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quarta-feira, fevereiro 08, 2006

g'anda caramelo

“_És um g’anda caramelo!” - Diz-se muitas vezes com ar depreciativo, outras vezes com amizade mas duma forma não muito elogiosa.

Contudo, o termo “caramelo” contem em si mesmo muita dignidade e uma grande força de trabalho. No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia de Ciências de Lisboa consta: “Caramelo - .... Trabalhador rural que se desloca da região da Beira Litoral para ir trabalhar nos arrozais e valas do vale do Sado e noutras regiões de Setúbal”.

No Concelho de Palmela está definida uma “região caramela” que resultou de um grande surto migratório fomentado por José Maria dos santos, proprietário da herdade de Rio Frio, que considerou as suas terras com grande potencial económico mas carente de mão-de-obra.

Nos anos 60 do século passado, pela iniciativa do nosso professor de geografia no Instituto Comercial, Dragomir Knapic, tivemos oportunidade de visitar a herdade de Rio Frio, à época da propriedade de Miguel Lupi, o célebre cavaleiro tauromáquico, e apreciarmos da grandeza do empreendimento.

Os ranchos de trabalhadores que vinham tradicionalmente da zona de Gândara, trabalhavam de sol a sol como acontecia naquela época nas labutas agrícolas, especialmente na vindima, na poda e na monda do arroz. Dormiam em grandes armazéns que eram designados Casa da Malta. Regressavam às suas terras por altura do Verão.

Estes “caramelos de vir-e-ir”, devido à sazonalidade das suas estadias em terras de Palmela vieram a transformar-se em “caramelos de ficar”, quando José Maria dos santos criou um sistema de foros, permitindo a fixação de muitos desses migrantes, primeiro com o pagamento de uma renda (rendeiros), depois com a dádiva das terras (proprietários).

A “Casa Caramela” que ainda hoje pode ser vista nas povoações de palhota, Vale da Vila, Carregueira, Fonte da Vaca e, inclusive, na vila de Pinhal Novo, constitui hoje peça importante do património cultural do Concelho de Palmela.

Sobre esta temática existe na blogoesfera um espaço delicioso que recomendamos vivamente:


Frente de Libertação Caramela

Comments:
O professor Knapic infelizmente morreu na semana passada. O funeral foi na segunda feira, se não estou em erro. Só soube ontem também. Fui aluna dele no INP em 2000, 2001 e 2003. É dificil de aceitar a morte de uma pessoa tão grandiosa, bem humorada, critica e sábia como o GRANDE professor Knapic. Raras as pessoas como ele. Que descanse em paz.
 
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