sábado, março 06, 2010
o homem e o poeta
elmano sadino
Apontamentos dos quereres e sentires do poeta de Setúbal, Manuel Maria de Barbosa du Bocage, na procura de uma verdade impossível de encontrar, o rumo da sua vida. Transcrição de sonetos e de poesias eróticas, burlescas e satíricas
Devasso mas sofredor, marginalizado por uma sociedade relativamente à qual se encontrava com décadas de avanço, nunca deixou de escrever o seu sentir com o gosto e a antena de escândalos que desde muito jovem o acompanharam.
Representa o expoente máximo pré-romantismo literário em Portugal, que há época vivia ainda a plenitude do classicismo quando há muito na Europa sopravam ventos do romantismo.
Devasso mas sofredor, marginalizado por uma sociedade relativamente à qual se encontrava com décadas de avanço, nunca deixou de escrever o seu sentir com o gosto e a antena de escândalos que desde muito jovem o acompanharam.
Representa o expoente máximo pré-romantismo literário em Portugal, que há época vivia ainda a plenitude do classicismo quando há muito na Europa sopravam ventos do romantismo.

Os seus sonetos são sublimes...
“Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza, e sem brandura,
Urdidos pela mão da desventura,
Pela baça tristeza envenenados:
Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mundo esquecimento e sepultura:
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados.
Não vos inspire, ó versos, cobardia,
Da sátira mordaz o furor louco,
De maldizente voz a tirania:
Desculpa tendes, se valeis tão pouco,
Que não pode cantar com melodia
Um peito, de gemer cansado, e rouco.”
Nem para ele próprio a sátira foi mais leve...
“Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão n’altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades,
(Digo de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades;
Eis Bocage, em quem luz algum talento:
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.”
Muito menos para os seus versos magníficos:
Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura,
Urdidos pela mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:
Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecimento a sepultura;
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados:
Não vos inspire, ó versos, cobardia
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente voz e tirania:
Desculpa tendes, se valeis tão pouco,
Que não pode cantar com melodia
Um peito de gemer cansado e rouco.
“Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza, e sem brandura,
Urdidos pela mão da desventura,
Pela baça tristeza envenenados:
Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mundo esquecimento e sepultura:
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados.
Não vos inspire, ó versos, cobardia,
Da sátira mordaz o furor louco,
De maldizente voz a tirania:
Desculpa tendes, se valeis tão pouco,
Que não pode cantar com melodia
Um peito, de gemer cansado, e rouco.”
Nem para ele próprio a sátira foi mais leve...
“Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão n’altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades,
(Digo de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades;
Eis Bocage, em quem luz algum talento:
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.”
Muito menos para os seus versos magníficos:
Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura,
Urdidos pela mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:
Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecimento a sepultura;
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados:
Não vos inspire, ó versos, cobardia
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente voz e tirania:
Desculpa tendes, se valeis tão pouco,
Que não pode cantar com melodia
Um peito de gemer cansado e rouco.
Etiquetas: biografias, bocage, elmano sadino, poesia
Comments:
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gosto do seu blog...
pois, o Bocage representa bem a nossa "veia" tão portuguesa misto de obscuridade, subtileza e loucura poética e teve como outros ( e nós) o destino usual para os irreverentes e à frente no seu tempo... sobranceiro desprezo e marginalização
sobra-nos em moralismo o que nos falta em visão
fique bem
pois, o Bocage representa bem a nossa "veia" tão portuguesa misto de obscuridade, subtileza e loucura poética e teve como outros ( e nós) o destino usual para os irreverentes e à frente no seu tempo... sobranceiro desprezo e marginalização
sobra-nos em moralismo o que nos falta em visão
fique bem
Querida Carmo
Bonita elegia a esse poeta, para mim, e para a minha amiga Sara (ver o próximo comentário) simplesmente soberbo.
Beijinho.
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Bonita elegia a esse poeta, para mim, e para a minha amiga Sara (ver o próximo comentário) simplesmente soberbo.
Beijinho.
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