Partilhar
terça-feira, junho 30, 2009

fechadura dos tempos


do tempo dos reis e cavaleiros
das ordens, este dos Templários,
sairam das mãos de artifices ferreiros
segurança contra inimigos sendeiros
belas formas, imaginários





Fechadura das portas di castelo, Castelo de Arouce, Lousã - Portugal

Etiquetas: , ,


sua paixão é ser oleiro

Voltámos ao convívio do nosso amigo José Carlos, o último oleiro de Brotas, no concelho de Mora. Ele tem a arte de moldar o barro, sua esposa Vera, pinta sobre as peças artísticas decorações.

Conversador nato e esclarecido nos costumes de sua terra não resistimos em transcrever o que escrevemos em Março de 2008.




Sente-se muito só.

Não na vida, que a tem preenchida e tranquila, com a família bem estruturada, como é por todos reconhecido na aldeia em que vive. Sente-se só na arte que abraçou há mais de vinte e cinco anos, era então uma criança que muitas vezes fugia à escola para ir olhar embevecido as mãos do mestre oleiro durante os seus afazeres.

Perdia-se no tempo a ver o velho oleiro criar obra a partir de um bloco de barro, massa disforme que no rodopiar da roda ia, pouco a pouco, transformando numa peça que mais tarde iria compor os apetrechos utilitários duma cozinha.

Quando a inspiração do mestre era maior os olhos da criança abertos de espanto assistiam ao nascer de uma pequena jarra ou pote de traço mais artístico e que iriam embelezar o móvel aparador da entrada ou a cantareira da cozinha.

Na escola aprendeu a ler e a escrever, mas a atracção pelos trabalhos da olaria fazia com que passasse horas sem fim junto do mestre oleiro. Não tardou, pois, que assumisse a sua qualidade de aprendiz que durante longos anos manteve. Primeiro, ia para os campos, para as barreiras, cavar e extrair o barro em bruto, lamas de terras escolhidas, que noutra fase dos trabalhos em pasta moldável eram transformadas.

Depois aprendeu e executou as técnicas de transformar as lamas em barro, quantas vezes com as mãos gretadas pelo frio da dureza das invernias, pois não era trabalho sazonal, antes trabalho para uma vida.

Um companheiro aprendiz que com ele ia adquirindo o saber do mestre oleiro, cedo desistiu da caminhada pelas agruras do trabalho e porque não sentia em si o verdadeiro apelo do barro. Depois, quando o velho mestre oleiro foi chamado à companhia de outros artistas que connosco já não viviam, ele já a oficial promovido, tomou o lugar do mestre.

Olhou, então, à sua volta e sentiu uma estranha solidão. Na sua aldeia era o último dos caminhantes duma jornada que se perdia na lonjura dos tempos. Ainda hoje, continua a elevar o barro na roda do oleiro, na forma tradicional de dar vida às peças que laboriosamente vai criando. Contudo..."




...sente-se muito só.





[Um pouco da história da vida de Mestre Ramalhão, da Olaria de Brotas (Mora, Alto Alentejo)]

Etiquetas: , ,


segunda-feira, junho 29, 2009

és o cacto da fortuna


nasceste em leito de espinhos
cresceste na beleza nocturna
percorreste tortuosos caminhos
traiçoeiros e daninhos
és o cacto da fortuna






Flor do cacto, jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

Etiquetas:


um beijo à beira-mar

O narciso da praia, a que também já ouvi chamar “narciso da areia” ou “lírio da areia” tem uma flor de alvura ímpar, tão sensível e delicada que me caiem lágrimas pelo seu tão curto ciclo de vida à beira-mar.




Suas flores são de brancura imaculada que mais faz lembrar as nossas avós e bisavós de tez muito branca pois viviam fechadas em casa e não punham um pé na rua. Não a minha, trabalhadora do campo, de sol a sol, e como tal de pele bem tisnada pelos raios solares.

A flor do narciso da praia murcha, tombam-lhes as frágeis hastes mas nunca perde a alvura sem mácula para dar lugar aos tons de bronze como acontece com outras flores. Os estames destacam-se em amarelo de pólen desejado que mais realçam a brancura das flores.


É doce morrer no mar,
Nas ondas verdes do mar.
[Dorival Caymmi]


Deixo-me levar no sonho que esta bela flor me conduz a sentimentos tão profundos como somente se sentem com um beijo à beira-mar.


Aqui na orla da praia, mudo e contente do mar,
Sem nada já que me atraia, nem nada que desejar,
Farei um sonho, terei meu dia, fecharei a vida,
E nunca terei agonia, pois dormirei de seguida.
[Fernando Pessoa]


Beijo-te à beira-mar

Etiquetas:


domingo, junho 28, 2009

movimento cristalino


corre lesta sem parar
movimento cristalino
procura a foz para amar
seu rio a vai esperar
é ele o seu destino




Açude no rio Ceira, Colmeal, Góis - Portugal

Etiquetas: ,


espero-te no nicola

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião [que me perdoe o Bocage]




Manuel Maria, espero-te no Nicola
Temos dura tarefa a desempenhar
Tal como desancaste o padre gabarola
Nos farsantes da rima temos que malhar

Já do verso não se cuida da riqueza
Na ânsia de versejar sem aprumo
Rima pobre, conteúdos de fraqueza
Inicia-se mesmo sem saber que rumo

Não me peças que indique a dedo quem
A ti meu mestre na palavra e no arrimo
Sabes melhor do que eu que voltas tem

Teu exemplo que marca nosso destino
Não podemos compadecer esse desdém
De quem tão mal verseja coisas sem tino.

Etiquetas:


sábado, junho 27, 2009

é fogo sem labareda


suave tua pele de seda
numa carícia de ternura
é fogo sem labareda
da paixão é a vereda
devoção que sempre dura




Flor de Cêra, jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

Etiquetas:


navego no teu sorriso

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião




Navego no teu sorriso
Casca de noz, maresia.
Em palavras de improviso,
São pérolas do paraíso
São lágrimas de alegria.

No meu sonho te levei
Por marés da fantasia.
No areal desenhei
A imagem que sonhei
Para cúmplice companhia.

Uma onda veio beijar
O areal tão amado.
A imagem veio buscar
Para longe para lá do mar
Para terra do meu cuidado.

Ficou sempre na memória
De quem arco-íris sonhou.
Que o final da estória
É simples convocatória
Da alma que se ausentou.

Fica aqui escrito, lavrado
A memória de um sorriso.
Ele vive aqui a meu lado
No esquerdo acarinhado
Melodia que harmonizo.

Etiquetas:


sexta-feira, junho 26, 2009

castelo de arouce


misterioso castelo este
que castelejos construíram
em local alto agreste
no fundo do vale veste
águas que da serra sumiram




Castelo de Arouce (Castelo da Lousã), construído numa pequena elevação de um vale profundo!!!, Lousã - Portugal

Etiquetas:


o virar da maré

sentires da praia do sol
O velho marinheiro, cabelos brancos desgrenhados, partiu um dia para mares do longe cumprindo o seu desígnio de nómada dos areais e dos sentires. Contam os mais velhos que em noites de calmaria sua frágil barcaça se aproxima do Grande Areal. Ele procura encontrar a “sua” ninfa, inspiração de toda uma vida. O mar fica, então, mais salgado ainda.




No tempo exacto do virar da maré, se de outra forma o não soubesse, ainda bem cedo havia consultado o minúsculo livro que apresenta as previsões anuais das vazas e das cheias das ondas nas praias, o velho marinheiro que caminhava ao longo da ténue orla de espuma prateada que as ondas mais atrevidas ainda iam deixando no areal, sentiu o virar da maré.

Mesmo que previsto não estivesse, que o pequeno livro não houvera consultado e que estivesse em branco o afixado papel na entrada do apoio de praia onde normalmente consta essa indicação, o homem calejado pelo salitre do mar sabia-o. O mar lhe dera essa indicação.

As águas haviam caminhado para a preia-mar com tranquilidade, com bonomia até, numa aproximação total ao doirado areal e às poucas pessoas que o percorriam nessa hora matinal com o sol a despontar do cimo da arriba. O espraiar das ondas beijara mesmo os pés do lobo do mar nos minutos últimos em que a marca molhada ultrapassava a que anteriormente havia chegado. Mas agora parecia agitar-se.

O velho marinheiro leu e entendeu perfeitamente esse sinal. O mar começou a mostrar a sua revolta por algo que sendo inquestionável e inevitável lhe não agradava um pouco que fosse. A partir desse momento, a partir da altura em que a preia-mar atingira a sua plenitude, a viragem da maré tinha lugar, o mar iria ser afastado pelos desígnios da Natureza das areias que tanto amava e recolher-se às profundezas do oceano.

Iria afastar-se das areias e do velho marinheiro, amigo e cúmplice de tantas andanças e tormentas, pois o mar não confunde a amizade que tem pelo marinheiro com o seu destino de ser, ora mar de “damas” e logo mar “macho”, quantas vezes sepultura do seu próprio amigo. É a permanente presença do bem e do mal, da mão que acarinha e que puxa para o turbilhão das ondas.

Era esta secular partilha de sentires entre o mar e o marinheiro que dava tanto encanto a uma cumplicidade infinita. O mar cumpria o ritmo das marés, revoltado porque lhe retiravam a preia-mar. Ainda há pouco tão tranquilo mostrava a sua revolta no forte troar da rebentação que, por certo, já era ouvido para lá da falésia em terras de charneca e de e dos homens do campo.

O velho pescador sabe bem que um dia chegará o tempo de acompanhar o “seu” mar no caminho da baixa-mar. Seguirá, então, mar adentro no caminho do horizonte, do sonho, para lá da imaginação. Nesse dia o velho marinheiro será mar.

Etiquetas:


quinta-feira, junho 25, 2009

corre tranquilo para a foz


por entre frondoso arvoredo
corre tranquilo para a foz
seu destino é o mondego
recebido com folguedo
de quem muito gosta de nós




Rio Ceira, tranquilo, Góis - Portugal

Etiquetas:


trabalhos oficinais

Numa oficina, incluindo a Oficina das Ideias, há sempre trabalhos e arrumações a fazer para uma certa ordem nos materiais e qualidade nos artefactos. Hoje, vamos dedicar algum tempo aos novos PAÍSES VISITANTES e aos INDICADORES DE LEITURA(links) que merecidamente vamos acrescentar à nossa listagem de amizade e de partilha.



Países que visitam a Oficina


São de 160 as origens já registadas dos milhares de visitantes que em quase seis anos nos deram a honra de entrar as portas, aliás sempre francas, da Oficina das Ideias. Para sermos mais precisos, se retirarmos as visitas cuja origem estão identificadas como “Europa”, “Ásia Região Pacífico”, “Satelite Provider” e “Anonimo Proxy”, são exactamente 156 os países que nos visitaram. Numa totalidade de 199 países torna-se cada vez mais raro a visita de um novo país.

Aconteceu esse facto recentemente com mais dois países e daí aqui estarmos a festejar e a partilhar convosco este acontecimento. Fomos visitados por habitantes de

GIBRALTAR
É um território britânico ultramarino localizado no extremo sul da Península Ibérica. Corresponde a uma pequena península, com uma estreita fronteira terrestre a norte, é limitado, dos outros lados, pelo Mar Mediterrâneo, Estreito de Gibraltar e Baía de Gibraltar, já no Atlântico. A Espanha mantém a reivindicação sobre o Rochedo, o que é totalmente rejeitado pela população gibraltina. [fonte: Wikipedia]



ILHAS CAIMÃO
As Ilhas Caimão (em inglês: Cayman Islands) são um território britânico no Caribe, a sul de Cuba. Relativamente isoladas e afastadas umas das outras, as ilhas têm em Cuba e na Jamaica, 300 km a sudeste, os vizinhos mais próximos. Compreendem a Grande Caimão, Caimão Brac e Pequena Caimão. A capital é George Town [fonte: Wikipedia].





Novos Indicadores de Leitura

De acordo com os critérios editoriais da Oficina das Ideias criamos, frequentemente, novos apontadores de leitura. Três razões fundamentais nos levam a essa decisão:

1 – Pela qualidade extraordinária que encontramos em determinado blogue, de acordo com a nossa avaliação pessoal;
2 – Como reconhecimento aos comentários que são deixados nos posts da Oficina das Ideias;
3 – Em resultado da permuta de indicadores de leitura.

Esta permuta desinteressada de indicadores de leitura é uma das características mais positivas da blogosfera e de quem a utiliza com espírito construtivo e solidário que coloca acima dos seus pessoais interesses a satisfação dos leitores.

Damos conta, de seguida, de alguns dos mais recentes, solicitando a todos os companheiros da blogosfera que estando abrangidos pelos critérios referidos não tenham o respectivo indicador de leitura na Oficina das Ideias que nos façam chegar essa informação.

Novos indicadores:
Gaivota, do MarETerra (Portugal) – “…mesmo de frente pró mar”

AnaReis, do Interessante para todos (Brasil) – “Vamos tentar mudar alguma coisa. Esvazie os armários de coisas inúteis”

Lisette C, do Flor de Lis (Brasil) – “…encontrei aqui o caminho onde pretendo anotar o que me chama a atenção, inspira, diverte, me faz feliz o dia”

Fatyly, do Uma Nova Cubata (Portugal) – “Um mar tranquilo!”

Etiquetas:


quarta-feira, junho 24, 2009

rugas de muito sofrer


o tempo passou sorrateiro
marcou traços profundos, doridos
são golpes de corpo inteiro
marcados no caminheiro
tês crestada, olhos sofridos




Estrutura de xisto, serra da Lousã - Portugal

Etiquetas:


são joão de almada e do recife

São João Baptista, celebrado hoje em muitas localidades e regiões de Portugal e do Brasil, é-o também em Almada que considera o dia 24 de Junho como o Dia da Cidade. Até 1854, as festas em honra de São João Baptista em Almada eram muito afamadas, trazendo à vila romarias de gentes vindas de Lisboa, de outros lugares da Estremadura e do Alentejo, numa celebração que contava com atracções únicas e memoráveis, e onde a religião e o paganismo andavam de mãos dadas.

Logo ali, do lado de lá deste mar que nos une, no Nordeste do Brasil, existem muitas festas em homenagem a São João, que também é conhecido como protector dos casados e enfermos, principalmente no que se refere a dores de cabeça e de garganta. Alguns símbolos são conhecidos por remeterem ao nascimento de São João, como a fogueira, o mastro, os fogos, a capelinha, a palha e o manjericão.

Em Almada, estas festividades resultavam num enorme cerimonial religioso e pagão, de um teatro do povo onde pontuavam os melhores e os mais conceituados comediantes e todo um rol de jogos e brincadeiras tradicionais, usuais na margem Sul do Tejo, e em que os comerciantes e feirantes montavam as suas as tendas e aí, além de venderem os produtos das hortas da região, apresentavam diversos motivos de arte popular.

Na cultura recifense, existe uma lenda que diz que os fogos de artifício soltados no dia 24 são "para acordar São João". A tradição acrescenta que ele adormece no seu dia, pois, se ficasse acordado vendo as fogueiras que são acesas em sua homenagem, não resistiria e desceria a terra. As fogueiras dedicadas a esse santo tem forma de uma pirâmide com a base arredondada.

Em Almada, São João assumiu, para os almadenses, a imagem do santo de fogueiras e da brincadeira, mas detinha também uma simbologia enorme, por ser o enviado celestial que escolhe o dia evocativo do seu nascimento, trazendo a esta terra a glória de uma conquista impregnada pela cristandade. O curso da história e as respectivas repercussões, envoltas numa atmosfera milagrosa e enquadrada nos feitos gloriosos de Portugal, onde o Tejo adquire um papel sublime, em conjunto com a crença popular de que São João é uma figura humana que caminha pelo meio das brincadeiras e das tradições cantando e saltando como um jovem, numa estranha combinação de religioso e pagão, fizeram com este santo fosse consagrado como o santo padroeiro de Almada.

No nordeste brasileiro, o levantamento do mastro de São João se dá no anoitecer da véspera do dia 24. O mastro, composto por uma madeira resistente, roliça, uniforme e lisa, carrega uma bandeira que pode ter dois formatos, em triângulo com a imagem dos três santos, São João, Santo António e São Pedro; ou em forma de caixa, com apenas a figura de São João do Carneirinho. A bandeira é colocada no topo do mastro.

São João é o santo que transporta o cordeiro de Deus, o que o torna no Santo Pastor. Este elemento, a par de ser primo de Jesus, e aquele que O precede, devem ter contribuído para que o seu dia correspondesse ao do Solstício de Verão, como o Natal foi colocado no Solstício de Inverno, dois períodos do ano que assinalavam a mudança de estação, dos ciclos das colheitas e da vida.

Em termos bíblicos, a pessoa de São João Baptista predomina num dos capítulos da Bíblia relativo à vida pecaminosa de Herodes. Os seus olhos, fechados às tentações mundanas não pousavam na terra; os sete véus da impudica Salomé não conseguiram conspurcar a luz proveniente desses olhos, tombando a cabeça de São João Baptista sobre a mão pecadora, conduzindo-a esta à eternidade em toda a sua pureza.

Contudo, São João em Almada cedeu a visitar nestes dias de calor intenso as doiradas areias da Caparica deliciando-se com as “salomés” que abandonaram seus véus para se banharem nas doces águas do Atlântico.

São João de Almada, à beira-mar, olhou profundamente a linha do horizonte e agradeceu com doçura a homenagem que lhe foi feita em terras recifenses pela querida amiga Liliana Miranda, do Traduzir-se... e que o escriba da Oficina aqui tomou a liberdade de transcrever parcialmente. [em cursivo as citações a textos da Liliana Miranda]

Etiquetas: , ,


terça-feira, junho 23, 2009

auto-retrato


quando definha a imagem do artista
este julga um adónis ainda ver
na ilusão de um reflexo repentista
que mais não é do que o sentir egoísta
daquele que um dia soube viver




auto-retrato, algures na serra da Lousã - Portugal

Etiquetas: ,


demência

Cabelos esbranquiçados em desalinho
De noites mal dormidas
De vida mal vivida

Cruel foi a vivência que de tal forma lhe afectou o pensamento.

E o sentir?

Gestos largos poéticos... patéticos
Mitológicos até
Gestos bruscos com um não sei quê de simiescos

Atencioso e deferente para os outros entes
Que lhe são superiores?

Ameaçador,
Tenebroso,
Horrível...

Desalento,
Submissão,
Indiferença,
Brusquidão,
Ameaçadora brusquidão.

Etiquetas:


segunda-feira, junho 22, 2009

belezas interior e exterior


quando nos falta inspiração, falta a cor
são tropeções de fotógrafo na viagem
destruída que é a beleza interior
sobram as belas linhas do exterior
definha o artista da imagem




Quadro de Poesia, in Espírito da Poesia 2009, Companhia de Actores, Parque dos Poetas, Oeiras - Portugal

Etiquetas:


por mares da incerteza

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião





Lutou o marinheiro meses a fio
O adamastor zeloso de seu domínio
Navegou mares difíceis em rodopio
Na procura do sonho, seu desígnio

Venceu tormentas levantadas cada dia
Derrubou brumas do esquecimento
Na procura de bela concha que queria
Ofertar à ninfa, inspiração e alento

Vencido mil vezes, outras tantas sofredor
Da violenta reacção da Natureza
Tardou em encontrar a pérola de seu temor

Arrastou-se no mar agreste com pureza
Abandonado no amplo areal ao sol-pôr
A ninfa já partira para mares de incerteza.

Etiquetas:


domingo, junho 21, 2009

hoje é dia de mudança


Tuas pétalas vermelhas
Lançadas no caldeirão
São da fortuna centelhas
Dessas danças tão velhas
Dos olhares de paixão




Rosa vermelha, Jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

Etiquetas:


verão tempo de olhares profundos

Quando os contadores de tempo marcarem em Portugal...

6 horas e 46 minutos

Ergam-se e avancem os druidas de todo o Universo. Congreguem as forças do bem porque as gentes estão ansiosas de um mundo melhor. Ergam o ambiente esotérico de Stonehenge e entoem cânticos de festa de alegria de optimismo de felicidade. Enviem os corvídeos com as boas novas para todos os recantos onde exista um ser humano. Nos amplos campos da Bretanha apelem ao querer e ao saber. Um mundo novo é eminentemente necessário. Chegou a hora de avançar!

[apelo formulado no “santuário druida” de Stonehenge, primeiro Solstício de Verão do Terceiro Milénio]


Agora que um novo Verão começa, tempo quente, prenhe de energia cósmica o apelo é ainda mais necessário.

A civilização caminha para o caos levada pela determinação das forças da globalização financeira, da globalização da guerra, das forças mais retrógradas do capitalismo terrorista, numa ânsia tremenda de devorar quem defende o social, quem pugna por um mundo sem opressores nem oprimidos, por um mundo sem fome onde as impressionantes fortunas humilham milhões de seres humanos que vivem abaixo do limiar da subsistência.

Hoje é o dia da partilha no seu mais elevado expoente.

A partilha que é o mais elevado sentir do ser humano, caracterizada pelo dar e receber dos afectos e do saber, tem hoje no hemisfério Norte o reconhecimento astral, quando o sol parece deter sua marcha de um hemisfério ao outro. É o dia em que o Sol maior energia transmite aos seres humanos com mais horas visível no nosso hemisfério.

Vamos entrar numa época de grande vitalidade, passado que foi o tempo da germinação, altura de cuidar dos frutos aromáticos e dulcíssimos que vão trazer importantes fontes de vitaminas, especialmente necessárias às crianças e aos nossos companheiros mais idosos nesta viagem.

É tempo de afastar os obstáculos, ser positivo, cuidar do futuro. É tempo de dar refúgio aos refugiados e de dar abrigo aos sem-abrigo. Mais do que refúgio e abrigo materiais é tempo de partilhar afectos e quereres.

É assim a forma de viver o Solstício de Verão!

Está em causa o equilíbrio universal. Em consequência não estamos sós. Um Mundo de afectos é o caminho da Esperança.

O fogo esteve, desde tempos imemoriais, ligado às celebrações do Solstício de Verão pois as gentes acreditavam que o Sol não voltaria ao seu esplendor total depois desta data, a partir da qual os dias eram cada vez mais curtos. Por esta razão eram acesas grandes fogueiras e praticavam-se ritos de fogo, muitos deles de cariz extremamente erótico, para o ajudar a renovar energias.

Em tempos posteriores acendiam-se fogueiras no topo das montanhas, no percurso dos ribeiros, em metade da largura das estradas e caminhos, defronte das casas. Organizavam-se procissões com tochas e usavam-se “rodas de fogo”, descendo colinas e através dos campos. Ainda hoje se mantém essa tradição na noite de São João Baptista, de 23 para 24 de Junho de cada ano.

Um velho ritual pagão que festejava o Sol no mês de Junho foi apropriado pelo culto romano da deusa Vesta, patrona do Fogo e, posteriormente, pelo Cristianismo, que o atribuiu poderes a João Baptista, no Solstício de Verão, a 24 de Junho. Junho, deriva do latim Junius-Junior, que significa o mais novo, ou o que renova. Para o Cristianismo, João Baptista é o testemunho da Luz, do verbo incarnado, o que introduz o rito do baptismo, ou seja, da renovação. Vinte e três Papas adoptaram o seu nome e duas ordens renderam-lhe homenagem.

Nesta época do físico e do carnal, festeja-se o erotismo nos gestos e nos olhares, com sonoridades quentes de música ora dolente ora prenhe de vivacidade ao mesmo tempo que se queimam no caldeirão da fortuna flores vermelhas como as rosas “Príncipe Negro” e ervas solares, como a camomila, a lavanda e a verbena. Comem-se frutos frescos, as cerejas, as ameixas de S. João, os alperces de Palmela, e bebe-se vinho doce com sabores de moscatel.

Almada tem em São João Baptista o seu padroeiro do Povo. Do lado certo da vida Almada é terra de solstício.

Etiquetas: , ,


sábado, junho 20, 2009

hibisco carmim


dás esplendor ao meu jardim
dás cor ao meu sentir
tuas tonalidades de carmim
teu toque suave de marfim
são promessas de beleza do devir




Hibisco Carmim, Jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

Etiquetas:


praias douradas do grande areal 2009

A Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza, atribui anualmente o galardão “Praia Dourada” às praias portugueses que mantenham durante cinco anos consecutivos a boa qualidade das águas balneares, segundo os critérios estabelecidos pelo Instituto da Água.

Relativamente ao ano de 2009 foram atribuídas 15 bandeiras douradas às 22 praias que constituem os cerca de 15 quilómetros de extensão do Grande Areal da Praia do Sol, no concelho de Almada.

A Norte
Cova do Vapor
S. João da Caparica



Frente Praias
CDS
Nova
Tarquínio-Paraíso



Acacial
Cabana do Pescador
Mata
Rainha
Rei
Riviera
Saúde



Medos
Bela Vista
Fonte da Telha
Infante
Sereia



Ao concelho de Almada coube o maior número de “bandeiras douradas” (15 praias), seguido pelos concelhos de Albufeira (14 praias), Vila Nova de Gaia (11 praias), Grândola (10 praias) e Loulé (9 praias). Actualmente estão referenciadas em Portugal como zonas balneares costeiras e de transição 436 praias.

Começa amanhã o Verão, às 5 horas e 46 minutos, em terras de Portugal!

Etiquetas: , ,


sexta-feira, junho 19, 2009

efémera beleza


é efémera tua vivência
no tempo que nós contamos
contudo na tua essência
realizas com imponência
tarefas que muito amamos




Borboleta a polenizar a flor de lantana, Jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

Etiquetas: ,


não me deixes tão sozinho

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião





Quero sentir o calor do teu corpo
Junto ao meu.
Quero beijar teus lábios de mel
Eternamente.
Quero afagar teu cabelo
Tal como antigamente.
Fica comigo
Não me deixes tão sozinho…

Etiquetas:


quinta-feira, junho 18, 2009

flor da romanzeira


criada em belos jardins
és uma flor de magia
animas reais festins
e ao som dos bandolins
dás às mulheres euforia




Flor da romanzeira de jardim (dobrada), Parque da Paz, Almada - Portugal

Etiquetas:


as nossas rosas

Quem visita com assiduidade a Oficina das Ideias conhece bem a paixão que nutro pelas flores, sejam de jardim ou silvestres, nascidas na mata entre as carumas dos pinheiros ou cultivadas com afecto e muito conversadas nos jardins, especialmente de Valle do Rosal e do Pinheirinho, aqui para as bandas do Atlântico Oceano, em perto do grande areal e das minas do doirado metal da Adiça.

Não é menor o desvelo com que o meu amigo/irmão/gémeo “Olho de Lince” as “colhe” e as traz para a Oficina onde procuramos partilhá-las com quem nos dá o gosto de nos visitar.

Desde tempos imemoriais da Oficina, quase a completar os seis anos de existência, decidimos ofertá-las “pessoalmente” às nossas amigas, as senhoras merecem-nos um carinho compreensivelmente especial, no dia do seu aniversário, desde que o mesmo conste das memórias deste modesto local de trabalho.

Acontece também que diariamente recebemos correios electrónico a solicitarem-nos a utilização da imagem de uma flor que colocamos livremente neste amplo espaço da informação, o que sempre acedemos com muito prazer e sentindo-nos pelo facto muito honrados.

Das cerca de duas mil flores que temos neste momento disponíveis para utilização muitas também o são sem que de tal tenhamos conhecimento… mas tal facto também não é importante se tal representar prazer grande para quem as utiliza e partilha.

Ainda há poucos dias recebemos uma mensagem da nossa querida amiga Alfonsina, de Caracas, Venezuela que escrevia “…Desde tierras lejanas siempre hay sentimientos que hacen cortas las distancias para abrazar a mi buen Amigo de las flores.”. Sempre as flores como elo de ligação entre as pessoas que se querem bem.

Escrevemos este texto a propósito de uma apresentação de imagens, entre tantas que diariamente nos chegam intitulada Revolução da Alma, “as rosas de Aristóteles”, onde temos a honra de estar representados com as imagens 6, 7, 9, 10 e 12, obtidas pelo “Olho de Lince”… e é bem bonita esta apresentação.

Etiquetas: ,


quarta-feira, junho 17, 2009

lilás e doirado


nos pequenos pompons floridos
luminosos reflexos doirados
são gestos tão atrevidos
que nos afagam os sentidos
em tão subtis bailados




Pompons em lilás coloridos, Parque dos Poetas, Oeiras - Portugal

Etiquetas:


chove em valle do rosal

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião




Este intenso cheiro da terra
Odores que são memórias
Vêm das profundezas da alma
Segredos que o tempo encerra
Outras gentes, outras estórias
Telúricas forças, logo a calma.


Leva-me o pensamento
Aos tempos idos, criança
Da terra, vem o alimento
Nosso pão era a herança.

De minhas memórias retenho
Tempos de penúria, labuta
Agora que sei ao que venho
A solidariedade é a luta.

Vêm das entranhas da terra
Estas forças desmedidas
Não à morte, não à guerra
Saber o valor das vidas.

Nesta luta sem quartel
Do escultor que a pedra talha
Estão na força do cinzel
Segredos de quem trabalha.

São forças imaginadas
Que a magia a terra dá
As estórias que são contadas
Na sombra do jacarandá.

Hoje chove em Valle Rosal
Telúricas forças que arrastam
São mantos de lilás floral
Que com o doirado contrastam.


Terra
Memórias
Vêm
Segredos
Estórias
Telúricas

Etiquetas:


terça-feira, junho 16, 2009

tamanha singeleza


o rosto da princesa
animou-se com esplendor
é de sua natureza
uma grande singeleza
seu sentir de tanto amor




Brinco de Princesa, dobrado de roas e lilás, jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

Etiquetas:


a caligrafia

Um dos temas que recorrentemente são acedidos na Oficina das Ideias, através de pesquisa realizada no sistema Google, é aquele que diz respeito a “Letra Inglesa e Letra Francesa” e sobre o qual publicámos um post no ano de 2007, mais concretamente em 21 de Agosto.

Nele escrevíamos, entre outras coisas: “Recordo-me de nos meus tempos de escola comercial, frequentei a Escola Comercial Veiga Beirão (autor do primeiro Código Comercial português), no Largo do Carmo (o mesmo tão falado aquando do glorioso 25 de Abril), em Lisboa, de ter tido como disciplinas caligrafia, dactilografia e estenografia. Em caligrafia aprendi a escrever em letra francesa e letra inglesa e até em letra gótica”.

Muito recentemente recebi um correio electrónico de Carlos Mota, emigrante há 28 anos no Canadá, que dizia:
“…somos da mesma idade e conterrâneos, eu nasci em Almada e frequentei a primeira escola industrial e comercial de Almada e depois do ciclo preparatório fui para a escola Emídio Navarro, que ainda existe. Vivo no Canadá a 28 anos e andava a procura de temas sobre caligrafia, em particular, a francesa. Calculo que isso já não exista no nosso ensino secundário, mas que eram das aulas que eu muito gostava. Como deve de compreender os tempos vão passando e por vezes não consigo visualizar a maneira como as letras são feitas, principalmente as maiúsculas, a idade não perdoa. Será possível que me possa ajudar com o abecedário das maiúsculas?”

Uma situação, sem dúvida, muito curiosa… Claro que lá seguiu a informação pretendida para o Canadá, informação que aqui partilho com todos vós.






Créditos: Imagens obtidas do manual "Método Caligráfico", de mestre Pinto de Mesquita

Etiquetas:


segunda-feira, junho 15, 2009

corpo perfumado


nasceste em berço doirado
nos tempos de primavera
de pólen vermelho pintado
teu belo corpo perfumado
uma verdadeira quimera




Gladiolo dobrado, jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

Etiquetas:


anti-poema, anti-“poetas”

Em tempo de sedução
Escolhem-se palavras, afim
E cala-se o coração
Não se ouve a emoção
Troca-se o não pelo sim



Escrevem-se palavras, poemas
Mesmo poesias serão?
Ou frases bonitas apenas
Em tempo de sedução.

Escrevem-se palavras rimadas
Por vezes sem rima assim
Para seduzir namoradas
Escolhem-se palavras, afim.

Escrevem-se palavras, dilemas
Sem sinais de devoção
Serão somente blasfemas
E cala-se o coração.

Escrevem-se palavras, algemas
Para quem as lê uma prisão
Não serão mesmo esquemas
Mas não ouve a emoção.

Escrevem-se palavras sonadas
Em melodia sem fim
Em embuste para as amadas
Troca-se o não pelo sim.


Será isto poesia?

Escrevem-se palavras poemas
Escrevem-se palavras rimadas
Escrevem-se palavras dilemas
Escrevem-se palavras algemas
Escrevem-se palavras sonadas

Etiquetas:


domingo, junho 14, 2009

colhi uma flor


fui ao jardim colhi uma flor
para este dia festejar
nada mais belo do que o amor
cálice de fino licôr
o tempo que passa sonhar




Flor de Jacarandá, Parque da Paz, Almada - Portugal

Etiquetas:


um dia da nossa vida

O ano de 2001 não era ainda meado quando, numa semelhante sequência de acontecimentos, meus pais partiram para as terras do longe, com a diferença de um mês, o que em tempo universal pouco significado tem. Ficou um vazio enorme que é ausência, mas o mais doloroso é aquele que resulta da perca de referências.

Nesse ano já não partilharam, na realidade das coisas, o tempo passado sobre aquele dia em que 57 anos antes o Manuel mal podendo esperar pelas sete horas da tarde, hora de encerramento do estabelecimento em que trabalhava, para regressar a casa, recebeu a notícia:

“_Vai já pra casa Manel, tens lá um rapaz!”

O Manuel e a Conceição encontraram-se de forma que sempre parece casual no caminhar de duas vidas. Gostaram um do outro. Viviam-se tempos difíceis dos anos finais da II Grande Guerra mas arriscaram viver juntos, constituírem família. As dificuldades a dividir por dois talvez fossem mais facilmente suportáveis. Foram viver para a cave de um prédio onde a mãe da Conceição era porteira.

Foi da mesma forma aparentemente casual que partiram. Mas tal como no resto da vida, fizeram-no juntos.

Oito anos passados no rodar inexorável dos ponteiros do contador do tempo e na falta da referência viva dos nossos antepassados é nossa obrigação e dos nossos vindouros garantir a perenidade das memórias. Muitos acontecimentos foram talhando o passar do tempo e os sentires e quereres partilhados deverão ser perseverados.

Sessenta e cinco anos de vida vivida não nos transforma em sábios, mas obriga-nos a ser reflectidos e a meditar:

_Quantos anos de idade eu tenho?
_Tenho 35 anos!
São os que tenho até aos 100 anos para aprender e ser solidário, bom, amigo, camarada...

Etiquetas:


sábado, junho 13, 2009

a maior mala do mundo


tudo transporta é gigante
mala de senhora eleita
para o guiness como garante
de um record distante
de direito sem suspeita




A Maior Mala do Mundo, Almada Fórum, Almada - Portugal

Etiquetas:


meu santo antoninho

Santo António que é no imaginário popular um santo piroleiro, atrevido e amante de partir as bilhas com que as cachopas iam buscar água nos chafarizes de Lisboa, foi doutor da Igreja conceituado em todo o Mundo religiosos e que muitos países pretenderam tê-lo como seu.

Santo António nasceu em Lisboa, no ano de 1195, recebeu o nome de Fernando e os apelidos de Bulhões y Taveira de Azevedo. Reside os primeiros tempos da sua vida numa casa situada no largo fronteiro à Catedral de Lisboa, hoje Largo da Sé.

Não se pense, contudo, que a tradição de festejar o Santo António com a realização de Marchas Populares venha de tempos passados, seja tradição de fundamentos populares e genuínos. Tal como acontece com muitas outras manifestações ditas populares também as marchas nasceram duma acção de propaganda do Estado Novo onde pela batuta de António Ferro (responsável pela política cultural do Estado Novo) Leitão de Barros, à época director do Notícias Ilustrado, encenava as acções de “folclorização do Estado Novo”, conforme sábias palavras do investigador Daniel Melo.

Decorria o ano de 1932 e apresentavam-se a concurso na sala do Teatro Capitólio, no Parque Mayer, as marchas de três colectividades em representação dos bairros de Alto do Pina, Campo de Ourique e Bairro Alto.

Mas a história de vida de Fernando de Bulhões é outra bem diferente. Com 24 anos é ordenado sacerdote depois de ter frequentado a escola da Sé de Lisboa a partir dos sete anos, situação rara à época, de ter ingressado na Ordem dos Agostinhos no Mosteiro de S. Vicente de Fora e de durante 10 anos se ter dedicado à oração em Coimbra, já nessa época um importante centro cultural, no Mosteiro de Santa Cruz.

Após ter tido os primeiros contactos com franciscanos e o conhecimento posterior de que cinco franciscanos tinham sido martirizados em Marrocos, como consequência da tentativa de evangelizar infiéis, decidiu seguir-lhe os passos e ser um missionário e torna-se frade franciscano no Eremitério de Santo Antão dos Olivais, de Coimbra.
É recebido na Ordem com o nome de Frei António, enviado para as missões entre os sarracenos de Marrocos, conforme o seu desejo.

Problemas de saúde obrigaram-no a regressar à Europa. O navio de volta a Portugal foi levado pelos ventos para a Itália. Desembarcou na Sicília e dirigiu-se para Assis, onde se encontrou pela primeira vez com São Francisco permanecendo num eremitério na Itália. Durante este tempo, ocupou vários cargos, como o de professor em sua ordem na Itália e na França e também pregando nos lugares onde a heresia era mais forte.

O combate à heresia era feito não apenas através da pregação, mas também por meio de milagres espantosos. Sabia de cor quase todas as Escrituras e tinha um dom especial para explicar e aplicar as mais difíceis passagens. Em Rimini, os hereges impediam o povo de ir aos seus sermões. Então, apelou para o milagre. Foi à costa do Adriático e começou pregar aos peixes, que acorreram em multidão, mostrando a cabeça fora da água. Este milagre invadiu a cidade com entusiasmo e os hereges ficaram envergonhados.

Em 1229, foi morar com os seus irmãos franciscanos, perto de Pádua, no convento de Arcella, em Camposampiero, onde em 1231, acometido de uma doença inesperada, faleceu no dia 13 de junho, aos 36 anos de idade. Foi canonizado pelo Papa Gregório IX em 30 de Maio de 1232. Sendo até hoje o santo mais rapidamente foi canonizado. É um santo de grande popularidade, onde o povo costuma invocá-lo para encontrar objectos perdidos e auxiliar moças solteiras a encontrar noivos.

Santo António é de Lisboa
Ninguém o pode negar
Traz no peito uma canoa
Manjericos no olhar

Santo António é de Lisboa
Ninguém o pode negar
Viajou numa canoa
Para as noivas bem casar

Santo António é de Lisboa
Ninguém o pode negar
Foi de Alfama à Madragoa
Para o fado ouvir cantar




Crédito aos saberes de Wikipédia, Isabel Lucas (DN) e Daniel Melo (investigador)

Etiquetas: ,


sexta-feira, junho 12, 2009

grafismo


desenhos concêntricos
ou excentricidade?
a vida é assim cheia de incertezas
nos desenhos que o homem traça
no estorpiar de belezas




Termas do Luso, Luso - Portugal

Etiquetas: ,


embriaguez

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião




Já há muito os vapores do álcool
Invadiram minha mente.

O corpo pende sobre a mesa.

Os olhos fixam o infinito
Procuram lá longe onde o pensamento alcança
Aquela réstia cor de esperança
Aquele ser sem igual
Aquela sonhada menina
Corpo de mulher.

Mulher de gestos meigos
De falar onde a ternura comunica o íntimo sentir.

O sol radiosa luz de cor sem par
Desliza docemente por meu rosto
Marcado do sofrer
Do muito querer
Da vaga ilusão do amor.

Na luta contra si próprio
Contra o mundo
Que é preconceito
O amor é vencido
Vencido temporariamente
Porque no tempo, no provir
O muito querer que é por vezes solidão
Fortalece o íntimo do meu ser
Sentimentos, querer de total entrega.

Sonho...
... a doce menina
Que em meus braços sente terno enleio
Bater compassado de corações
Que o mesmo dizem
Que tudo transmitem
Do muito sentir
Será um dia... (quando?)
Quando for!
A meiga companheira.

Etiquetas:


quinta-feira, junho 11, 2009

uma flor para... a alice


neste dia tão bonito
de primavera quase verão
aqui digo, fica escrito
sentimento infinito
felicidade, do coração




A Alice, a Alicinha, trabalhou ombro-a-ombro, é amiga de bem-querer

Etiquetas: ,


um selinho de amizade

A minha querida amiga Mariazita, do blogue A Casa da Mariquinhas, teve o afecto de oferecer à Oficina das Ideias o seu "primeiro selinho" quando festeja a visita 15.000 ao seu interessante espaço na blogosfera,subordinado ao lema:


Amor Universal
e a
Justiça




Ficamos gratos por tamanha gentileza.

Etiquetas: , ,


quarta-feira, junho 10, 2009

aguardar do solitário


a espera é a demência
é o aguardar do solitário
sofrer da existência
torturado pela inclemência
ter fé no escapulário




Banco, Parque da Paz, Almada - Portugal

Etiquetas:


a luz que teu ser emana

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião




Na fantasia dos tempos
Nas belas terras do norte
Despontava a Primavera
Com tão doces momentos
Nascia em fino recorte
Muita luz e uma quimera.

De quimera à realidade
Foi um caminhar constante
Partilha de querer bem
Conselheira, tranquilidade
Uma cor deslumbrante
Aroma que a alma retém.

A luz que teu ser emana
Sobre os teus veros amigos
Tem os afectos da Lua
Essa pérola soberana
Nos sortilégios sentidos
Por quem passa em vida tua.



poesia dedicada em dia Luminoso e em noite de Lua Plena

Etiquetas:


terça-feira, junho 09, 2009

maçã de roma romã


és amor, fecundidade
fruto eleito de Afrodite
no ciclo da novidade
representas eternidade
a paixão como limite




Flor e fruto (início) do romanzeiro negro [Punica granatum, Lineu], Parque da Paz, Almada - Portugal

Etiquetas: ,


maria, valente maria

Naquelas conversas de “passar o tempo”, de conseguir que o tempo mais depressa se esvaia, quando é tempo de pasmo, fala-se sempre um pouco de tudo e de nada. Umas palavras são ouvidas e enriquecem o nosso baú de memórias, outras nem tanto “entram por um ouvido e saem por outro” ou como os mais jovens em tempos usavam dizer “entra a dez e sai a 100”.

Assim aconteceu naquele dia em que o Povo foi chamado a pronunciar-se sobre gente para “nos defender” na Europa comunitária, não sabendo bem ao que ia, pois também ninguém dos mais sabedores, que não sábios, procuraram dar o mais pequeno esclarecimentos, preocupados com coisas de dinheiro e poder próprios.

Já passara a hora do almoço e um punhado de mulheres e de homens, com repasto tomado às pressas, ali se encontravam entregando seus tempos de lazer à causa pública, ao bem comum, sem que muito lhes fosse reconhecido por quem ali vai usar de um direito tão penosamente conseguido e agora quase fazendo um frete: o voto.

À conversa, nesse espaço de que o tempo passe, ali estavam uma mulher jovem, com aquela indefinida idade que tanto pode situar-se logo a seguir aos “teens” como no decurso dos “intas”, a Maria, e um ancião decerto com muita vida vivida, o velho Manuel.

E era de “vida vivida” que conversavam. A Maria com ar gaiato lá sublinhava da sua vida bem vivida. Este “bem vivido” é sempre pasto de cumplicidades e duplas intenções. O acompanhar com um piscar de olho e de um misterioso brilho no olhar, dava esplendor ao rosto da mulher e apimentava a conversa.

E um querer dizer mais, muito mais, do que aquilo que as palavras haviam transmitido.

Durante alguns segundos, que mais pareciam eternidades, entre os dois conversantes pararam as palavras, sobrando olhares trocados, sorrisos furtivos, silêncios falados.

Havia algo mais a ser dito e não era fácil, como um observador atente teria concluído, verbalizar os pensamentos.

Finalmente a Maria venceu as suas próprias resistências e disse:
“Quando digo que já vivi muito, vida intensa quase até ao limite do humano, quero dizer que sou imensamente feliz por ter tido a oportunidade de doar um dos meus próprios rins a meu pai para lhe salvar a vida. E felizmente estamos os dois bem…”

Ah forte Maria. Valente. O velho ancião sentiu-se, igualmente, muito feliz por ter sido escolhido como confidente e cúmplice neste momento em que Maria necessitou de verbalizar o seu sentir.

Etiquetas:


segunda-feira, junho 08, 2009

uma flor para... a lila


de luz cobres nosso mundo
solidária, amiga, fraterna
um ano ou um segundo
é tempo de sentir quão fecundo
é o luminário da lucerna




A minha querida amiga Lila, é a Lilás que tem o magnífico blogue "Perfume de Jacarandá"

Etiquetas: ,


a tua runa é ANSUR

Tens uma estreita relação com a palavra, pelo que és uma excelente comunicadora, rápida no pensamento, donde seres difícil de ultrapassar nos teus raciocínios. A tua palavra é tão certeira que és considerada “uma mensageira dos deuses”.

És jovial, romântica e instável, versátil em encontrares soluções rápidas para a maioria dos problemas. Por isso sofres a dor alheia mais do que a tua própria dor.

A tua leveza de ar puro leva-te a gostares de viajar, o teu pensamento chega a secretas paragens. Gostas de conhecer gentes e culturas. No amor és carinhosa e desconheces o egoísmo.



"Na boca originam-se todos os idiomas
Sustém-se a sapiência
E o bem-estar do conselheiro
Fortuna
E esperança para todos"



És o sonho do poeta
Espelho do sol, pupila
Prata polida, selecta
Uma pérola violeta
Uma flor tranquila.




A “construção” desta runa obedeceu ao ritual rúnico
A concha da vieira completa foi recolhida no Grande Areal
A pedra onde foi pintada a runa foi recolhida no Barbárico Promontório
A runa “Ansur” foi pintada com tinta preta
As esferas de quartzo rosa foram “naturalizadas” pela força do pensamento
Doze horas de exposição ao Sol deram-lhe energia
Doze horas de exposição à Lua Plena deram-lhe magia e afecto

Etiquetas: ,


domingo, junho 07, 2009

lua junina


lua junina brilhante
erque-se em seu esplemdor
emana uma luz amante
fulgor de um instante
fonte de eterno amor




Lua Junina, Lua Plena às 18h 12m

Etiquetas:


museu vinho bairrada

O convite para visitar o Museu Vinho Bairrada havia chegado alguns dias antes, uma gentileza no meu amigo Pedro Dias, director do Museu que a Câmara Municipal da Anadia desde há muito havia sonhado e que em tempos recentes se concretizou. Aliás, o convite havia sido feito para a inauguração da exposição permanente da “Colecção de Saca-Rolhas”, uma das melhores cinquenta de todo o mundo, e constituída em vida pelo comendador Adolfo Roque.

Na impossibilidade de ter estado presente na inauguração da referida exposição foi agora a oportunidade de em boa companhia ir retribuir a gentileza do convite, por isso lá seguimos para terras do leitão assado e do famoso vinho bairradino.

Muito antes de chegarmos ao Museu Vinho Bairrada já os vinhedos em todo o seu esplendor verdejante nos davam as boas vindas e nos recordavam passeios vínicos realizados na região em tempos anteriores, à altura voltados para os espumantes das Caves Aliança, lá por terras de Sangalhos.



Pedro Dias que teve a amabilidade de nos acompanha em toda a visita ao Museu, visita guiada ao mais alto nível, diria eu com alguma vaidade, foi-nos pondo ao corrente das políticas culturais e de integração na região que pretendem efectuar através da acção museológica, especialmente com a realização de diversos eventos de cariz cultural e de exposições de artes plásticas, se possível envolvendo o conceito “o vinho”.

Neste momento decorrem as exposições temporárias de:
Paco Pestana : IVA INCLUIDO: AMÉN (de 23 de Maio a 31 de Outubro de 2009)
Rico Sequeira: ILUMINAÇÔES E SOMBRAS EM HONRA DO VINHO (de 23 de Maio a 31 de Outubro de 2009)

Percorremos depois toda a zona de exposição permanente do Museu onde podemos apreciar variadíssimas peças relacionadas com a vinha e com o vinho, algumas delas autênticas raridades como é o caso de um lagar de pisa de uva todo construído em madeira e que deve datar de cerca do séculos XVII/XVIII.



Um circuito de grande interactividade mostra-nos as diferentes fases do ciclo do vinho distribuídas pelas seguintes áreas:
A Vinha
A Vindima
Vinificação – Caves e Adegas
Vinificação – Espumante
Prova de Vinhos
Roteiro Turístico da Região


No final deste circuito de encantamento encontramos a exposição permanente da Colecção de Saca-Rolhas do Comendador Adolfo Roque, cedida por vontade do próprio em vida e por protocolo estabelecido com os herdeiros ao Museu do Vinho Bairrada.



a maior taça de espumante do mundo "flute"




Museu Vinho Bairrada
Av. Eng. Tavares da Silva
3780 - 203 Anadia
Telefone: 231 519 780
[encerra às segundas-feiras]

Etiquetas: ,


sábado, junho 06, 2009

um rio que nos une


azul celeste na cor
junta gentes e sentires
é um acto de amor
ligar duas margens, pintor
de tantos e tantos devires




Rio Minho, com Tuy em frente, Valença - Portugal

Etiquetas:


um relógio perdido no tempo

Em determinada altura da minha caminhada pelas veredas da vida deixei de usar relógio de pulso, não porque houvesse perdido o interesse pelo tempo que passa, mas porque me questionei acerca de ser demasiada carga física e espiritual transportar comigo todas as horas da minha vivência.

Não distinguia entre as horas boas e as insignificantes, entre as dolorosas, mesmo amargas e desesperantes, e aquelas que de tão agradáveis mais pareciam minutos ou segundos de tão fugazes momentos sentidos. Todas as horas pesavam no meu relógio e, por isso, no meu corpo, curvando-me com tamanha carga.

Nos tempos reservados a dormir, umas vezes as horas que convencionámos serem de bem para a saúde física e mental, outras vezes em número bem mais reduzido devido à labuta da vida e às preocupações do espírito, de um modo geral, o relógio era colocado sobre a mesa-de-cabeceira aliviando-me nessas nocturnas horas.

Por vezes na turbulência do sono avassalador olvidava-me de realizar o acto de retirar o relógio do pulso e, então, mesmo nessas circunstâncias de dormir, quantas vezes levado em caminhadas por sonhos mais reais do que a própria vida, a horas continuavam dentro de mim, sugando-me a energia em recuperação.

Na minha memória, memória profunda de tempos idos há muito, repousava aquela ideia recorrente de que o tempo, a medida e o sentir do mesmo, dependendo muito das circunstância em que é vivido, sendo mais importante funcionarmos como acumuladores de energia, muito activos em tempos de sol aberto, mais tranquilos e pouco consumidores quando este viajou para o outra lado do mar.

Deixei, pois, de usar relógio de pulso, sem perder o respeito que me merecem todos os contadores de tempo. Ele, contudo, ressentiu-se. Não era uma dessas banalizações tecnológicas, quartzo e pilha, pilha e quartzo, antes carecia do balanço do meu corpo para ele próprio ter vida.

E agora aqui estou… com um nó na garganta, com um soluço que me sobe do peito, a partilhar convosco esta minha decisão… acho mesmo que uma decisão egoísta.

Etiquetas:


sexta-feira, junho 05, 2009

são sinais dos tempos


para quem saiba ler sinais
deste universo infinito
junta a fé, a força dos arrais
os campos de silvestres florais
na pomba da paz eu medito




Cúpula da Igreja Matriz, Valença - Portugal

Etiquetas:


71 meses na blogosfera

Como mensalmente fazemos questão de reafirmar, sublinhamos do nosso estatuto editorial da primeira hora: “textos e imagens próprios e originais, a temática da cultura de um Povo e da defesa da região da Praia do Sol e desenvolvimento dos afectos e do muito querer”.

Continuamos a contar com o empenhamento do nosso “irmão fotógrafoOlho de Lince que com as suas imagens anima os nossos textos, muitas das vezes bem modestos.

As visitas atingiram a cifra de 652.846 (segundo o “SiteMeter”) e de 844.023 (de acordo com o “NeoCounter”), com origem em 154 países dos 199 existentes. A média de visitas na última semana deste período foi de 318/dia.

No âmbito da interactividade foram feitos na Oficina das Ideias cerca de 91 comentários com a contribuição de 23 dos nossos leitores e amigos.

Um agradecimento especial a Blogger.com/Blogspot.com onde editamos e alojamos a Oficina das Ideias desde a primeira hora.


Quadro de Honra

Lilás, do Perfume de Jacarandá (Portugal)
Mdsol, do Branco no Branco (Portugal)
MagyMay, do Trivialidades e Croquetes (Portugal)
Mariazita, do A Casa da Mariquinhas (Portugal)
MFC, do Pé de Meia (Portugal)
Rosimar (Brasil)
Gasolina, do Árvore das Palavras (Portugal)
Isamar, do Cata-Vento (Portugal)
Roqquinha, do Novo Capítulo (Portugal)
Angelina (Brasil)
Amigona, do Instantes da Vida (Portugal)
Observador, do Reflexos (Portugal)
Lualil, do Traduzir-se… (Brasil)
Milu, do Miluzinha-Blog (Portugal)
Cristina (Brasil)
Maria João, do My Travel Secrets (Portugal)
Carla, do Palavras em Desalinho (Portugal)
Piloto (Portugal)
Márcio (Portugal)
Alves Fernandes, de PreDatado (Portugal)
Intruso, do Mercado de Rua (Portugal)
Sandra, do A Gata por um fio (Brasil)
Campusdelide (Portugal)


A TODOS o nosso MUITO OBRIGADO

Etiquetas:


quinta-feira, junho 04, 2009

vieira dobradiça


a tradição é tão profunda
dos tempos de santiago
que deixou marca fecunda
da devoção oriunda
vieiras do meu afago




Vieiras, Dobradiças de portão, Valença - Portugal

Etiquetas: , ,


tempos de inspiração

Existem tempos assim... a inspiração para escrever, como para qualquer outra actividade que envolva um acto criativo, anda por vezes arredia. Como afirmou uma querida amiga “falta a luz, a luminosidade...”. Então parece que tudo se torna mais difícil, o esforço é maior, os textos nascem baços e sem vivacidade.

O acto de escrever envolve um conjunto de sentires cuja forma de expressão nem sempre é linear. Aliás, a maioria das vezes não o é. Umas vezes resulta dos saberes acumulados durante uma vida, outras, tão somente o resultado de uma chispa captada em circunstâncias inexplicáveis. Quantas vezes tem origem numa palavra se dita pela “musa” inspiradora.

Admiro, pois, o que acontece com alguns criadores a quem, segundo as suas próprias palavras, o acto criativo acontece muitas vezes à revelia da sua própria vontade. Vou citar as palavras de três autores que me são queridos, ainda que, sem muita precisão nessas citações que faço de memória.

José Saramago, Prémio Nobel da Literatura, refere em diversas ocasiões que a inspiração lhe surge nas mais díspares situações: quando se barbeia defronte de um espelho, quando se desloca de automóvel e é confrontado com a construção de um imenso imóvel, e em tantas outras situações comuns.

Jorge Palma, cantor de culto, afirmou numa entrevista que se inspira ao estilo de uma esponja, está tão ávido que qualquer coisa lhe serve de inspiração: uma frase, um livro, uma expressão, uma discussão, qualquer coisa. Depois deixa essa ideia trabalhar dentro da sua cabeça e é criado o poema, a música.

António Lobo Antunes vai mais longe. A inspiração surge-lhe num estado de dormência, em que está entre o dormir e o acordar e flutua. Como sempre escreve à mão, é mais produtivo no momento em que com o cansaço a mão se torna autónoma.

E por aqui, este escriba da Oficina das Ideias que para juntar letras, formar palavras e integrá-las no contexto tem que transpirar a bom transpirar. A inspiração é assim como que construída pedra a pedra, qual tarefa de pedreiro já para não dizer de trolha.

Etiquetas:


quarta-feira, junho 03, 2009

com "el capitan" rio minho acima


el capitan conduz o barco
rio acima com pundonor
sonha o íris em arco
faz da vivência um marco
pela vida lutador




Barco catamaran no rio Miño - Espanha

Etiquetas:


os olhos

espaço de poetar
Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras, dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas encontrar o encantamento das coisas simples e das vivências de um ancião




Teus olhos são o espelho duma alma cristalina
Que no sentir e muito querer é deveras esplendorosa.
Teu olhar é o mais belo encantamento que ilumina
O sonho de quem se abeirou de ti mulher maravilhosa.

Mergulho em teus olhos, mar de promessas sem fim
Águas profundas, cálidas e muito transparentes
Sigo o sonho de uma pérola e de um jasmim
Que de muito sentir elevaram ao infinito suas mentes

Na doçura de teu olhar me perdi e me encontrei
Olhos de mel que por tão belos, doces e sensuais
Me indicaram o rumo e a bom porto eu cheguei
Tranquilamente em puro desejo que olvidarei jamais.

Teus olhos sussurram o que a boca teima em calar
Não mentem nem escondem teus belos pensamentos
São sinceros embora tentem em doce pestanejar
Dissimular teus mais profundos sentimentos

Olhar em teus olhos enche a vida de felicidade
Seu brilho é mais forte do que a luz da Lua e do Sol
Porque contém inteligência, amor e sensualidade
E a musicalidade do belo cantar do rouxinol

Etiquetas:


terça-feira, junho 02, 2009

candura atrevida


de prata com gotas de oiro
de uma beleza sem par
és tu o meu tesoiro
um querer duradoiro
o sentir de muito amar




Florinhas nas margens do rio Miño - Espanha

Etiquetas:


rio minho encantado

Rio Minho acima a bordo do "Crescente" conduzidos por El Capitan, com sua assistente Maria, é reviver percursos de contrabando e de namoro entre dois países que o rio acaricia.





Sigam connosco entre a Barragem da Frieira e a Aldeia Termal de Arnoia, deliciem o olhar com os vinhedos de Alvarinho e deixem-se invadir pelos aromas da flor da laranjeira...

Etiquetas:


segunda-feira, junho 01, 2009

gato ladino


são ladinos em liberdade
espertos caçadores
vivem no mundo da verdade
são dignos de amizade
são companheiros, senhores




Gato nas margens do rio Miño - Espanha

Etiquetas:


em maio de 2009 a oficina:

Textos
Dia 1 – Em Abril a Oficina publicou [oficina]; Dia Mundial do Trabalhador [1º de maio]
Dia 2 – Amanhã há um novo blogue [relógios de sol]
Dia 3 – Um mau acordar [oficina]
Dia 4 – Junto ventos [poesia]
Dia 5 – 70 meses na blogosfera [oficina]
Dia 6 – De flores desenhada [poesia]; O dia de hoje é um dia bonito [prendas]
Dia 7 – Zé Cagão [cultura popular]
Dia 8 – Muito só e a multidão [poesia]
Dia 9 – No café [poesia]
Dia 10 – O meu amigo Arnaldo [gente e factos]
Dia 11 – Uma lágrima de jasmim [poesia]
Dia 12 – Do mar [contos da praia]
Dia 13 – Minhas mãos [poesia]
Dia 14 – O fumo desfez-se na imaginação [poesia]
Dia 15 – O silêncio do frio [pequenas estórias]
Dia 16 – Portugal e Brasil, tradição comum [cultura popular]
Dia 17 – Sentir-se livre [pequenas estórias]
Dia 18 – Novos indicadores de leitura [oficina]
Dia 19 – Saca-rolhas em exposição [eventos]
Dia 20 – Comentários na ribalta [parcerias]
Dia 21 – Dia da Espiga [tradição]
Dia 22 – Bandeira Azul no Grande Areal 2009 [praia do sol]
Dia 23 – Minha paixão de loucura [poesia]
Dia 24 – No tempo de Dom Afonso [restaurantes]
Dia 25 – Rio Minho, Rio Miño [caderno de viagens]
Dia 26 – Os silêncios que se calam [poesia]
Dia 27 – O elo mais fraco [oficina]; Sobre alterações climatéricas em Almada [eventos]
Dia 28 – Mar tão cúmplice [contos da praia]
Dia 29 – A carta [parcerias]
Dia 30 – O excepcional “Alvarinho” [sobre vinhos]
Dia 31 – De ti o meu vício [poesia]


Imagens
Dia 1 – Mulher companheira
Dia 2 – Nas ondas de prata
Dia 3 – Já vem do tempo dos neveiros
Dia 4 – Flor de esteva
Dia 5 – À moda antiga
Dia 7 – Vinhedos do Oeste
Dia 8 – A cor do sol
Dia 9 – Lua de Maio plena
Dia 10 – Mão de oiro
Dia 11 – Perfeito amor
Dia 12 – Meu mar, Nosso mar
Dia 13 – Texturas rochosas
Dia 14 – Nau dos corvos
Dia 15 – Singela beleza
Dia 16 – Sininhos em lilás
Dia 17 – Luz de muito amar
Dia 18 – Âncora, querer cimeiro
Dia 19 – Banham-se as ninfas
Dia 20 – Diluviana paixão
Dia 21 – Olhares das moçoilas
Dia 22 – O leão que guarda a vinha
Dia 23 – Saber contar, saber ler
Dia 24 – Varal da tradição
Dia 25 – São dons da Natureza
Dia 26 – Poema para quem o sente
Dia 27 – Uma rosa
Dia 28 – Folhas de hera, amor
Dia 30 – Campos de vinha tão belos
Dia 31 – O soar dos tritões


Uma flor para...
Dia 29 - ...a Lualil

Etiquetas:


This page is powered by Blogger. Isn't yours?