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segunda-feira, fevereiro 20, 2006

pelas terras de arouce

Alguns quilómetros percorridos depois da saída da vila de Lousã, em plena Serra, deparamo-nos com um castelo de pequenas dimensões, situado estrategicamente nos penhascos laterais ao rio Arouce, também designado por rio Arunce. Pelo foral de D. Afonso Henriques dado ao Castelo de Arouce sabe-se da sua existência, com importância significativa, nos princípios da primeira dinastia portuguesa.

Não era no lugar onde hoje assenta, mas situava-se escondido no interior das serras a 2 quilómetros da actual vila, edificado no alto duma pequena colina, espécie de península, circundada pelo Arouce ou Arunce, ribeiro que nasce na mesma Serra e agora é vulgarmente conhecido pelo nome de Ribeira de S. João.



Neste lugar, onde existiu a antiga povoação até ao século XIII ou XIV, encontra-se ainda uma parte do castelo e a sua torre de menagem com ameias, muito bem conservada, apesar do vandalismo dos naturais, que já por vezes o têm escavado em busca de tesouros escondidos.

É interessante analisar a evolução da designação de hoje – LOUSÂ, que em modificações sucessivas terá surgido do termo original ARUNCE. Arunce ou Arouce terá dado Alunce ou Alouce; mais tarde Aloçam e de seguida Alouçam ou Louzam; e, finalmente, Louzaa, Louzaã e Louzan ou, finalmente, LOUZÃ, como é designada na actualidade.



Bluteau diz que o castelo foi fundado em 1080 pelo conde D. Sesnando, o conquistador de Coimbra; e Brandão ("Monarchia Luzitana" liv. 8.º) afirma existir já este no tempo de D. Fernando, e que ele não fora mais do que o seu conquistador e reformador. F. Diniz e Adrien Balbi ("Essai Statistique") querem que tivesse sido tomado aos árabes só em 1187, por D. Sancho I. Esta última opinião é de todas a menos aceitável, pois não é provável que, sendo a Lousã tão próximo de Coimbra, onde então era a corte, um Afonso I a deixasse em poder dos Árabes.

Junto ao castelo vê-se a ermida do Senhor dos Aflitos que, segundo uma inscrição que Leitão de Andrade encontrou já muito gasta e falta de letras, foi mesquita dos mouros e D. Afonso Henriques a fez benzer em 1120 (era de César) dedicando o templo a S. Paio ou Pelayo.



Depois de visitarmos o castelo e a sua envolvente dirigimo-nos às ermidas de S. João e da Senhora da Piedade. Na encosta fronteira ao castelo, para lá do vale cavado pelo rio Arouce, ergue-se o pitoresco penhasco das Ermidas, adornado por 3 capelinhas que por sua alvura destacam do verde-negro da Serra.

Na sequência da subida, a primeira é a capela de S. João, que é a maior de todas e de construção mais antiga, simples e pobre em adornos; tem alpendre e as portas são ogivais; é dos fins do século XV e algumas imagens que tem também são muito antigas.



Depois sobem-se alguns lanços de escada e encontra-se a capelinha do Senhor da Agonia, que tem por cima da porta toscamente gravada a data 1802, que deve ser o ano em que foi feita ou nela se fez algum reparo. Junto desta ao lado dum pequenino adro, eleva-se uma cruz de pedra de metro e meio de altura, tendo por baixo a seguinte inscrição: “Estas obras//Mandou fazer//O capitão Frc.º.//Barbosa natu//ral//d’esta Vila era de 1624”.

Mais 32 degraus acima e achamo-nos no cume do rochedo que termina o penhasco; aqui está edificada a capela da Senhora da Piedade que é objecto de especial devoção para os povos da Lousã e arredores. Esta capela foi inteiramente reformada pela Viscondessa de Espinhal.


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