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quinta-feira, setembro 25, 2003

estilo antigo

A deterioração física e mental é um tema central na preocupação das pessoas, especialmente a partir dos cinquenta anos, quando começam a perder os atractivos físicos e o aspecto mental começa a sentir algumas limitações.

É um problema premente na actual sociedade extremamente competitiva, assim como o foi há dez anos atrás ou no início dos anos 60 do século passado quando Samuel Beckett escreveu Happy Days, primorosamente traduzido para português em 1978 por José Vieira de Lima.

O personagem principal e, praticamente, único, da peça de Beckett, a Winnie, encontra-se presa no deserto dos dias, presa pela terra num mundo cruel, que lança ao ostracismo quem já não reúne as condições físicas e mentais de lutar para vencer ou para ser vencido.

Enquanto no decorrer do primeiro acto, Winnie é uma mulher palavrosa e convencida de que pode recuperar a juventude perdida, no segundo acto é uma mulher conformada que espera somente o “toque para dormir”, vivendo das recordações amorosas que se vão esfumando cada vez mais.

Contudo, é sempre uma mulher que se engana no discurso, retomando um pouco atrás para corrigir, faz inúmeras citações porque não tem já pensar próprio e, além do mais, utiliza um ou dois clichés verbais de forma repetitiva, são os “versos maravilhosos”, é o “estilo antigo”.

Vem este pequeno e despretensioso texto a propósito da terceira montagem desta peça feita pela Companhia de Teatro de Almada, esta última com encenação de Joaquim Benite e uma extraordinária interpretação de Teresa Gafeira, premiada aquando da segunda encenação desta mesma peça com o Prémio da Crítica de 1994.

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