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sábado, agosto 02, 2008

o chilreio das andorinhas

No meu matinal caminhar, dar a volta ao bairro com a minha cadelita Joice, oportunidade para fazer algum exercício ao binómio homem/cão, ainda distante já oiço o intenso chilreio do que tenho a certeza ser um bando de andorinhas que este ano, como em tantos outros anteriores, tinham decidido passar a época de veraneio nas terras de Valle do Rosal.

São andorinhas-das-chaminés com a característica de terem a garganta coberta de penugem vermelha que este ano bem cedo chegaram por cá, já nidificaram, já viram nascer os seus filhotes que já voam atrevida e correctamente, prol aumentada, que regressarão a terras quentes na invernia portuguesa sempre com a promessa de voltarem no próximo ano.

Também as há por cá, as conhecidas andorinhas-dos-beirais, sem a penugem vermelha e com um vocálico mais áspero e de garganta branca, mas o som que eu oiço não deixa qualquer dúvida, são mesmo das “das chaminés” que se acoitam nas quintas e nos jardins das redondezas e que nidificam nalgum celeiro ou barracão protegido das intempéries.

É um enlevo ouvir os seus cantos variados, chilreios, gorjeios, trinfas e trissas e somente em voo de caça lança agudos “vit-vit-vit”. Algum caminho feito e aí estão elas, são cinco, deveriam ter andado na caça de insectos com seus voos rasantes e agora descansam e cantam e encantam pousadas nos fios telefónicos que fazem a ligação entre dois postes de madeira de eucalipto já muito ressequidos e corcomidos.

A minha presença não altera pouco que seja a função que desempenham, parece que ainda as incentiva mais às cantorias. Julgo encontrar explicação para tanta alegria em pequenos voos que à vez vão executando. Parece terem encontrado um local ideal para a construção de novos ninhos que a família está a aumentar.

Ainda antes de partirem, ao cair das primeiras chuvas de Outono, irão ao lamaçal mais próximo buscar pequenas bicadas de lama com as quais farão no mínimo a marcação do local do ninho a construir. Se o tempo que antecede a viagem ainda o permitir iniciarão mesmo a construção que será completada no regresso na próxima Primavera.

É um ciclo interessante, com alguma explicação científica, mas que sempre me encanta pelo mistério que envolve. Irão realizar milhares de quilómetros na viagem de ida e outros tantos na de volta, na certeza que terão olhos atentos a registar a chegada da que mais rápida for na viagem e que as espera a muita amizade para todas elas, que ano após ano vão aumentando em população e que parecem reconhecerem essa amizade.

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