este momento



voo da cegonha branca



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canja de cornos, por favor

Ao viajante, àquele que percorre caminhos sem fim para conhecer sítios e gentes, para respirar os usos e costumes do Povo, sempre é permitida uma excentricidade. Aceitemos, pois, que uma viagem de algumas centenas de quilómetros seja realizada para degustar uma “canja de cornos”.

Situada no designado Planalto Central Arraiano, a Vila de Soito acolhe no seu seio a única Casa de Comeres que partilha com a sua fiel clientela a celebrizada “Canja de Cornos”. Trata-se do Zé Nabeiro que com serviço e num ambiente familiar serve o afamado repasto.




A origem e autoria da gastronomia arraiana perdem-se na “lenha dos tempos” e nela José Manuel Fogeiro, mais conhecido pelo “Zé Nabeiro” se inspirou. Há mais de 30 anos numa patuscada de amigos à volta de uma cabeça de vitela nasceu a ideia quando lhe perguntaram: “O que é hoje o petisco?”. Resposta pronta: “Canja de Cornos!”.

Segredo existe na confecção deste petisco, como sempre acontece em circunstâncias semelhantes. Mas não errarei muito ao dizer que o principal é a qualidade de excepção da carne de vitela utilizada. Pedaços da faceira, carne que compõe a cabeça do “bicho”, há quem afirme ser a mais saborosa, cozinhada em fogo lento, na lenha que vem das memórias.

Fomos espreitar ao “fogo de chão” onde o caldeiro suspenso fervilhava a bom fervilhar…




Sentados em mesas corridas os convivas degustavam os aromas que sempre chegam em primeiro lugar e depois… os “cornos”. Pedaços de vitela cozidos que mais pareciam manteiga ao corte e divinal repasto ao paladar.




Seguiram-se as carnes grelhadas no brasido de lenha aromática, em terras de Soito seria lenha de carvalho, acompanhadas de um arroz que consigo trazia aromas e sabores da canja tão desejada. Boca feita e estômago mais do que aconchegado, eis que se faz presente a célebre e celebrizada “Canja de Cornos” ideal para o aconchego final e para ajudar à digestão.





Esta iguaria poderá ser degustada às Quartas-feiras e Sábados no

Zé Nabeiro
Rua das Hortas, nº 9
6320-654 Soito [coord aprox = 40º 21’ 24’’ N; 6º 57’ 30’’ W]
Telefone para reservas: 271 605116

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sábado, maio 15, 2010

cavalo alazão



galopa ao ritmo do vento
belo cavalo alazão
vai longe como o pensamento
de boas notícias sedento
deste mundo em turbilhão



catavento na aldeia arraiana histórica de Vilar Maior, Sabugal



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castelo das cinco quinas



Castelo de Cinco Quinas
Só há um em Portugal
Fica à Beira do Côa
Na Vila de Sabugal



Assim costuma rimar o Povo, especialmente os sabugalenses, evocando o facto da torre de menagem do castelo ter o formato incomum de um pentágono. Sabugal, hoje em dia, já foi elevado à categoria de cidade, mas a tradição mantém o dito nesta terra implantada num pequeno planalto da Serra da Malcata.

Conta, igualmente, a tradição de que teria sido na barbacã deste castelo o local onde teve lugar o famoso milagre das rosas tendo como protagonistas a Rainha Santa Isabel e o rei D. Dinis.

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sexta-feira, maio 14, 2010

mar de procela



nestes tempos agitados
como o mar de procela
que sejamos iluminados
na defesa dos humilhados
que a vida não é uma bagatela



mar do Grande Areal



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os ares que respiramos

A “coisa” passou-se de forma tão sub-reptícia que nem eu próprio me apercebi do acontecido na altura, embora se um modo geral costume andar atento a movimentos fora do comum. Os próprios órgãos da comunicação social sempre tão atentos a movimentos suspeitos de gente suspeita nada registaram. Mas não há qualquer dúvida de que o funesto acontecimento teve lugar.

Um número ainda hoje por determinar de perigosos ladrões, com cadastro suficientemente sujo para intimidarem a segurança de qualquer país, evadiu-se de um estabelecimento prisional de alta segurança sem deixar rasto. Na calada da noite ou em plena luz do Sol, quem sabe?, puseram-se a monte acoitados por protecção do exterior.

Transformaram o seu visual recorrendo aos melhores cabeleireiros e institutos de beleza e modificaram a forma de falar, que de gutural e bruta passou a ser suave e melodiosa. Ganharam maneiras e passaram a ser citados nas revistas cor-de-rosa sempre ávidas de gente emergente no “soçaiti”. Aprenderam a linguagem do Povo e com este se misturaram nas praças e nos mercados.

Ganharam a confiança das crianças, das mães e dos pais, do Povo português e ganharam muito mais coisas. Mantiveram-se tranquilamente nos postos e posições onde foram sendo colocados e onde, eles próprios se colocaram. Colocaram muitos amigos em posições importantes e o tempo foi passando, esbatendo as arestas mais vivas dos acontecimentos.

Um dia o Povo, absorto em tantos acontecimentos estranhos que aconteciam à sua volta, privatizações, desemprego, falências, pedofilia, apercebeu-se que haviam desaparecido dois ou três euros que tinha no fundo do bolso. Havia sido roubado. Os órgãos da comunicação social eram ufanos em diariamente anunciarem que a segurança das pessoas aumentava a olhos vistos, que o crime diminuía neste Pais já de si de brandos costumes.

Daí para a frente os euros do Povo desapareciam mal ele se distraía. Até mesmo quando julgava estar atento. Os ladrões andavam à solta de novo, bem vestidos e bem-falantes, mas ladrões. Roubaram o emprego ao Povo. Roubaram a saúde ao Povo. Roubaram a escola ao Povo. Segurança quanto menos melhor para que os ladrões actuassem sem entraves. É fartar a vilanagem.

Senhores bem vestidos, de fatos de alpaca, a maioria em tons de cinzento, aplaudiam. Aplaudiam freneticamente. Felicitavam-se uns aos outros por terem salvado o País. Os lucros chorudos das suas empresas eram prova disso. Bancos, seguradoras, mas também as empresas das águas privadas que um dia já haviam sido públicas...

O próximo negócio que já foi aprovado pelos senhores do poder, para o qual se prepara a regulamentação provoca algumas disputas entre os grandes grupos financeiros. Mas eles ir-se-ão entender para bem da Nação. Os ares que respiramos vão entrar na concorrência liberal... Vamos pagar o ar que respiramos, na certeza de que terá muito melhor qualidade.


[O Povo tomou consciência da sua própria força. Voltou a aprisionar os perigosos ladrões que se haviam evadido da prisão de alta segurança]

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quinta-feira, maio 13, 2010

festejar as searas



para cumprir a tradição
um ramo de espigas vos trago
papoilas vermelhas são
dádiva do coração
flores silvestres um afago



ramo de "espigas" da Oficina das Ideias



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dia da espiga

Quarenta dias depois da Páscoa comemora-se, no calendário cristão, a Ascensão de Cristo, quinta-feira da Ascensão, no dizer popular Quinta-feira da Espiga. Na tradição, é tempo de ir aos campos colher um ramo, em que a espiga de trigo é o elemento principal e que maior simbolismo contém.

Os ramos constituídos pelas espigas de trigo e por diversas flores silvestres e, em certas regiões, por um raminho de oliveira, simbolizam a fecundidade da terra e por ampliação do simbolismo, a abundância, a beleza, a paz, entre as pessoas e nos lares. O raminho do ano perdura dentro de casa até ser substituído pela “espiga” do ano seguinte.

Há quem atribua a sua origem a rituais do cristianismo antigo, relacionados com a benção dos primeiros frutos do ano, mas como acontece em tantas situações semelhantes o mais provável é tratar-se da apropriação cristã de antigas tradições pagãs associadas às festas em honra da deusa Flora que ocorriam nesta época do ano.

Representou, desde os tempos mais remotos, um momento mágico da vivência das gentes, pelo que tem de desabrochar da vida, da revitalização vegetativa. Do desejo da concretização de boas colheitas dos frutos resultado do eclodir primaveril.

Em tempos passados, as populações dependiam totalmente das condições atmosféricas, para as quais poucas defesas possuíam, pelo que era com ansiedade que aguardavam os resultados das novas colheitas. Quando eram boas havia lugar a uma autêntica explosão de sentires, era a festa.

Este é tempo de transição que teve o seu início no Equinócio da Primavera, e como todos os tempos de transição é tempo sagrado, pelo que é cheio de cerimoniais, de rituais, de festividades com as quais pretendiam os nossos antepassados remotos expulsar “definitivamente” o Inverno.

Durante séculos em todo o mundo mediterrâneo realizaram-se grandiosos festivais florais em que os jovens em idade casadoira se espalhavam pelos campos e, em alegre convívio cantavam e dançavam, e se enfeitavam com verduras e flores, num ritual ancestral de que o Dia da Espiga constitui, por certo, o seu herdeiro dilecto.

Poder-se-á dizer, então, que fazendo parte deste ciclo festivo da Primavera, a Quinta Feira da Ascensão, ou Quinta-feira da Espiga, corresponde à cristianização de uma sequência de festividades pagãs ligadas à celebração e consagração da natureza.

Em muitas regiões do País, especialmente no Sul, é festejado com tradição o “Dia da Espiga” com especial destaque para a Freguesia de Salir, no Concelho de Loulé, onde a festividade ganha foros de feriado local.

A Quinta-feira da Ascensão representa igualmente tempo de outros rituais e tradições, eventualmente, com raízes pagãs comuns. É assim que muitas regiões consideram este dia o Dia da Hora, pois é tradição dizer-se que entre o meio-dia e a uma hora depois do meio-dia, no tempo solar real, “as águas não correm nos ribeiros, o leite não coalha, o pão não leveda e até as folhas das árvores se cruzam”.

Na aldeia da Esperança, no concelho de Arronches, é este dia considerado o “Dia do Leite. Os produtores de queijo ordenham o seu gado e oferecem o leite a quem o quiser.

Ainda hoje na vila da Ericeira, no concelho de Mafra, todo o comércio esteve encerrado e o Povo foi manhã cedo para a foz do rio Lizandro com seus farnéis e bom vinho para o tradicional piquenique anual. Entre o meio-dia e a uma hora depois do sol estar na vertical foi tempo de ir colher as espigas de trigo, os raminhos de oliveira, as papoilas e muitas flores campestres de cores variadas.

Simbologia do ramo da “espiga”
Espiga de trigo – pão
Malmequer – oiro e prata
Papoila – Amor e vida
Oliveira – Azeite e Paz
Videira – Vinho e alegria
Alecrim – Saúde e força

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quarta-feira, maio 12, 2010

jarro rosa velho



da mágica paleta
das cores da natureza
no poema de uma opereta
este jarro silhueta
de cores de tamanha beleza



jarro miniatura rosa velho dos jardins do Pinheirinho



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na glória da controvérsia

elmano sadino
Apontamentos dos quereres e sentires do poeta de Setúbal, Manuel Maria de Barbosa du Bocage, na procura de uma verdade impossível de encontrar, o rumo da sua vida. Transcrição de sonetos e de poesias eróticas, burlescas e satíricas




É nesta época complicada da vida de Bocage que este entra em disputas com o poeta José Agostinho, a quem tarda dar opinião sobre traduções efectuadas, usando da sua posição na Casa Literária. Por outro lado, colocava Ovídio, o poeta dos amantes, acima do grande Virgílio, deixando José Agostinho apopléctico.

Aqui começam novas disputas e controvérsias, alcunhando-o José Agostinho de “palhaço” “vadio” “magro” e “feio”. Bocage não lhe poupou represálias, retirando-o da lista dos “génios” poéticos.

Bocage nunca perdoou a José Agostinho que este lhe tenha chamado “doente imaginário”, quando realmente a melhor poesia de Bocage não era mais do que imaginação exacerbada, amor da morte, doença. Isso Bocage não admitia.

Conta-se que estando um dia o Morgado de Assentis sentado a uma mesa do Botequim das Parras, bebendo e fumando tranquilamente entra Bocage e diz “_ Escreva! Pena de Talião!”.
É a vingança do poeta. Daquele que ganha o pão de cada dia com o suor do rosto, escrita suada de facto, contra um padre, José Agostinho que flana no Rossio à porta do Daniel chapeleiro.

E a disputa entre os dois não se ficou por aqui. Bocage em tempos de glória sobrepunha-se a todos esses ataques, muitos dos quais já na fronteira da má-língua.

Com o que Bocage nunca soube lidar correctamente foi com as mulheres, com os amores e desamores, com os amores perdidos e os ciúmes queimados. A lista de mulheres que aparecem nos sonetos de Bocage é infindável. Contudo, são sempre mulheres fingidas, sombras e cujos nomes têm por finalidade primeira garantir a métrica e a rima.

Perto da realidade somente aquela infeliz paixão com a sua menina de Setúbal, a doce Gertrudes, mas tal como toda a vida de Bocage, assuntos desgraçados.


Soneto 48

Enquanto muda jaz, e jaz vencida
Do sono, que a restaura, a Natureza,
Aumento os meus males e graveza
Eu, desgraçado, que aborreço a vida.

Velando está minha alma escurecida,
Envolta dos horrores da tristeza,
Qual tocha que entre túmulos acesa
Espalha feia luz amortecida;

Velando está minha alma, estão com ela
Velando Amor, velando a Desventura,
Algozes, com que a Sorte me flagela;

Preside ao acto acerbo a Formosura,
Marília desleal, Marília, aquela
Que tão branda me foi, que me é tão dura.




O que já foi publicado na Oficina das Ideias sobre Bocage:
Elmano Sadino
O Homem e o Poeta
Regresso à Vadiagem de Lisboa
Os Alvores da Nova Arcádia
As Sátiras de Elmano Sadino
Bocage no Degredo
Caminho da Libertação
Enfim livre!
Esta Liberdade não desejava Bocage

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terça-feira, maio 11, 2010

senhora dos navegantes



custódia dos navegantes
aquando do mar agreste
bússola dos mareantes
que no mar são os gigantes
sob a cúpula celeste



imagem de N. S. dos Navegantes, Convento dos Capuchos, Almada



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meu brasil, brasileiro

No passado dia 29 de Abril a revista americana “Time” publicou uma lista onde o presidente do Brasil Luiz Lula da Silva foi considerado um dos 25 líderes mais influentes do Mundo. Curiosamente, numa lista que não vinha por ordem alfabética Lula da Silva aparece em primeiro lugar. A assessoria da revista apressou-se a esclarecer que tal tinha acontecido somente por motivos editoriais (sic).

Os órgãos da comunicação social portuguesa sempre tão ufanos em evidenciarem as relações luso-brasileiras, as parcerias petrolíferas que temos com o Brasil, as “tricas” das telenovelas, silenciaram o assunto.

Os diversos canais televisivos portugueses foram hoje completamente absorvidos pela visita papal a Portugal. Um Papa que se encontra no centro de polémicas de forte impacto social, põe exemplo, a liberalização do aborto e o casamento entre homossexuais, foi recebido num país que se considera laico como de um “salvador” se tratasse.

Como seria de esperar, para Portugal e para o Mundo, especialmente para os países africanos que vivem em zonas de pobreza terríveis e inconcebíveis no século XXI, trouxe uma mão cheia de nada.

Ao mesmo tempo em Brasília, um homem que soube na pele o que foi passar fome, Lula da Silva, afirmava: ”Temos condições de criar em África as mesmas condições de financiamento que criamos aqui no Brasil. (…) O século XXI tem que ser o século do renascimento africano”. E das palavras á acção foi o lapso de poucas horas com a criação da Embrapa Estudos Estratégicos e Capacitação, onde serão treinados em agricultura tropical técnicos brasileiros e estrangeiros.

“Não me dêem peixe. Dêem-me uma cana e ensinem-me a pescar”.

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segunda-feira, maio 10, 2010

ao mestre bandarra



no poço do mestre
mestre que foi sapateiro
profeta de sentir campestre
no campo silvestre
previu o futuro certeiro



ao Mestre Bandarra, sapateiro e profeta de Trancoso
e o desejo de boa-viagem à querida amiga Maria Teresa



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flores da madeira




De uma visita feita há cerca de 30 anos à Ilha da Madeira recuperamos estas flores que de lá trouxemos...


I
A Ilha da Madeira, terra que é das flores e também... dos amores, é sem dúvida um dos cantinhos de Portugal mais belo, pitoresco e acolhedor. Suas gentes, caracteristicamente afáveis e carinhosas, são vivas e inteligentes, reconhecendo de imediato quem delas se abeira com amizade.

Para o continental, a viagem à “Pérola do Atlântico” é, desde o início, uma aventura. Após a descolagem em Lisboa e depois de cerca de 1 hora de viagem sobre o Atlântico azul e luminoso, já com Porto Santo à vista, o coração acelera o seu bater. O balançar das asas do avião provocado pela forte turbulência local, a visão da pista que mais parece um minúsculo porta-aviões, são sensações deveras impressionantes. Vale a perícia incomparável dos pilotos portugueses para que poucos minutos passados possa ter lugar um uff! generalizado.


II
O Aeroporto do Funchal, situado no concelho de Santa Cruz, é de pequenas dimensões mas o visitante é, de imediato, agradavelmente surpreendido por uma autêntica sinfonia de odores e de cores. São as flores da Madeira. É o primeiro jardim dos muitos que o visitante irá encontrar pelos caminhos da Madeira e acompanhá-lo-á com uma imagem inesquecível.

Nos primeiros contactos com a realidade da Ilha da Madeira o deslumbramento surge com a verdadeira rapsódia colorida de vermelho e verde do infindável número de cactos floridos que ladeiam as estradas e caminhos.


III
A melhor forma de se conhecer os recantos mais belos da Ilha da Madeira é sem dúvida viajar no “Maravilhas”. O “Maravilhas”, “marabelhas” no dizer dos madeirenses, é uma carrinha VW com mais de 20 anos de existência que pelas mãos do seu proprietário, o bom amigo Freitas, percorre todas as estradas da Madeira.

Aliás, pela estrada fora, o “Maravilhas” é por demais conhecido a avaliar pelas muitas saudações que lhe são dirigidas e pela forma carinhosa como o Freitas as retribui.


IV
O roteiro gastronómico não poderia ser ignorado nesta deliciosa viagem. E falando em gastronomia logo nos ocorre as tradicionais espetadas que só em “seu sítio” têm o verdadeiro paladar. Subimos à Portela, a mais de 600 metros acima do nível do mar, para aí na “Casa da Portela” nos deliciarmos com uma espetada preparada mesmo ali à vista de todos nós. Claro, antecedendo como aperitivo tomámos uma poncha, bebida aperitivo/digestivo característica da Madeira e que muito irá ser falada nestes apontamentos.

Percorrendo as estradas de montanha, sempre acima dos 800 metros de altitude, e caminhando pelo Santo da Serra, Poiso (1410m), Ribeiro Frio, Camacha e descendo novamente até Santa Cruz, com passagem pela “Varanda”, seguimos a “Rota da Poncha”. O Freitas, nosso inseparável companheiro, lá nos levou aos locais onde melhor poncha se bebe.


V
A poncha pode ser bebida fria ou morna, é um excelente “calorífero” para compensar o frio que se sente no alto da serra. A melhor de todas é a que é preparada na altura, como se diz “ao momento”, de acordo com uma fórmula e um processo cuja origem se perde na bruma da montanha.

Receita da poncha: Mistura-se uma parte de sumo de limão com outro tanto de mel puro de abelhas. Utiliza-se um utensílio apropriado feito em madeira para conseguir a perfeita ligação dos dois ingredientes. Após o que se junta aguardente de cana em quantidade igual à da mistura antes obtida. Mais um ligeiro toque na mistura e a Poncha está pronta a servir.

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domingo, maio 09, 2010

gravuras rupestres



no ancestral desejo
de comunicar e saber
mãos rudes num solar lampejo
desenharam e agora vejo
ideias de muito querer



gravuras rupestres em foz côa



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sheherazade do meu encantamento

Desde há muitos anos que não adquiro regularmente peças de informação escrita, quer diária, quer periódica, salvo, eventualmente, uma revista de informação genérica e semanal. Razões encontro-as no facto de, na minha opinião, faltar em Portugal informação independente e fazer-se manchete de notícias que depois no desenvolvimento nos deixam desiludidos.

A informação que considero pessoalmente mais enriquecedora é a transmitida pela rádio, pois é concisa, abrangente e, por essa razão, furta-se a desenvolvimentos muitas vezes repetitivos e eivados da visão pessoal e parcial do jornalista.

É excepção a tudo o que fica escrito antes o facto de ter adquirido durante um longo período o Jornal Público de sábado. Curiosamente, na maioria das vezes somente o levantava no local onde o tenhi reservado na quinta-feira seguinte. Não eram pois as notícias que me mobilizavam para esta aquisição.

Na realidade, toda a minha atenção ia para as crónicas semanais publicadas na revista Xis, que aos sábados acompanhava o Público, “esta revista faz parte do jornal Público”, da autoria de Faíza Hayat. Aliás são textos de excepção que guardo cuidadosamente num arquivo que tenho para o efeito.

Tenho feito o retrato imaginado de Faíza através do que ela escreve com uma sensibilidade extraordinária. Quando ela escreve “Amanhã retomarei a rotina. Amanhã serei de novo Faíza Hayat, darei aulas, assistirei a aulas, três vezes por semana irei à piscina, e entretanto tentarei ignorar o inverno, o rumor da chuva lá fora, o vazio no meu coração” quanto de si própria nos transmite...

Quanto deixará à nossa imaginação?

Faíza como ela própria escreve é uma mulher “em transito”. Vive na magnífica cidade de Gaudi, mas tem seus afectos divididos por Parati, no Brasil, por uma pequena praia de Moçambique, e também pelo lisboeta bairro da Graça.

O apelo levantino mantém-se. A Sheherazade portuguesa é uma realidade que sempre me acompanha o pensamento, sempre me encanta… Faíza, Nour, Maria…

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sábado, maio 08, 2010

a mó



tanto rodou na vida
ao ritmo da água e do vento
na certeza desmedida
da utilidade sentida
de ser da família o sustento



mó abandoda no tempo



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com krestin na aldeia de cerdeira

Deixámos momentaneamente as estradas serranas e percorremos alguns quilómetros da estrada de alcatrão que liga a Lousã a Castanheira de Pêra, na direcção da Lousã onde, após uma curva acentuada, cortámos à direita e saímos de novo para os trilhos serranos de macadame em direcção à aldeia serrana de xisto, designada Cerdeira.

Passado algum tempo e percorridos poucos quilómetros a estrada termina abruptamente num pequeno largo onde se situa a igreja da Aldeia. A estrada não segue até à povoação por decisão expressa dos habitantes que preferem a tranquilidade à invasão do espaço habitacional por veículos automóveis.

Percorremos cerca de quinhentos metros que separam o adro da igreja da Aldeia entre castanheiros e carvalhos, os primeiros carregados de ouriços de castanhas a caminho da maturação. Quanto às bolotas dos carvalhos encontram-se espalhadas um pouso por todo o caminho.

À entrada da Aldeia uma fonte de água cristalina vinda das entranhas da serra corre permanentemente durante todo o ano, criando um pequeno ribeiro onde encontramos um dos habitantes da aldeia a lavar a loiça para o que utiliza detergente ecológico.

Procurámos a casa de Krestin. A escultora Krestin Thomas é alemã e vive na Aldeia de Cerdeira há cerca de 20 anos, com o marido e dois filhos. Aliás, os quatro e mais o jovem agricultor biológico constituem a única população permanente de Cerdeira.

No dia em que estivemos na Aldeia de Cerdeira encontravam-se lá somente seis pessoas, os cinco habitantes permanente e uma amiga.

A escultora Krestin cria, além de maravilhosas casas de xisto em miniatura, construídas da forma tradicional como o fazem com as casas reais, magníficas esculturas de madeira, tendo como base as madeiras da Serra da Lousã, especialmente, o castanho e a tília para as incrustações.


"Presépio", escultura de Krestin Thomas


A Aldeia da Cerdeira foi buscar o seu nome à existência na região, em tempos passados, de imensos pomares de cerejeira brava.

Cerdeira = Cerejeira Brava.

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sexta-feira, maio 07, 2010

tempos de louvação



em tempos de louvação
nesta ermida tão singela
eleva-se o coração
neste espaço de oração
numa paisagem tão bela



visita papal
nestes tempos sem sentido
para mostrar devoção
é necessária tamanha ostentação?



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