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quarta-feira, setembro 24, 2003

viajar no transpraia

Manhã radiosa, já com aquele cheirinho a Outono, que o Inverno está já aí, quente e calma, sem as elevadas temperaturas de Verão, de brilho ímpar, com o Sol a reflectir-se no amplo e azul mar da Caparica.

Resolvi percorrer o longo areal que vai da Frente Praias de Costa de Caparica até à Fonte da Telha no Transpraia que terminará as suas andanças desta época balnear no próximo dia 30 deste mês.

Para percorrer as 20 paragens que constituem o traçado do Transpraia são necessários cerca de 15 minutos, o dobro do tempo levará em pleno Verão, pois há mais entradas e saídas de pessoas, e o custo do bilhete de ida e volta é de 3,60 Euros.



Dentro do horário, depois de recebido o sinal da composição que partiu da Fonte da Telha, lá iniciámos a nossa viagem. O sinal é importante, pois circulando o Transparia em via única há que garantir o cruzamento em zona de via dupla, normalmente junto à Praia da Riviera.

Passámos as praias de culto dos anos 50 e 60, as chamadas “praias da Vila”, Tarquínio, Paraíso, Dragão Vermelho, Bexiga, entrando depois na zona dos parques de campismo, do lado esquerdo, e das velhinhas casas de praia, do lado direito. Ambas as estruturas, muito degradadas, desaparecerão em breve, fruto das transformações a efectuar no âmbito do Programa Polis. Quem vai ganhar é o cordão dunar.

Depois, é percurso feito entre o doirado areal e o verdejante acacial que a partir de Fevereiro ou Março ficará coberto por miríades de flores tão doiradas como as areias da praia.. É a altura da velha da Capa-Rica descer desde o interior para colher tão belas dádivas da Natureza.

A partir da paragem 18 do Transpraia a paisagem será profundamente alterada. Entramos na zona reservada à prática do naturismo, a primeira legalizada em Portugal, donde os banhistas se apresentam completamente despidos para gáudio dos mirones que, infelizmente, por aí ainda vagueiam.

Quinze a vinte minutos depois de termos partido da Costa de Caparica e termos feito a meio do percurso o cruzamento com a composição que circula em sentido contrário, eis-nos chegados à Fonte da Telha, terminus desta viagem deliciosa.



O Transpraia continua a ser um dos símbolos da Costa de Caparica. Foi seu criador Casimiro Pinto da Silva, agricultor de Santo António da Charneca, apaixonado pela caça e pelo tiro ao alvo, bom viajante que traz a ideia de França, sugerida numa visita a umas minas. E a vinda até à Costa de Caparica ficou a dever-se ao médico de família que sugeriu a Praia do Sol como o local indicado para cura das amígdalas de sua filha Ana Maria da Silva, actual proprietária do Transpraia, lado a lado com o seu irmão António Manuel Pinto da Silva.

Hoje, com quatro unidades e duas máquinas alemãs Shoma, a garagem e oficinas implantadas junto à Praia da Riviera, transporta nos quatro meses da época balnear, de 1 de Julho a 30 de Setembro, trezentos mil visitantes.

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