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sábado, janeiro 22, 2005

sentir o povo que vive

O fotógrafo e a escritora percorrem a calçada, vivem o Povo. Ele, escreve ideias e sentimentos com cada clique da sua máquina fotográfica. Ela, obtém as mais belas imagens com um simples pestanejar dos cílios e a leveza da pena na escrita.


A minha querida Amiga Lualil, do Traduzir-se..., leu assim, como só ela o sabe fazer, a mais recente "caminhada" do Fotógrafo e da Escritora, pela calçada recifense...

E o coraçao dela sentiu-se apertado... o que teria contribuído para aquela mágoa visível em seu rosto?

Mais uma vez olhou ao fotografo, disse:
_ Sinto, as vezes, que quando algo me deixa triste, mesmo que eu esqueça por momentos, meus olhos aos outros brilham menos. E sei que isso é verdade. Assim como sei que nao vale a pena deixar de brilhar nos olhos de outros.

Certa vez tive uma mágoa profunda... e ainda sinto, por vezes, uma certa dor. Sei que nesta altura, nos momentos mais difíceis, tentei com dificuldade esconder a dor para que nem eu, nem ninguém sentíssemos mais nada e para que meus olhos, inocentes, brilhassem com toda a sua força. Muitas vezes nao consegui... e numa dessas vezes, voltei minha atençao sobre mim e minha vida. Sobre as dificuldades que atravessava assim como e principalmente pelas alegrias de batalhas ganhas, pelos sorrisos soltos, dados e recebidos, pela beleza que a vida insiste em me mostrar fazendo-me nova a cada instante e... fiz comigo um pacto. Chorar profundamente minhas dores. Para que as minhas lágrimas fossem alívio na alma e regando-me, fizesse em mim nascer um novo sorriso e uma nova esperança.

O tempo corria e ela continuava a falar, sua voz ficava mais baixa e suas palavras mais sentidas, olhava fixamente o mar e o fotógrafo se perdeu no som significativo, no sentido daquelas palavras. Pareceu em alguns momentos uma melodia. Uma melodia de amor a vida.

Parou de repente e sorriu um sorriso desajeitado e sentiu-se envergonhada. Abraçou com uma ternura imensa seu grande amigo. Ela sabia o quanto de esperança sempre viu nos olhos do fotógrafo e sabia que aquelas palavras nao era estranhas para ele. Admirava-o por isso. Viu, orgulhosa, ele vencer momentos difíceis. Superar algumas mágoas.

E olhando nos olhos outra vez, disse-lhe:
_ Esta mágoa em teu rosto...
Sentia dificuldade, agora, em lhe falar palavras. Tentou outra vez.
_ Esta mágoa em teu rosto... contribui de alguma maneira para que ela existisse?
Outra vez abraçaram-se. E as palavras pareciam já nao ter tanta importância naquele momento.

Algumas crianças que brincavam por perto, reconhecendo os amigos que juntos caminhavam calçada acima, correram ao encontro deles.


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