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sábado, maio 15, 2004

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


Defender a ética jornalística

O reencontro foi no jardim sobranceiro àquele amplo mar, àquele Atlântico sem fim, que ali à beira da Terra Verde-e-Amarela deixa que as embarcações desenhem imagem de prata no seu fundo muito azul. Foi um amanhecer agradável para o Fotógrafo e para a Escritora, sem que esta, boa observadora, não comentasse: _Que se passa consigo, caro amigo? _Vejo-lhe sombra no olhar...

O Fotógrafo não resistiu muito tempo antes de desabafar: _O poder, o poder financeiro que quer dominar o Mundo, não dá tréguas. _Veja a campanha que estão a fazer contra o Cavaleiro da Esperança. O Fotógrafo que sempre afirma considerá-lo o herdeiro digno do saudoso Prestes.

A Escritora acrescentou: _É verdade... caro amigo, Que dignidade têm os homens que escrevem para os órgãos de informação, quando recorrem à difamação para justificarem as sua teses políticas. E mais grave. As teses políticas dos seus patrões, que quando eles deixarem de servir os espezinham.

_E se isso não bastasse, esse tipo de notícias serve para achincalhar, serve para denegrir em coro, serve para tentar humilhar. _Ao fim e ao cabo de nada ajuda o progresso que pretendemos para o nosso País.

O caminho ia sendo feito, calçada acima. Era fácil observar no rosto das pessoas, no rosto do “povão”, laivos de esperança que há muitos anos não seria possível vislumbrar. Uma coisa é a fantasia e a alegria fantasiada para Carnaval ver e tristezas esquecer, outra, era o ar leve afectuoso que as pessoas mostravam, até mesmo os “meninos da rua”, hoje com mais esperança no futuro do que nunca.

O Fotógrafo acrescentou, interrompendo os pensamentos que se atravessaram entre os dois ao verem tanta gente a caminhar para os seus empregos com a esperança estampada no rosto: _Resta, querida amiga, haver gente que vai mais fundo nas suas análises e observações. _ Reconhecer que a reportagem do NYT foi somente baseada em fofocas, boatos e piadinhas, deixa ver perfeitamente a envergadura moral do jornalista que escreveu o artigo. _Olhe só lhe digo, esta matéria poderia perfeitamente ser utilizada na faculdade da comunicação como exemplo de jornalismo vagabundo, quem sabe, politicamente motivado.

A Escritora sorriu. Tinha guardado uma surpresa para o Fotógrafo depois de lhe ter dado tempo suficiente para que ele desenvolvesse o seu pensamento. _Você tem toda a razão. _Tem mais razão do que pensa que tem! Veja esta notícia que aqui tenho... “Governo aceita desculpas e Rother (o jornalista do NYT) pode ficar no Brasil”.

_O Presidente Lula tem grande apreço pela liberdade de imprensa, mas não pode pactuar com actos de má fé. _Teve capacidade de reagir duramente perante o facto e de recuar no momento adequado, perante a retractação do jornalista.

O semblante do Fotógrafo estava mais leve quando reataram a caminhada calçada acima.

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