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sábado, maio 31, 2008

voo do abutre


profundo silêncio dos tempos
santuário da mãe natureza
em magnífico equilíbrio dos sentires




Voo do abutre negro, "Salto do Cigano", PN de Monfragüe, Plasência, Cáceres - Espanha

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que vivam os poetas almadenses

Parafraseando o grande poeta andaluz Rafael Arberti os poetas almadenses olham, cantam e sentem Almada e o seu Povo de uma forma profunda como somente o conhecimento das vivências do dia-a-dia o permitem.

Trazem a poesia para o sentir das gentes, incitando a que a escrevam e a digam, que partilhem vozes e olhares numa cumplicidade de gente que se quer bem, no sentido do desenvolvimento inteiro, na globalização da solidariedade.

Hoje é o


Dia dos Poetas Almadenses




Foi essa a expressa vontade há um ano formulada pelos poetas almadenses, tendo por testemunha a memória de Pablo Neruda no local onde a cultura se reúne em assembleia plenária com quem a procura e ama, o Fórum Romeu Correia.

Passado um ano, neste tempo que passa sem se sentir a decisão “oficial” não foi tomada mas foi essa a vontade nunca negada


Dia 31 de Maio – Dia dos Poetas Almadenses




Saber mais em:
Blog dos Poetas Almadenses
O Farol
Scala

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sexta-feira, maio 30, 2008

sonho voado


sonho voado, voar sonhando
por mares e por montanhas
flutuar na suavidade das isobáricas




Bando de Gaivotas sobre o Grande Areal, Praia do Sol, Almada - Portugal

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recordar a adraga dos anos 60

Ao princípio era apenas uma esplanada com tecto de canas, que atraía muita gente desejosa de ver a paisagem e de saborear os petiscos preparados pela avó Maria Libânia...”, é desta forma que na secção dedicada à restauração a revista VISÃO começa o texto de apresentação do restaurante DA ADRAGA.

Estrada abaixo, vindos de Cascais pelo caminho que ladeia o mar tão azul e tão belo, cujo declive se acentua depois de passarmos o Pé da Serra (Serra de Sintra, claro) foi um desenrolar de recordações. Aqui à direita, no Penedo, contactei seres vindos de outros mundos, aqui à esquerda tinha o Carlos Viseu o seu atelier de ceramista, aqui era o restaurante do Zézinho e acolá o quartel dos bombeiros voluntários.

Recordações de quase quarenta anos passados, tempos de despreocupação dos tenros vinte e poucos anos, da companhia sempre presente da avó Esménia, daquele grupo que especialmente no Verão, mas muitos de nós durante todo o ano aqui construíamos amizade, melhor, Amizade. Os nomes tardavam em chegar ao consciente por tantas vidas andadas e sentidas.

O apelo foi fortíssimo. Tão forte que a muita hesitação, o temor das surpresas de modificações produzidas pelo rolar de tantos anos, foram vencidos pela vontade inquebrável de procurar os nomes e as pessoas que esses nomes incorporam. E procurar nos rostos linhas que recordem imagens há muito adormecidas.

A revista VISÃO refere também sobre o restaurante DA ADRAGA: “...recebe muitas pessoas ao longo de todo o ano e mantém a tradição dos petiscos, igualmente bem confeccionados pela neta da fundadora, Suzete Torres...”. Suzete era um nome que faz parte do meu imaginário de frequentador assíduo da Praia da Adraga, com casa posta na então aldeia de Almoçageme.

Sentados numa mesa bem junto à ampla vidraça que dá para a praia ia recordando: Ali quase que me afoguei juntamente com o meu amigo Julião antiquário, não fora a intervenção empenhada do banheiro; deste lado, com a maré baixa, dava para passar para o outro lado, para a Praia do Cavalo, donde deveríamos regressar antes da maré ficar cheia; E por aquelas escadas subíamos até ao topo da falésia para depois caminharmos até à direcção da Praia da Ursa.

O repasto foi do melhor: Amêijoas à Dona Suzete (com camarão), Chocos grelhados (muito frescos) e como sobremesa Leite Creme (queimado ao momento) e um delicioso Bolo de Chocolate. Quando perguntei ao empregado (vim depois a saber ser bisneto da Dona Libânia) se o restaurante ainda era da família do Senhor Lourenço, filho da Dona Libânia, logo me disse que SIM, que o Senhor Lourenço ainda era vivo com oitenta e muitos anos e que me não fosse embora sem falar com a sua mãe, a Suzete.

As linhas do rosto, mesmo quase quarenta anos depois, começaram a suavizar-se deixando ver a imagem do antigamente...

_Estou a reconhecer-te, pela expressão, pelos olhos, pelo sorriso...
_Também eu Suzete... é claro que estão no teu rosto todos os sentires de então...

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quinta-feira, maio 29, 2008

uma flor para... a lualil


neste dia muito especial
te desejo as maiores venturas
e muita felicidade de teu merecimento




Lualil é poetisa e educadora de saneamento pela arte e é, especialmente, minha amiga, cumplice e parceira nas andanças pela blogoesfera; tem o blogue "Traduzir-se... será arte?"

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as margens do rio tejo para sul

Porque o Tejo também é nosso, O Tejo tem duas margens, Quis o destino e os homens que a nossa margem esquerda do Tejo no caminho para sul não fosse industrializada, Amplas charnecas, montados de sobreiros, frondosos e verdejantes pinhais e uma orla marítima infinita de limpidez e cor sem igual, A margem esquerda do Tejo é um longo percurso para descobrir, Surpreendente a cada passo a cada virar de folha a cada subida a um morro a cada olhar na profundidade de um declive, A Mata dos Medos e o Pinhal d’El Rei, O doirado acacial e o manto muito azul deste mar tão belo, As terras e as gentes os usos e os costumes.

Almada beija com ternura o Tejo com quem desde há milhões de anos mantém uma doce cumplicidade, Aqui o contacto é mais íntimo, Almada permite que as águas se espraiem nas suas entranhas, Ali Almada torna-se altaneira mira o Tejo de cima mas vai-lhe piscando o olho em conversas que somente aos dois diz respeito, Que somente os dois entendem, A aproximação a Almada vindos de Lisboa num cacilheiro que acaricia as águas do Tejo é um momento inolvidável, Calma tranquilidade transparência apetece respirar fundo encher o peito de um ar puro que Almada oferece a quem a visita, Cacilhas Ginjal Boca do Vento O Passeio Ribeirinho Elevador Panorâmico e muito em especial gente afável e hospitaleira que de forma incomparável souberam acolher reis e princesas nos momentos em que Lisboa lhes foi agreste.

O Pátio do Prior, Do Crato teria que ser, Sobranceiro ao rio a olhar o Cristo-Rei de construção mais recente está a Casa da Cerca senhorial de João de Portugal, E caminhando para o interior depois do Pragal e do Monte onde viveu Bulhão Pato, Lembram-se dos Contos do Monte?, Vem a charneca imensa das quintas da realeza e doutros nobres menos reais que aí encontraram espaço de tranquilo estar, Caçarias e cavalhadas caminhos abertos no mato para mais tarde ser serventia de recoveiros e carreiros em montadas de muares, Por aqui também ficaram por longas temporadas os monges e os noviços em espaço de meditação, Mais perto dos seu deus que os vinha inspirar, Missionários viveram estudaram aprenderam saberes de evangelização para no Brasil irem pregar, Daqui saíram os que seriam “40 Mártires” que deu nome a quinta que era um vale rosal, E depois o mar esse eterno companheiro de quem o sabe amar.

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quarta-feira, maio 28, 2008

parecem avezitas


salpicam de cores vivas o azul-mar
dezenas um amigo meu os contou
deslizam ao sabor das isobáricas curvas




"Kite Surf" no Grande Areal, da Fonte da Telha à Lagoa de Albufeira - Portugal

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de bico amarelo em valle do rosal

Manhã cedo, ao “raiar da aurora”, chegou em voo redondo pousando no galho mais alto da parreira que no quintal vizinho cria a expectativa de se cobrir de fruto lá mais para o mês de Agosto. Voltado para nascente, bico amarelo em corpo de negro azeviche coberto, lançou o primeiro som matinal.

“Tchac, tchac, tchac”

Este não é o seu cantar mavioso que nos irá encantar durante todo o dia. Este é o som de despertar, a comunicação a toda a sua comunidade de que o dia tem o seu início. É a vitalidade da Natureza em toda a sua pujança.

“Tchac, tchac, tchac”

Este som vai ser ouvido ali perto no pinheiral que o cimento armado ainda não conseguiu destruir, mas também a muitos quilómetros de distância, em toda a planura que se prolonga até às faldas da Serra da Arrábida.

O dia de hoje, tal como tem acontecido nas últimas jornadas, vai ser tempo de forte azáfama. A construção dos ninhos está no seu auge. A forma dissimulada como se aproximam dos locais de nidificação é arte de iludir os predadores, mas o trabalho não pára durante todo o dia.

Vai encantar-nos com a sua vocalização que vai desde o encantamento dos gorjeios aflautados, em tempo de alegria e de construção, até ai áspero chilro de alarme quando dos ninhos se aproxima algum predador.

Foi o primeiro a despertar em Valle do Rosal, sei bem que irá ser o último a recolher ao silêncio no final do dia.

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terça-feira, maio 27, 2008

baía da "adiça"


foi buscar seu nome à mina de oiro
que fez os romanos traçarem caminhos
nas águas azuis do grande areal




Grande Areal, da Fonte da Telha à Lagoa de Albufeira - Portugal

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trava-língua

Mais do que um “trava-língua” este simples diálogo é um “trava-raciocínio”. Aliás, esta mais parece um daqueles diálogos entre políticos da nossa praça quando querem confundir os ouvintes com uma cumplicidade que não existe realmente.

_A Maria disse-me que você lhe tinha dito que eu lhe disse a você que não lhe dissesse!...
_Como?... Mas eu disse-lhe a ela que não lhe dissesse a você o que eu lhe tinha dito...
_Bem!... Eu também lhe disse a ela que não lhe dizia nada a você. De forma que você não lhe diga que eu lho disse...

A curiosidade maior é que este diálogo foi publicado em Janeiro de 1930, na rubrica Bom Humor, do Magazine Bertrand.

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segunda-feira, maio 26, 2008

segredos guardados


quantos segredos, quantas confidências
foram trocados no recolhimento destes claustros
a luz coada vinda dos jardins



Claustros e janelas da Capela, Quinta do Contador Mor, Lumiar, Lisboa - Portugal

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fazer a diferença

A minha querida amiga Gasolina, do blogue Árvore das Palavras, ofereceu um carinho à Oficina das Ideias "eu atribu-o a quem faz diferença" de que deixamos aqui o respectivo selo.




A querida Gasolina regressa de uma ausência que sentimos escrevendo "...que falta me fizeram as tuas flores, o nosso mar, as tuas palavras...". Também eu senti a falta das tuas palavras com as quais desenhas belas flores e tornas o mar ora suave e terno ora agitado e forte.

Obrigado!

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domingo, maio 25, 2008

pureza em verde berço


no verde pousaste tua pureza
em pérola desenhadas tuas pétalas
afecto, ternura, singeleza



Flor de Magnólia gigante, Quinta do Contador Mor, Lumiar, Lisboa - Portugal

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sonhar...

Escrevi recentemente um breve mas sentido comentário a um interessante texto ecrito pela minha querida amiga Cathy, do blogue Bailar das Letras. Como resposta referiu-me que, curiosamente, tinha nesse dia pensado em mim e numa vinda a Portugal que há muito está aprazada...

A minha querida amiga Cathy, de tantos bailados e cumplicidades partilhados, escreveu esta maravilhosa poesia que intitulou “Constatação”.


Sentei na calçada, olhei para a rua e vi você.
Vi porque é da minha natureza imaginar.

E você é todo sonho.

Mas de todo sono é preciso acordar;
E quando isso acontece é que vejo
Verdadeiramente o que é sonhar.

Porque em mundo construído
Há uma sina a contemplar
No silêncio pleno de ruído.

E você continua sonho.

Porque se na vida é preciso utopia
A melhor forma de o fazer
É estar em doce companhia.




Não resisti a responder-lhe, modesto versejar o meu:


Passei na rua, calçada acima, senti você,
Pois é de minha natureza a emoção.

E você é esplendor.

Se de seu sonhar fizer parte o meu ser
Num simples lampejo que o seja
Já valeu a pena meu viver.

Sua imaginação é o Mundo
De ternura, de afecto
Olhar profundo.

O esplendor é o sonho.

Na doçura de seu sorriso me perdi
Encontrei todo meu sentir
E o sonho eu entendi.

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sábado, maio 24, 2008

vela ao vento


com a cumplicidade do vento
vela vermelha desenha
no azul mar audácia



"KiteSurf" nas praias do Grande Areal, Praia do Sol, Almada - Portugal

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disseram na oficina

A Oficina das Ideias sente uma felicidade imensa por saber-se querida dos seus leitores que têm mantido nos últimos meses uma média diária de visitas entre as 400 e as 500, ultrapassando alguns dos dias da semana a fasquia das 600 visitas.

A grande maioria das visitas são de amigos de longa data destas andanças da blogoesfera, outras trazidas por mãos amigas e em resultado de pesquisas temáticas. Muitas das imagens originais da autoria de Olho de Lince publicadas na Oficina são encontradas dispersas por muitos blogues de diversos países do Mundo.

Ainda um dia destes fomos encontrar uma fotografia do “Pôr-do-Sol na Mata dos Medos” a ilustrar uma postagem de promoção a uma obra literária intitulada precisamente “Contos da Mata dos Medos”. Sentimos sempre orgulho por estas transcrições.

De muitas das visitas à Oficina das Ideias resultam comentários, sempre enriquecedores do nosso trabalho, dos quais hoje queremos fazer três destaques, pela sua curiosidade e diferente motivação.

O nosso amigo Mário, do BZZZZZ, veio com certeza na pesquisa da temática “colmeias, mel, apicultura” e deixou-nos dois breves comentário a um texto “O Mel da Arriba Fóssil” escrevendo “...acredito que seja um néctar delicioso, o de rosmaninho então hummm...” e a uma imagem “Doçura da Lousã” dizendo “...que sítio mais tentador para desfrutar e saborear a natureza, ouvir o zumbido e sentir a mística apícola...”.

A querida amiga Manuela, portuguesa, engenheira portuária a trabalhar no porto de Paranaguá, estado do Paraná, no Brasil, a propósito de um escrito nosso escreve: “...gostei da sua alusão aos "chulos deste país" (Portugal). Que bom que ainda há compatriotas que têm a lucidez de reconhecer quais são os nossos verdadeiros males! E, no entanto, amo tanto a minha Pátria! Talvez porque os gigolôs que nela têm raí¬zes me forçaram a ter de emigrar...”.

Sobre uma fotografia publicada sobre a Praia da Assenta escreve-nos a querida amiga Ana, da Bélgica: “Esta fotografia fez-me recordar os dias de férias quando ainda vivia em Portugal. Já se passaram quase 36 anos sem que tenha voltado ao meu país, mas as recordações desse tempo de felicidade na minha querida praia da Assenta, guardo-as para sempre no meu coração.”

Estes comentários e tantos outros que são deixados na Oficina das Ideias dão-nos sempre força para continuarmos este prazer que abraçámos quase há cinco anos.

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sexta-feira, maio 23, 2008

escultura figurativa


faz parte do grupo escultórico
vindo do pombal da quinta
figurativo perfeito



do Pombal da Quinta do Contador Mor, Lumiar, Lisboa - Portugal

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entardecer tranquilo

Foi um dia de chover “cães e gatos”, quando caía uma bátega de água mais pareciam “picaretas”, contudo, aqui no Valle do Rosal surgiam de vez em quando amplos espaços de céu azul com o sol luminoso do costume.

Com o entardecer, o sol a pôr-se lá para os lados da costa Atlântica, para lá da Arriba Fóssil, o ar tornou-se cálido, de uma calmaria excepcional, mesmo um outonal entardecer em plena primavera, com o céu a tomar uma coloração vermelho forte, depois tonalidades de doirado.

Fim de dia mágico, pensei enquanto inspirava fundo toda a força telúrica que emanava do solo e que enriquecia todos os seres vivos que se animaram com esta incomparável força da Natureza.

De cada sebe de jardim, dos pinheiros mansos baixos e de copas redondas, dos bravos da mesma família que se elevam nas alturas, do topo dos telhados e das chaminés iniciou-se uma autêntica sinfonia, onde a melodia não seria a melhor mas a força do som era espantosa.

Dezenas, centenas até, de melros de bico amarelo encetaram estridentes cânticos do entardecer. É a ordem de recolher transmitida por vezes para dezenas de quilómetros de distância. É uma verdadeira euforia de vida impossível de reproduzir por palavras.

Valle do Rosal foi tocado pela magia do entardecer. Pouco depois, o silêncio. O cântico do entardecer terminara. Mas em fundo, a sonoridade única do enrolar do mar, lá para os lados do poente.

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quinta-feira, maio 22, 2008

candura e pureza


na sua candura e pureza
está presente a tranquilidade do local
de encantamento e romance



Flor dos jardins do Palácio do Contador Mor, Lumiar, Lisboa - Portugal

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bandeira azul – 2008

A Bandeira Azul é atribuída anualmente às praias e aos portos de recreio que cumpram um conjunto de critérios de natureza ambiental, de segurança e conforto dos utentes e de informação e sensibilização ambiental. Este galardão, símbolo de referência da qualidade ambiental que os portugueses reconhecem e valorizam é o resultado de candidaturas voluntárias de cumprimento dos critérios estabelecidos para as zonas balneares.

No que diz respeito às Praias, a Bandeira Azul traduz o respeito pelos critérios da Qualidade da Água, Informação e Educação Ambiental, Gestão Ambiental e Equipamentos e Segurança.

A ABAE é formalmente constituída em 1990, embora tenha iniciado em 1986 um empenhado trabalho em todo o território nacional, pautando-se pela isenção e rigor da informação, tornando-se uma verdadeira referência de qualidade, de voluntarismo e de cidadania, ou seja a verdadeira expressão da sociedade civil. Este seu galardão - Bandeira Azul - assume uma incontornável importância para os portugueses que identificam este símbolo como garantia de qualidade e bem-estar.




A Associação Bandeira Azul da Europa – ABAE – atribuiu este galardão para o ano de 2008 às seguintes praias do Grande Areal, costa atlântica pertencente ao Município de Almada, que se prolonga por mais de vinte quilómetros entre a Trafaria e a Fonte da Telha:

Mata
Rainha
Cabana do Pescador
Rei
Sereia (Waikiki)



No corrente ano o Programa Bandeira Azul pretende alertar para as causas e consequências relacionadas com o aumento da temperatura média do planeta Terra e para as influências que tal terá sobre os seres vivos.

Serão divulgadas informações sobre soluções que contrariem os efeitos directos, como a expansão térmica das águas dos oceanos, a diminuição das calotes polares e dos glaciares que no litoral se traduzirão pelo aumento da erosão costeira, aumento das ondas de calor, maior risco de cheias no Inverno e seca no Verão.

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quarta-feira, maio 21, 2008

majestoso


imponente, majestoso, belo
adjectivos que não exagero aplicar
acima de tudo, fábrica de sonhos



"Independence of the Seas" à saída do Porto de Lisboa, junto à Torre do Bugio - Portugal

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doces sabores da costa

Cada terra tem os seus próprios e originais doces, sendo estes, muitas vezes que dão notoriedade a localidade de origem, tal é a sua importância no entender das pessoas. Muito desta doçaria tradicional se deve ao esmero e cuidado das freiras dos conventos que se encontram um pouco por todo o país.

Na Costa de Caparica, o doce que a memória popular apresenta como genuíno produto da vila dá pelo nome de "Claudino" e era tradicionalmente fabricado pelo extinto Costa Nova, café e pastelaria que fez época na Costa de Caparica e cujo nome homenageava a origem de muitos ílhavos, logo, região de Aveiro. Daí que se não estranhe que um dos principais ingredientes dos "Claudinos" seja o doce de ovos.

Passado quase meio século os "Claudinos" passaram a ser fabricados pela quase totalidade das pastelarias da Costa e, hoje em dia, por quase todo o País. Curiosamente, quando fabricados fora da Costa de Caparica tomam muitas vezes o nome de "Caparicanos".

"Claudinos" e "Garibaldis", outra especialidade muito apreciada na Costa, fazem par no capítulo da doçaria com os gelados que de muito boa qualidade são igualmente produzidos na Praia do Sol.

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terça-feira, maio 20, 2008

luar de maio


a lua de maio desejou ser vista
na noite de sua plenitude
afastou decidida a cortina de núvens



Lua Cheia de Maio, a 100% às 2 horas e 11 minutos

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pôr-do-sol na arriba

Quem, ao entardecer, se debruçar num dos diversos miradouros que existem na Arriba Fóssil da Costa de Caparica ou se abeira da arriba que mergulha nas doiradas areias que constituem o grande areal da margem Sul, pode ter a felicidade de observar um inesquecível pôr-do-sol.

Quando o Sol, no seu diário movimento, mergulha com doçura no Oceano, lá bem longe na linha do horizonte, vai criando uma mudança ímpar na paleta das cores da Natureza. Do azul, como só existe no céu da Caparica, passando por vermelhos que são tonalidades diversas do fogo, escurecendo até quase ao negro para depois, numa reviravolta na paleta das cores, fulgir em doirados únicos e maravilhosos.

Os pescadores usam dizer que “os caranguejos puxam o Sol para o mar”.

Sugiro uma ida até à arriba sobranceira à Fonte da Telha, ali para os lados onde se diz terem existido minas do áureo metal, para admirarem a mais bela imagem do pôr-do-sol esplendoroso com os pinheiros mansos em contraluz.

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segunda-feira, maio 19, 2008

suavidade


nasce entre agrestes caules
verdes de espinhos cobertos
resistente à seca dos tempos


Flor de cacto, jardins de Valle do Rosal, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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noites de almada

Almada Velha anima-se quando a noite desce sobre a cidade criando, aqui e ali, sombras cúmplices dos beijos furtivos dos namorados, mas também das dramáticas situações de consumo de droga e de prostituição.

A noite dos jovens e dos menos jovens é vivida nas imediações da Capitão Leitão, antiga Rua Direita, de grandes tradições na vivência almadense, a cair para os lados do Tejo, nas zonas do Miradouro e do Castelo.

Os pequenos bares acolhem, a cada noite que passa, centenas de visitantes que na justificação de "um copo" conversam como somente os almadenses sabem conversar, sobre os temas do momento e as preocupações do dia-a-dia. Os forasteiros integram-se facilmente na grande convivialidade das gentes de Almada, ganhando o estatuto de cidadania se mais do que uma vez aparecerem.

Almada está habituada, desde tempos imemoriais, a acolher no seu seio gentes de terras distantes e diversificadas, de cores e credos diversos, propiciando a sua perfeita integração. Grupos alegres, por vezes muito "alegres", percorrem incessantemente as ruas e calçadas da cidade que já albergou nas suas muralhas D. Nuno Álvares Pereira e o Prior do Crato, quando Lisboa lhes foi agreste.

Mas não só na cidade de Almada a noite é assim vivida. Também no seu termo, um pouco por toda a parte, os beberes e comeres da região apelam à nossa presença e Cacilhas, Piedade, Feijó, Laranjeiro, Sobreda, Pragal, Charneca, Caparica, Costa e Trafaria encerram em si segredos que urge descobrir.

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domingo, maio 18, 2008

gigante tão pequeno


gigante, o maior do mundo
em toda a sua pequenez
perante a dimensão do universo


"Independence of the Seas", saída de Lisboa a caminho do alto mar, Oceano Atlântico

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fome

Portugal, a Europa e o Mundo atravessam uma profunda crise social, o que por ser já um lugar comum na comunicação social e no sentir das gentes não perde a importância e dramatismo que envolve. Induzida pela crise social vive-se uma não menos grave crise de valores. Como antes já escrevemos e continua com actualidade “conhece-se o preço de tudo e o valor de nada”.

Uma sociedade baseada na mais desenfreada especulação financeira, em que a distância entre os “muito ricos” e os “mais pobres” se acentua cada vez mais, é uma sociedade sem futuro. Está na mão e no querer de cada um de nós e de todos colectivamente fazer inflectir este cego caminhar para o abismo social.

Portugal está a atingir em pleno século XXI, o século do saber partilhado e do grande desenvolvimento tecnológico, os índices mais elevados de carência alimentar dos últimos 30 anos, enquanto empresas, muitas delas ligadas a grandes grupos económicos multinacionais, continuam num escandaloso acumular de lucros a distribuir por um número restrito de pessoas.

São esses mesmos grupos que manipulam e controlam a situação geopolítica internacional por forma a apoderarem-se das principais fontes energéticas mundiais, especialmente, no âmbito dos hidrocarbonetos.

E neste entretanto, uma faixa cada vez maior da população portuguesa, para já não falar de Europa e do Mundo, vive em permanente carência alimentar, chamemo-lhe FOME sem receio da dureza da palavra, agravada por condições sub-humanas de habitação e impedimento real de acesso ao ensino.

Josué de Castro que foi presidente do Conselho da F.A.O. (Organização da Alimentação e da Agricultura das Nações Unidas) entre 1951 e 1955 dá conta das dificuldades à época para lutar contra a situação calamitosa que conduzia a que 2/3 da população mundial vivesse em estado de subalimentação real: “...E durante esses quatro anos pudemos comprovar como é difícil vencer as resistências impostas pelos interesses particularistas dos países e dos grupos económicos...”.

Mais de cinquenta anos volvidos a situação e os entraves mantém-se, se é que se não agravaram. Como escreveu Manuel Jacinto Nunes “Não é preciso afirmar, como Josué de Castro, que “a fome é um flagelo criado pelo homem”, basta afirmar que “a fome é um flagelo consentido pelo homem” para que se tenha que considerar como um dos objectivos fundamentais da humanidade a extinção desse flagelo”.


Recomendação de leitura: “Humanidade, FOME e Subsistências”, Associação de Estudantes de Ciências Económicas e Financeiras, 1965

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sábado, maio 17, 2008

ilumina a vereda


ilumina a vereda ao passar do caminhante
recolhe do sol a energia
que partilha a cada dia que passa


"Dente de Leão", Mata dos Medos, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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caminhar nos medos

Que bela foi a caminhada de hoje na Mata dos Medos...

Inserida na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica, a Mata dos Medos consiste num vasto aglomerado arbóreo que foi mandado semear pelo rei D. João V, com o objectivo de fixar as areias das dunas sujeitas ao efeito de erosão dos ventos e que invadiam os terrenos agrícolas do interior.

A Mata dos Medos está constituída desde 1971 como Reserva Botânica protegida por lei e abrange 338 hectares de floresta, onde predomina o pinheiro-manso, embora se possam observar diversas espécies arbóreas de importante valor.

A Mata dos Medos pode ser percorrida pedonalmente por dois caminhos diferentes que passam junto às principais espécies arbóreas e também de arbustos com passagem obrigatória por um dos miradouros sobranceiros às praia e de onde se desfruta magnífica panorâmica, desde a Serra de Sintra a Norte, até ao Cabo Espichel e Serra da Arrábida a Sul e a Nascente.

O Poente fica reservado para um deslumbrante pôr-do-sol quando o astro-rei mergulha aparentemente nas azuis e amplas águas do Oceano Atlântico.

Neste percurso por tão delicada região todos os nossos sentidos são estimulados de forma única. Debaixo da sombra protectora dos pinheiros-mansos, vários arbustos podem ser identificados nas suas cores e odores ímpares. A sabina das praias, com suas bagas vermelhas, o medronheiro, cujas baga de amarelo a vermelho, consoante a maturação, são comestíveis e possuem um ligeiro teor alcoólico.

Os odores do rosmaninho, do alecrim, do tomilho e da salva inebriam-nos os sentidos e acompanham toda a nossa viagem. Lá mais no alto, pairando no azul do céu, podem ser observadas as águias reais, o peneireiro, o mocho galego ou a coruja do mato. A não perder é a oportunidade de observar a vivência dos corvídeos da Mata dos Medos em agregado familiar de um macho e de duas fêmeas.

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sexta-feira, maio 16, 2008

três andares e anexo

a cada ano que passa
neste paraíso viver
significa aumentar a família



Ninhos de andorinhas, Castro Verde - Portugal

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mais uma vez...

Mais uma vez.. carnaval
Para o meu amigo fotógrafo e companheiro de longas caminhadas.


Arrumava-se agitadamente. Sentia-se ansiosa afinal era aquele seu primeiro desfile. Muitas vezes viu de olhos brilhantes toda aquela gente colorida e alegre passar.. muitas vezes sonhou ser uma delas. Sentia o batuque estremecer seu coração. Sua cultura a fazia se sentir viva, alegre e sonhadora. Agora só lhe faltava o cocar que ajeitou carinhosamente na cabeça deixando alguns cabelos soltos na frente e levou nas mãos o cocar que iria entregar a alguém. Certamente não parecia uma índia muito verdadeira mas, havia algo em sua alma que a fazia a índia mais feliz naquele momento.

Vamos vamos! Gritava o mestre.

Desfilaram pelas ruas do Recife antigo sentindo o calor de toda aquela gente da terra e muitos olhos encantados que vinham de todos os lugares do mundo.

Ela sempre que possível procurava um clique de uma determinada máquina fotográfica. Já havia atravessado quase toda a rua e não havia conseguido encontrar o fotógrafo que com ela subia e descia as calçadas da cidade a viver a sentir os movimentos daquela gente. Mas ela sabia que ele estava por lá. Ela sentia.

Sentiu uma ligeira tontura e precisou buscar pelo apoio de alguém que estivesse próximo. Segurou no braço de alguém até sentir que estava bem outra vez. Quando se recuperou, viu os olhos do fotógrafo a olhar nos seus. Sorriu, beijaram-se e ainda mais feliz seguiu até ao final do desfile.


Texto da minha querida amiga Lualil, do blogue Traduzir-se...

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quinta-feira, maio 15, 2008

simples candeeiro

é modesta a sua evidência
embora trabalhado com arte
e de grande utilidade na nos tempos presentes



Candeeiro de Rua, Castro Verde - Portugal

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tapete de flores de jacarandá

Os jacarandás florescem no mês de Junho mas muitos anos há em que o clima é propício a que tal aconteça mais cedo, a partir de Maio meado cobrem-se de bonitas flores de lilás coloridas pela sensibilidade dos olhares de quem as aprecia com devoção.

Em Junho já avançado as flores dos jacarandás formam um tapete de cor e de luz sobre a calçada que lentamente vão cobrindo num convite, até mesmo numa declaração de afecto, a que a ninfa que vem do Tejo por ele caminhe, deslize como uma bailarina que em pontas percorre o espaço e o tempo sem no solo tocar.

Sinais da suave Primavera a convidar ao romance que os dias de cálidas temperaturas se aproximam, a despertarem paixões, pois são estas no seu renovar que fazem avançar o mundo no sentir dos amantes.

O florescer dos jacarandás é como um passe de magia que em instantes transforma as cinzentas cidades em coloridos quadros, vibrantes e sensuais, um apelo à participação, ao envolvimento, ao inspirar profundamente odores que nos transportam a mares de tranquilidade infinita.

Quando passarem sob a frondosa copa de um jacarandá ele sempre deixará cair uma pequena flor, oferta pessoal, galanteio à forma suave de pisar o tapete lilás por ele estendido na calçada.

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quarta-feira, maio 14, 2008

para ti, minha amiga...

em cada visita trazem-me uma braçada de afectos
cada frase que deixam é um inspirado poema
como retribuir? com a mais bela rosa do meu jardim



A mais bela rosa do meu jardim, Charneca de Caparica, Almada - Portugal



NOTA: iniciamos hoje a utilização de uma nova moldura para enquadrar as fotografias do nosso amigo Olho de Lince. A ideia à sua dona - obrigado querida Lila

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barco do amor

O Rio Tejo ao entardecer pareceu cobrir-se de um manto de cetim na tranquilidade das suas águas, cavalheiro e galante como é por sua natureza e educação, suave quando as ninfas o acariciam com agrados. Melhor do que ninguém a minha querida amiga Gasolina o sente e descreve, daí que peço relevem a minha ousadia.

Um barco ou outro navegava timidamente rio acima, ora um cargueiro rumo ao porto, ora um barco de recreio que se deixava deslizar sem rumo certo, navegando muitas vezes à bolina, na espera da concretização de um desejo que nascera dias antes com a anunciada vinda a Lisboa do “gigante” Independence of the Seas na sua inaugural viagem desde Southampton até ao Mediterrâneo e regresso ao mesmo porto do sul de Inglaterra.

Às 17 horas exactas ao som festivo dos sinalizadores sonoros de bordo, que troaram de Vila Franca até à Barra, encetou o maior barco do mundo (em tonelagem flutuante) a sua viagem de saída de Lisboa, deixando para trás a Ponte Sobre o Tejo iluminada por alguns raios de sol que teimavam em coar através do céu de cinzento chumbo.

Poucos minutos volvidos passeava toda a sua grandiosidade frente a Porto Brandão na cala norte do rio, rumo à barra e a contornar o Bugio. A altura dos seus 18 decks impressionante quando comparada à altura do Padrão dos Descobrimentos e da Torre de Belém. Da suavidade com que deslizava nas águas do Rio Tejo só encontro comparação na relação que com este rio tem a Ninfa de Duas Margens, aquela que Camões não teve oportunidade de conhecer senão a teria cantado nos seus poemas mais inspirados.

Fui até ao Bico da Areia ver o Independence of the Seas afastar-se rumo a poente, depois inflectir para sul, embora o rumo a seguir o iria levar para norte, até ao porto de Vigo. Mas isso seriam manobras para o mar alto, em pleno Oceano Atlântico. Acompanhei-o visualmente até começar a desaparecer mar adentro.

Na linha do horizonte o céu estava negro de breu, chovia copiosamente, o maravilhoso navio que minutos antes saíra do Rio Tejo mais parecia um “navio fantasma”, da fantasia do nosso imaginário.

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terça-feira, maio 13, 2008

secular memória

cada nervura, cada lenho
é uma memória de vida passada
saber secular


Árvore secular fronteira à Basílica Real, Castro Verde - Portugal

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lesa património

A tarde estava a meio, aquele tempo de madorna que se segue ao que é utilizado de um modo geral para a refeição do meio-dia, por aqui designada por almoço e que nas terras dos “saloios” onde se encontram parte das minhas origens chamavam “hora de jantar”, quando entrei no largo fronteiro ao rio daquele local onde já aportaram barcos de pesca para descarga e reparação e que hoje está perto do abandono pelas lides do mar.

A capela local é circundada por um espaço ajardinado, bastante cuidado, que percorri vagarosamente na procura de um painel de azulejos alusivo a Nª Sª do Cabo que me falaram aí existir e de que já havia visto uma fotografia. Agora procurava o painel real e o primeiro local a visitar foi a referida capela com resultados negativos. Nem viva alma a quem perguntar.

Na fiada de casas baixinhas, com certeza da origem da localidade pois era esse o uso da construção em épocas idas, que dá para as traseiras da capela uma porta aberta indicava que andaria gente por perto. Para entrar tive que baixar bastante a cabeça, desci dois ou três degraus e entrei num compartimento de reduzidas dimensões somente com uma mesa e seis homens idosos sentados ao seu redor.

Quatro deles carteavam e dois assistiam interessados. Senti algum acanhamento em interromper, mas sempre fui dizendo: “Conhecem a existência por aqui de um painel de azulejos que representa a Nª Sª do Cabo?” Olharam-me por instantes com alguma estranheza, até que um dos convivas acabou por responder: “Olhe, corta aí no beco à esquerda, logo a seguir àquele prédio que tem dois barris... é logo ao fundo desse beco”.

Não foi difícil chegar ao local indicado. Por cima do portão de uma garagem, meio encoberto por uma barra de ferro carcomida da ferrugem e amputado nos seus laterais pelas mais recentes obras na parede da garagem aí está o painel de azulejos que eu tanto procurara.

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segunda-feira, maio 12, 2008

janela de balcão

trabalho de forja e de bigorna
que decora a janela de galão amarelo
embeleza e dá segurança


Janela de balcão, Castro Verde - Portugal

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mar eterno

Oceano, mar eterno, que te espraias no doirado areal
Festejas em espuma branca e leve o vigor da Natureza
Inspirada bailação ao ritmo do sentir e do querer
Crias obras de arte, desenhos, esculturas, qual artista genial
Inventas novas formas, cores e traços que aplicas com firmeza
Na tela da vida, no devir, que do sonho se faz viver.
A transparência da água é como a alma do músico ou do poeta

De mansinho vem beijar as areias que o Sol aquece e ilumina
Amando cada momento do tempo que passa veloz sem parar
Só medido pelo fluxo de areia fugidia da velha ampulheta.

Inebriantes melodias enchem o ar com sons de ocarina
Dando companhia a palavras certas da arte de versejar
E o mar, sábio pela vivência e pelo muito observar
Indica a rota a percorrer para o sonho atingir
Amizade, que amor mais forte não há , na certeza do pensar
Solidariedade o sublime sentimento de quem melhor sabe sentir.

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domingo, maio 11, 2008

rendilhado em lilás

somente mão de artista conseguiria
tão belo rendilhado desenhar
e em tons de lilás colorir


Flor da "Centaurea scabiosa", Mata dos Medos, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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A menina dos telefones

Quando atendeu o telefone fê-lo na ignorância de quem estaria do outro lado da “linha” pois o pequeno ecrã luminoso indicava somente “número ocultado”, mensagem que indica que quem a usa não pretende ser identificado à partida.

Aliás, a disponibilização dessa faculdade de dar a conhecer quem connosco pretende contactar é obra dos sistemas digitais, pois com os analógicos tal não era possível. A informação disponibilizada avança no sentido e na proporção inversos ao desenvolvimento do contacto humano que regride a olhos vistos com o tempo que passa.

Veio-lhe à memória os tempos em que de férias numa aldeia do oeste do país, que ao tempo lhe parecia distante e isolada e que hoje está a escassos minutos de uma das amplas vias que cruzam e rasgam o território nacional, o fazer uma chamada telefónica era um verdadeiro ritual.

A magia de ouvir a voz de um ente querido que se encontrava a muitos quilómetros de distância envolvia muito mistério e fantasia e a preocupação enorme de cumprir uma sequência de passos que previamente haviam sido estabelecidos. Não era rara a situação em que ao ouvir-se através desse “misterioso” equipamento, o telefone, uma voz amiga do outro lado da linha uma lágrima furtiva teimasse em rolar pelo rosto.

Quando se pretendia estabelecer um contacto telefónico e após levantar o auscultador e dar voltas insistentes a uma pequena manivela ouvia-se do outro lado uma voz feminina responder: “Troncas…”- Era a menina dos telefones.

Todos na aldeia sabiam o nome da “menina dos telefones” que cumprimentavam em nome próprio ao que ela da mesma forma retribuía. Era então pedido de viva voz o número pretendido, número de poucos dígitos pois os telefones existentes eram poucos, e após algum tempo destinado a colocar cavilhas e fios nos alvéolos correspondentes aos dígitos era estabelecida a comunicação.

De um modo geral os telefonemas eram feitos com hora marcada para permitir que ambos os intervenientes se deslocassem aos locais onde existiam os aparelhos de telefone, pois eram raras as casas particulares, somente os mais abastadas, que os possuíam.

Quando a conversa terminava ainda havia tempo para a despedida da telefonista que muitas vezes quando o tema lhe parecia interessante tinha funcionado como precursora das actuais e tão faladas “escutas telefónicas” para o que se limitava a encostar a cavilha dos seus auscultadores à linha em comunicação...

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sábado, maio 10, 2008

senhorial

magestosa e bela
nas cores do alentejo profundo
na tranquilidade da grande planície


Janela de casa senhorial, Castro Verde - Portugal

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o paralelepípedo


Paralelepípedo é pedra de calçada
Que apoia a caminhada do romeiro
É marco, é sinal da rota desejada
Na senda do sonho, querer primeiro.

Pedra talhada de calcário ou de basalto
O paralelepípedo tem a forma do caminhar
Eleva o sentir ao seu ponto mais alto
Traça uma rota do partir ao chegar.

O descanso do romeiro é uma pausa
No caminhar rumo à luz, ao infinito
O paralelepípedo é o símbolo de uma causa
E assim está dito e assim está escrito.

Escrever um poema, responder ao desafio
Lançado por alguém que é muito sábio
É atrever-se a bailar palavras, acender o pavio
Ler o paralelepípedo, qual astrolábio.

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sexta-feira, maio 09, 2008

toc toc ó da casa!

dois toques para o primeiro andar que um toque é andar térreo
entre!
quem vem lá?


batente duplo com figura humana, casa antiga em Castro Verde - Portugal

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tempo de festejar

Finalmente, o tempo de invernia parece convencer-se de que chegou o seu ocaso em terras do hemisfério norte e cede o seu lugar à Primavera que não brilhou mas que na mesma lutou pelas renovação da vida. O Verão já bate à porta e daqui a poucos dias vai entrar com o seu “sem cerimónia” habitual.

Tempos de fertilidade, a Natureza parece estar em festa, que os seres humanos sem dúvida que o estão. Comemoram santos populares, artimanha encontrada nos primórdios do Cristianismo, para se apoderar de festividades pagãs na sua génese. É sempre assim, o Povo celebra os sentires as instituições apoderam-se dos quereres.

Mas o Povo continua a festejar...

As aves mais novas, muitas delas não viram antes esta época do ano, ensaiam voos mais altos e mais amplos na procura dos insectos que se elevam no impulso das isobáricas ascendente. Apresentam sinais de alguma desorientação, mas muito em breve se adaptarão às novas condições climatéricas e voltarão a dominar o espaço como antes.

Os dias já são mais longos. O Sol perdeu a sua preguiça invernosa e agora levanta-se cedo, faz com que o “raiar da Aurora” seja temporã. Os melros do pinhal não alteram o seu relógio biológico. Os seus piares estridentes, comunicando com os seus semelhantes a hora da alvorada. Lá para o fim do dia virá o sinal de recolher, ouvido pelos seus semelhantes a dezenas de quilómetros de distância.

As manhãs são sempre barulhentas. Gorjeios de pássaros e de cigarras começam muito cedo e, do outro lado da rua, um papagaio imita todos os sons que ouve. Enfim uma verdadeira alvorada festiva celebrando a vida, o renascimento, o Sol se levanta mais cedo para participar da alegria e sente uma dificuldade enorme de ir-se embora.

O por do sol é uma explosão de cores colhidas durante o dia.

O fotógrafo desejaria ter “engenho e arte” para eternizar estes momentos, por isso segue cada minuto com a câmera fotográfica pendurada ao ombro.

Mas aquele olhar perdido, no desassossego dos sentires, procura sempre a próxima estação do ano...

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quinta-feira, maio 08, 2008

simplesmente flor

parece feita em veludo pela artista
que todas as belezas desenha e dá cor,
mas é tão somente uma flor de jardim


Flor do Jardim 25 de Abril, Aljustrel - Portugal

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um sorriso

e então...


sorrimos!!!

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quarta-feira, maio 07, 2008

moinho de castro

fui à feira de castro
ampla e vasta como as terras do alentejo
o moinho de ancestral e belo


Moinho de Vento na Feira de Castro, Castro Verde - Portugal

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uma lágrima

Por vezes sabe bem deixar cair uma lágrima...

...e melhor ainda quando há alguem que a ampara, (mesmo que seja em pensamento).

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terça-feira, maio 06, 2008

voar com a bruxa

eu não acredito em bruxas
mas que as há, lá isso há
voam baixinho nos telhados do alentejo


Catavento numa casa de Castro Verde - Portugal

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o afecto pelo mestre

Enche o palco com as sonoridades da memória quando executa com destreza e mestria a viola que sempre o acompanha num caminho sem descanso que percorre no Brasil imenso e quando se desloca para fora das fronteiras, especialmente para a Europa. Estabelece um contacto fácil com o público que sempre o acarinha com fortes aplausos.

É considerado e reconhecido pela forma denodada como defende a musicalidade da viola na cultura tradicional do Brasil, no país profundo dos ranchos e das montanhas, dos rios e das folias, com o sentir popular em plano primeiro.

Sente orgulho na arte a que dedica toda a sua inspiração e no reconhecimento que o público sempre lhe dedica. É o “rei” do espectáculo...

Contudo...

Chama o seu mestre ao palco. Gente caipira, simples, até mesmo um pouco acanhado perante uma sala cheia. É emocionante observar o afecto, o carinho, a consideração com que o artista que tem o público a seus pés trata o seu mestre, ele também artista maior.

É na modéstia que se vê a grandeza de um artista!!!!


[O violeiro Chico Lobo apresenta no seu espectáculo no Cine-Teatro de Castro Verde o seu mestre Nelson Jacó]

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segunda-feira, maio 05, 2008

exotismo em flor

um olhar te deu vida
deu a cor e o exótico cheirinho
esse olhar animou a alma do fotógrafo


Flor de arbusto do Jardim 25 de Abril, Aljustrel - Portugal

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58 meses na blogoesfera

Continuamos a fazer questão em cumprir o estatuto editorial da primeira hora “textos e imagens próprios e originais, a temática da cultura de um Povo e da defesa da região da Praia do Sol e desenvolvimento dos afectos e do muito querer”. Continuamos a contar com o empenhamento do nosso “irmão fotógrafo” Olho de Lince que sempre vai animando os nossos textos muitas das vezes bem modestos.

No último mês, o número de comentários foi de 59, a partir de 29 comentadores, valores que continuam a dar-nos bastante satisfação, embora um pouco mais baixos que os do mês anterior. É de grande importância para o enriquecimento da Oficina das Ideias esta contribuição dedicada que nos têm trazido importantes ensinamentos.

Quanto a visitas atingimos a cifra de 513.977, a uma média de 470/dia, com origem em 151 países diferentes, valores facultados pelo SiteMeter e pelo NeoWORX. Do Brasil 225.204 visitas, de Portugal 203.430 e de Espanha 9.570 encontram-se no topo dos visitantes. Salientamos o facto de a cada mês que passa novos países nos visitam, assim como.

Total de postagens – 3.577, onde cerca de metade são fotografias da autoria do nosso amigo Olho de Lince.

Um agradecimento especial a Blogger.com e a Blogspot.com onde editamos e alojamos a Oficina das Ideias desde a primeira hora.


Quadro de Honra

Observador, do Reflexos (Portugal)
Odele Souza, do Oficina das Palavras (Brasil)
Lígia (Brasil)
João S, do Espaço do João (Portugal)
Amigona Avó e...., do Instantes daVida (Portugal)
Lila (Portugal)
Menina do Rio, do Momentos de Vida (Brasil)
João Paulo (Portugal)
Claudia P, do Cor de Dentro (Brasil)
Gwendolyn, do A Cantora (Brasil)
James Emanuel, do Reflexões (Brasil)
Rui Coelho (Portugal)
Zeca (Brasil)
Rui Simeão (Portugal)
Rui Manhente, do Viandante (Portugal)
Gasolina, do Árvore das Palavras (Portugal)
Maria Papoila, do Maçã de Junho (Portugal)
Luís M. (Portugal)
Júlio Fonseca (Brasil)
Avelaneiraflorida, do Cantares de Amigo (Portugal)
Raquel F. (Brasil)
São, do EspectacológicaS (Portugal)
Sophiamar, do A Ver o Mar (Portugal)
Piloto, do Olhómetro (Portugal)
Viciado (Portugal)
James Stwart, do Szerinting (Hungria)
Giulia P, do Menina de Cristal (Brasil)
Victor, do Des-encantos (Portugal)
Chico Lobo, do Blog do Violeiro (Brasil)



A TODOS o nosso MUITO OBRIGADO!

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domingo, maio 04, 2008

mãos expressivas

mãos calejadas do árduo trabalho
que ganham nova vida, agilidade
ao dedilhar as cordas da viola caipira


Mãos do violeiro Mestre Nelson Jacó, "Encontro de Violas, Cine-Teatro Municipal, Castro Verde - Portugal

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minha mãe, minha amada

Há alguns anos atrás, não muitos, no Dia da Mãe, ofereci ao meu ente mais querido um singelo bouquet de flores secas, flores amarelas de odor incomparável.

Entreguei-lhas no quarto do hospital onde tinha dado entrada alguns dias antes. Nunca tivera doenças graves mas uma ingrata infecção respiratória a isso a obrigara.

Aquele bouquet de flores acompanhou-a no quarto do hospital por pouco mais de trinta dias.

Depois disso trouxe-o comigo...

Ainda dá alegria ao meu quarto de dormir.

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sábado, maio 03, 2008

as cores do alentejo

é a prata, é o ouro, é o roxo
lilás no olhar do poeta
que verseja cheirinhos na ampla planície


Campos do Alentejo, próximo de Canhestros, Ferreira do Alentejo - Portugal

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encontro de violas

O encontro é muito mais do que o cruzamento de dois caminhos, de duas veredas percorridas embora com sentires semelhantes, é muito mais do que a partilha e a cumplicidade, é muito mais do que a parceria em que cada põe em comum o que de melhor tem capacidade de produzir.

O encontro é tudo isso: cruzamento, partilha, cumplicidade, parceria. Mas vai muito para além , pois é contagiante, é envolvente, tem resultados desmedidamente inesperados, mexe com todos os sentidos e sentimentos. Faz o Homem crescer no sentido correcto da Vida: a Solidariedade.

É assim que um grupo de amigos sai das terras da margem sul do Tejo, ruma a sul para onde “se abre uma janela para a planície”, pois é em Castro Verde o local de encontro, encontro de gentes que se quer bem, encontro de culturas, vão ao Encontro de Violas.

A viola campaniça e a viola caipira vão juntar as suas sonoridades tão próximas, nas suas origens e no afecto com que são dedilhadas, tão afastadas pois a toada dengosa do Alentejo profundo, ganhou no Brasil as sonoridades próprias do tropicalismo e da mestiçagem étnico-cultural dos europeus com os índios e com os africanos.

Pedro Mestre toca com virtuosismo a viola campaniça e Chico Lobo é ele próprio melodia quando toca a viola caipira. Juntos proporcionam o encontro de todos nós.

Pedro Mestre e Chico Lobo


Mas todo um caminho faz-se num encontro de gerações, no respeito pelos mestres pelo seu saber de vida, na porta aberta às gerações mais novas

Mestre Manuel Bento


Mestre Nelson Jacó e Ana Jacó


E a festa foi até às tantas...


Viola Campaniça
Descende da viola barroca e é encordoada com cinco cordas duplas. É assim conhecida no sul de Portugal por se encontrar fortemente radicada na zona designa por “Campo Branco” que engloba os concelhos de Aljustrel, Ourique, Castro Verde, Almodôvar e parte do concelho de Odemira. Quase a perder a sua identidade, no início dos anos 80 do século passado foi feita investigação importante pelo professor José Sardinha que se encontrou com dois tocadores de campaniça já de avançada idade: mestre Manuel Bento e mestre Francisco António. Com ambos aprendeu Pedro Mestre que a partir de finais da década de 90 do século passado com entusiasmo se lançou na execução e divulgação da viola campaniça.

violas campaniça de Pedro Mestre



Viola Caipira
A viola caipira brasileira descende das violas de arame portuguesas levadas para o Brasil pelos primeiros jesuítas e colonizadores, já no século XVII, tendo sido aculturada, adoptada e reinventada pelo caboclo brasileiro. É uma viola de cinco pares de cordas, à semelhança da viola campaniça, e tem uma afinação muito especial por forma a que cada par seja tocado como de uma corda única se tratasse. Diversas manifestações da cultura popular são acompanhadas por violeiros que tocam desde os ritmos mais primitivos, como o Cururu e o Cateretê, até aos mais melodiosas como é o caso da Toada.

violas caipira de Chico Lobo

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sexta-feira, maio 02, 2008

rendilhado

caminhar na mata em doce enleio
sentir cada pormenor, cada cor
cada cheiro que nos transporta ao sonho


Flor da mata, Mata dos Medos, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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em abril de 2008 a oficina publicou:

Textos
Dia 1 – De mentira em mentira [tradição]
Dia 2 – Em Março de 2008 a Oficina das Ideias publicou [oficina]
Dia 3 – Mais uma surpresa [oficina]
Dia 4 – Na procura [poesia]
Dia 5 – 57 meses na blogoesfera [oficina]
Dia 6 – A Austrália presente na Oficina [oficina]
Dia 7 – Indigne-se... pela sua saúde [poesia]
Dia 8 – Meio Milhão [oficina]
Dia 9 – O Carro Vermelho [pequenas estórias]
Dia 10 – Novos indicadores de leitura [oficina]
Dia 11 – Doçura [poesia]
Dia 12 – Viajar para saber mais [pequenas estórias]
Dia 13 – Ano Novo [pequenas estórias]
Dia 14 – Rezas e Benzeduras [cultura popular]
Dia 15 – Marinheiro Insubmisso [minha terra]
Dia 16 – A Charneca de Caparica é um poema [eventos]
Dia 17 – A chuva voltou a cair [pequenas estórias]
Dia 18 – Uma burra como dote [minha terra]
Dia 19 – Insubmisso Marinheiro [poesia]
Dia 20 – O homem da bicicleta [pequenas estórias]
Dia 21 – O Elefante [pequenas estórias]
Dia 22 – O ar que respiramos [pequenas estórias]
Dia 23 – Sant Jordi dos Namorados [datas]
Dia 24 – Quis [poesia]
Dia 25 – 25 de Abril, Sempre [25 de abril]
Dia 26 – Olhares Perdidos [pequenas estórias]
Dia 27 – O último lance de Vida [pequenas estórias]
Dia 28 – O vendedor de Alfaias [pequenas estórias]
Dia 29 – Rosa do Meu Jardim [poesia]
Dia 30 – As andorinhas [pequenas estórias]

Imagens
Dia 1 – Beleza Ímpar
Dia 2 – Mar Azul com Flores Douradas
Dia 3 – Bom Observador
Dia 4 – O repouso das Andorinhas
Dia 5 – Alegria Primaveril
Dia 6 – Estrela de Mil Pontas
Dia 7 – Ao correr das Ondas
Dia 8 – Alegria, Alegria
Dia 9 – Branco e Amarelo
Dia 10 – Flor do Amor
Dia 11 – De doirado me vesti
Dia 12 – Diamante
Dia 13 – De Vermelho
Dia 14 - Beleza Ímpar
Dia 15 – Segredo Meu
Dia 16 – Candura e Singeleza
Dia 17 – A força da Natureza
Dia 19 – Flores de Cor Dobrada
Dia 20 – Luar de Abril
Dia 21 – Lilás e Azul
Dia 23 – A Rosa e o Livro
Dia 24 – Raminho de Rosas
Dia 25 – Cravo de Abril
Dia 26 – Luz da Madrugada
Dia 27 – Suave Sensualidade
Dia 28 – Mensageiros do Sonho
Dia 29 – Aveludado Sentir
Dia 30 – Mulher Lutadora

Uma flor para...
Dia 18 - ...a Montse
Dia 22 - ...o Ricardo

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quinta-feira, maio 01, 2008

o afecto de uma rosa

primeiro de maio é tempo de festa em luta
pela defesa das conquistas de abril
"a dura luta não impede o afecto" (che)


Rosa dos jardins do Pinheirinho, Charneca de Caparica, Almada - Portugal

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hoje

Uma extraordinária convergência astronómica e da tradição faz com que hoje, em simultâneo se comemore o Dia Internacional do Trabalhador, as Maias da tradição popular, Dia da Espiga da tradição pagã e religiosa e a Festa de Beltane da tradição druida.


Dia Mundial do Trabalhador

“A história do Primeiro de Maio mostra, portanto, que se trata de um dia de luto e de luta, mas não só pela redução da jornada de trabalho, mais também pela conquista de todas as outras reivindicações de quem produz a riqueza da sociedade.” – Perseu Abramo

O Dia Mundial do Trabalho foi instituído em 1989 como homenagem à Greve Geral realizada em 1 de Maio de 1886, em Chicago, em que milhares de trabalhadores vieram para a rua em protesto contra as condições de trabalho desumanas a que eram sujeitos e exigindo a redução da jornada de trabalho de 12 para 8 horas.

Não foi, contudo, uma manifestação tranquila, pois a repressão ao movimento foi dura tendo resultado prisões, feridos e mesmo mortos nos confrontos entre a polícia e os operários.

Em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias que nesta cidade decorreram em 1886 e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos o dia 1º de Maio foi declarado Dia Mundial do Trabalho.


Festas das Maias

No “último de Abril” o Povo prepara bonitos ramalhetes de giestas, conhecidas no Douro, Minho, Beira Alta e outras regiões por Maias, essas flores amarelas (quase doiradas) que bordejam os caminhos anunciando a Primavera, para colocarem nas portas e janelas como manda a tradição. Ao “virar do dia” logo nos primeiros segundos do dia 1º de Maio já as casas se encontram engalanadas de flores amarelas.

Leite de Vasconcelos chama a este acontecimento o “enramalhamento” das portas.

Com isso, assim diz a tradição, se pede que “haja fartura na casa e na família”, “o mau olhado seja afastado”, “as bruxas não incomodem”...

Na tradição, vinda das brumas dos tempos, muitas são as lendas ligadas a este acontecimento, algumas ligadas a rituais da fertilidade de tempos remotos e que, como em tantas outras situações o Cristianismo adoptou.

“Não consegues lutar contra tradições pagãs, adopta-as como tradições religiosas”

Muito ligado a esta tradição das “Maias” está o designado Maio-Moço, também ele ligado à força renovadora da juventude, a fertilidade e às coisas novas: grupos de jovens acompanham em grande correria um moço coberto de giestas floridas (o Maio-Moço) e enquanto canta a “Canção de Maio” o moço grita “Viva! Viva! Viva!”, conforme nos descreve o P. Rebelo Bonito.
[se gostam de musica tradicional portuguesa não percam MAIO-MOÇO]


Dia da Espiga

Quarenta dias depois da Páscoa comemora-se, no calendário cristão a Ascensão de Cristo, quinta-feira da Ascensão, no dizer popular Quinta-feira da Espiga. Na tradição, é tempo de ir aos campos colher uma ramo, em que a espiga de trigo é o elemento principal e que mais simbolismo contém.

Os ramos constituídos pelas espigas de trigo e por diversas flores silvestres e, em certas regiões, por um raminho de oliveira, simbolizam a fecundidade da terra e por ampliação do simbolismo, a abundância, a beleza, a paz, entre as pessoas e nos lares. O raminho do ano perdura dentro de casa até ser substituído pela “espiga” do ano seguinte.

Há quem atribua a sua origem a rituais do cristianismo antigo relacionados com a benção dos primeiros frutos do ano, mas como acontece em tantas situações semelhantes o mais provável é tratar-se da apropriação cristã de antigas tradições pagãs associadas às festas em honra da deusa Flora que ocorriam nesta época do ano.

Esta época do ano representou, desde os tempos mais remotos, um momento mágico da vivência das gentes, pelo que tem de desabrochar da vida, da revitalização vegetativa. Na ansiedade da concretização de boas colheitas do frutos resultado do eclodir primaveril.

Em tempos passados as populações dependiam totalmente das condições atmosféricas, para as quais poucas defesas possuíam, pelo que era com ansiedade que aguardavam os resultados das novas colheitas. Quando eram boas havia lugar a uma autêntica explosão de sentires.

Este é tempo de transição que teve o seu início no Equinócio da Primavera, e como todos os tempos de transição é tempo sagrado, pelo que é cheio de cerimoniais, de rituais, de festividades com as quais pretendiam os nossos antepassados remotos expulsar “definitivamente” o Inverno.

Durante séculos em todo o mundo mediterrâneo realizaram-se grandiosos festivais florais em que os jovens em idade casadoira se espalhavam pelos campos e, em alegre convívio cantavam e dançavam, e se enfeitavam com verduras e flores, num ritual ancestral de que o Dia da Espiga constitui, por certo, o seu herdeiro directo.

Poder-se-á dizer, então, que fazendo parte deste ciclo festivo da Primavera, a Quinta Feira da Ascensão, ou Quinta-feira da Espiga, corresponde à cristianização de uma sequência de festividades pagãs ligadas à celebração e consagração da natureza.

Em muitas regiões do País, especialmente no Sul, é festejado com tradição o “Dia da Espiga” com especial destaque para a Freguesia de Salir, no Concelho de Loulé, onde a festividade ganha foros de feriado local.

Simbologia do ramo da “espiga”:
Espiga de trigo – pão
Malmequer – oiro e prata
Papoila – Amor e vida
Oliveira – Azeite e Paz
Videira – Vinho e alegria
Alecrim – Saúde e força


Festa de Beltane

Esta festa tem origem no antigo Festival Druida do Fogo, onde se celebra o retorno do sol (do Deus Sol) e baseado na Floralia dos romanos, dedicada às flores. O 1º de Maio era o dia em que os antigos romanos penduravam grinaldas de flores (seriam maias?) diante dos seus altares em honra dos espíritos que protegiam as famílias e as casas.

No dia de Beltane o sol está, astrologicamente, no signo de Touro e marca a “morte” do Inverno, o “nascimento” da Primavera e o Verão já aqui tão perto. Depois do pousio, vem o plantio... o Verão amadurece as sementeiras e as pessoas.

Dança-se de maneira alegre, usam-se vestimentas brilhantes como a Primavera. Há mesmo quem prefira não usar roupa. Os corpos ficam cada vez mais juntos, entrelaçam-se fitas coloridas simbolizando a união do feminino e do masculino. A sensualidade emerge e o poder fertilizador da Primavera atinge o seu auge e objectivo.

Os alimentos pagãos tradicionais desta época são os frutos vermelhos (cerejas, morangos, amoras), saladas de ervas, ponche de vinho rosado ou tinto, e bolos redondos de cevada.

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