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quinta-feira, dezembro 28, 2006

segredos guardados no rio

O rio guarda os segredos da profunda paixão do velho Marinheiro, barba branca e cabelo desgrenhado, pela mais bela Ninfa do Tejo, olhos profundos e sorriso doce


Vermelha Romã

O velho Marinheiro tem o sentimento, criado na longa vivência de coragem e muito querer que a vida do mar lhe ensinou, que há sempre uma nova oportunidade para quem luta denodadamente por um sonho que muito deseja ver realizado. Sabe, o tempo lhe ensinou, que toda a utopia pode um dia ser transformada em realidade pela força da vontade de transformação e de mudança.

O imobilismo nunca fez parte dos seus valores. O seu corpo e o seu sentir resultam de uma total entrega ao “mar com quem se confunde”. Foi esse o acordo há muito estabelecido nos tempos de navegar. Tal como as ondas, também a vida tem fluxos e refluxos. Tal como as marés, também a vida pode ser cheia de realização... ou vaza de concretização.

Mas existe sempre uma nova oportunidade...

O velho Marinheiro continua a desejar a presença, o conforto, a palavra amiga da mais bela Ninfa do Tejo. A mesma que um dia o encantou: “...e que vontade é esta que tenho de tentar saltar para dentro das tuas visões fixadas na tela... será o querer sair desta realidade? Provavelmente...”.

Sabia bem que dentro das suas visões a mais bela Ninfa do Tejo muito o enriqueceria na passagem pelas terras da magia, onde o mar beija ternamente as doiradas areias e se espraia numa carícia sensual, em acto de amor sentido.

Do bornal colocado à tiracolo retirou o velho Marinheiro uma romã avermelhada, fruto de reis e de princesas, fruto das moiras encantadas. Acariciou-a com mãos calejadas do tempo de marear, fê-la brilhar à intensa luz solar que se coava através das nuvens ligeiras. Uma deliciosa maçã de Roma que ofereceu à mais bela Ninfa do Tejo que dele se havia abeirado quando, debruçado sobre o rio, procurava o seu encontro.

“_Hummmm, acho que meti na cabeça que não gostava de romãs... por ficar com as mãos sujas [da casca]... mas assim com este aspecto de bagos vermelhos... até fiquei com água na boca!”

O velho Marinheiro sorriu... Sentiu o seu coração a vibrar quando vislumbrou uma réstia de felicidade no olhar doce e profundo da mais bela Ninfa do Tejo. Sabia-a pertença do Rio, mas sentiu infinitamente ser capaz de dar a sua própria vida pela felicidade dessa mágica mulher.

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