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quarta-feira, outubro 15, 2003

do fundo do baú da memória

Vou procurar e passar a escrito algumas das memórias que se encontram bem lá no fundo do baú onde guardamos recordações de situações vividas há muito ou que nos foram contadas pelos mais velhos. O pouco interesse que possam ter para os leitores dedicados pode bem ser compensado pelo afecto que pretendo colocar nesta partilha.

Aquele corredor tão escuro

Durante os 11 primeiros anos da minha vida morámos na casa onde nasci, às mãos de uma parteira que ajudou minha mãe naquele momento para ela tão belo. Era uma cave, paredes meias com o quarto de porteira onde vivia minha avó, num prédio de três andares situado na Avenida da República, na Amadora, na altura vila dos arrabaldes de Lisboa.

Uma das imagens mais marcante que guardo dessa casa é um longo e escuro corredor, logo que se entrava pela porta que dava para a escada. Longo me parecia por tão pequenino que eu era, escuro pois tinha somente uma lâmpada que pendia de um fio colocado a meio percurso.

Quantas imagens de terror eu imaginei no breu do corredor. Do meio do corredor para a frente caminhava-se para a escuridão e eu tinha medo do “papão”.

Retenho igualmente uma imagem luminosa do referido corredor. Servia de pista para um pequeno carro de plástico branco, qual ratinho, que se movia com uma corda de elástico. Foi o meu brinquedo anual, recebido no Natal anterior e que durante um ano seria “o meu brinquedo”. Foi uma prenda de encantar.

O encantamento não durou muito. Um primo meu, hoje figura grada numa das maiores empresas portuguesas, não gostou da alegria que eu senti com aquele brinquedo. Coisas de miúdos! Um dia pisou o meu carrinho e destruiu-o.

Tive que esperar pelo Natal seguinte para ter um novo brinquedo de encantar. Nunca mais um carrinho branco que parecia um ratinho e trabalhava com uma corda de elástico.

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