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terça-feira, maio 25, 2010

quem ainda se lembra?

Passaram somente pouco mais de 10 anos depois deste acontecimento. Quem ainda dele se recordará?


“Estamos na primeira semana do Ano 2000 e os sinais de que a conversão de dados e aplicações relacionados com esta data que durante longos meses tanto nos preocupou são positivos. As elevadas verbas aplicadas em analisar, solucionar e repor largos milhões de linhas de código foi dinheiro bem gasto.

Contudo, não pensámos jamais que um dos nossos fornecedores estratégicos não tivesse resolvido tão bem o problema e assim o fornecimento de matéria-prima fundamental previsto para sair da fábrica na segunda-feira não se verificou. Amanhã três das nossas fábricas irão parar devido à falta da matéria-prima. O fornecimento para um dos nossos maiores clientes ir-se-á atrasar com implicações sérias num contrato que este tem com um departamento governamental.

Cenários dentro destas características vão apresentar-se a muitas empresas nos próximos três anos. As empresas por muito diligentes que tenham sido e por muitos milhares de contos que tenham despendido na resolução do Efeito 2000 serão sempre confrontadas com as soluções que terceiras partes, de quem dependam ou que delas estejam dependentes, tenham tomado.

Considerando a complicada teia de dependências existentes entre as empresas no Mundo actual não é difícil avaliar a profundidade do problema.

Em primeiro lugar existem os clientes, entidades fundamentais do nosso negócio. Mas existem, também, os fornecedores, os vendedores, as entidades financeiras, os correctores de seguros, as autarquias e o Estado não deverão ser olvidados; os serviços: água, electricidade, gás, telecomunicações. Existem, igualmente, as empresas concorrentes…

Estas são as entidades que constituem dependências óbvias. Restam aquelas que pelas suas características ou pelas características da sua acção não apresentam tamanha evidência nas implicações e interactividade. Os serviços de aquecimento, de ar condicionado, os sistemas de segurança e os diversos componentes da infra-estrutura.

Esquecer que alguma destas entidades podem não ter resolvido o problema do Efeito 2000 é correr sérios riscos de pôr em causa todo o esforço humano e financeiro que desenvolvemos na nossa empresa.

O problema é que todas estas situações não se reflectem, nem directa nem indirectamente, nem são visíveis nos milhões de linhas de código que nos preparamos para identificar e analisar, primeiro, e corrigir, depois, no âmbito do Projecto Efeito 2000. Contudo, basta uma destas dependências estar em causa para pôr em risco a estabilidade da nossa empresa.

Hoje em dia, muitas empresas e departamentos governamentais desenvolveram a designada independência integrada entre sistemas de informação e os processos de controlo computadorizado, de forma a se um falhar, de imediato, se desenvolva um efeito cascata para outras alternativas de solução.

Através do estabelecimento de um modelo de dependências organizacionais e de negócios verificar-se-á, entre outros aspectos, a extrema importância da componente fornecedores e poder-se-á medir as consequências prejudiciais que resultarão de se não ter esta parte na devida consideração. A gestão poderá considerar a acumulação de stocks, a adição de novos fornecedores, a consolidação do fabrico ou, até ir mais longe, redesenhando a fase de montagem, eliminando a área crítica em questão. Ainda que estas acções devam ter lugar fora do “scope” do Projecto Efeito 2000 elas não podem dele ser dissociadas, visto serem essenciais para a continuidade das operações da empresa.

O Modelo de Dependências pode ajudar a identificar os riscos associados com falhas de outras empresas devido à não resolução do Efeito 2000 por parte dessas empresas.

A maioria das metodologias relacionadas com a solução do Efeito 2000 não é adequadamente dirigida às questões empresariais associadas com o problema. Este aspecto deverá ser tomado em consideração na avaliação das propostas de solução, pois sendo fundamental que esta seja analisada no âmbito do sistema de informação (IS), deve ter também em consideração a globalidade do negócio. É insuficiente que a metodologia eleita abranja exclusivamente o contexto da auditoria dos sistemas, do inventário dos desenvolvimentos, da pesquisa e análise do código, da expansão dos campos de data, da mudança dos processos lógicos, dos testes, do redimensionamento e da sincronização.

É necessário que os grupos de sistemas de informação dedicados à resolução do Efeito 2000 ajudem a gestão a entender as dependências que integram a sua organização com outras que orbitam na respectiva área de intervenção e cujas dependências não resolvidas irão pôr em causa a resolução total do Efeito 2000.

A construção de um modelo de dependências deve ser realizada quer no sentido de cima para baixo (topdown) quer no inverso (bottomup) de forma simultânea. A identificação de todos os aspectos do negócio que são relevantes, relacionados com os produtos, clientes e fornecedores, possibilitará a conjugação com os aspectos de “hardware”, sistemas operacionais, compiladores, utilitários e aplicacionais para que o negócio continue operativo.

Ver no que concerne a este aspecto dos trabalhos, o Plano de Dependências e a reengenharia dos processos empresariais (BPR), o produto Tivoli Management Environment (TME) da IBM ou o CA-Unicenter da Computer Associates.

Para resolver completamente o problema consubstanciado no designado Efeito 2000 a gestão necessita de actuar e actuar rapidamente. Hoje em dia, o foco do problema deve deslocar-se dos aspectos puramente técnicos para a necessidade de sobrevivência empresarial. Até que os responsáveis do sistema de informação se convençam e consigam convencer a gestão superior de que o Efeito 2000 é um problema da totalidade da organização e os gestores do negócio assumam a responsabilidade de agir, o devir apresenta-se muito tumultuoso.”

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Comments:
É um assunto referente à mudança do algarismo 1 para o algarismo 2, nos meios informáticos que comandam o mundo...
Abracinho
 
Lembro-me eu e ninguém se preparou para a mudança de dois digitos e que a nível de informática os 00 não associava ao ano 2000, e deu consequências a todos os níveis.

Passaram 10 anos e com o que se está a passar e que todos sabemos e sentimos, por vezes pergunto a mim mesma se, no que ocorreu e levou um certo tempo a resolver, não terá havido oportunismo de meia dúzia em detrimento de milhões, burlando e ficando "com o que não apareceu" nos vários sistemas operacionais?

Enfim...

Gostei deste assunto que se deixou de falar...
 
Querida Maria Teresa

Foi mais o facto de nos sistemas informáticos antigos, em que era necessário poupar espaço, o ano era somente representado pelos últimos dois dígitos.

A partir de 2000 tal passou a ser complicado pois os sistemas informáticos interpretavam como 19..

Depois, outros prblemas mais complicados tb existiram...

Foi obra!!!

Beijinhos.
 
Querida Fatyly

Nem ninguém, nem os sistemas informáticos mais sofisticados...

Os computadores pessoais somente depois de 1998 passaram a vir preparados para o "efeito 2000".

Pertenci na época a um grupo internacional para análise desta situação a partir de 1997... era o "Year2000".

Desloquei-me a diversos países da Europa por usa desta situação...

Boas memórias... e muito trabalho.

Beijinhos.
 
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