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segunda-feira, julho 10, 2006

coleccionar com doçura

Coleccionar, juntar e encontrar elos de comunhão entre as peças sempre foi aliciante para o ser humano. O coleccionismo de pacotes de açúcar colocou esse anseio ao alcance de toda a gente. Os pacotes de açúcar dão rosto a pessoas e acontecimentos exemplares na solidariedade, no saber, na afectividade


Só é meu aquilo que dou a outrém

Como é do conhecimento de muitos dos que me dão a honra de ler os meus textos sou coleccionador de pacotes de açúcar. Os restantes ficam agora a saber. É uma das colecções que podemos chamar “pobres” não pelo seu conteúdo que é riquíssimo, mas pelo custo das peças, a maioria obtida nos cafés com o sacrifício de beber um café sem açúcar, o chamado café dos apreciadores.

Há uns tempos atras, durante a participação telefónica num programa de televisão das tardes, dei conta deste facto num diálogo que estabeleci com o Carlos Ribeiro, apresentador do mesmo.

Passados alguns meses recebi um telefonema de uma telespectadora que assistira ao programa dizendo-me que tinha ouvido a minha intervenção, que dava muito valor a quem se dedicava ao coleccionismo e como havia juntado muitos pacotes de açúcar gostaria de se encontrar comigo para os entregar.

Encontro marcado. Na data e à hora combinada, pontualidade britânica, encontra-mo-nos num café de .... em Almada. Apresentações feitas, tratava-se de duas senhoras, irmãs, de elevada educação e delicadeza, moçambicanas de origem indiana, vindas para Portugal depois da independência do seu país de origem.

Dois dedos de conversa e a concretização do objectivo do encontro. Foram-me entregue um saco com imensos pacotes de açúcar que tinham juntado cuidadosamente. Uma alegria imensa, mais ainda de quem oferecia do que eu que os recebia.

Perguntei-me a mim próprio: “Mas ainda existe gente assim?” Que sentem tamanha alegria ao agradarem a outra pessoa sem nada esperarem em troca, a não ser reconhecimento. Não tenho, agora, quaisquer dúvidas que o “tal” mundo novo que está na vontade do “Cavaleiro da Esperança” ainda é possível.

Ainda existe neste planeta pessoas que valorizam mais a amizade, a solidariedade, os afectos do que o poder, o dinheiro, o egoísmo.



O mais importante: estas pessoas têm um nome, Maria Cristina e Maria Luísa.

Comments:
Linda história!Felizmente nesse mundo ainda encontramos pinceladas de amor,desprendimento,encantamento,e alegria em proporcionar ao outro momentos prazerosos.
Por isso vale a vida.
Ligia
 
Querida Ligia. Estória mesmo de encantar, singela mas muito sentida. Comovente mesmo. Um beijo.
 
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