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terça-feira, fevereiro 28, 2006

florinhas do zimbral

De dimensões minúsculas, isoladas ou em vastos tapetes florais, muitas vezes passam despercebidas ao visitante menos atento. Ora procurando o sol aberto, ora acolhendo-se à frescura de uma sombra dão colorido único à Mata dos Medos também designada Zimbral.



Exigem a nossa atenção pois retribuem-nos com as cores que alegra a vida. O esforço é mínimo, basta colocarmo-nos ao nível da terra que nos dá vida e cuidarmos em não as magoar.


segunda-feira, fevereiro 27, 2006

poente de fevereiro

Pôr-do-Sol de Fevereiro em finais
A nostalgia do Inverno que passa
A Primavera que chega

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios


“Cair” no Papangu

Manhã cedo, o encontro marcado para o Pólo Multicultural, situado no Marco Zero da cidade do Recife, teve muito de simbólico para a época carnavalesca que atravessamos. Na noite anterior o grande sambista Belo Xis foi o responsável pela abertura da noite do samba, no Carnaval recifense. Depois de abrir, o show de Ivone Lara e Beth Carvalho, Beto Xis e seus convidados - Ramos Silva, Wellington do Pandeiro e Paulo Varejão - proporcionam uma bela apresentação aos amantes do samba.

Pela primeira vez o carnaval recifense dá importância ao samba para gáudio de muitos dos seus amantes, sem contudo, colocar de parte a tradição musical e carnavalesca da região, especialmente, o frevo, maracatu, caboclinho, ciranda, coco, samba, rock, reggae e manguebeat.

A Escritora viu aproximar-se um pequeno carro azul, descapotável, reconhecendo de imediato o Fotógrafo pelo cabelo cinza esvoaçante.
_Bom Dia querida amiga, convido-a para aquela viagem de que tínhamos falado...
_Não me diga que vamos mesmo até Bezerros.
_Nem mais! Não me esqueci do seu desejo de “mergulhar” na tradição da terra onde nasceu uma Escritora faz alguns anos...
_Sabe que vamos ter por lá um bom encontro?
_Palavra?
_Sim... vamos lá ter a participação do João Paulo....

Seguiram viagem, curta viagem no sentir brasileiro, distância significativa para a dimensão portuguesa, de pouco mais de 100 quilómetros até à cidade de Bezerros. Consagrada como "a terra dos papangus", a cidade de Bezerros tem uma cultura que vai além da brincadeira de mascarados no Carnaval. Conhecido como a “Folia do Papangu” é um carnaval temático em que a tradição diz que os foliões devem fazer as suas próprias fantasias sem conhecimento dos outros. Sendo assim, todos devem ficar sob o manto da máscara até o final da grande folia, realizada nos três dias de carnaval. As máscaras decorativas que enchem o Carnaval de Bezerros de cores são confeccionadas em papel machê. As peças são de todos os tamanhos. Algumas chegam a mais de cinco metros de altura.

Foi nesta cidade do Agreste Brasileiro que a Escritora começou os seus estudos no que nós chamávamos Escola Primária. Aqui nasceu e deu os primeiros passos a sua capacidade de transmitir sentires e afectos juntando harmoniosamente as palavras.

_Vamos “cair” na “Folia do Papangu”!, foi adiantando a Escritora num sorriso aberto enquanto o seu cabelo esvoaçava ao vento quente da manhã.
_Vamos mesmo, vamos viver a tradição.
_Quando chegarmos a Bezerros sai logo uma Skol super geladinha!!!!
_Pois.. sai duas logo!! Ahahahaa!


Ainda deu tempo na viagem para uma paradinha na BR-232. O lugar oferece uma rica exposição com obras de mais de 400 artistas pernambucanos. Confeccionados com técnicas e materiais diversos, os trabalhos mostram o que cada região tem de mais representativo no artesanato. O Centro também funciona como ponto de encontro de artesãos, oferecendo oficinas artes educativas, orientação para trabalhos em feiras, exposições e cursos de qualificação.

domingo, fevereiro 26, 2006

defender a vida selvagem

A poluição e o trânsito automóvel
Tem reduzido esta comunidade
Há que defendê-la

número um

Hábito antigo de guardar os “número um” das revistas, quantas vezes o “número zero”, acaba por fazer história do que é publicado, dos êxitos editoriais e, igualmente, dos fracassos. Casos existem em que o projecto editorial não foi além desse mesmo exemplar de arranque. Reler edições antigas dá-nos a percepção da evolução técnica e social dos tempos recentes.


Da mecanografia à informática

No editorial da revista “Informática”, n.º 0 de Setembro/Outubro de 1974, poderemos ler: “Desde há muito que se tem vindo a fazer sentir a necessidade e o anseio profundo de união de todos os profissionais de informática.”.

E no parágrafo seguinte: “Já em 1963-64 (poucos anos após o nascimento do que agora se conhece por informática) verificou-se um movimento englobando a quase totalidade dos mecanógrafos portugueses no sentido da criação de uma Associação que pudesse satisfazer as suas necessidades de toda a ordem e representá-los sempre que necessário.”.

E ainda: “Tal mobilização dos profissionais de informática acabaria por dar frutos, apesar das condições então existentes, conduzindo à criação da Associação Portuguesa de Mecanografia, em 25 de Junho de 1964.”.

Estes três simples parágrafos de um editorial que tinha como objectivo a apresentação de uma nova revista técnica, escrito há pouco mais de 30 anos, mostra-nos à evidência situações que hoje estão esquecidas e que muitos nem sequer conheceram, até porque à data nem ainda não haviam nascido.

Em primeiro lugar, gostaria de salientar que o próprio corrector de texto do MS-Word não reconhece o termo “mecanógrafo” função de grande importância à época e hoje, obviamente, caída em desuso.

Segundo aspecto, o facto de estarmos, então, no limiar de uma tecnologia e sistema de tecnologias, a Informática, a qual nenhuma empresa ou serviço, qualquer que seja a sua dimensão, pode dispensar na actualidade. Pese a grande deficiência de formação hoje ainda existente, especialmente, nos serviços públicos.

Uma terceira situação, aquela que se refere à importância sentida já então do associativismo no âmbito de uma profissão específica. Quando a partir de determinada época prevaleceu o individualismo e a preocupação da progressão pessoal imposta pelo liberalismo económico toda esta noção de associativismo se perdeu.

Em pouco mais de quarenta anos surge a necessidade imperiosa do associativismo informático que é concretizado numa situação política e social muito difícil (1964), aprofundada após as alterações políticas resultantes da Revolução do 25 de Abril (1974). Depois de 1976 com especial incidência no pós 1980 foi a entrada em “perca” total. Actualmente já não tem existência a Associação Portuguesa de Informática.

sábado, fevereiro 25, 2006

e aqui o trigo foi farinha

No murmnurar das águas do rio Arouce
A energia das voltas e reviravoltas
Produz pão

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento

A minha querida amiga ClaudiaP, do Meias Intimidades, publicou no passado dia 8 de Fevereiro um delicioso poema cheio de sensibilidade e erotismo. Apresento-o, de seguida, em “negrito”. Na Oficina não resistimos à tentação de nele inspirados criarmos um poema de versos longos.

Em tuas mãos...

Em tuas mãos, na expressividade de teu sentir
torno-me líquida... como líquido é o néctar de meu prazer

Entre teus dedos suaves numa carícia tão profunda
Deslizo indecente no despudor de um corpo sedento
E escorro por tua pele num lento afago de lava encandescente
Uma libidinosa vertente que percorre o leito do ribeiro
Em carícias íntimas e infinitas, prazeres de loucura sentidos

Banho-te a alma lasciva como o é teu corpo por escultor talhado
Encharco teus olhos libertos para eróticas visões de prazer
Encho-te de carinhos devassos na devassidão de amor vivido
Humedeço-te os sentidos numa vaga vinda de minhas entranhas.

Nos movimentos da volúpia, no vai e vem desenfreado do querer
Inundo teu corpo despido, teu peito, tuas nádegas, teu sexo
Em ondas e abraços, mar agitado enrolado no doirado areal
Em beijos e delícias que te elevam ao âmago do devir

No auge do prazer, sentido partilhado por dois corpos que se unem
Quando gritas o meu nome no tempo de impossível paragem e retorno
Penetro-te os poros como penetras minha concha em total entrega
Glorifico teus gemidos em fantasias de amantes que se possuem
E transformo a presença nua despida de preconceitos e do pudor
Em uma mulher só tua entrega total ao mais profundo do teu amor

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

a doçura da lousã

O colmeal enquadrado pelas acácias é promessa
De virtudes para o corpo e para a alma
Doçura

o alerta dos melros do pinhal

O melros andam num desassossego inusitado, muito diferente da sua habitual animação de fim de tarde quando iniciam o seu ciclo de comunicações de recolher lançando estridentes piares cujo som atinge dezenas de quilómetros. As ordens são de recolher, mas antes do horário habitual e com sinais de grande emergência.

Olhando para Nascente poder-se-á encontrar a explicação, mesmo que parcial seja, pois o firmamento apresenta-se de negro profundo, indicativo de chuva forte, quiçá de trovoada que transformará o final de tarde em momentos de tormenta.

A intensidade e a frequência dos estridentes guinchos, quem diria que dos mesmos bicos nascem em tempos de bonança maviosas sonoridades, aumentam a cada momento. Os voos são cada vez mais rápidos, numa retirada extemporânea e apressada.

Curiosamente do lado Poente, lá em baixo espraia-se o mar azul que vindo da linha do horizonte vem beijar as doiradas areias das praias, o céu está azul e sem nuvens. Isso leva a que a luminosidade do fim de tarde seja muito estranha, contrastes fortes de tonalidades de cor e marcados espaços de preto e branco.

De súbito deu-se uma acalmia meteorológica e, do mesmo modo, da agitação dos melros. Estes últimos haviam encontrado os seus ninhos onde se acolheram. Passados instantes foi a violência do temporal que tomou o lugar da acalmia momentânea. O sentido apurado das avezitas tinha evitado danos maiores.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

arte na gastronomia

Frutos variados símbolo multicultural
Açafate de cores e sabores
Alegria

o senhor dos vinhos interessantes

Tenho a felicidade de ter como amigo o “Senhor dos Vinhos Interessantes”, que junta aos seus saberes sobre vinhos de qualidade uma prodigiosa capacidade inventiva e uma imaginação sem limites. Resolveu, então, elaborar fichas de prova de diversos vinhos existentes no mercado que se caracterizam por uma fascinante originalidade.

E as grandes amizades são assim... aceitou partilhar esse seu trabalho com a Oficina das Ideias e, consequentemente, com a roda de amigas e amigos que nos honram com as suas visitas. Aqui estaremos todas as quintas-feiras com uma nova proposta de vinho.



Estes vinhos estão disponíveis na Garrafeira do Jumbo Almada Fórum. Preço: €2,98. Aconselhe-se com o Senhor dos Vinhos Interessantes.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

arroz-doce de festa

Numa boda bem à moda portuguesa
Nunca falta o arroz-doce com canela
Decorado

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


Bañas tu cuerpo...

Bañas tu cuerpo en los perejiles ondas del mar amante
Gotas saladas recorren tus curvas suavemente
Acarician cada sueño de tu sensual instante
Trazan caminos de placer y del sentir irreverente.

Tus labios mojados toman más brillo más carmim
Son pétalos de rosas besadas por el rocío de la mañana
Que en la aurora del sentir y mucho querer son un festim
De la boca sequiosa que los cosecha en su dulzura temprana.

Tus senos de pezones mucho erectos por la fuerte emoción
De la caricia de mil gotas que los recorren con ternura
Suplican para besados sean en cómplice ondulación
Reciben pétalos que de tus labios retiré con candura.

En el remoinho de las veredas que las gotas de agua van trazando
Encuentran mil devaneios en tu ombligo de rara belleza
En los sientas alcanzan el cumbre del antojo y del desmán
Y bucean celeremente en tu tesoro de princesa.

En el recato, en la intimidad de tu toson de oro cual fulgor
El antojo ya iguala las gotas de agua que no paran de llegar
Ligeramente entreabres tus piernas talladas por un escultor
Se realiza el encuentro, sueño de placer trazado en el mucho amar.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

janela de meia serra

janela de meia serra, mais acima será de xisto
aldeias serranas aqui
ermida

minha terra é meu sentir

Caparica mais do que uma terra é um Povo. Gente que construiu vida entre o mar e a floresta em diversificado labor. Da sua vivência aqui se regista testemunho


De amarelo vestida

Os primeiros sinais de que a Primavera se aproxima vêm trajados de tonalidades de amarelo que animam os campos e as matas logo ao tempo da alvorada. Flores do trevo que despertam aos primeiros raios de sol, mais a puxar para o amarelo torrado as resistentes flores do tojo e as acácias arbóreas que são as primeiras a floris.

Nas veredas que de Valle do Rosal descem até à orla marítima, em tempos idos percorridas pelos romeiros e pelos frades dos conventos vizinhos, agora caminho de veraneantes na procura das salsas ondas do mar, o amarelo é rei das cores da paleta do pintor da Natureza.

Mesmo com o fresco húmido das manhãs do litoral caminhar em tão colorido ambiente deixa-nos extasiados perante tão belo quadro, cujas pinceladas são festejadas pelo chilrear permanente da passarada que teima em nos acompanhar.

Em voo rasante, uma andorinha, a primeira a chegar a Valle do Rosal, verdadeiro corredor de fundo que anualmente repete a proeza, saúda-nos com um piar mais forte, como dizendo: _Aqui estou, já cheguei cumprindo a minha anual predestinação. Mais tarde chegará o bando do costume ano a ano aumentado com os filhotes da mais recente geração e com a falta de uma ou outra que não resistiu à dureza da viagem.

O quadro está composto. Em fundo de azul, nas diversas tonalidades de céu e de mar, o pintor sobrepôs o verde escuro e outro mais vivo do arvoredo da mata e do acacial. Depois acrescentou-lhe muito amarelo do floral da época. Finalmente uma pincelada de preto, a andorinha, mais belo contraste do que ouro sobre azul.

Este pintor é magnífico pois deu viver a uma andorinha vinda das terras do muito longe.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

pelas terras de arouce

Alguns quilómetros percorridos depois da saída da vila de Lousã, em plena Serra, deparamo-nos com um castelo de pequenas dimensões, situado estrategicamente nos penhascos laterais ao rio Arouce, também designado por rio Arunce. Pelo foral de D. Afonso Henriques dado ao Castelo de Arouce sabe-se da sua existência, com importância significativa, nos princípios da primeira dinastia portuguesa.

Não era no lugar onde hoje assenta, mas situava-se escondido no interior das serras a 2 quilómetros da actual vila, edificado no alto duma pequena colina, espécie de península, circundada pelo Arouce ou Arunce, ribeiro que nasce na mesma Serra e agora é vulgarmente conhecido pelo nome de Ribeira de S. João.



Neste lugar, onde existiu a antiga povoação até ao século XIII ou XIV, encontra-se ainda uma parte do castelo e a sua torre de menagem com ameias, muito bem conservada, apesar do vandalismo dos naturais, que já por vezes o têm escavado em busca de tesouros escondidos.

É interessante analisar a evolução da designação de hoje – LOUSÂ, que em modificações sucessivas terá surgido do termo original ARUNCE. Arunce ou Arouce terá dado Alunce ou Alouce; mais tarde Aloçam e de seguida Alouçam ou Louzam; e, finalmente, Louzaa, Louzaã e Louzan ou, finalmente, LOUZÃ, como é designada na actualidade.



Bluteau diz que o castelo foi fundado em 1080 pelo conde D. Sesnando, o conquistador de Coimbra; e Brandão ("Monarchia Luzitana" liv. 8.º) afirma existir já este no tempo de D. Fernando, e que ele não fora mais do que o seu conquistador e reformador. F. Diniz e Adrien Balbi ("Essai Statistique") querem que tivesse sido tomado aos árabes só em 1187, por D. Sancho I. Esta última opinião é de todas a menos aceitável, pois não é provável que, sendo a Lousã tão próximo de Coimbra, onde então era a corte, um Afonso I a deixasse em poder dos Árabes.

Junto ao castelo vê-se a ermida do Senhor dos Aflitos que, segundo uma inscrição que Leitão de Andrade encontrou já muito gasta e falta de letras, foi mesquita dos mouros e D. Afonso Henriques a fez benzer em 1120 (era de César) dedicando o templo a S. Paio ou Pelayo.



Depois de visitarmos o castelo e a sua envolvente dirigimo-nos às ermidas de S. João e da Senhora da Piedade. Na encosta fronteira ao castelo, para lá do vale cavado pelo rio Arouce, ergue-se o pitoresco penhasco das Ermidas, adornado por 3 capelinhas que por sua alvura destacam do verde-negro da Serra.

Na sequência da subida, a primeira é a capela de S. João, que é a maior de todas e de construção mais antiga, simples e pobre em adornos; tem alpendre e as portas são ogivais; é dos fins do século XV e algumas imagens que tem também são muito antigas.



Depois sobem-se alguns lanços de escada e encontra-se a capelinha do Senhor da Agonia, que tem por cima da porta toscamente gravada a data 1802, que deve ser o ano em que foi feita ou nela se fez algum reparo. Junto desta ao lado dum pequenino adro, eleva-se uma cruz de pedra de metro e meio de altura, tendo por baixo a seguinte inscrição: “Estas obras//Mandou fazer//O capitão Frc.º.//Barbosa natu//ral//d’esta Vila era de 1624”.

Mais 32 degraus acima e achamo-nos no cume do rochedo que termina o penhasco; aqui está edificada a capela da Senhora da Piedade que é objecto de especial devoção para os povos da Lousã e arredores. Esta capela foi inteiramente reformada pela Viscondessa de Espinhal.


domingo, fevereiro 19, 2006

simplicidade das artes

apetrechos de uma simplicidade extrema
artesanal arte da tradição
as artes do mar

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios


Virgens de Olinda

_Meu Amigo, tenho hoje uma surpresa para você. Desejo muito que te agrade...
_Surpreende-me sim! Fico ansioso, pois tenho a certeza que me encantará...


Este foi o encontro, há pouco tempo nascera a aurora, entre o Fotógrafo e a Escritora que haviam combinado madrugar para melhor aproveitarem o dia que prometia ser agradável e animado, não estivéssemos tão perto do Carnaval.

Toda a semana a cidade viveu a animação das gentes na rua, cantando e dançando, ou em recintos apropriados onde os bailes carnavalescos se multiplicavam para gáudio dos carnavalescos militantes e dos muitos estrangeiros que invadiram a cidade.

Recife “frevilha” especialmente na zona histórica. A cada esquina, nos amplos largos de calçada atapetados tem frevo, maracatu, caboclinho, ciranda, coco, samba, rock, reggae, manguebeat. Tem animação, muita animação e chapéus multicoloridos num rodopiar incansável, num turbilhão de sentires que são muito querer.

_Então... e a surpresa, minha querida Amiga?
_Querido Fotógrafo, quero convidá-lo a acompanhar-me até à vizinha Olinda... vamos participar no Bloco Carnavalesco Anárquico das Virgens...
_Que nome, hem? Somente o Brasil assim nos delicia...
_Vai conhecer a Luciana Santos, Prefeita de Olinda... que lá vai estar com o João Paulo...
_Esse conheço e bem... O Prefeito de Recife sempre me surpreende com a sua ”agenda aberta”...


Olinda é uma cidade bem perto de Recife onde a portugalidade se encontra bem presente, especialmente, na arquitectura. Carlos Pena Filho diz de Olinda:

"Olinda é só para os olhos,
não se apalpa, é só desejo.
Ninguém diz: é lá que eu moro.
Diz somente: é lá que eu vejo."


_Vamos pois! Vai ser um dia de encantamento, minha querida Escritora...
_E trago também uma notícia bonita para você...
_??
_Amanhã, pelas 16 horas daqui do Recife, o João Paulo vai participar na solenidade de entrega, ao Ministério da Cultura, do documento de solicitação de registro do frevo como Património Cultural Imaterial Brasileiro. Vamos cá ter a presença do Ministro da Cultura, Gilberto Gil.
_Não poderemos faltar... é sempre maravilhoso rever o Gilberto do meu imaginário musical... Ele irá cantar?

sábado, fevereiro 18, 2006

lírios brancos

crescem expontâneos, sem mácula, belos
salpicam de branco campos verdes
olhar

este livro que nos deixou...

Foi considerado um poeta menor, pela carência de estudos de regularidade e caderninho, , no entanto a sua poesia contém um elevado âmbito moral e um exteriorizar de aspirações sociais exemplares. De tal forma assim é, que as suas simples quadras publicadas nos anos 40 do século passado mantêm total actualidade.

Teria sido um poeta inspirado de premonições prenhe? Teria a sociedade estacionado na sua evolução ou regredido? O sentir dos seres humanos detentores do poder será sempre semelhante, independentemente da evolução tecnológica e do saber?

“Não acho maior tortura
Nem nada mais deprimente,
Que ter de chamar fartura
À fome que a gente sente...”


Viveu numa sociedade fortemente policiada, iludia naturalmente essa vigilância, pela sua modéstia, homem do povo, que nunca foi considerado socialmente “perigoso” pela polícia do estado, nem pelos “bufos” das vizinhanças. As condições de vida do Povo português faz com que os seus simples versos continuem a espelhar a nossa sociedade.

Cauteleiro e guardador de gado, andava de feira em feira por conta dos patrões e aí expressava publicamente os seus cantares populares e as quadras de sua autoria repentista. Nunca resistiu a um desafio de um amigo que logo servia de mote a uma crítica ou contestação.

“De vender a sorte grande,
Confesso, não tenho pena;
Que a roda ande ou desande
Eu tenho sempre a pequena.”


António Aleixo, o Poeta, foi editado em 1969 e 1970, duas edições de “Este livro que vos deixo....” que depois de ter sido “top” de vendas durante diversas semanas seguidas nas principais livrarias do País, esgotou.

A Editorial Notícias deu ao prelo uma nova edição, em dois volumes, que inclui, igualmente, um excelente trabalho de Joaquim Magalhães intitulado “Esboço de Retrato do Poeta Aleixo”. Esta Oficina possui a 18ª edição do Volume 1, (Maio de 2003) e a 13ª edição do Volume 2, (Maio de 2003).

“a coádra tem pouco espaço
mas eu fico satisfeito
coando numa co-ádra faço
Alguma cousa com jeito”


Nota: O Poeta Aleixo nasceu em Vila Real de Santo António em 18 de Fevereiro de 1899 e faleceu em 16 de Novembro de 1949.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

...pescador em pé!

com a Lua está deitada em tempos de invernia
nas artes em árdua labuta
o pescador está em pé

que mania... hem!

O desafio fui encontrá-lo no Verdades Cruéis, da minha querida amiga Lenore. Cinco manias... mas o que é uma “mania”? Valeu-me o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia de Ciências de Lisboa, que entre outras dá a seguinte definição: “Ideia que ocupa o espírito quase exclusivamente ou que é sobrevalorizado pelo sujeito; ideia fixa ou convencimento ilusório de alguma coisa”.

Manias, eu? Bom... lá vai! Vou transgredir um tanto no desafio pois apresentarei não cinco, mas sete “manias”, tantas quantas as cores do “Arco-Íris”...

1 – Lugares (e Factos) do Arco da Velha, os mitos, as lendas e as estórias que nem sempre encontram explicação no saber dos seres humanos;

2 – Viver a Costa Azul, viver intensamente o património natural e o património construído de uma região riquíssima de tradição, de sabores e de odores;

3 – Caparica, Caparica, “minha terra” é meu sentir, em cada rosto a riqueza de um passado de luta pela verdadeira Liberdade;

4 – Perto da Natureza, despojados de roupa ou, melhor, com a roupa que a nossa Mãe nos ofereceu à nascença sentir o Sol e o Mar como uma dádiva maravilhosa;

5 – Coleccionismo, pouco a pouco com perseverança e carinho juntar peças que “conversem” entre si;

6 – Fotografia, paixão de mais de cinquenta anos em olhares únicos e fugitivos como o é a própria realidade;

7 – Banda do Cidadão, a forma mais democrática de vencer as barreiras da incomunicação que a sociedade nos impõe com o recurso às comunicações de todos.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

poente na praia do sol

envolve sonho e mistério este por-do-sol
que nos leva para bem longe
no sentir e no pensar

o senhor dos vinhos interessantes

Tenho a felicidade de ter como amigo o “Senhor dos Vinhos Interessantes”, que junta aos seus saberes sobre vinhos de qualidade uma prodigiosa capacidade inventiva e uma imaginação sem limites. Resolveu, então, elaborar fichas de prova de diversos vinhos existentes no mercado que se caracterizam por uma fascinante originalidade.

E as grandes amizades são assim... aceitou partilhar esse seu trabalho com a Oficina das Ideias e, consequentemente, com a roda de amigas e amigos que nos honram com as suas visitas. Aqui estaremos todas as quintas-feiras com uma nova proposta de vinho.



Estes vinhos estão disponíveis na Garrafeira do Jumbo Almada Fórum. Preço: €2,69. Aconselhe-se com o Senhor dos Vinhos Interessantes.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

uma prenda para a oficina

Num post recente o Zeca, do Plagiadíssimo - o melhor que se publica nas conversas bloguistas aqui se vai republicar... - teve a gentileza de transcrever da Oficina das Ideias a nossa publicação "trinta e um meses na blogosfera".

Quis, ainda, ilustrar essa mesma publicação tendo dado à estampa uma imagem de Escher que a seguir apresentamos.



Obrigado amigo Zeca!

novos indicadores de leitura (links)

De acordo com os critérios editoriais desta Oficina criamos, frequentemente, novos apontadores e leitura. Três razões fundamentais nos levam a essa decisão:
1 – Pela qualidade extraordinária que encontramos em determinado blogue, de acordo com a nossa avaliação pessoal;
2 – Como reconhecimento aos comentários que são deixados nos posts da Oficina das Ideias;
3 – Em resultado da permuta de indicadores de leitura.

Damos conta, de seguida, de alguns dos mais recentes, solicitando a todos os companheiros da blogoesfera que estando abrangidos pelos critérios referidos não tenham o respectivo indicador de leitura na Oficina que nos façam chegar essa informação.

Tiovivi.com, de Tiovivi

Devaneios do Quotidiano, de Ofeliazinha

Plagiadíssimo – o melhor que se publica na blogoesfera aqui se vai republicar..., de Zeca

terça-feira, fevereiro 14, 2006

descanso merecido

horas a fio rodaram sem parar
tal como o ribeiro que as fazia mover
o pão de cada dia

festa do amor e da amizade

Em conversa com a minha querida amiga Alfonsina, da Venezuela, referia-me ela que na região do Caribe se celebra hoje a Festa do Amor e da Amizade. Há muito que foram postas de parte nesta região as festividades de cariz consumista para se valorizarem as de afectividade e o do bem querer.

Um coração de morangos, já eles frutos do amor, armados num ananás é algo delicioso para partilhar entre amantes e amigos...



Festa do Amor e da Amizade. Festa da AMORIZADE. Festa da AMORISTAD. Sentir que a minha querida amiga Jacky tanto tem divulgado na blogoesfera.

Aqui fica toda a minha afectividade para estas duas mulheres de excepção: Alfonsina e Jacqueline. Bem hajam pela vossa Amorizade, Amoristad.


segunda-feira, fevereiro 13, 2006

lua cheia lua esperança

lua de fevereiro é esperança no devir
anuncia a primavera já tão perto
natureza prenhe

o profeta do terceiro milénio

Hoje é dia de Lua Cheia.

Há 100 anos, a 13 de Fevereiro de 1906, nasceu no Porto George Agostinho Baptista da Silva.
Agostinho da Silva, como mais tarde viria a ser conhecido, sempre foi inspirado pela presença da Lua.

Em “Setembro de Lua Cheia e de 93” escrevia em “As Folhinhas do Professor”:
“Parece que toda a gente está de acôrdo em que o mundo inteiro se encontra em crise. Como isto me parece demasiado vasto para eu poder ser útil, decidi que sou eu quem está em crise e talvez consiga sair dela com três princípios: O de me ver livre do supérfluo, o de não confundir o verbo amar com o verbo ter, o de prestar voto de obediência ao que for servir, não mandar. Nestes termos comunica a todos os Amigos que não imporei a ninguém a leitura de textos meus, a começar pelas Folhinhas, e que só responderei a quem me escreva, pedindo (para aumentar o supérfluo...) que cada carta venha com selinho de resposta, mas um apenas, para me não obrigar a escrituração administrativa. Para tudo o que fordes e fizerdes rogarei perfeito empenho e boa sorte, bom vento de navegar.”

Mas também nas “Quadrinhas de quando em quando” Agostinho da Silva evocava o Luar:
“Mas esta vai hoje mesmo
por ser aquela que fez
São João à Lua Cheia
do Junho do nove e três.
“Que me baptize o Luar
e faça de mim portento
banhado sempre de Luz
de que serei instrumento.””


Agostinho da Silva foi de uma coerência total entre o seu pensamento e a acção desenvolvida. Licenciado e Doutorado em Filologia Clássica na Faculdade de Letras do Porto, e depois de ter realizado estudos em França como bolseiro, foi colocado no Liceu de Aveiro onde recusou assinar uma declaração que o obrigava a não seguir a ideologia marxista. Tal como ensinava a liberdade de pensamento, assim procedeu, tendo sido demitido.

Entre 1935 e 1944, reside em Madrid como bolseiro e depois em Lisboa, vivendo de aulas no ensino particular pois o público vedara-lhe as portas. Relaciona-se com o grupo da Seara Nova e, posteriormente, com António Sérgio. Por vontade própria deixou Portugal tendo ido residir para o Brasil, depois para o Uruguai e Argentina, tendo alguns anos depois regressado a Brasil.

Somente voltou a viver em Portugal a partir de 1969.

“Não sou um ortodoxo nem um heterodoxo, sou um paradoxo”, gostava de afirmar com o seu inato gosto de provocar.

domingo, fevereiro 12, 2006

segredar

a preservação da espécie exige
vontade política e querer
segredo

minha terra é meu sentir

Caparica mais do que uma terra é um Povo. Gente que construiu vida entre o mar e a floresta em diversificado labor. Da sua vivência aqui se regista testemunho


Andorinhas em Valle do Rosal

A meio da tarde um voo junto ao solo, seguido de um levantar rápido e elegante, foi o sinal. Cantaram os melros da região, grasnaram as rolas turcas e chilrearam os passaritos. Acabara de chegar a Valle do Rosal a primeira andorinha deste ano.

Estes dias bonitos de Fevereiro, depois do frio glaciar e de algumas chuvadas, dão as boas vindas às andorinhas mais rápidas na sua viagem anual de vinda. O regresso será para o fim do Verão. Hoje foi um dia de alegria pois os ninhos da vizinhança vão começar a serem habitados pelas elegantes andorinhas.

Em 2004 haviam chegado a 16 de Fevereiro. Em 2005 tardaram e preocuparam as gentes somente tendo por cá chegado a 10 de Março. Desta vez chegaram muito mais cedo depois de vencidos os milhares de quilómetros de viagem.

Uma delas já pousou no local habitual situado no fio telefónico fronteiro à minha casa. Negra, elegante no voar, bico avermelhado foi a primeira a ser vista. Já cá esteve o ano passado e agora voltou ao ninho que abandonou com a família quando chegou a invernia.Pouco a pouco virão em bandos as que resistiram à viagem. A maioria regressará ao seu local de nascimento ou aos ninhos em que foram progenitores. Na sua resposta aos desígnios da mãe Natureza nem sequer sabem a alegria que me dão em vê-las de novo no seu característico voo e labor para uma nova estadia por estas bandas.

A partir de agora será a alegria, a animação dos seus voos e a musicalidade dos seus piares, a labuta para a recuperação dos ninhos e para a construção de novos que irão albergar a família aumentada. No ar os odores de rosas e jasmineiros completarão a tranquilidade de Valle do Rosal.

sábado, fevereiro 11, 2006

luminosidade em vitral

a luminosidade coada através do vitral
iluminou teu doce rosto
partilhar a vida

caminhada da vida

Neste dia luminoso do mês de Fevereiro dois entes queridos juntaram seus espíritos e seus corpos com a alegria de partilharem vida, o sentir e o muito querer. Escolheram duas leituras que mais perto se encontram do seu sonho sonhado: “Carta de S. Paulo aos Romanos” (Rom.12, 9~18) e “Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios” (12,31; 13.8ª).

Com base nesses textos imaginei este singelo poeminha que lhes dedico. Felicidades, Adosinda e Nélio

Na caminhada da vida sem fingimento
O entusiasmo da alegria e da esperança
Firmes contra as dificuldades e o tormento
Fraternos nos afectos e na temperança.

Dos homens e dos anjos na linguagem
Da ciência e dos mistérios, a sabedoria
Transpõe montanhas com sonho e coragem
No sentido único do amor com alegria.

Na suave contemplação fortalecer o bem
Onde o mal não tem cabimento nem sentido
Nunca ceder ao orgulho que em si contém

A soberba, a injustiça e o paraíso perdido
Rejubilar pela verdade, pela vontade de quem
Constrói a vida com o seu ente querido.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

uma flor para... a mariazinha

felicidades minha querida amiga
o tempo que passa flui
amizade perene

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento

A inspiração foi colhida num excelso poema da minha querida Amiga Claudia P., do Meias Intimidades.


Néctar

Em minhas mãos
Teu íntimo néctar...

Saboreio licor de rosas
Recolhido em tua concha
Que escorre
Em meus dedos viciosos
Dos caminhos devassos

A lascívia do meu querer
Feito alma e sentir
Refresca na tua fonte
O fogo eterno dos amantes

O ondular intenso
Do teu corpo
Rodopio de prazeres
É mar revolto de paixão

No ponto de não voltar
Minha boca beija e é beijada
Pelo teu âmago
Mel e rosas
Alimento dos amantes
Um sorriso

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

senhora dos navegantes

acompanha os pescadores na sua faina
dá-lhes força e alento
celebração

o senhor dos vinhos interessantes

Tenho a felicidade de ter como amigo o “Senhor dos Vinhos Interessantes”, que junta aos seus saberes sobre vinhos de qualidade uma prodigiosa capacidade inventiva e uma imaginação sem limites. Resolveu, então, elaborar fichas de prova de diversos vinhos existentes no mercado que se caracterizam por uma fascinante originalidade.

E as grandes amizades são assim... aceitou partilhar esse seu trabalho com a Oficina das Ideias e, consequentemente, com a roda de amigas e amigos que nos honram com as suas visitas. Aqui estaremos todas as quintas-feiras com uma nova proposta de vinho.



Estes vinhos estão disponíveis na Garrafeira do Jumbo Almada Fórum. Aconselhe-se com o Senhor dos Vinhos Interessantes.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

uma flor para... a zulmira

Neste dia de celebrar alegria
Na construção do caminho
Felicidades

g'anda caramelo

“_És um g’anda caramelo!” - Diz-se muitas vezes com ar depreciativo, outras vezes com amizade mas duma forma não muito elogiosa.

Contudo, o termo “caramelo” contem em si mesmo muita dignidade e uma grande força de trabalho. No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia de Ciências de Lisboa consta: “Caramelo - .... Trabalhador rural que se desloca da região da Beira Litoral para ir trabalhar nos arrozais e valas do vale do Sado e noutras regiões de Setúbal”.

No Concelho de Palmela está definida uma “região caramela” que resultou de um grande surto migratório fomentado por José Maria dos santos, proprietário da herdade de Rio Frio, que considerou as suas terras com grande potencial económico mas carente de mão-de-obra.

Nos anos 60 do século passado, pela iniciativa do nosso professor de geografia no Instituto Comercial, Dragomir Knapic, tivemos oportunidade de visitar a herdade de Rio Frio, à época da propriedade de Miguel Lupi, o célebre cavaleiro tauromáquico, e apreciarmos da grandeza do empreendimento.

Os ranchos de trabalhadores que vinham tradicionalmente da zona de Gândara, trabalhavam de sol a sol como acontecia naquela época nas labutas agrícolas, especialmente na vindima, na poda e na monda do arroz. Dormiam em grandes armazéns que eram designados Casa da Malta. Regressavam às suas terras por altura do Verão.

Estes “caramelos de vir-e-ir”, devido à sazonalidade das suas estadias em terras de Palmela vieram a transformar-se em “caramelos de ficar”, quando José Maria dos santos criou um sistema de foros, permitindo a fixação de muitos desses migrantes, primeiro com o pagamento de uma renda (rendeiros), depois com a dádiva das terras (proprietários).

A “Casa Caramela” que ainda hoje pode ser vista nas povoações de palhota, Vale da Vila, Carregueira, Fonte da Vaca e, inclusive, na vila de Pinhal Novo, constitui hoje peça importante do património cultural do Concelho de Palmela.

Sobre esta temática existe na blogoesfera um espaço delicioso que recomendamos vivamente:


Frente de Libertação Caramela

terça-feira, fevereiro 07, 2006

uma flor para... a bb (o meu anel)

Pa(t)rabéms minha querida Amiga
Em teu anel de estrelas
Felicidades

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


Banhas teu corpo...

Banhas teu corpo nas salsas ondas do mar amante
Gotas salgadas percorrem tuas curvas suavemente
Acariciam cada sonho de teu sensual instante
Traçam caminhos de prazer e do sentir irreverente.

Teus lábios molhados tomam mais brilho mais carmim
São pétalas de rosas beijadas pelo orvalho da manhã
Que na aurora do sentir e muito querer são um festim
Da boca sequiosa que os colhe em sua doçura temporã.

Teus seios de mamilos muito erectos pela forte emoção
Da carícia de mil gotas que os percorrem com ternura
Suplicam para beijados serem em cúmplice ondulação
Recebem pétalas que de teus lábios retirei com candura.

No remoinho das veredas que as gotas de água vão traçando
Encontram mil devaneios em teu umbigo de rara beleza
Nos sentires atingem o cume do desejo e do desmando
E mergulham celeremente em teu tesouro de princesa.

No recato, na intimidade de teu tosão de oiro qual fulgor
O desejo já iguala as gotas de água que não param de chegar
Ligeiramente entreabres tuas pernas talhadas por um escultor
Realiza-se o encontro, sonho de prazer traçado no muito amar.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

olhos


De repente, os olhos são palavras (Pablo Neruda)
Palavras que são poemas
ao Sonho, ao Mar


trinta e um meses na blogoesfera

O tempo passa inexoravelmente, segundo após segundo, mês após mês, num percurso sem retorno, eu diria, no rumo do infinito. Na Oficina das Ideias não foram tempos fáceis, talvez até de algum desalento. O esforço para uma publicação diária não tem sido acompanhado do correspondente reconhecimento dos leitores. A interactividade desejada atingiu o seu nível mais baixo.

O número reduzido de comentários foi acompanhado de diminuição de visitas. É tempo de reflexão, é tempo de auto-crítica, é tempo de reformulação.

A Oficina das Ideias recebeu até à data deste balanço cerca de 68.300 visitas, a uma média de pouco mais de 100 visitas por dia, menos cerca de 20% que no mês anterior, tendo sido já postados cerca de 1.935 textos e imagens, na grande maioria originais.

Cerca de 28 comentários deixados por 12 visitante diferentes continuam a demonstrar reduzida interactividade, não podendo deixar de referenciar que a minha amiga Claudia P. Fez á sua parte 17 comentários. Tamanha penúria de comentários (28) e de comentadores (12) são por certo fruto de saturação do estatuto editorial que pretendemos seguir. Mantemos a esperança que o futuro seja mais risonho em termos da interactividade por nós desejada.


QUADRO DE HONRA

BB, do O Meu Anel
Fernando B., do Fraternidade
Riquita, do Contra Capa
Tiovivi, do Tiovivi.com
Ofeliazinha, do Devaneios do Quotidiano
Claudia Perotti, do Meias Intimidades
Lila, do Des-Encantos
Zeak, do Plagiadíssimo
Jacky, do Amorizade
Lenore, do Verdades Cruéis
Yonara, do Templo de Hecate
Cathy [Bailarina], do Bailar das Letras

A TODOS o muito obrigado do pessoal da Oficina das Ideias.

domingo, fevereiro 05, 2006

multiculturalidade na calçada

Carnaval multicultural do Recife
É único no Mundo
Vamos "cair" no frevo

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios


Vamos “cair” no frevo

O som do frevo aí está ao virar de cada esquina no caminhar da esperança do Recife que se alinda para receber o Rei Momo e a Rainha do Carnaval. Ricardo e Erica de seus nomes próprios, escolhidos por um júri de “notáveis” destas coisas do Carnaval Multicultural Recifense, entre os quais o próprio Prefeito João Paulo.

O frevo, musicalmente, tem origem na fusão de diversos ritmos, autóctones e oriundos de África, tais como o maxixe, o tango brasileiro, a quadrilha e, muito em especial, o dobrado e a polca-marcha.

Frevo é uma corruptela de ferver, como a maioria dos estudiosos indica, o que dá bem conta do estilo de música e de dança de que se trata. Muito ritmo, muito suor, muita sensualidade, Fervem os corpos ao ritmo dos “frevoeiros” e das “frevozeiras”. O arco-íris feito chapéu de Sol é um símbolo e sinal incontornável de que o fervo está na calçada.

_Já viu, querida Escritora, que um dos ritmos que entra na fusão do frevo é a polca-marcha?
_É verdade sim, dá-lhe um bater de “ponta e tacão” muito especial.
_Pois é... mas sabe que lá do outro lado deste mar azul tão belo, na terra onde vivo, se dançou em tempos idos uma polca que aqui revejo? Chamavam-lhe a polca-janota...
_Curioso mesmo esse facto que não é pura coincidência, coisa aliás em que não acredito existir...


Escritora e Fotógrafo calçada acima mergulhando na agitação do Povo que vive já os preparativos do Carnaval que terá o seu lançamento oficial no próximo dia 10 com a realização do Baile dos Artistas, onde será feita a apresentação pública do Rei Momo e da Rainha do Carnaval.

_Querido Fotógrafo, repare bem em toda a animação desta gente que com tanta esperança festeja a chegada do Carnaval, aqui com esta característica tão boa de um grande empenhamento multicultural.
_Tem razão minha querida Amiga, sente-se vida a cada passo que damos nesta calçada tão iluminada pelos sorrisos da criançada que ofuscam o próprio Sol.
_Quero fazer-lhe um convite para terça-feira que vem...
_Então?
_Vamos à noite ao Pátio de São Pedro, vamos cantar e dançar... tem frevo, maracatu, caboclinho, ciranda, coco, samba, rock, reggae, manguebeat
_Convite aceite...

Lá caminharam calçada acima misturando-se com o Povo na sua vivência total.

sábado, fevereiro 04, 2006

a simplicidade da natureza

Da paleta do pintor inspirado
A Natureza recolheu
Tonalidades

a minha opinião

O pessoal da Oficina está atento à actualidade política e social de Portugal e do Mundo. Aqui partilham o seu pensar através da minha análise modesta mas interessada


Com o “nuevo Barajas” para quê a Ota?

Foi inaugurado oficialmente no passado sábado, pelo presidente do governo espanhol José Luis Rodriguez Zapatero, o quarto terminal do Aeroporto Internacional de Barajas, nos arredores da cidade de Madrid, representando um investimento de mais de 7.200 milhões de dólares, mais do dobro do investimento previsto para o Aeroporto da Ota.

A inauguração realizou-se com um voo da Ibéria que teve como destino Barcelona, a segunda cidade de Espanha e transportou. No primeiro dia de operações do novo terminal de Barajas as 30 companhias que vão operar nesse terminal efectuarão cerca de 650 voos.

Com a abertura das novas instalações o aeroporto de Barajas poderá realizar até 120 operações por hora (contra as 78 actuais) e os seus terminais poderão acolher até 70 milhões de passageiros, mais de 41 milhões do que os registados em 2005.

O novo terminal é constituído por dois edifícios de grandes dimensões com cerca de 5,3 milhões de pés quadrados, aproximadamente 120 campos de futebol. Os edifícios estão ligados entre si por túneis e estradas cujo aspecto faz lembrar as asas de uma ave gigantesca.

Esta obra decorreu durante cerca de 6 anos com a maior discrição mas vai, sem dúvida, representar um grande impulso para a já muito desenvolvida economia espanhola. Os grandes voos intercontinentais vão passar a contar com esta importante alternativa para se dirigirem para a Europa Central e do Norte.

Em Portugal cujo governo continua sem rumo definido, como já havia acontecido com os anteriores, criam-se grupos de estudo dando novos e grandes “tachos” a mais uns tantos “boys”, discute-se e não se conclui, não se realiza somente se debate.

É nossa opinião que rapidamente deixe de ser necessária a construção de qualquer aeroporto em Portugal. Para o nosso País qualquer rede de aeródromos será suficiente para as ligações internas e para a ligação a Madrid para onde rumarão todos os voos internacionais.

Assim se cava, com estas e outras medidas com o mesmo sentido, o fosso cada vez maior entre Portugal e a Europa, entre Portugal e o Mundo, onde rapidamente regressaremos a um Terceiro Mundo, enquanto não nos empurrarem para o “Quarto”.

E o Povo continua alegremente a apostar em gente que somente conhece o seu umbigo e os dos seus familiares e está completamente vendido aos interesses multinacionais. Somente dessa forma se entenderá os fabulosos lucros das entidades bancárias enquanto o Povo Português é empurrado para a penúria, com a consequente degradação social.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

arriba doirada

doirada é a arriba de milhões de anos
como as acácias que florescem
na Primavera

sabor mineiro, restaurante de eleição

Sabor Mineiro, singelo soneto...

Aqui cheguei vindo quem sabe de onde
Encontrei farto manjar melhor beber
Afecto, coração aberto que responde
Aos anseios do caminhante do querer

Senti o caminho, o conforto desejado
Depois de longa caminhada de romeiro
Aconcheguei o estômago, a alma. Encontrado
O sentido, o oásis, Sabor Mineiro

Tão curta a distância que o mar separa
Que une, como diria o poeta inspirado
Sabores e cheiros, o bordão que me ampara

De dois países um amplexo tão desejado
Viajar na esperança no querer no já tomara
Que fosse este o feliz rumo encontrado.

...no dia do seu Quinto Aniversário

2 de Fevereiro de 2006

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

tulipa de paixão

o simbolismo das cores da natureza
é sublime no sentir
paixão

o senhor dos vinhos interessantes

Tenho a felicidade de ter como amigo o “Senhor dos Vinhos Interessantes”, que junta aos seus saberes sobre vinhos de qualidade uma prodigiosa capacidade inventiva e uma imaginação sem limites. Resolveu, então, elaborar fichas de prova de diversos vinhos existentes no mercado que se caracterizam por uma fascinante originalidade.

E as grandes amizades são assim... aceitou partilhar esse seu trabalho com a Oficina das Ideias e, consequentemente, com a roda de amigas e amigos que nos honram com as suas visitas. Aqui estaremos todas as quintas-feiras com uma nova proposta de vinho.



Estes vinhos estão disponíveis na Garrafeira do Jumbo Almada Fórum. Aconselhe-se com o Senhor dos Vinhos Interessantes.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

na rota dos prazeres

o prazer de um café tomado com afecto
no final de um dia de verão
é o princípio

em janeiro de 2006 a oficina das ideias publicou:

Textos
Dia 1 – Feliz Ano Novo
Dia 2 – Em Dezembro de 2005 a Oficina das Ideias publicou
Dia 3 – “Cartões” de boas-festas
Dia 4 – Prenda de Ano Novo
Dia 5 – Do Natal aos Reis [tradição e cultura popular]
Dia 6 – Dia dos reis da família
Dia 7 – Dia 7 [sentir o povo que vive]
Dia 8 – As Janeiras da Charneca [minha terra é meu sentir]
Dia 9 – Trinta meses na blogoesfera
Dia 10 – Jogar com erotismo [a suavidade do erotismo]
Dia 11 – Demência [espaço de poetar]
Dia 12 – O Brasil a caminho das presidenciais [a minha opinião]
Dia 13 – Simplesmente azul
Dia 14 – Ano Internacional dos desertos e contra a desertificação
Dia 15 – Nas margens do Capibaribe [sentir o povo que vive]
Dia 16 – [leituras e audições]
Dia 17 – As rolas turcas [minha terra é meu sentir]
Dia 18 – Costa de Caparica – Festas da Cidade [minha terra é meu sentir]
Dia 19 – “Claudinha”
Dia 20 – O fenómeno “google”
Dia 21 – Vestido Azul [a suavidade do erotismo]
Dia 22 – Manuel Maria regressa ao Brasil [sentir o povo que vive]
Dia 23 – Tempus...
Dia 24 – O “tempus” que passa
Dia 25 – Olhos Verdes esmeraldas de água fina [espaço de poetar]
Dia 26 – [senhor dos vinhos interessantes]
Dia 27 – Viva Mozart
Dia 28 – Agostinho, músico de “heuriger” [o meu caderno de viagens]
Dia 29 – Novo Ano Chinês [o mistério e a fantasia]
Dia 30 – Nevou em Valle do Rosal
Dia 31 – Uma caldeirada no “Guimas”

Imagens
Dia 2 – Castanhas assadas, quentinhas
Dia 3 – Dom José Primeiro
Dia 4 – No British Bar
Dia 6 – Amor é...
Dia 7 – Radical
Dia 9 – Rosas de Inverno
Dia 10 – Bóias Vermelhas
Dia 11 – Ondulação de Esperança
Dia 13 – Rumo ao Infinito
Dia 14 – Lua primeira
Dia 15 – Pérolas dunares
Dia 16 – Só, com tanta doirada areia
Dia 17 – Trilhos no areal
Dia 18 – Voo da gaivota
Dia 19 – Mar na Praia do Sol
Dia 20 – As “artes” da Caparica
Dia 21 – Vozes vindas do mar
Dia 22 – Do areal ao mar azul
Dia 23 – Encontro...
Dia 25 – Regresso da faina
Dia 26 – A espera
Dia 27 – Respira-se musicalidade
Dia 28 – Grades e correntes
Dia 29 – Sinais das artes
Dia 30 – Flores de Azul
Dia 31 – Flor de Esperança


Uma Flor para...
Dia 05 - ...a Gracinha, parabéns minha querida Amiga, mantenhas sempre a poesia no olhar
Dia 12 - ...a Sonyah, parabéns querida na luminosidade azul de teu olhar
Dia 24 - ...a Sylviah, parabéns querida amiga, caminha veredas de esperança e de felicidade

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