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segunda-feira, junho 23, 2008

são joão de almada e do recife

São João Baptista, celebrado hoje em muitas localidades e regiões de Portugal e do Brasil, é-o também em Almada que considera o dia 24 de Junho como o Dia da Cidade. Até 1854, as festas em honra de São João Baptista em Almada eram muito afamadas, trazendo à vila romarias de gentes vindas de Lisboa, de outros lugares da Estremadura e do Alentejo, numa celebração que contava com atracções únicas e memoráveis, e onde a religião e o paganismo andavam de mãos dadas.

Logo ali, do lado de lá deste mar que nos une, no Nordeste do Brasil, existem muitas festas em homenagem a São João, que também é conhecido como protector dos casados e enfermos, principalmente no que se refere a dores de cabeça e de garganta. Alguns símbolos são conhecidos por remeterem ao nascimento de São João, como a fogueira, o mastro, os fogos, a capelinha, a palha e o manjericão.

Em Almada, estas festividades resultavam num enorme cerimonial religioso e pagão, de um teatro do povo onde pontuavam os melhores e os mais conceituados comediantes e todo um rol de jogos e brincadeiras tradicionais, usuais na margem Sul do Tejo, e em que os comerciantes e feirantes montavam as suas as tendas e aí, além de venderem os produtos das hortas da região, apresentavam diversos motivos de arte popular.

Na cultura recifense, existe uma lenda que diz que os fogos de artifício soltados no dia 24 são "para acordar São João". A tradição acrescenta que ele adormece no seu dia, pois, se ficasse acordado vendo as fogueiras que são acesas em sua homenagem, não resistiria e desceria a terra. As fogueiras dedicadas a esse santo tem forma de uma pirâmide com a base arredondada.

Em Almada, São João assumiu, para os almadenses, a imagem do santo de fogueiras e da brincadeira, mas detinha também uma simbologia enorme, por ser o enviado celestial que escolhe o dia evocativo do seu nascimento, trazendo a esta terra a glória de uma conquista impregnada pela cristandade. O curso da história e as respectivas repercussões, envoltas numa atmosfera milagrosa e enquadrada nos feitos gloriosos de Portugal, onde o Tejo adquire um papel sublime, em conjunto com a crença popular de que São João é uma figura humana que caminha pelo meio das brincadeiras e das tradições cantando e saltando como um jovem, numa estranha combinação de religioso e pagão, fizeram com este santo fosse consagrado como o santo padroeiro de Almada.

No nordeste brasileiro, o levantamento do mastro de São João se dá no anoitecer da véspera do dia 24. O mastro, composto por uma madeira resistente, roliça, uniforme e lisa, carrega uma bandeira que pode ter dois formatos, em triângulo com a imagem dos três santos, São João, Santo António e São Pedro; ou em forma de caixa, com apenas a figura de São João do Carneirinho. A bandeira é colocada no topo do mastro.

São João é o santo que transporta o cordeiro de Deus, o que o torna no Santo Pastor. Este elemento, a par de ser primo de Jesus, e aquele que O precede, devem ter contribuído para que o seu dia correspondesse ao do Solstício de Verão, como o Natal foi colocado no Solstício de Inverno, dois períodos do ano que assinalavam a mudança de estação, dos ciclos das colheitas e da vida.

Em termos bíblicos, a pessoa de São João Baptista predomina num dos capítulos da Bíblia relativo à vida pecaminosa de Herodes. Os seus olhos, fechados às tentações mundanas não pousavam na terra; os sete véus da impudica Salomé não conseguiram conspurcar a luz proveniente desses olhos, tombando a cabeça de São João Baptista sobre a mão pecadora, conduzindo-a esta à eternidade em toda a sua pureza.

Contudo, São João em Almada cedeu a visitar nestes dias de calor intenso as doiradas areias da Caparica deliciando-se com as “salomés” que abandonaram seus véus para se banharem nas doces águas do Atlântico.

São João de Almada, à beira-mar, olhou profundamente a linha do horizonte e agradeceu com doçura a homenagem que lhe foi feita em terras recifenses pela querida amiga Lualil, do Traduzir-se... e que o escriba da Oficina aqui tomou a liberdade de transcrever parcialmente. [em cursivo as citações a textos da Lualil]

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Comments:
nossos santos... nossa história. Nossa sintonia.
beijos ao amigo
 
Doce Lualil
Tamanha sintonia a tantos quilómetros de distância... Dá que pensar...
Beijinhos.
 
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