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domingo, fevereiro 26, 2006

número um

Hábito antigo de guardar os “número um” das revistas, quantas vezes o “número zero”, acaba por fazer história do que é publicado, dos êxitos editoriais e, igualmente, dos fracassos. Casos existem em que o projecto editorial não foi além desse mesmo exemplar de arranque. Reler edições antigas dá-nos a percepção da evolução técnica e social dos tempos recentes.


Da mecanografia à informática

No editorial da revista “Informática”, n.º 0 de Setembro/Outubro de 1974, poderemos ler: “Desde há muito que se tem vindo a fazer sentir a necessidade e o anseio profundo de união de todos os profissionais de informática.”.

E no parágrafo seguinte: “Já em 1963-64 (poucos anos após o nascimento do que agora se conhece por informática) verificou-se um movimento englobando a quase totalidade dos mecanógrafos portugueses no sentido da criação de uma Associação que pudesse satisfazer as suas necessidades de toda a ordem e representá-los sempre que necessário.”.

E ainda: “Tal mobilização dos profissionais de informática acabaria por dar frutos, apesar das condições então existentes, conduzindo à criação da Associação Portuguesa de Mecanografia, em 25 de Junho de 1964.”.

Estes três simples parágrafos de um editorial que tinha como objectivo a apresentação de uma nova revista técnica, escrito há pouco mais de 30 anos, mostra-nos à evidência situações que hoje estão esquecidas e que muitos nem sequer conheceram, até porque à data nem ainda não haviam nascido.

Em primeiro lugar, gostaria de salientar que o próprio corrector de texto do MS-Word não reconhece o termo “mecanógrafo” função de grande importância à época e hoje, obviamente, caída em desuso.

Segundo aspecto, o facto de estarmos, então, no limiar de uma tecnologia e sistema de tecnologias, a Informática, a qual nenhuma empresa ou serviço, qualquer que seja a sua dimensão, pode dispensar na actualidade. Pese a grande deficiência de formação hoje ainda existente, especialmente, nos serviços públicos.

Uma terceira situação, aquela que se refere à importância sentida já então do associativismo no âmbito de uma profissão específica. Quando a partir de determinada época prevaleceu o individualismo e a preocupação da progressão pessoal imposta pelo liberalismo económico toda esta noção de associativismo se perdeu.

Em pouco mais de quarenta anos surge a necessidade imperiosa do associativismo informático que é concretizado numa situação política e social muito difícil (1964), aprofundada após as alterações políticas resultantes da Revolução do 25 de Abril (1974). Depois de 1976 com especial incidência no pós 1980 foi a entrada em “perca” total. Actualmente já não tem existência a Associação Portuguesa de Informática.

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