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quarta-feira, junho 11, 2008

elmano sadino

A partir do último trimestre do ano de 2003, publicou a Oficina das Ideias um conjunto de textos, singela homenagem ao enorme poeta Bocage, Manuel Maria Barbosa du Bocage, o Elmano Sadino da Nova Arcádia, que tiveram um agradável acolhimento junto da comunidade universitária de S. Paulo, no Brasil, especialmente no curso de Literatura Portuguesa.

Ficou sempre no nosso espírito poder melhorar o trabalho então realizado como forma de agradecer tão interessante acolhimento. O tempo foi passando e julgamos poder agora abalançarmo-nos nessa “epopeia”. Deixamos aqui uma breve e singela introdução ao muito que o poeta Barbosa du Bocage nos legou.


Anedotas de Bocage

Manuel Maria Barbosa du Bocage é conhecido pelo seu vasto anedotário. Curiosamente, a maioria das anedotas atribuídas a Bocage não são da sua autoria, recorrendo, isso sim, à sua atribulada e rocambolesca vivência para urdir os temas das anedotas.

Aliás, na minha meninice circulava aqui em Portugal um pequeno livro, “As anedotas de Bocage” que mais não era do que uma compilação de anedotas sem autor, como o são a maioria, mas estas atribuídas indevidamente a Bocage.


Sonetos de Bocage

Bocage foi um poeta de excepção, destacando-se na sua obra os sonetos, com ou sem mote. Bocage deixa transparecer as suas vivências, o seu sofrer e o desprezo a que é votado pela sua eterna amada.

Com origem em famílias altamente colocadas na sociedade, optou por uma vida desregrada e boémia que acabou por o conduzir à prisão.

Em sórdida masmorra aferrolhado,
De cadeias aspérrimas cingido,
Por ferozes contrários perseguido,
Por línguas impostoras criminado;

Os membros quase nus, o aspecto honrado
Por vil boca, e vil mão roto, e cuspido,
Sem ver um só mortal compadecido
De seu funesto, rigoroso estado;

O penetrante, o bárbaro instrumento
De atroz, violenta, inevitável morte
Olhando já na mão do algoz cruento;

Inda assim não maldiz a iníqua Sorte,
Inda assim tem prazer, sossego, alento,
O sábio verdadeiro, o justo, o forte.



Erótico Bocage

O seu olhar crítico para com a sociedade de finais do século XVIII e dos primórdios do século XIX, repartida que foi a sua vida por Portugal e pelas Índias, espelha-se perfeitamente nas suas “Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas”.

É de um profundo erotismo a epistologia entre Olinda e Alzira, onde estas duas amigas trocam as mais íntimas confidências. Alzira a experiente mulher embalada pelas palavras inocentes (?) da Olinda.


A temerosa Olinda é quem me escreve?
É este o seu pudor, sua inocência?
Ah! Que as minhas lições tão bem aceitas,
Dão-me a ver que a discípula inexperta
Há de em breve ensinar a própria mestra.

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