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segunda-feira, julho 31, 2006

o evoluir dos tempos

outros tempos outras tecnologias
o pão e a energia
o vento sempre imutável


Máquinas eólicas na Região Oeste (anos 20 do século passado e actualidade)

coleccionar com doçura

Coleccionar, juntar e encontrar elos de comunhão entre as peças sempre foi aliciante para o ser humano. O coleccionismo de pacotes de açúcar colocou esse anseio ao alcance de toda a gente. Os pacotes de açúcar dão rosto a pessoas e acontecimentos exemplares na solidariedade, no saber, na afectividade


Açúcar mais açúcar mais adoçante igual a Zero

O dia amanhecera com vento de sul a trazer calores de deserto. O vento Suão que sopra no Alentejo aproveitara uma aberta nas massas de ar que circulavam na atmosfera e chegara-se mais acima, passara mesmo o Vale do Tejo e “aquecera” Lisboa. Senti que com este vento quente ganhara a capacidade de “ouvir” alguns pensamentos.

Entrei naquele café da tradição na Baixa lisboeta na dúvida se iria pedir um refresco de limão, uma limonada que passou ao esquecimento devido a todos esses refrigerantes mais químicos que naturais, ou um café. Mandou a tradição...

_Um cafézinho, por favor...
_Com certeza! (Com este calor e vai beber um café, são gostos!)
..........
_Aqui está a sua bica...
_Dê-me mais um pacotinho de açúcar, por favor...
_Com certeza (Este não tem medo dos diabetes ou é muito guloso!)
..........
_Aqui tem mais um pacotinho de açúcar...
_Desculpe, dá-me um adoçante...
_Com certeza! (Ai! Açúcar ou adoçante? Não me digam que vai utilizar os dois!)
..........
_Aqui tem o adoçantezinho...
_Obrigado!


Tal como era meu hábito, tomei o café sem açúcar, adoçante muito menos, bem mexido com um pau de canela que requintadamente havia sido colocado na borda do pires pelo empregado. Este, mostrava à evidência o seu ar de espanto pela minha forma de tomar o café...

Os pacotes de açúcar e o de adoçante ficam aqui...



No sábado seguinte, um semanário de referência publicava lá num cantinho duma página da sua secção “em OFF””:

Um verdadeiro embuste. Não há outra palavra para adjectivar o facto de Victor Reis, presidente da direcção do Clube Português de Coleccionadores de Pacotes de Açúcar (CLUPAC) ter confessado que não põe açúcar no café!

domingo, julho 30, 2006

cata-vento

cata o vento desde há muito
vinte, trinta, cinquenta anos?
resiste ao tempo que passa


Cata-vento existente em Enxara do Bispo (Mafra)
Imagem dedicada à defesa do património imaterial (A Aldraba)

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios


O boteco do Sô Zezinho

Muitas vezes o Fotógrafo, nas suas caminhadas calçada acima, acompanhado pela Escritora têm entrado naquele boteco da esquina, gaveto da praça principal onde tomam uma Skol bem gelada para refrescar a garganta seca pela canícula do dia e resultante da própria caminhada. Trata-se quase de um ritual que o Sô Zezinho, dono do boteco sempre saúda com uma palavra de boa disposição.

Hoje o Fotógrafo fê-lo sozinho. A Escritora muito ocupada com os seus afazeres profissionais e com uma viagem da saudade que resolveu fazer aproveitando uns tempos livres, não o tem podido acompanhar, embora como ela própria refere muitas vezes “também se está presente mesmo na ausência física”. Daí que hoje se tenha detido um pouco mais de tempo no boteco do costume.

A porta do boteco chama a atenção dos passantes devido a forma garrida como está pintada com listas de vermelho e azul. Esta porta que assinala claramente um local de culto representa, igualmente, uma fronteira bem nítida entre o calor da rua, quantas vezes pesado de cortar a respiração, da frescura do seu interior qual catedral de sabores e de odores aliciantes. Um autêntico oásis no meio da canícula asfixiante que hoje pousou sobre o Recife.

Do lado esquerdo uma correnteza de mesas de tampo quadrado, alinhadas quanto possível, cada uma com as quatro cadeiras que lhe pertencem e do lado direito uma mesa comprida com bancos corridos, local comunitário de convívio e amizade. A mobília é talhada em madeira ao estilo rústico apropriada ao local, e onde o asseio impera e apela a uma permanência prolongada, para dois dedos de conversa que é coisa que o Sô Zezinho muito aprecia.

Ao fundo um balcão amplo com o tampo talhado em pedra de mármore, talvez vinda de Borba em Portugal, onde estão implantadas as torneiras donde sai o gelado chopinho de pressão. A entrada para lá do balcão faz-se por uma abertura ao lado esquerdo do balcão a que o tampo de madeira levadiço garante a continuidade quando baixado.

Nas paredes diversas fotografias antigas da zona envolvente do boteco devidamente emolduradas representam importante documento histórico da vivência, do frevo e da boémia de outros tempos. A propósito de cada uma delas, o Sô Zezinho, tem uma estória que conta prazenteiramente quando o desafiam a ir buscá-la ao seu baú de memórias.

_Sô Zezinho, hoje não vou beber a costumada Skol, hoje trago comigo uma surpresa...
_??
_Hoje sou eu próprio que o convido...
_Qual a surpresa que traz consigo, amigo Fotógrafo?
_Tenho aqui a verdadeira bebida da boémia portuguesa... uma ginjinha!!!!

sábado, julho 29, 2006

caminhando se faz caminho

Alguns apontamentos sobre pequenos percursos em que os sentidos são despertos para o Património Natural e Construído através das cores e dos odores, das estórias e das tradições, dos saberes e dos sentires. Venham connosco fazer este caminho...


Santa Cruz, praia de charme da Costa Oeste

Considerada a estância balnear de charme da costa Oeste de Portugal, especialmente, a partir da década de 60 do século passado, foi desde tempos imemoriais destino de veraneio das famílias da região de Torres Vedras que para lá se dirigiam no mês de Agosto, terminadas que eram as apanhas e recolhas dos cereais e dos frutos e ainda não chegara tempos de vindimar.

Aí se instalavam todos os anos, em casas próprias ou de aluguer, casas que ainda existem na sua maioria bem conservadas a par com o desenvolvimento urbanístico a que uma longa sequência de praias com mais de 20 quilómetros de extensão não é alheia. Praias recortadas por rochedos e abrigadas por elevadas arribas que lhes dão grande encanto.



Ex-libris da Praia de Santa Cruz é o Penedo do Guincho, situado em frente da praia do mesmo nome e que na maré-baixa é aliciante para os “apanhadores” de mexilhão que no penedo se agarram. Igualmente, a miudagem brinca nas pequenas poças de água que se formam à volta da base do rochedo.

O Penedo do Guincho é visível em diversas perspectivas a partir dos diversos miradouros que para Sul se encontram sobranceiros ao mar azul, de belas tonalidades, onde a linha do horizonte se observa muito para lá da linha de navegação pelo que se observam perfeitamente a navegação das embarcações.



Uma zona pedonal muito bem conservada bordeja importante extensão de praias, desde a Praia da Física, aí se encontra a colónia balnear da centenária Associação de Educação Física e Desporto de Torres Vedras, até à Praia da Azenha, que foi buscar a sua designação a uma azenha antiquíssima existente nas imediações.

No topo da falésia que acompanha o desenho das praias as chamadas “varandinhas” dão um aspecto característico e permitem que cada uma se transforme num interessante miradouro, onde foram colocados bancos para comodidade dos visitantes devidamente protegidos do sol por interessantes toldos.



Gente do mar é gente de grande religiosidade fruto da luta contínua contra os elementos da Natureza nas suas fainas piscatórias. Os festejos tradicionais repartem-se, então, entre o religiosos e o pagão como acontece normalmente na tradição dos viveres.

Padroeira de Santa Cruz é a Santa Helena que tem capela da devoção no centro da povoação e, igualmente, uma capelinha numa loca dos rochedos lá muito no alto da Praia Formosa.


sexta-feira, julho 28, 2006

depois do poente vem a aurora

um pôr-do-sol magnífico anuncia
depois de uma noite tranquila
uma aurora esplendorosa

número um

Hábito antigo de guardar os “número um” das revistas, quantas vezes o “número zero”, acaba por fazer história do que é publicado, dos êxitos editoriais e, igualmente, dos fracassos, mas é sempre registo dos tempos


Teste Saúde

Esta revista nasceu do crescimento natural da revista Pró-Teste por especialização dos testes efectuados realizados com os aspectos da saúde e bem-estar. Com o lema “com a saúde não se brinca” vai ao encontro das muitas questões que os leitores foram apresentando na revista generalista.

Perante a grande apetência dos leitores portugueses pela temática da saúde pretende esta revista separar o trigo do joio no que diz respeito às informações disponíveis, muitas delas, a maioria, veiculada com objectivos publicitários e, como tal, muito pouco independente.

As garantias editoriais dadas por esta revista são as mesma que a revista generalista Pró-Teste, a saber: Independência total; Procura de respostas concretas; Vontade de rigor. Como a própria revista define no seu editorial “Pretendemos, com esta nova revista, melhor informar quem queira cuidar da sua própria saúde, tomadas na altura certa e com conhecimento de causa”.

O N.º 1 da revista “Teste Saúde” foi publicado em Dezembro de 1995, de periodicidade trimestral, com o preço de capa de 1.055$00, tendo como director João Dias Antunes. A propriedade é de Edideco.



Do conteúdo do Número Um da revista Teste Saúde salientamos:

Pseudomedicamentos
Que beber para conduzir em segurança?
Gorduras e saúde
Vacinas infantis
Vitamina C

E ainda as rubricas regulares Diagnóstico, Saúde à mesa, Investigação médica, Correio dos leitores, Saúde & Ambiente e Primeiros socorros.

quinta-feira, julho 27, 2006

ondulações

a brisa marítima, o sol, o olhar
modelam belas texturas
ondulam o tempo que passa

sentados à mesa... gostámos

Viajar pela rota dos saberes, feitos de odores e sabores, numa partilha da degustação de comidas e de bebidas em casas de pasto, ao ritmo do coração


Na Atalaia degustámos frutos de mar

Uma boa degustação de frutos de mar não deve, por si só, justificar uma viajem, por muito aliciante que seja a “mariscada” que nos espera. Quando juntamos a esse objectivo uma “viajem da saudade” isso sim, tudo muda de figura e pode representar um dia maravilhosamente vivido.

Marcámos um percurso, uma viajem a ser feita tranquilamente, sem pressas, com paragens, aqui e ali, permitindo-nos visitar alguns locais que há muito constam da nossa “agenda das viagens da saudade”: Enxara do Bispo, Freiria (dos Chapéus) e Praia de Santa Cruz. Cada paragem merece, por si própria, uma pequena crónica. Ficará para mais tarde.

Enxara do Bispo, pertencente ao concelho de Mafra, de aldeia que conhecemos há mais de 50 anos é hoje uma vila rural, onde ainda se sente o odor dos campos e dos grandes espaços abertos. Fomos na procura da Quinta do Senhor Amâncio e encontrámos, hoje chamada Quinta do Côtto. Do baú das memórias saíram as traquinices do “menino coelho” vividas há 55 anos.

Freiria (outrora conhecida por Freiria dos Chapéus), Freguesia do concelho de Torres Vedras, na ribalta dos média desde que se transformou no “palco” privilegiado da novela Floribela, já foi um tranquilo lugar onde fui encontrar o meu amigo Aníbal todo dedicado às causas cívicas: presidente da Assembleia de Freguesia local e de obras de cariz social dedicadas ao apoio aos idosos e à infância. Que maravilha...

Praia de Santa Cruz, a praia de charme dos anos 60 do século passado da região Oeste ainda mantém as marcas de estância de veraneio das gentes de posses da região saloia. Hoje rejuvenescida sem nada perder do seu património imaterial é local de encantamento para os amantes das águas límpidas do Atlântico. Respira-se por lá juventude.

Mas “ala que se faz tarde!” e aí vamos nós a caminho da aldeia da Atalaia, no concelho da Lourinhã onde ao cair da noite terá início a quarta edição do festival do Marisco, onde nos iremos deliciar com frutos do mar confeccionados com rigor e qualidade e onde não faltarão outras iguarias da região.

Com um serviço simples mas de grande simpatia e afectividade degustámos com agrado este “imenso” prato de mariscos: burriés (ah ah ah os tais caramujos!), navalheiras, gambas, santola e sapateira (com os recheios adequados) e lagosta...


quarta-feira, julho 26, 2006

no ibn errik rex

neste exótico recanto
beber uma ginjinha tranquilamente
é viver

novos indicadores de leitura

Um dos maiores aliciantes que o pessoal da Oficina das Ideias encontrou na blogoesfera foi a possibilidade de cruzar visitas sobre temas do seu agrado, com blogues preocupados com a partilha do saber, com a defesa dos patrimónios natural e construído, muito em especial, o património imaterial.

Por outro lado existe sempre a preocupação de visitar e recomendar a visita a todos os blogues que além de nos visitarem nos dão a honra de deixar um comentário construtivo, que muito ajuda a nossa inspiração e o enriquecimento do nosso trabalho.

Tempos atrás uma deficiente intervenção nos dados de base deste blogue levou a que tivéssemos perdido muitos dos “indicadores de leitura” o que, pouco a pouco, vamos procurando recuperar.

Vamos acrescentar à nossa lista de “indicadores de leitura” os seguintes:

Artigos, Crónicas e Textos, de Francisco José Viegas – “Um armazém de emoções para conservar com poeira”
Elogio da Ginja, de Paulo Moreiras
Entre o Sono e o Sonho, de Zoomancer e Lualil
FairyAril, de Marian – “Mundos Encantados”
Kontrastes, de João Baptista Dias (Cidadão do Mundo) – "daquilo que é feita a vida”
Lobices, de Joaquim Nogueira – “...tudo sobre meiguices de lobos (e não só, claro)”
Pé de Meia, de MFC – “A vida é demasiadamente séria, para ser levada a sério...”
Sete Mares, de Jorge Castro (Orca) – “Sendo este um Blog de Marés, a inconstância delas reflectirá a intranquilidade do mundo”
Vemos, Ouvimos e Lemos, de Guida Alves
Vidas Marcadas, de Manoel Donini

Vamos ter muito prazer em acrescentar à nossa lista os “indicadores de leitura” destes blogues. Bem hajam!

terça-feira, julho 25, 2006

os telhados de óbidos

junto às ameias do castelo
nosso olhar se espraia
pelos encantos dos telhados da vila de óbidos

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


Doçura

No doce balançar da tua loira cabeleira
Navego sonhos sentidos em seara doirada
Na procura constante da imagem primeira
Que noites a fio me acompanha enamorada

Uma imagem que para o meu muito querer
É duma bela mulher das terras da fantasia
Olhos de mel, profundos, doçura do seu ser
Onde me perco de sentires e nostalgia

Lábios sensuais em rosto belo e angelical
Dizem palavras de encanto e sensibilidade
Seduzem-me a caminhar no rumo do ideal
Ao encontro da beleza e da verdade

Seios de mulher túrgidos de vida e sensíveis
Que candidamente uma túnica tenta disfarçar
Mas que o êxtase de momentos indescritíveis
Mais evidencia todo seu desejo de ofertar

Tua beleza ilumina o caminho dos eleitos
Inspira poetas, fotógrafos e pintores
Imaginação e sonho de realidade feitos
Quereres e sentires, enfim... amores

segunda-feira, julho 24, 2006

entrada florida

na vila de Óbidos cada recanto é um encanto
quem se abeira duma porta florida
recebe a benção da Natureza

coleccionar com doçura

Coleccionar, juntar e encontrar elos de comunhão entre as peças sempre foi aliciante para o ser humano. O coleccionismo de pacotes de açúcar colocou esse anseio ao alcance de toda a gente. Os pacotes de açúcar dão rosto a pessoas e acontecimentos exemplares na solidariedade, no saber, na afectividade


No Chez Léon

Bruxelas é uma cidade cinzenta. Nas cores da cidade e no sentir das pessoas. Parte importante da população de Bruxelas é gente desenraizada, sem vínculos familiares ou culturais à cidade. São funcionários dos muitos serviços da União Europeia, autênticos mercenários da política, que aí se encontram instalados, muito em especial desde que em 2001, pelo tratado de Nice, Bruxelas foi considerada a “capital oficial da Europa”.

Bruxelas é, na realidade, uma cidade triste que tem toda a sua vida a girar à volta da Grand Place, onde acontece tudo o que se passa na cidade. Aí se situa o Hôtel de Ville, as lojas de flores e as cervejarias dos 1001 tipos de cerveja.

Dois monumentos fazem parte do imaginário de todos nós quando falamos de Bruxelas. O Atomium, símbolo da Feira Mundial de Bruxelas de 1958, uma enorme estrutura que representa uma molécula de ferro, com nove esferas (os átomos) e 102 metros de altura. E o Manneken-pis, o menino a fazer xixi, escultura datada de 1619, da autoria de Jerome Duquesnoy, de dimensões reduzidas, desilusão para quem somente a conhece de postais ilustrados.

Mas é tudo mau e cinzento em Bruxelas?

Nada disso. Em 1893 o senhor Léon Valancker criou o que, na minha modesta opinião é o verdadeiro “ex-libris” de Bruxelas: o restaurante Chez Léon, constituindo hoje uma cadeia internacional de restauração.



Mas voltemos ao tradicional Chez Léon que tem porta aberta bem perto da Grand Place, na Rue des Bouchers, 18 – 1000 Bruxelles. É aqui que se podem degustar os melhores mexilhões do Mundo, em diversificadas confecções e sempre acompanhados de batatas fritas. Os célebres e celebrizados “moulles et frites”, que acompanham muito bem com uma “biére Léon”.

Uma recordação está disponível para os coleccionadores de pacotes de açúcar...


domingo, julho 23, 2006

"entre o sono e o sonho"

0 tempo que passa
3 anos de presença na blogoesfera
parabéns zomancer e lualil

elogio da ginja, elogio da amizade

Em 12 de Dezembro de 2003, pouco mais de cinco meses após a abertura da Oficina das Ideias, recebi um correio electrónico cujo conteúdo muito me sensibilizou:

“Caro Vicktor Reis,
parabéns pela sua Oficina das Ideias. Gostei muito, tanto mais que muitas das coisas sobre as quais escreve eu conheço. Vivi cerca de 25 anos em Almada e conheço perfeitamente muitos desses locais. Parabéns.
O que eu desconhecia era essa ginja de que falou, dos Monges do Convento da Rosa. Como poderei eu experimentar esse néctar? Que mais informações me pode facultar sobre essa ginja?
Aproveito para o convidar a conhecer o meu blogue:
http:\\elogiodaginja.blogspot.com
Sou um acérrimo defensor da ginja e gostava muito de publicar essas informações sobre a Ginja do Convento da Rosa, se para tanto me der autorização.
Escusado será dizer que vou acrescentar o seu blogue na minha lista.
Mais uma vez parabéns.
Um abraço,
Paulo Moreiras”

Em coerência com a razão da minha permanência na blogoesfera a resposta só poderia ser de total aceitação. Acabara de nascer uma sã amizade, sedimentada com inúmeros contactos e comentários efectuados quer na Oficina das Ideias quer no Elogio da Ginja.

Passado mais de um ano e meio, em 4 de Julho de 2005, um novo correio electrónico dava conta da evolução do trabalho do meu amigo Paulo Moreiras:

“Caro Victor Reis,
aqui está o excerto do Elogio da Ginja, onde falo no Victor e na Ginja do Mosteiro do Convento da Rosa. Dê uma vista de olhos ao texto a ver se a informação está correcta. Caso existam alterações, indique.
Mais uma vez obrigado por tudo. Em princípio o livro será apresentado em Outubro.
Um abraço,
Paulo Moreiras"

**********
"Uma estória muito interessante sobre a ginja chegou-me por mão de Victor Reis, através do seu blogue Oficina das Ideias (www.ideotario.blogspot.com), que nos dá conta de uma ginja fabricada pelos monges do Convento da Rosa, na Charneca da Caparica, que tem a particularidade de ser elaborada com vinho tinto.
De acordo com as informações de Victor Reis, “o Convento da Rosa estava implantado em terrenos de amplos vinhedos. Aliás o vinho da Charneca chegou a ser célebre em Almada e, mesmo em Lisboa. A produção era limitada mas de grande qualidade, inclusive, atendendo ao tipo de terreno arenoso onde as vinhas eram cultivadas. Daí, a que os monges juntassem vinho tinto à confecção do licor de Ginja foi um passo”. Ainda segundo Victor Reis, esta operação “torna a bebida mais suave e com menor teor alcoólico”. A ginja era então preparada com o vinho tinto produzido nos terrenos envolventes da Quinta da Rosa, “de características arenosas e ricos em videiras, a partir de cujos frutos se produzia vinho tinto de excelente qualidade”.
A receita da Ginja dos Monges do Convento da Rosa foi dada a Victor Reis pelo actual dono da Quinta dos Coelhos, na fronteira da Charneca com Vale de Milhaços, que já a herdara dos seus antepassados que serviram na Quinta de Valle Rosal.
Para a preparação desta ginja com vinho tinto, são precisos 1 kg de ginjas; 750 gr de açúcar amarelo; 1 l de aguardente; 1 l de vinho tinto; 1 pau de canela; raspa de casca de limão e 1 cabeça de cravo-da-índia:
«Dissolva o açúcar no vinho tinto. Escolha as ginjas das vermelhas e bem ácidas. Tire-lhes o pé e sem as lavar, apenas as limpe com um pano, deite-as em boa aguardente e no vinho tinto em partes iguais, em frascos de boca larga. Junte um pau de canela, raspas de limão e uma cabeça de cravo-da-índia. Mantenha num lugar fresco, à sombra, um ou dois meses. Vá mexendo uma vez por semana, para evitar que o açúcar se condense no fundo.»”
**********

No passado sábado, dia 22 de Julho de 2006, realizou-se uma sessão muito bonita no auditório do Museu Municipal de Óbidos a rebentar pelas costuras, onde o escritor Francisco José Viegas fez a apresentação do livro Elogio da Ginja e do seu autor Paulo Moreiras. A terceira edição revista e aumentada deste “tratado afectivo-gastronómico-literário” com belíssimas imagens do fotógrafo Paulo Cunha deu origem a uma animada conversa onde imperou a amizade, o que sempre acontece quando de ginjinha estamos a falar... e a beber!


sábado, julho 22, 2006

tempus medievais

Como já vem a acontecer de há alguns anos a esta parte realizou-se, na vila de Óbidos, um Mercado Medieval, com o objectivo de criar mais um pólo de animação nesta bela vila fortificada, reconstituindo as vivências locais nos tempos da Idade Média. A população de Óbidos leva muito a sério esta iniciativa do Município de Óbidos trajando-se a rigor para o evento. Também as lojas tradicionais da vila são, durante estes tempos, transformadas em lojas medievas.



Muita animação de rua com malabaristas e bobos, outras figuras características das aldeias de então, castelãs trajadas a rigor, vendedores ambulantes, quadrilheiros que eram autênticos “olhos e ouvidos” do rei. Junto à Igreja Matriz não falta o prior “pinguinhas” e o sacristão “atrasadito”...



Juntar a realidade à reconstituição de uma época que se mantém no imaginário de todos nós é um desejo que por vezes se consegue realizar. É o caso de um casal de namorados que realizaram a cerimónia do seu casamento no preceito medieval, mesmo junto às ameis do castelo.



Depois... a festa continua!


sexta-feira, julho 21, 2006

alegria no jardim

florinha de vermelho carmim dá alegria
no jardim do valle de rosal
grandeza interior

leituras e audições

Neste espaço damos nota de livros e de CDs que de alguma forma nos tenha sensibilizado. Poderá não ser uma novidade editorial, mas será com certeza ao nosso gosto.

Livro
Elogio da Ginja
Autor: Paulo Moreiras, com fotografias de Paulo Cunha
Editora: QuidNovi, Maio de 2006

Nasceu da irritação de ouvir designar a ginjinha (a bebida mais portuguesa) como bebida de taberna. De um livrinho policopiado, passou pela blogoesfera, até chegar à obra agora publicada, um verdadeiro tratado sobre a ginjinha, magnificamente ilustrada com imagens do fotógrafo Paulo Cunha.

Esta é uma verdadeira paixão de Paulo Moreiras que partilha com todos os seus amigos, pois a ginjinha é uma bebida de afectos, com significado único quando bebida entre amigos. Melhor, quando se bebe uma ginjinha em companhia a amizade está logo aí.

Elogio da Ginja um “vício” para continuar, com muitas contribuições a chegarem ao Paulo plenas de amizade. Na blogoesfera visitem o blogue Elogio da Ginja.


CD
La Cantina, “entre copa y copa”
Autora: Lila Downs
Editora: Etiqueta Narada (Virgen)

Em La Cantina, “cantos de amores e desamores” como a própria Lila refere, temos estórias de encantar, como são o caso de La Cumbia del Mole, tributo às mulheres que fazem e cozinham o tradicional “mole”, huuummm o adorável “guacamole”, El Relampago. Celebração da fertilidade dos solos mexicanos, cantata à Primavera, e Tacha, música sobre uma jovem que abandona a vida rural para ir para a cidade ser “table dancer”.

Lila Downs é acompanhada por um harpista do Paraguai, um guitarrista do Brasil, um acordeonista/baixista de Nova Iorque, um baterista do Chile e um pianista/saxofonista de Nova Jersey.
A cantora mexicana Lila Downs possuidora de um expressivo rosto, donde sobressaem os sensuais olhos e boa e um requebro magnífico do seu corpo está presente na Internet na página LILA DOWNS. Lila é mulher de intervenção. Em sua página na Internet pode ler-se: “Sobre las elecciones de México - Me encuentro desencantada y triste por lo que ha pasado en las elecciones de México. Estaba casi segura del triunfo de Andrés Manuel. Apoyo el reconteo del voto por voto.


quinta-feira, julho 20, 2006

acrobacias da vida

nas acrobacias da vida
lá no alto perto do céu
o mundo parece tranquilo

um café e um claudino

O café, a bica como por cá chamamos no sul do País, é o café expresso obtido pela pressão de uma máquina apropriada. Não alimenta mas sabe bem. Manhã cedo constitui um frugal pequeno almoço, não muito ao jeito dos nutricionistas, quando acompanhado por um bolo.

O Claudino é um artefacto de pastelaria, originário da Costa de Caparica, aliás por esse facto, conhecido em Lisboa por “Caparica” ou “Caparicano”. Folhado leve e oblongo em duas partes constituído e recheado de delicioso creme de ovos, ainda reminiscências da colonização da longa costa pelos pescadores de Ílhavo.

A cobertura é uma calda de açúcar, quando fresco do dia, deliciosa e estaladiça e, ainda, polvilhada de açúcar para maior requinte.

Fabricado inicialmente com grande qualidade no Papo Seco e no Costa Nova, já há muitos anos desaparecidos da restauração caparicana, os Claudinos têm hoje em dia o seu expoente máximo na pastelaria do mestre Capote, ali na Rua dos Pescadores.

opel NUNCA MAIS!

As marcas opel, chevrolet e saab são minúsculas, pérfidas, anti-sociais...

Apelo ao boicote activo à aquisição de veículos automóveis produzidos pela gm!!!!

gm NUNCA MAIS



Confirma-se o encerramento das fábricas da general motors em Azabuja; a ganância desenfreada e anti-social da globalização financeira MATA

quarta-feira, julho 19, 2006

receptor de energia

fundamental à vida de todos nós
devemos preservar
estes receptores de energia

minha terra é meu sentir

Caparica mais do que uma terra é um Povo. Gente que construiu vida entre o mar e a floresta em diversificado labor. Da sua vivência aqui se regista testemunho


O Cruzeiro da Quinta dos Quarenta Mártires

Decorria o ano de 1559 quando os padres da Companhia de Jesus adquiriram a Afonso Botelho, meirinho da Corte, por doação deste, um terreno onde ergueram uma quinta, na procura de um local ermo e isolado onde se pudessem preparar espiritualmente para importantes missões de evangelização que lhes estavam destinadas.

Aí permaneceram em longo retiro espiritual o venerável Beato Inácio de Azevedo e seus 39 companheiros que se prepararam para seguir para o Brasil em acção missionária que veio a ser abruptamente interrompida ao serem martirizados quando viajavam de barco ao largo das Ilhas Canárias, a 15 de Julho de 1570.

A Igreja deu honra de altares aos quarenta religiosos da Ordem de Jesus, assim massacrados, trinta e dois dos quais eram portugueses e os restantes sete espanhóis. Os religiosos portugueses eram:
Beato Inácio de Azevedo, presbítero, nascido no Porto em 1527
Beato Aleixo Delgado, noviço, natural de Elvas
Beato Álvaro Mendes, estudante, natural de Elvas
Beato Amaro Vaz, irmão-coadjutor, natural do Porto
Beato André Gonçalves, estudante, natural de Viana do Alentejo
Beato António Correia, noviço, natural do Porto
Beato António Fernandes, irmão-coadjutor, natural de Montemor-o-Novo
Beato António Soares, estudante, natural de Trancoso
Beato Bento de Castro, estudante, natural de Chacim
Beato Brás Ribeiro, irmão-coadjutor, natural de Braga
Beato Diogo de Andrade, presbítero, natural de Pedrógão
Beato Diogo Pires, noviço, natural de Nisa
Beato Domingos Fernandes, irmão-coadjutor, natural de Borba
Beato Francisco Álvares, irmão-coadjutor, natural da Covilhã
Beato Francisco Magalhães, estudante, natural de Alcácer do Sal
Beato Gaspar Álvares, irmão-coadjutor, natural do Porto
Beato Gonçalo Henriques, noviço, natural do Porto
Beato João Adauto, estudante, natural do Minho
Beato João Fernandes, irmão-coadjutor, natural de Braga
Beato João Fernandes, estudante, natural de Lisboa
Beato Luís Correia, estudante, natural de Évora
Beato Luís Rodrigues, estudante, natural de Évora
Beato Manuel Álvares, irmão-coadjutor, natural de Estremoz
Beato Manuel Fernandes, estudante, natural de Celorico da Beira
Beato Manuel Pacheco, estudante, natural de Ceuta
Beato Manuel Rodrigues, estudante, natural de Alcochete
Beato Marcos Caldeira, noviço, natural de Vila da Feira
Beato Nicolau Diniz, noviço, natural de Bragança
Beato Pedro Fontoura, irmão-coadjutor, natural de Braga
Beato Pedro Nunes, estudante, natural de Fronteira
Beato Simão da Costa, irmão-coadjutor, natural do Porto
Beato Simão Lopes, estudante, natural de Ourém

Os oito religiosos espanhóis eram:
Beato Álvaro Baena, irmão-coadjutor, natural de Villatobos
Beato Estevão Zurara, irmão-coadjutor, natural de Biscaia
Beato Fernão Sanches, estudante, natural de Castela a Velha
Beato Francisco Perez Godoy, estudante, natural de Torrijos
Beato Gregório Escribano, irmão-coadjutor, natural de Logronho
Beato João Mayorca, irmão-coadjutor, natural de S. Jean P. Port
Beato João de S. Martin, estudante, natural de Yuncos
Beato João de Safra, irmão-coadjutor, natural de Jerez de Bad

A quinta foi buscar a sua designação de Quinta do Valle do Rosal ao facto de a casa principal ser rodeada por um belo jardim onde imperavam as rosas de várias colorações, mas todas de rara beleza. Tudo o resto à volta desta quinta era uma imensa charneca, terrenos estéreis com cobertura arbustiva de tojos, zimbros e silvados. Desta cobertura arbustiva destacavam-se muitos pinheiros próprios da região.

Espaço propício à vida contemplativa, à meditação, ao retiro espiritual a Quinta do Valle do Rosal após o martírio dos missionários ao largo das Ilhas Canárias passou, igualmente, a ser conhecida como “Quinta dos Quarenta Mártires”, levantando-se no alto de uma brenha um cruzeiro que assinala o acontecimento. Por diversas ocasiões, devido a factores climatéricos ou a actos de vandalismo, foi destruído e de novo reconstruído.



Na base do cruzeiro podem ler-se duas inscrições (tradução):

Na face voltada a nascente

Pára viajante
Esta cruz que tu vês é o monumento
De tanta glória
Tem tantos triunfos na sua frente
Quantos mártires refere sob os
Vencedores auspícios dessa cruz
O Padre Inácio de Azevedo junto aos
Quarenta companheiros consagrou
Segundo o rito este templo a Deus
Ano CVM D 1659


Na face voltada para a casa:

O padre cheio de amor e para perpetuar
A glória ergueu esta cruz de
Mármore para os seus brasileiros
Padre ////////////Provincial
Ano Brasil D 1659


Bibliografia
“Caparica através dos séculos”, de Conde do Arcos
Revista Almadan, n.º 1 – Maio/Novembro de 1983


terça-feira, julho 18, 2006

vencer é preciso!

duas queridas amigas lutam
pela esperança, pela vida
muita força claudinha e dairinha

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


O tesouro dos sentires

Naquele fim de tarde a Lua já minguante
Piscou o olho, malandra, em cumplicidade
Convite ao passeio pelo areal deslumbrante
Lado a lado com o sonho caminha a realidade.

Teus olhos reflectem do mar o encantamento
Cantam segredos que a boca teima em ocultar
Brilham em cálido mistério de profundo sentimento
Enquanto caminhamos lentamente à beira-mar.

Teus pés desenham na areia singela caligrafia
Que dura o refluxo de uma onda e de outra mais
São fulgores que da alma emanam com alegria
Que o mar recolhe no tesouro dos eternos sinais.

A Lua que todo este trama construiu com seu saber
Foi testemunha do afecto que uniu estes dois entes
Onde a dádiva vale muito mais do que o receber
A amizade que é sentir faz germinar as sementes.

segunda-feira, julho 17, 2006

luz cor encantamento

pinceladas de cor da paleta do artista
realçam a luz e a cor do momento
lampejo de encantamento

coleccionar com doçura

Coleccionar, juntar e encontrar elos de comunhão entre as peças sempre foi aliciante para o ser humano. O coleccionismo de pacotes de açúcar colocou esse anseio ao alcance de toda a gente. Os pacotes de açúcar dão rosto a pessoas e acontecimentos exemplares na solidariedade, no saber, na afectividade


Um café no Gerbeaud

Viajar para Budapeste, na minha opinião uma das mais belas e acolhedoras cidades do Mundo, resulta sempre num exercício de afectos, no alimentar do nosso imaginário das grandes viagens de sempre. O Rio Danúbio, que à beira de Budapeste em Duna se transfigura, conduz-nos ao sonho, ao eterno mistério da passagem entre o Ocidente e o Oriente.

Paralela ao Rio Danúbio, na sua margem leste, na zona designada por Peste e que cinco maravilhosas pontes unem a Buda e a Óbuda, a Rua Váci congrega em si desde o início do Século XIX as principais actividades comerciais, não só o comércio tradicional como também as mais modernas e elegantes lojas da cidade.

A tão celebrizada Rua Váci não é somente uma rua de comércio e atractivo para os turistas. É da mesma forma ponte de encontro e espaço de passeio dos habitantes de Budapeste que encontram nas ruas transversais amplas e soalheiras esplanadas que convidam ao descanso, à conversa ou à simples observação da vivência de uma cidade.

No topo da Rua Váci fica a Praça Vorosmarty, espaço de correria despreocupada para a miudagem e de peregrinação para os mais velhos que aí encontram restaurantes e cafés de onde emanam cheiros tradicionais e onde se degustam sabores únicos. Naquela loja à esquerda de quem entra na Praça, com montras coloridas de rótulos de garrafas de vinhos e licores, vou comprar uma garrafa de Unicum, licor de 40 ervas de sabor estranho, esquisito.

Mas é ali também nas imediações que o meu amigo Ali, no tempo em que a moeda do País fazia parte integrante da sua identidade tinha “banca” montada para a compra e venda de “forints” a preços convenientes.

Num dos gavetos da Praça Vorosmarty situa-se o legendário Café Gerbeaud, que já se chamou Café Kugler, nome do seu fundador, em 1858, e Café Vorosmarty, alusivo ao nome da Praça onde se encontra instalado desde 1870. Inicialmente teve porta aberta na hoje Praça József Nádor.

Recebeu, durante a sua longa existência, alguns designativos elogiosos tias como “os melhores gelados de Peste” ou “ponto de encontro dos seis elegantes Mundos”. Na realidade por ali se cruzaram espiões e aventureiros, viajantes compulsivos e membros das casas reais europeias, em momentos de repouso (ou de trabalho) nas paragens prolongadas na cidade do célebre Expresso Oriente.

Quando visitei o Café Gerbeaud em 1992, antes de profundas obras realizadas em 1997, respirava-se ainda o ambiente desse ponto de encontro de gentes que de diversos mundos se dirigiam ou regressavam do Oriente. Toda esta azáfama de encontros e desencontros vividos com um café saboroso servido requintadamente numa chávena única de três peças, o pires, a chávena e um pequeno prato/tampa que continha o creme.

Quando pretendi obter esta autêntica peça de colecção solicitei-o à “chefe” que me pergunto de onde era eu oriundo. Quando lhe respondi reagiu com a nostalgia do longe “Ah Portugália, Portugália...”.

Ficou de toda esta estória um pacote de açúcar do ano de 1992 que convosco partilho.





Disto eu gosto!
Unicum – Licor amargo resultante da mistura de 40 ervas húngaras apanhadas em três zonas distintas da Hungria. Pode ser bebido como aperitivo antes da refeição, muito embora, eu prefira degustá-lo como digestivo a acompanhar o café. A receita é segredo da família Zwack que a possui desde o reinado de Francisco I que o tomava por prescrição do seu médico pessoal.

domingo, julho 16, 2006

nossa senhora do carmo

na devoção das gentes simples de peroguarda
festejada e venerada
nas voltas do cante alentejano

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios


De volta ao “Artesanear”

“A grande obra é cuidar das pessoas” lema da Prefeitura do Recife que o Fotógrafo teve oportunidade de ler, aqui e ali, na caminhada que faz calçada acima, enquanto medita sobre o importante trabalho em que a Escritora continua envolvida, no âmbito de divulgar medidas de saneamento urbano através da arte.

Ranchos de miúdos retirados à desocupação das ruas dos bairros mais modestos da cidade do Recife, transformam-se em artistas sensíveis aos problemas sociais das zonas da sua vivência, na criação de painéis de grandes dimensões com diversos apelos a uma correcta atitude perante os problemas de saneamento.

A Escritora acompanhada de uma enorme turma de criançada deixa marcas de cor e movimento nas paredes dos bairros do Recife em mensagens de ensinamentos importantes, não só para os mais novos, como, igualmente, para os adultos.

_Querida Escritora, que trabalho encantador está aqui realizado com a meninada...
_E o entusiasmo com que eles participam...
_Vou com a sua permissão partilhar aqui uma dessas espectaculares imagens...
_Claro.




Caminharam mais um pouco com o sol a dardejar forte nessa tarde que já ia avançada.

_Se estivéssemos em Portugal saber-lhe-ia dizer se era hora de bom ou mau sol. Entre a 11 e as 16 horas seria mau sol, havia que nos protegermos...
_Pois, mas aqui com a diferença horária...
_Aprendi uma boa forma de o sabermos estejamos onde estivermos...
_??
_Se a sua sombra for maior que si própria, o Sol é bom... Se a sua sombra for menor que si própria, o Sol é mau...

Não foram capazes de parar de rir nos momentos mais próximos...


Fotografia: Liliana Miranda, em Artesanear

sábado, julho 15, 2006

ondas de cor pastel

ondas de tons quentes de pastel
enleio de quereres e de sentires
sensualidade e erotismo

a minha opinião

O pessoal da Oficina está atento à actualidade política e social de Portugal e do Mundo. Aqui partilham o seu pensar através da minha análise modesta mas interessada


Mais uma canalhice de bush

O Médio Oriente está a ferro e fogo. Comentadores avalizados afirmam já que todos os esforços de Paz até hoje realizados estão completamente perdidos. Beirute, durante tantos anos conhecida por “Paris do Médio Oriente” está em colapso, destruída cegamente pela brutalidade dos bombardeamentos. Largas dezenas de civis, entre os quais muitas crianças, foram barbaramente assassinados.

Numa retaliação que a grande maioria dos observadores internacionais considera “extremamente exagerada” os israelitas despejam toda a raiva e ódio sobre o Povo libanês com a justificação de que está a combater o terrorismo. Os apelos de cessar fogo vindos dos mais diversos quadrantes são ignorados pelos israelitas.

O Conselho de Segurança da ONU discutiu o assunto e tentou aprovar uma moção a exigir de Israel o cessar fogo para que o assunto vertesse a sua discussão para i campo diplomático, no sentido de se pouparem dezenas, mesmo centenas, de vítimas inocentes. Os Estados Unidos usaram do seu direito de veto e impediram essa aprovação.

A canalhice e a loucura de Bush estiveram uma vez mais presentes numa decisão que ignorando a vida humana tem como único objectivo abrir um novo “túnel” que lhe permita chegar ao Irão. É agora esse o seu objectivo de vida, vida de verdadeiro terrorista engravatado que se julga o senhor do mundo. Mundo do olhar sanguinário que pretende liquidar a Humanidade.

Só falta o “apoio” menor e bacoco do governo português a esta intervenção militar...


última hora: José Socrates, primeiro-ministro do (des)governo de Portugal afirmou aos órgãos de informação de que "os portugueses em Beirute há muito tempo que sabem que existe um esquema para os evacuar, mas até à data não o pretenderam utilizar"; portugueses entrevistados em Beirute afirmam a sua grande aflição, que muitos já estão a fugir por terra utilizando meios próprios e que o único apoio que têm encontrado é no Consul Honorário.

sexta-feira, julho 14, 2006

talhar e retalhar

terras arenosas e produtivas
parcelas de muito querer e tradição
do oeste de Portugal

número um

Hábito antigo de guardar os “número um” das revistas, quantas vezes o “número zero”, acaba por fazer história do que é publicado, dos êxitos editoriais e, igualmente, dos fracassos, mas é sempre registo dos tempos


Espaço & Design

É uma revista que surge no mercado editorial da sequência de outras tantas que marcaram presença na divulgação de uma temática de interesse generalizado. Versa fundamentalmente os domínios das artes plásticas, da arquitectura, do design, da decoração, quer de interiores quer de exteriores. Propõe-se, contudo, defender uma vertente prática e de aplicação generalizada.

Curiosamente, nasce num momento político e social em que o governo da Nação acusa a juventude de “uma juventude rasca”, juventude com que o próprio director se identifica e defende as competências. Nascimento contestatário mas de muita qualidade. Esta publicação tão específica na temática propõe-se defender a ponte “entre gerações que trabalham há já longos anos no jornalismo e as novas gerações, unindo novas habilitações académicas à prática de quem já tem uma “tarimba” de décadas”.

O N.º 1 da revista “Espaço & Design” foi publicado em Fevereiro de 2000, de periodicidade mensal, no espaço editorial “morto” entre a última semana de cada mês e a primeira do mês seguinte, com o preço de capa de 450$00 (Euros 2,24), tendo como director Hugo Lupi. A propriedade é de Edições Jovem Dinâmica, Lda. E tem, ainda, na sua ficha técnica dois pesos pesados da edição: António Borges Pereira (Consultor Editorial) e António Homem Cardoso (Fotografia).



Do conteúdo do Número Um da revista Espaço & Design salientamos:

Espaço Real
Espaços perdidos
Espaço d’Artes
Espaço Recriado
Odisseias do Espaço
Espaço Vivo
Arquiespaço
Espaço d’Orientação
Espaço Descoberta
Terreiro do Espaço
Espaço Útil

Não resistimos a transcrever um breve trecho de “Memórias de um passado recente”, de António Borges Pereira:
Da “velha guarda” tive resposta pronta de Jana e do António Homem Cardoso, do Carlos de Vasconcelos e Sá, sempre iguais a si mesmos , independentemente do sucesso das suas carreiras. Outros demasiado preocupados com a sua ascensão mediática e outros ainda acomodados ao seu status e aos seus negócios, esquivaram-se, nem sempre subtilmente. Outros ainda, talvez por acreditarem mais no projecto do que nós próprios, chegaram ao ponto de usarem a sua pseudo-força ou o seu efémero poder para tentarem bloquear todo o trabalho de uma equipa unida, coesa e franca, realizado com muito entusiasmo e muito prazer”.

quinta-feira, julho 13, 2006

relógio de sol ou bebedoiro?

o gnomio é um jacto de água
neste relógio de sol tão especial
que marca correcto o tempo

a oficina das ideias pelo mundo

Desde 18 de Maio de 2006 a Oficina das Ideias foi visitada por amigos de 78 países:

Brasil; Portugal; Espanha; México; Estados Unidos; França; Argentina; Alemanha; Chile; Peru;

Canadá; Suíça; Reino Unido; Venezuela; Itália; Colómbia; Japão; Holanda; Bélgica; Moçambique; El Salvador; República Dominicana; Luxemburgo; República Checa; Austrália; Angola; Áustria; Turquia; Costa Rica; Suécia; Israel; Panamá; Nicarágua; Equador; Honduras; Hungria; Marrocos; Polónia; Dinamarca; Cabo Verde; Bolívia; Roménia; Emiratos Árabes Unidos; República da Coreia; Guatemala; Uruguai; Porto Rico; Belize; Irlanda; Noruega; Taiwan; Finlândia; Quénia; Suriname; Grécia; Bulgária; Baraine; Nova Zelândia; Irão; Senegal; Ilhas Malvinas; Catar; Macau; Butão; Índia; Eslovénia; Ucrânia; Tailândia; Fidji; Malásia; Lituânia; Paraguaia; Namíbia; Hong Kong; Tunísia; África do Sul; Vietname; Eslováquia.

Embora muitas dos países visitantes resultem de vindas esporádicas a verdade é que existem outros que o fazem com alguma constância. Os 10 países destacados na primeira linha estão nessa situação, sendo de realçar que o número mais elevado de visitas é crédito do BRASIL.


Entretanto, gostaríamos de destacar os visitantes que tiveram a gentileza de deixar comentários contribuindo, dessa força, para o enriquecimento da Oficina das Ideias:

Lígia, de São Paulo, Brasil
Reporter, do EmDirectoEACores
Lualil, do Traduzir-se...
Alay, de Caracas, Venezuela
Ricardo, de Caracas, Venezuela
São, do EspectacológicaS
Essencelp, do Perfumes
Claudia P., do Meias Intimidades
Manuel Gomes, do Atento
Rosangela Miura
Bailarina das Letras (Cathy), do Bailar das Letras
Minda, do Infinito’s
BB, do O Meu Anel
Yonara, do Templo de Hecate
Marley, do Segredos de Deméter
Rui Cardoso
Guida Alves
Lila
João C. Fernandes, do Fumaças
Eduardo

quarta-feira, julho 12, 2006

o poente que antecede a alvorada

com o poente mergulha no mar o sol
acena um "até já"
logo logo está aí a alvorada

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


Deixar fluir o pensamento

Numa alva folha de papel descrevi o meu sentir
Como quem traça uma linha de imaginação desenhada
Na leitura do passado, do presente, do devir
Depois dos medos, mostrar a tranquilidade encontrada.

Neste profundo sentir que vai muito além do horizonte
Procurar a luz que se opõe a tenebroso pensamento
É ânimo tão fecundo como a cristalina água de uma fonte
Em que mergulham raízes de esperança e de alento.

A força do nosso querer tem por limite o infinito
Na procura da verdade, do que neste mundo determina
O caminho a seguir sem tibiezas tal como está escrito
No rumo certo dos afectos que o espírito nos ilumina.

Quando ao virar da curva do caminho ensombrado
Deparamos com a luminosa imagem de encantamento
Atingimos o êxtase, o oásis há muito procurado
Tranquilos deixamos fluir o nosso doce pensamento.

terça-feira, julho 11, 2006

lua de julho

com muito charme escondeu sua imagem
em neblina de sonho e mistério
para surgir em todo o seu esplendor

escrever à desgarrada

A minha doce Amiga LUALIL, do Traduzir-se..., partilhou recentemente com os seus leitores uma quadra de grande sensibilidade da autoria de Fred Girauta...


amor à primeira vista

assim que meu olhar
pôs as mãos em você
eu soube que o amor
não é escolha de quem vê



Não resistimos aqui na Oficina das Ideias a dar uma resposta “poemada”...


Assim que a minha escolha
Pôs o olhar em você
Eu soube como quem vê
Poema em singela folha



A resposta não tardou e a inspirada Lualil escreveu...


assim que meu olhar
sentiu a doçura do teu jeito
soube que
à nossa frente, ruas e ruas..
caminharíamos!

segunda-feira, julho 10, 2006

coroas do império da fantasia

coroas imperiais sem imperador
na fantasia desenhadas e coloridas
com pinceladas de afecto

coleccionar com doçura

Coleccionar, juntar e encontrar elos de comunhão entre as peças sempre foi aliciante para o ser humano. O coleccionismo de pacotes de açúcar colocou esse anseio ao alcance de toda a gente. Os pacotes de açúcar dão rosto a pessoas e acontecimentos exemplares na solidariedade, no saber, na afectividade


Só é meu aquilo que dou a outrém

Como é do conhecimento de muitos dos que me dão a honra de ler os meus textos sou coleccionador de pacotes de açúcar. Os restantes ficam agora a saber. É uma das colecções que podemos chamar “pobres” não pelo seu conteúdo que é riquíssimo, mas pelo custo das peças, a maioria obtida nos cafés com o sacrifício de beber um café sem açúcar, o chamado café dos apreciadores.

Há uns tempos atras, durante a participação telefónica num programa de televisão das tardes, dei conta deste facto num diálogo que estabeleci com o Carlos Ribeiro, apresentador do mesmo.

Passados alguns meses recebi um telefonema de uma telespectadora que assistira ao programa dizendo-me que tinha ouvido a minha intervenção, que dava muito valor a quem se dedicava ao coleccionismo e como havia juntado muitos pacotes de açúcar gostaria de se encontrar comigo para os entregar.

Encontro marcado. Na data e à hora combinada, pontualidade britânica, encontra-mo-nos num café de .... em Almada. Apresentações feitas, tratava-se de duas senhoras, irmãs, de elevada educação e delicadeza, moçambicanas de origem indiana, vindas para Portugal depois da independência do seu país de origem.

Dois dedos de conversa e a concretização do objectivo do encontro. Foram-me entregue um saco com imensos pacotes de açúcar que tinham juntado cuidadosamente. Uma alegria imensa, mais ainda de quem oferecia do que eu que os recebia.

Perguntei-me a mim próprio: “Mas ainda existe gente assim?” Que sentem tamanha alegria ao agradarem a outra pessoa sem nada esperarem em troca, a não ser reconhecimento. Não tenho, agora, quaisquer dúvidas que o “tal” mundo novo que está na vontade do “Cavaleiro da Esperança” ainda é possível.

Ainda existe neste planeta pessoas que valorizam mais a amizade, a solidariedade, os afectos do que o poder, o dinheiro, o egoísmo.



O mais importante: estas pessoas têm um nome, Maria Cristina e Maria Luísa.

domingo, julho 09, 2006

devoção a santo antónio

santo antónio de lisboa
na devoção das gentes do povo
em trono de cristal

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios


Na Feira Franca

Manhã cedo, mal a aurora dá os primeiros sinais, todos aqueles que pretendem instalar os seus “panos de chão” para exporem as velharias para venderem vão procurar o espaço no terreiro que mais esteja à vista dos passantes. Quanto mais perto dos caminhos traçados no jardim melhor.

O Fotógrafo sempre sentiu muito encantamento pelas peças utilitárias e decorativas que encerram em si próprias uma estória da vivência dos seus proprietários. E aqui neste terreiro de feira mensal que pretende recuperar o espírito de feira franca pode satisfazer esse seu desejo de saber e de sentir.

Assistiu à chegada dos vendedores, muitos deles que vêm pôr à venda bens próprios para os quais já não têm espaço em suas casas, escolhem os melhores lugares estendem os panos e dispõem as peças a vender. Entretanto, aguarda a chegada da Escritora com quem tinha combinado uma caminhada matinal neste espaço de sonho.

_Minha querida Amiga, que bom ter vindo...
_Sabe que gosto da sua companhia e que este convite envolve muitos aliciantes. Este espaço é maravilhoso.
_Temos aqui muitos livros interessantes... e peças decorativas bem antigas.
_Vamos ver tudo isto, calmamente...

Tudo ali se pode encontrar à venda. Basta levar uma ideia ou comprar de improviso. Estanhos e bronzes, candeeiros à petróleo e máquinas fotográficas do início do século passado, utilidades e inutilidades, tanta coisa... E muitos livros.

_Querida Escritora já viu estes livros bem antigos?
_Olhe, repare... este livrinho dobre o poeta Bocage...
_Sim sim... é curioso, trata-se de uma primeira edição de um trabalho sobre a vida de Bocage da autoria de Hernani Cidade...
_Editado no Porto em 1936... que maravilha.
_Além de tudo inclui cinco fotografias de poetas da época de Bocage e com que ele interagiu...


Não resistiram ao apelo “bocagiano”, adquiriram o livrinho que vai fazer o encantamento de quem gosta da obra e quem se inspira nas vivências de José Maria (Barbosa du Bocage).


obra referida: Bocage, de Hernani Cidade, Lello & Irmão, 1ª edição 1936

sábado, julho 08, 2006

a fotogenia da romã

muito jovem ainda, de beleza ímpar
original na forma e na cor
encerra em si a magia da fertilidade

sentados à mesa... gostámos

Viajar pela rota dos saberes, feitos de odores e sabores, numa partilha da degustação de comidas e de bebidas em casas de pasto, ao ritmo do coração


Uma caldeirada em Porto Dinheiro

Viajar, mais do que efectuar grandes deslocações para regiões exóticas, seguir roteiros turísticos programados, é um estado de espírito. Um desejo imenso de conhecer gentes e costumes, de alimentar o espírito de cheiros e sabores. Quantas vezes “aqui tão perto” podemos encontrar esse sonho que perseguimos.

Quando caminhamos na direcção do Oeste de Portugal somos amiúde surpreendidos com vastos pomares, promessa de boa fruta em que a região é pródiga: realce para a pêra rocha fruto emblemático da região, única zona do mundo que o produz.

Mas a surpresa atinge o máximo de encantamento quando entramos no mercado da Lourinhã e somos confrontados com bancas de frutos da região: ameixas, pêssegos e pêras que enchem o ambiente de cheiros exclusivos, que se não encontram nos frutos das grandes superfícies comerciais.

Por estas andanças do mercado o apetite vai aumentando para uma prometida caldeirada que irá ser degustada à beira-mar, no ambiente mais apropriado a estas delícias do mar, na certeza de que será de esmerada confecção. Tomamos caminho direcção da costa Atlântica. Porto Dinheiro, com as Berlengas lá ao fundo envoltas em neblina, espera por nós.



No restaurante O Remo, com o mar ali ao pé, degustámos uma excelente Caldeirada, safio, raia, cantaril, cação, navalheiras e gambas, com amêijoas a fazerem lastro para não queimar no fundo do tacho. Lá pelo meio deliciosos mexilhões.

Acompanhámos com um vinho tinto satisfatório, do Alentejo, produzido pelas Adegas José Maria da Fonseca.




Restaurante O Remo - Praia de Porto Dinheiro (Lourinhã) - marcações 261 422 589

sexta-feira, julho 07, 2006

uma flor para... a são

para uma princesa no estar da blogoesfera
oferecemos brincos a condizer
no dia de festa e de felicidade



A SÃO tem o blogue EspectacologicaS, "sexo, impostos, lamechices e isso..."

a minha opinião

O pessoal da Oficina está atento à actualidade política e social de Portugal e do Mundo. Aqui partilham o seu pensar através da minha análise modesta mas interessada


Onde estão “senhores ministros”?

Logo que a oposição se mostra menos activa, de imediato o governo da Nação se retira da agenda da política nacional, como se não lhe competisse ser a entidade promotora de debates construtivos para se avançar na resolução dos problemas graves que afectam o País. Executam uma série de acções de propaganda pura no campo da utilização das tecnologias emergentes, embrulham os acontecimentos na vibração patriótica dos portugueses perante os acontecimentos futebolísticos e quedam-se tranquilos e silenciosos.

Dos embustes trazidos para a ribalta do conhecimento pelos órgãos de informação, no que concerne às tecnologias emergentes da informação, parece que grande parte dos portugueses já não têm qualquer dúvida. São resoluções de impacto momentâneo e passageiro, que daqui a meses não surtiram qualquer efeito e que ninguém já se lembra de perguntar pelos resultados, embrulhados que somos em outras tantas nova acções do mesmo tipo.

Os problemas de fundo, o cerne da questão, são deixados intocáveis, primeiro por inépcia própria de ministros de formação puramente tecnocrata que sempre viveram afastados do real sentir das populações, segundo porque as directrizes que têm de governar são de cariz puramente economicista e, mais grave, de sacrificar os que menos capacidade têm de defender os seus próprios interesses.

Enquanto o comum dos cidadãos espera ansiosamente o recebimento do subsídio de férias ou a devolução do excedente pago de IRS, dinheiro seu que o Estado capitalizou em proveito próprio, para liquidarem aquela dívida de parcos euros que não foi possível fazer com o curto rendimento do mês (já não escrevo sobre os desempregados ou aqueles que auferem salários de miséria), os nababos da nossa sociedade, que passam a vida a transitar entre a política e o tecido empresarial espanejam-se despudoradamente em viagens de “ir-e-vir” para assistir aos jogos do Mundial, nas praias e hotelaria de luxo.

Os membros do governo da Nação, esses então, desapareceram da cena política, esconderam-se na sombra dos seus gabinetes, no deliberado calar dos órgãos de informação, que recebem somente as notícias que as “empresas de comunicação” pagas a peso de ouro entendem divulgar, pois trabalho jornalístico puro é cada vez mais difícil de realizar.

Se um jornalista, no desempenho da sua função de informar, efectua uma pergunta menos cómoda a um qualquer “senhor ministro” recebe no retorno algumas palavras de desprezo ditas no alto do seu poleiro da soberba que chegam a raiar a má educação. Contudo, são sempre acompanhadas do propagandístico slogan “o que fazemos é a melhor solução para as pessoas”. Como o “Botas” gostava que fosse escrito: “A Bem da Nação”.

quinta-feira, julho 06, 2006

campos floridos do alentejo

na vastidão dos campos de flores
imaginação que é cor é cheiro
exaltação dos sentidos
exacerba o querer

número um

Hábito antigo de guardar os “número um” das revistas, quantas vezes o “número zero”, acaba por fazer história do que é publicado, dos êxitos editoriais e, igualmente, dos fracassos, mas é sempre registo dos tempos


O Malho

Tempos passados são aqueles em que proliferavam as revistas que tinham como base de trabalho a arte da banda desenhada e os textos elaborados com cuidado. De um modo geral apresentavam uma componente forte de crítica social, muitas vezes com alguma variante para o erotismo, mas sempre atentas ao momento em causa.

Desapareceram quase das bancas dando, na actualidade, lugar às designadas revistas cor-de-rosa, na maioria das situações de qualidade literária e de conteúdo de gosto muito duvidoso. A crítica social foi substituída pela crítica “society”, da defesa das pessoas passou-se para a propaganda das “tias”.

Da acutilância do Ramalho ou do Eça, da pena rica do Bordalo e do Stwart Carvalhais, do erotismo vivido do Vilhena, caímos nas conversas lamechas da Maria e outras quejandas, ao diz-que-diz das diversas revistas “TV’s qualquer coisa”, produzidas à custa das telenovelas, das recepções e eventos do tipo “da linha”. Trocou-se a cultura das gentes, a discussão e o debate por um novo soporífero para o Povo tomar.

Desencantámos nos baús da Oficina das Ideias uma revista editada a partir de Setembro de 1975, uma revista de humor conotada com a esquerda política, que durante longos meses reanimou o espírito de Bordalo e da “porca da política”.

O N.º 1 da revista “O Malho” foi publicado em Setembro de 1995, de periodicidade mensal e preço de capa de 12$50, tendo como director António M. Trindade que era igualmente o seu proprietário. A Redacção era da responsabilidade de José Nogueira e Calado Trindade e a Direcção Gráfica de Jorge Timót e Carlos Gargaté.



Do conteúdo do Número Um da revista O MALHO salientamos:

Doenças Infantis
Canção de Amor e Liberdade
O Homem sem Cabeça (conto de Calado Trindade)
A Corda
Mais vale nunca que tarde
Os Pombos Correios


Não resistimos a transcrever um breve trecho de “Mais vale nunca que tarde” :
Falamos da súbita preocupação que todos os países do mundo livre, ocidental e cristão começaram a manifestar em relação a Portugal de há cerca de um ano para cá.

Para quem esteve práqui quase 50 anos ignorado de todo o mundo livre, ocidental e cristão, tanta preocupação é reconfortante. É tocante. É sensibilizante. Obrigadinho.

"São os americanos, os franceses, os italianos, os belgas, os alemães, os holandeses, os ingleses, os vaticanos, todos, todos muito, muito preocupados com o que se passa em Portugal. Assim. De repente. De um dia para o outro, que é como quem diz: desde que o fascismo acabou.

quarta-feira, julho 05, 2006

flores... eternas companheiras

lugar na ribalta deste blogue
flores dos campos e jardins
beleza eterna

mil novecentos e seis dias na blogoesfera

Completa-se hoje uma caminhada de 3 anos, mil e noventa e seis dias, da Oficina das Ideias pelas veredas da Blogoesfera, caminhada que representou uma partilha de saberes e de sentires, igualmente, de sabores e de cheiros, em constante enriquecimento.

Caminhada curta em termos cósmicos e universais, mesmo na bitola da vida humana, mas plena de acontecimentos, do estabelecimento de laços de amizade e afectos, no criar de cumplicidades e do estreitar de culturas, nos escritos e nas imagens.

Neste tempo de balanço difícil se torna referenciar tantas e tantas amizades criadas e desenvolvidas, ora sombra fresca e acolhedora, ora luminosidade quente e bonançosa do espaço da Oficina das Ideias.

Contudo não poderemos deixar de referenciar o primeiro impulsionador do lançamento da Oficina e que ainda se mantém activo na blogoesfera: o João Carvalho Fernandes, do blogue Fumaças.

Dois companheiros de caminhada que nos têm acompanhado desde o primeiro momento: o Blogger, espaço de alojamento concedido e editor eficaz e o Olho de Lince, que nos tem enriquecido os textos com as suas fotografias de eleição. Pela sua fidelidade e companheirismo a merecida referência.

Cumplicidades mil, dentro e fora da Blogoesfera, algumas das quais não resistiram ao tempo que passa e deixaram de estar presentes com os seus excelentes trabalhos, participando em parcerias com a Oficina das Ideias muito frutíferas:

Pedro Gomes, do Sintra-Gare eu diria, o impulsionador do nosso pré-blogue;
João Tunes, do Água Lisa, escritor inspirado e inspirador
Lualil, do Traduzir-se... (antes de Entre o Sono e o Sonho), a Escritora companheira de muitas caminhadas;
Cathy, a doce bailarina do Bailar das Letras, cúmplice na defesa da Literatura Portuguesa;
Marley, do Segredos de Deméter, parceira em muitos projectos inovadores na Blogoesfera;
São, do EspectacológicaS, companhia no caminhar na Blogoesfera;
Jacky, do Amorizade, uma maravilhosa amoramiga;
Claudia P, do Meias Intimidades, a sua escrita e arte são muito inspiradoras;
Alay, de Caracas, Venezuela que nos presenteia com a sua afectividade;
Ligia, de São Paulo, comentadora de mil afectos sempre presente.

Uma referência muito especial ao blogue Fraternidade, do meu amigo e compadre Fernando Bizarro, de quem infelizmente recentemente perdemos o convívio.

No Sábado, 5 de Julho de 2003, às 16:49 horas. É editado o primeiro post da Oficina das Ideias, intitulado “No princípio éramos Lusitanos”. Timidamente e com a modéstia que sempre foi apanágio da Oficina damos os primeiros passos na Blogoesfera.

Os três primeiros posts publicados na Oficina das Ideias “No princípio éramos Lusitanos” – “Lenda da Capa-rica das acácias em flor” – “Corpo de Mulher. Teus olhos” apresentaram, se não de forma explícita, de forma implícita o estatuto editorial do Oficina das Ideias que até hoje se manteve: textos e imagens próprios e originais, a temática da cultura de um Povo e da defesa da região da Praia do Sol e desenvolvimento dos afectos e do muito querer.

Quando o Oficina das Ideias comemorou o seu primeiro aniversário escrevemos: “Ao comemorar um ano de presença na blogoesfera vou eximir-me a tecer quaisquer comentários técnicos, de filosofia da blogoesfera e, até mesmo os estatísticos irão ser reduzidos ao mínimo. Destaque vou dar aos afectos, aos quereres e sentires, que este ano trouxe até mim.”

No segundo aniversário escrevíamos: “O segundo ano de permanência na blogoesfera, de forma continuada com posts diários, em nada alterou o caminho referido numa permanente procura da harmonia, como fonte de resolução dos sérios problemas sociais com que somos confrontados e temos responsabilidade de ajudar a resolver”.

Na linha do tempo os acontecimentos sucederam-se com a velocidade a que se desloca o Universo. Saldo extremamente positivo, aqui e ali salpicado com um sobressalto ou com uma preocupação. Mas o caminhar inexorável do tempo tudo torna passado, perfeito ou mais que perfeito, deixando para o sonho o futuro. O Oficina das Ideias nunca poderia deixar de espelhar tal situação.

No espaço, o planeta Terra foi, por agora, o limite. Mais do que a lusofonia, vivemos o amplo espaço da cultura e da língua portuguesa. O Oficina das Ideias contribui modestamente, mas contribuiu, para alargar o espaço dos afectos. Do Brasil, da Espanha, da Venezuela, da Argentina, do Chile chegou diariamente o afecto e a amizade em português e em castelhano. De Portugal, o carinho próprio do nosso Povo.

Pela segunda vez na nossa vida de “operários” agora do Oficina das Ideias, antes na Oficina das Comunicações sentimos que não há fronteiras políticas, em tudo o que o termo contém, com a força da afectividade.

A TODAS as Amigas e a TODOS os Amigos que connosco quiseram fazer este caminho aqui deixamos o nosso OBRIGADO.


QUADRO DE HONRA

Todas as Amigas e Amigos

terça-feira, julho 04, 2006

sinfonia em doirado

rectas curvas embutidos e relevos
composição de arte conseguida
em doirado

espaço de poetar

Não sou poeta inspirado nem sequer sei construir rimas de espantar. Juntando algumas palavras , dando-lhe sentido e afecto, procuro nelas o encantamento


Um Belo Sonho

Sonhar é voar é ir mais além
Do que o pensamento nos admite.
É sentir o muito querer por alguém,
Por mais que a razão nos limite
O coração sempre quer e o permite

Em seu sonho tão linda e indefesa
Despojada de roupa e muito bela.
Sobre o leito espraia sua beleza,
Que o olhar se deslumbra e enovela
Em memórias que anima e desvela.

Seu rosto sereno faz-me pensar
Que vive um sonho belo e muito terno.
Lindos olhos boca de encantar,
A tranquilidade de um sentir eterno
Que ilumina de Verão dias de Inverno.

Seus seios de mulher que doçura
Por vermelha cambraia estão cobertos.
A imaginação voa longe e em loucura,
Por espaços amplos e abertos
Nossos sentidos são então despertos.

Seu ventre é suave e sensual
Arredondado e macio no sentir.
Está coroado por um brilhante divinal,
Que ilumina o caminho a seguir
No espaço e no tempo sinal do devir.

O âmago do seu ser seu tesoiro
Recatadamente velado ao meu olhar.
Emoldurado por delicioso tosão de oiro,
É um sonho sonhado de louvar
O muito querer porque não? o adorar.

Seus lindos olhos de mel eu beijei
Numa doce carícia sem ter fim.
Na exuberância do sentir eu fiquei,
Consigo eternamente junto a mim
A mente a dizer não o coração sim.

Por seus olhos de mel me perdi
Deixei-me envolver pela loira cabeleira.
Aconcheguei-a a meu peito e senti
O calor de seu corpo duma maneira
Como se para mim fosse a vez primeira

Sonhei-a no Arco-Íris celestial
Por terras e mares maravilhosos.
Adorei sua imagem única sem igual,
Seu olhar e sorriso maliciosos
De seu corpo contornos deliciosos.

Queremos muito que o sonho não acabe
Mas tudo que começa tem um fim.
Diz o Povo que é aquele que mais sabe
Mas porque o pouco é imenso para mim
O sonho me ensinou um eterno sim.

segunda-feira, julho 03, 2006

máscara veneziana

máscaras belas de perfeitas linhas
quantas vezes dissimulam
dramas e sofreres das gentes

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