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quinta-feira, maio 01, 2008

hoje

Uma extraordinária convergência astronómica e da tradição faz com que hoje, em simultâneo se comemore o Dia Internacional do Trabalhador, as Maias da tradição popular, Dia da Espiga da tradição pagã e religiosa e a Festa de Beltane da tradição druida.


Dia Mundial do Trabalhador

“A história do Primeiro de Maio mostra, portanto, que se trata de um dia de luto e de luta, mas não só pela redução da jornada de trabalho, mais também pela conquista de todas as outras reivindicações de quem produz a riqueza da sociedade.” – Perseu Abramo

O Dia Mundial do Trabalho foi instituído em 1989 como homenagem à Greve Geral realizada em 1 de Maio de 1886, em Chicago, em que milhares de trabalhadores vieram para a rua em protesto contra as condições de trabalho desumanas a que eram sujeitos e exigindo a redução da jornada de trabalho de 12 para 8 horas.

Não foi, contudo, uma manifestação tranquila, pois a repressão ao movimento foi dura tendo resultado prisões, feridos e mesmo mortos nos confrontos entre a polícia e os operários.

Em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias que nesta cidade decorreram em 1886 e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos o dia 1º de Maio foi declarado Dia Mundial do Trabalho.


Festas das Maias

No “último de Abril” o Povo prepara bonitos ramalhetes de giestas, conhecidas no Douro, Minho, Beira Alta e outras regiões por Maias, essas flores amarelas (quase doiradas) que bordejam os caminhos anunciando a Primavera, para colocarem nas portas e janelas como manda a tradição. Ao “virar do dia” logo nos primeiros segundos do dia 1º de Maio já as casas se encontram engalanadas de flores amarelas.

Leite de Vasconcelos chama a este acontecimento o “enramalhamento” das portas.

Com isso, assim diz a tradição, se pede que “haja fartura na casa e na família”, “o mau olhado seja afastado”, “as bruxas não incomodem”...

Na tradição, vinda das brumas dos tempos, muitas são as lendas ligadas a este acontecimento, algumas ligadas a rituais da fertilidade de tempos remotos e que, como em tantas outras situações o Cristianismo adoptou.

“Não consegues lutar contra tradições pagãs, adopta-as como tradições religiosas”

Muito ligado a esta tradição das “Maias” está o designado Maio-Moço, também ele ligado à força renovadora da juventude, a fertilidade e às coisas novas: grupos de jovens acompanham em grande correria um moço coberto de giestas floridas (o Maio-Moço) e enquanto canta a “Canção de Maio” o moço grita “Viva! Viva! Viva!”, conforme nos descreve o P. Rebelo Bonito.
[se gostam de musica tradicional portuguesa não percam MAIO-MOÇO]


Dia da Espiga

Quarenta dias depois da Páscoa comemora-se, no calendário cristão a Ascensão de Cristo, quinta-feira da Ascensão, no dizer popular Quinta-feira da Espiga. Na tradição, é tempo de ir aos campos colher uma ramo, em que a espiga de trigo é o elemento principal e que mais simbolismo contém.

Os ramos constituídos pelas espigas de trigo e por diversas flores silvestres e, em certas regiões, por um raminho de oliveira, simbolizam a fecundidade da terra e por ampliação do simbolismo, a abundância, a beleza, a paz, entre as pessoas e nos lares. O raminho do ano perdura dentro de casa até ser substituído pela “espiga” do ano seguinte.

Há quem atribua a sua origem a rituais do cristianismo antigo relacionados com a benção dos primeiros frutos do ano, mas como acontece em tantas situações semelhantes o mais provável é tratar-se da apropriação cristã de antigas tradições pagãs associadas às festas em honra da deusa Flora que ocorriam nesta época do ano.

Esta época do ano representou, desde os tempos mais remotos, um momento mágico da vivência das gentes, pelo que tem de desabrochar da vida, da revitalização vegetativa. Na ansiedade da concretização de boas colheitas do frutos resultado do eclodir primaveril.

Em tempos passados as populações dependiam totalmente das condições atmosféricas, para as quais poucas defesas possuíam, pelo que era com ansiedade que aguardavam os resultados das novas colheitas. Quando eram boas havia lugar a uma autêntica explosão de sentires.

Este é tempo de transição que teve o seu início no Equinócio da Primavera, e como todos os tempos de transição é tempo sagrado, pelo que é cheio de cerimoniais, de rituais, de festividades com as quais pretendiam os nossos antepassados remotos expulsar “definitivamente” o Inverno.

Durante séculos em todo o mundo mediterrâneo realizaram-se grandiosos festivais florais em que os jovens em idade casadoira se espalhavam pelos campos e, em alegre convívio cantavam e dançavam, e se enfeitavam com verduras e flores, num ritual ancestral de que o Dia da Espiga constitui, por certo, o seu herdeiro directo.

Poder-se-á dizer, então, que fazendo parte deste ciclo festivo da Primavera, a Quinta Feira da Ascensão, ou Quinta-feira da Espiga, corresponde à cristianização de uma sequência de festividades pagãs ligadas à celebração e consagração da natureza.

Em muitas regiões do País, especialmente no Sul, é festejado com tradição o “Dia da Espiga” com especial destaque para a Freguesia de Salir, no Concelho de Loulé, onde a festividade ganha foros de feriado local.

Simbologia do ramo da “espiga”:
Espiga de trigo – pão
Malmequer – oiro e prata
Papoila – Amor e vida
Oliveira – Azeite e Paz
Videira – Vinho e alegria
Alecrim – Saúde e força


Festa de Beltane

Esta festa tem origem no antigo Festival Druida do Fogo, onde se celebra o retorno do sol (do Deus Sol) e baseado na Floralia dos romanos, dedicada às flores. O 1º de Maio era o dia em que os antigos romanos penduravam grinaldas de flores (seriam maias?) diante dos seus altares em honra dos espíritos que protegiam as famílias e as casas.

No dia de Beltane o sol está, astrologicamente, no signo de Touro e marca a “morte” do Inverno, o “nascimento” da Primavera e o Verão já aqui tão perto. Depois do pousio, vem o plantio... o Verão amadurece as sementeiras e as pessoas.

Dança-se de maneira alegre, usam-se vestimentas brilhantes como a Primavera. Há mesmo quem prefira não usar roupa. Os corpos ficam cada vez mais juntos, entrelaçam-se fitas coloridas simbolizando a união do feminino e do masculino. A sensualidade emerge e o poder fertilizador da Primavera atinge o seu auge e objectivo.

Os alimentos pagãos tradicionais desta época são os frutos vermelhos (cerejas, morangos, amoras), saladas de ervas, ponche de vinho rosado ou tinto, e bolos redondos de cevada.

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