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quinta-feira, julho 06, 2006

número um

Hábito antigo de guardar os “número um” das revistas, quantas vezes o “número zero”, acaba por fazer história do que é publicado, dos êxitos editoriais e, igualmente, dos fracassos, mas é sempre registo dos tempos


O Malho

Tempos passados são aqueles em que proliferavam as revistas que tinham como base de trabalho a arte da banda desenhada e os textos elaborados com cuidado. De um modo geral apresentavam uma componente forte de crítica social, muitas vezes com alguma variante para o erotismo, mas sempre atentas ao momento em causa.

Desapareceram quase das bancas dando, na actualidade, lugar às designadas revistas cor-de-rosa, na maioria das situações de qualidade literária e de conteúdo de gosto muito duvidoso. A crítica social foi substituída pela crítica “society”, da defesa das pessoas passou-se para a propaganda das “tias”.

Da acutilância do Ramalho ou do Eça, da pena rica do Bordalo e do Stwart Carvalhais, do erotismo vivido do Vilhena, caímos nas conversas lamechas da Maria e outras quejandas, ao diz-que-diz das diversas revistas “TV’s qualquer coisa”, produzidas à custa das telenovelas, das recepções e eventos do tipo “da linha”. Trocou-se a cultura das gentes, a discussão e o debate por um novo soporífero para o Povo tomar.

Desencantámos nos baús da Oficina das Ideias uma revista editada a partir de Setembro de 1975, uma revista de humor conotada com a esquerda política, que durante longos meses reanimou o espírito de Bordalo e da “porca da política”.

O N.º 1 da revista “O Malho” foi publicado em Setembro de 1995, de periodicidade mensal e preço de capa de 12$50, tendo como director António M. Trindade que era igualmente o seu proprietário. A Redacção era da responsabilidade de José Nogueira e Calado Trindade e a Direcção Gráfica de Jorge Timót e Carlos Gargaté.



Do conteúdo do Número Um da revista O MALHO salientamos:

Doenças Infantis
Canção de Amor e Liberdade
O Homem sem Cabeça (conto de Calado Trindade)
A Corda
Mais vale nunca que tarde
Os Pombos Correios


Não resistimos a transcrever um breve trecho de “Mais vale nunca que tarde” :
Falamos da súbita preocupação que todos os países do mundo livre, ocidental e cristão começaram a manifestar em relação a Portugal de há cerca de um ano para cá.

Para quem esteve práqui quase 50 anos ignorado de todo o mundo livre, ocidental e cristão, tanta preocupação é reconfortante. É tocante. É sensibilizante. Obrigadinho.

"São os americanos, os franceses, os italianos, os belgas, os alemães, os holandeses, os ingleses, os vaticanos, todos, todos muito, muito preocupados com o que se passa em Portugal. Assim. De repente. De um dia para o outro, que é como quem diz: desde que o fascismo acabou.

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