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segunda-feira, fevereiro 13, 2006

o profeta do terceiro milénio

Hoje é dia de Lua Cheia.

Há 100 anos, a 13 de Fevereiro de 1906, nasceu no Porto George Agostinho Baptista da Silva.
Agostinho da Silva, como mais tarde viria a ser conhecido, sempre foi inspirado pela presença da Lua.

Em “Setembro de Lua Cheia e de 93” escrevia em “As Folhinhas do Professor”:
“Parece que toda a gente está de acôrdo em que o mundo inteiro se encontra em crise. Como isto me parece demasiado vasto para eu poder ser útil, decidi que sou eu quem está em crise e talvez consiga sair dela com três princípios: O de me ver livre do supérfluo, o de não confundir o verbo amar com o verbo ter, o de prestar voto de obediência ao que for servir, não mandar. Nestes termos comunica a todos os Amigos que não imporei a ninguém a leitura de textos meus, a começar pelas Folhinhas, e que só responderei a quem me escreva, pedindo (para aumentar o supérfluo...) que cada carta venha com selinho de resposta, mas um apenas, para me não obrigar a escrituração administrativa. Para tudo o que fordes e fizerdes rogarei perfeito empenho e boa sorte, bom vento de navegar.”

Mas também nas “Quadrinhas de quando em quando” Agostinho da Silva evocava o Luar:
“Mas esta vai hoje mesmo
por ser aquela que fez
São João à Lua Cheia
do Junho do nove e três.
“Que me baptize o Luar
e faça de mim portento
banhado sempre de Luz
de que serei instrumento.””


Agostinho da Silva foi de uma coerência total entre o seu pensamento e a acção desenvolvida. Licenciado e Doutorado em Filologia Clássica na Faculdade de Letras do Porto, e depois de ter realizado estudos em França como bolseiro, foi colocado no Liceu de Aveiro onde recusou assinar uma declaração que o obrigava a não seguir a ideologia marxista. Tal como ensinava a liberdade de pensamento, assim procedeu, tendo sido demitido.

Entre 1935 e 1944, reside em Madrid como bolseiro e depois em Lisboa, vivendo de aulas no ensino particular pois o público vedara-lhe as portas. Relaciona-se com o grupo da Seara Nova e, posteriormente, com António Sérgio. Por vontade própria deixou Portugal tendo ido residir para o Brasil, depois para o Uruguai e Argentina, tendo alguns anos depois regressado a Brasil.

Somente voltou a viver em Portugal a partir de 1969.

“Não sou um ortodoxo nem um heterodoxo, sou um paradoxo”, gostava de afirmar com o seu inato gosto de provocar.

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