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quarta-feira, maio 14, 2008

barco do amor

O Rio Tejo ao entardecer pareceu cobrir-se de um manto de cetim na tranquilidade das suas águas, cavalheiro e galante como é por sua natureza e educação, suave quando as ninfas o acariciam com agrados. Melhor do que ninguém a minha querida amiga Gasolina o sente e descreve, daí que peço relevem a minha ousadia.

Um barco ou outro navegava timidamente rio acima, ora um cargueiro rumo ao porto, ora um barco de recreio que se deixava deslizar sem rumo certo, navegando muitas vezes à bolina, na espera da concretização de um desejo que nascera dias antes com a anunciada vinda a Lisboa do “gigante” Independence of the Seas na sua inaugural viagem desde Southampton até ao Mediterrâneo e regresso ao mesmo porto do sul de Inglaterra.

Às 17 horas exactas ao som festivo dos sinalizadores sonoros de bordo, que troaram de Vila Franca até à Barra, encetou o maior barco do mundo (em tonelagem flutuante) a sua viagem de saída de Lisboa, deixando para trás a Ponte Sobre o Tejo iluminada por alguns raios de sol que teimavam em coar através do céu de cinzento chumbo.

Poucos minutos volvidos passeava toda a sua grandiosidade frente a Porto Brandão na cala norte do rio, rumo à barra e a contornar o Bugio. A altura dos seus 18 decks impressionante quando comparada à altura do Padrão dos Descobrimentos e da Torre de Belém. Da suavidade com que deslizava nas águas do Rio Tejo só encontro comparação na relação que com este rio tem a Ninfa de Duas Margens, aquela que Camões não teve oportunidade de conhecer senão a teria cantado nos seus poemas mais inspirados.

Fui até ao Bico da Areia ver o Independence of the Seas afastar-se rumo a poente, depois inflectir para sul, embora o rumo a seguir o iria levar para norte, até ao porto de Vigo. Mas isso seriam manobras para o mar alto, em pleno Oceano Atlântico. Acompanhei-o visualmente até começar a desaparecer mar adentro.

Na linha do horizonte o céu estava negro de breu, chovia copiosamente, o maravilhoso navio que minutos antes saíra do Rio Tejo mais parecia um “navio fantasma”, da fantasia do nosso imaginário.

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